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CAPÍTULO 5 A EVOLUÇÃO DA REPARTIÇÃO DOS RISCOS E DOS MÉTODOS

5.1 O Programa de Concessões de Rodovias Federais no Brasil (PROCOFE)

5.1.12 Revisão da tarifa

A revisão da tarifa, prevista desde o contrato da primeira etapa do programa de concessões, tinha como função “restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos da concessionária, expressa no valor da tarifa básica de pedágio, com a finalidade de manter o equilíbrio econômico- financeiro”. As hipóteses de cabimento da revisão tarifária, no contrato referente a primeira etapa, se davam quando da ocorrência de: alteração de encargos, “fato do príncipe”, fato da Administração, força maior, caso fortuito, interferências imprevistas, entre outras.

Da mesma forma, no contrato de concessão da segunda etapa, fase 1, as hipóteses de cabimento permaneciam as mesmas, porém o contrato distinguiu três momentos de revisão tarifária, quais sejam: a revisão ordinária, a revisão extraordinária e a revisão quinquenal. O contrato estabelece as definições de cada uma delas:

Revisão ordinária: é a revisão da tarifa básica de pedágio a ser realizada por ocasião dos reajustes tarifários para inclusão dos efeitos

ICi – é o índice de Serviço de Consultoria, relativo ao mês de ajuste, calculando pela Fundação Getúlio Vagas – FG;

de ajustes previstos neste contrato, conforme disposto em regulamentação da ANTT. 37

Revisão extraordinária: é a revisão da tarifa básica de pedágio para incorporação dos efeitos decorrentes de fato de força maior, ocorrência superveniente, caso fortuito ou fato da Administração que resultem, comprovadamente em alteração dos encargos da concessionária. 38

Revisão quinquenal: é a revisão que será realizada a cada 5 (cinco) anos, com o intuito de reavaliar o PER com relação a sua compatibilidade com as reais necessidades advindas da dinâmica da Rodovia, nos termos da regulamentação da ANTT. 39

O contrato da segunda etapa, fase 2, apesar de ter mantido os três momentos de revisão tarifária (ordinária, extraordinária e quinquenal), alterou o conceito da revisão ordinária, passando a ser aquela que tem como objetivo incorporar a parcela das receitas extraordinárias. O contrato assim denominou os conceitos:

Revisão ordinária da tarifa básica de pedágio: é a revisão anual da tarifa básica de pedágio, realizada pela ANTT previamente ao reajuste, com o objetivo de incorporar a parcela das receitas extraordinárias auferidas no ano anterior, conforme disposto em contrato. 40

Revisão quinquenal da tarifa básica de pedágio: é a revisão que será realizada pela ANTT a cada 5 (cinco) anos, com o intuito de reavaliar a Concessão em relação a sua compatibilidade com as reais necessidades advindas do Sistema Rodoviário e do cenário econômico, preservando-se a alocação de riscos e as regras para recomposição do equilíbrio econômico-financeiro originariamente estabelecidas em contrato. 41

Revisão extraordinária da tarifa básica de pedágio: é a revisão da tarifa básica de pedágio decorrente de recomposição do equilíbrio econômico-financeiro, cujas hipóteses, procedimentos, critérios e princípios estão estabelecidos em contrato. 42

E contrato da terceira etapa, fase 2, deixou de prever a chamada “revisão quinquenal”, prevendo apenas duas hipóteses de revisão tarifária: a revisão ordinária, que tem o objetivo de incluir os efeitos dos ajustes previstos em contrato, periodicamente e a revisão extraordinária, que tem objetivo de recompor o equilíbrio

37 Cláusula 6.40 do Contrato de Concessão da 2ª etapa, fase 1. 38 Cláusula 6.41 do Contrato de Concessão da 2ª etapa, fase 1. 39 Cláusula 6.42 do Contrato de Concessão da 2ª etapa, fase 1. 40 Cláusula 16.4 do Contrato de Concessão da 2ª etapa, fase2. 41 Cláusula 16.5 do Contrato de Concessão da 2ª etapa, fase 2. 42 Cláusula 16.6 do Contrato de Concessão da 2ª etapa, fase 2.

econômico-financeiro nas demais hipóteses estabelecidas em contrato. Assim, tem- se:

Revisão ordinária da tarifa básica de pedágio: é a revisão anual da Tarifa Básica de Pedágio, realizada pela ANTT previamente ao reajuste, com o objetivo de incluir os efeitos de ajustes previstos no contrato 43.

Revisão Extraordinária da Tarifa Básica de Pedágio: é a revisão da Tarifa Básica de Pedágio, decorrente de recomposição do equilíbrio econômico-financeiro da Concessão em razão das hipóteses estabelecidas em contrato.44

Da mesma maneira, a minuta o contrato da terceira etapa, fase 3, prevê que na revisão ordinária, que deverá ocorrer anualmente, tem objetivo de incluir no reajuste da tarifa todos os efeitos dos ajustes previstos no contrato (Fator Q, Fator C, Fator D e Fator X). Com relação à revisão extraordinária, o conceito permanece o mesmo que na etapa anterior.

Revisão Ordinária da Tarifa Básica de Pedágio: é a revisão anual da tarifa básica de pedágio, realizada pela ANTT previamente ao reajuste, com o objetivo de incluir os efeitos de ajustes previstos neste contrato, mediante aplicação do Fator Q, Fator C, Fator D e Fator X.45 Revisão Extraordinária da Tarifa Básica de Pedágio: é a revisão da Tarifa Básica de Pedágio decorrente de recomposição do equilíbrio econômico-financeiro da concessão em razão das hipóteses estabelecidas em contrato. 46

Assim, as hipóteses de revisão tarifária, são específicas e exclusivas a cada contrato, devendo ser observadas as regras inerentes aos processos de revisão da tarifa para cada uma das etapas do programa de concessão de rodovias.

5.1.13 Existência de procedimento para o restabelecimento do equilíbrio econômico- financeiro

Com relação ao modus operandi para se pleitear o restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro, o contrato referente a primeira etapa estabelecia o

43 Cláusula 16.4 do Contrato de Concessão da 3ª etapa, fase 2. 44 Cláusula 16.5 do Contrato de Concessão da 3ª etapa, fase 2.

45 Cláusula 18.4 da Minuta do Contrato de Concessão da 3ª etapa, fase 3. 46 Cláusula 18.5 da Minuta do Contrato de Concessão da 3ª etapa, fase 3.

procedimento a ser seguido entre concessionária e poder concedente. Este procedimento incluía a determinação de prazos, documentos a serem apresentados, possibilidades de recursos, manifestações, etc. Caso não houvesse um consenso entre a concessionária e poder concedente havia a possibilidade de utilização do “Processo Amigável de Solução das Divergências Contratuais”.

Já o contrato referente à segunda etapa, fase 1, menciona que a revisão da tarifa se dará na forma da regulamentação da ANTT e somente será implementada com a publicação de resolução específica. O contrato referente a segunda etapa, fase 2, estabelece um procedimento específico para a recomposição do equilíbrio econômico-financeiro.

E ainda, o contrato referente à terceira etapa, fase 2, estabelece que o procedimento para a recomposição do equilíbrio econômico-financeiro por meio de revisão dar-se-á conforme estabelecido em resolução da ANTT. Neste contrato, porém, existe uma cláusula denominada “Resolução de Controvérsias” em que as partes podem se valer da arbitragem para discussões relativas ao contrato de concessão. Entretanto, questões relativas ao equilíbrio econômico-financeiro, não podem ser objeto de arbitragem, conforme exceção estabelecida no próprio contrato47.

E por fim, a minuta do contrato referente à terceira etapa, fase 3, estabelece da mesma forma que o procedimento para a recomposição do equilíbrio econômico-financeiro por meio de revisão dar-se-á conforme estabelecido em resolução da ANTT. Neste contrato também existe cláusula denominada “Resolução de Controvérsias” em que as partes podem se valer da arbitragem para discussões relativas ao contrato de concessão. Diferentemente, do contrato da terceira etapa, fase 1, não há a exceção quanto a possibilidade de discussão sobre o equilíbrio econômico-financeiro.

5.1.14 Receitas acessórias e modicidade tarifária nos contratos de concessão de