• Nenhum resultado encontrado

Rosenberg, Steven A Inmunoterapia del cáncer Em Investigación y ciencia, Barcelona, Prensa Cien-

2 CIÊNCIA E MÉTODO: UMA VISÃO HISTÓRICA

HIPÓTESES

38. Rosenberg, Steven A Inmunoterapia del cáncer Em Investigación y ciencia, Barcelona, Prensa Cien-

tífica, n. 166, jul. 1990, p. 26-34. Apresentamos uma síntese do artigo de Rosenberg com a finalidade de servir de referência e exemplo para a análise do ciclo e dos elementos que estão presentes no méto- do científico.

tra o câncer. A hipótese geral que Rosenberg perseguiu, como modelo teórico que orientou suas hipóteses específicas, foi a de desenvolver a imunoterapia adotiva, isto é, uma terapia baseada na transferência de células, como ele próprio explica:

Extraímos células que participam na defesa imune de um paciente com câncer, e as “educamos” para que reajam contra o câncer, ou estimulamos seu próprio po- tencial anticancerígeno. Em seguida, as devolvemos à corrente sangüínea. Junto com as células do sistema imune, ou independentemente, administramos tam- bém moléculas que desempenham um papel importante na resposta imune. Com estas moléculas que podem se desenvolver massivamente, graças às técnicas do ADN recambiante, pretendemos estimular diretamente a atividade anticancerí- gena das células do sistema imune do corpo. São várias as versões de nossos tra- tamentos que se utilizam em muitos centros hospitalares (p. 34).

Tradicionalmente a medicina utiliza três técnicas diferentes para combater os tu- mores cancerígenos: a cirurgia, para extirpá-los, a radioterapia, que os bombardeia com radiações, e a quimioterapia, que atua com a administração sistemática de drogas para destruí-los. A imunoterapia seria uma quarta técnica que seria acrescentada.

REFERENCIALTEÓRICO– O desenvolvimento da imunologia e da engenharia

genética, desenvolvidos principalmente nas décadas de setenta e oitenta, proporcio- naram os conhecimentos que serviram de referencial teórico para fundamentar as hipóteses com as quais a equipe de Rosenberg trabalharia. A descrição que ele dá é a seguinte:

A resposta imune implica a ação integrada de um exército de diferentes tipos ce- lulares, entre os quais se encontram monócitos, macrófagos, eosinófilos, basófi- los e linfócitos. As células do sistema imune distinguem-se das de outros órgãos em que não estão em permanente contato mútuo. Ao invés disso, circulam por todo o corpo, movendo-se com liberdade dentro e fora dos sistemas circulatório e linfático.

Cada tipo de célula desempenha uma função diferenciada, ainda que possam in- teracionar entre elas e inclusive regular suas atividades umas com as outras. O comandante e também imprescindível soldado raso deste exército é o linfócito. Há duas classes principais de linfócitos: as células T e as células B. Delas decor- re a especificidade da resposta imune.

As células B governam a resposta imune humoral, ou mediada por anticorpos, que neutraliza as bactérias e outros invasores. Cada célula B somente é capaz de reconhecer a um antígeno, molécula que identifica a uma bactéria ou a outro in- vasor como “forasteiro”. As células B ativadas segregam anticorpos circulantes que se unem aos antígenos ou aos corpos portadores de antígenos, e os “mar- cam” para sua posterior destruição por outros componentes do sistema imune. As células T dirigem a imunidade mediada por células, isto é, a destruição por parte de células do sistema imune dos tecidos forasteiros ou células infectadas. Há vários tipos de células T; entre elas se encontram as “coadjuvantes” e “su-

pressoras”, que modulam a resposta imune, e as citotóxicas (ou assassinas), que podem matar diretamente as células anormais. Como as células B, as T carregam também receptores para somente um antígeno. A célula T, uma vez que reconhe- ce e se une ao antígeno situado sobre a superfície de outra célula, se ativa, isto é, se multiplica e, se é citotóxica, mata a célula com a qual entrou em contato. As células cancerosas apresentam, às vezes, antígenos que não se encontram nas sãs; portanto, podem potencialmente ativar as células T portadoras de receptores para tais antígenos.

Descobrimentos realizados nas décadas de setenta e oitenta manifestaram que as células do sistema imune controlam suas atividades, comumente entre si, produ- zindo pequenas quantidades de citocinas, hormônios muito potentes. Estas re- cém-identificadas proteínas, entre as quais se encontram as linfocinas (hormô- nios segregados pelos linfócitos) e monocinas (produto de monócitos e macrófa- gos), diferem dos clássicos hormônios, como a insulina, que costumam atuar lo- calmente e não circulam pelo sangue.

HIPÓTESEESPECÍFICA– A primeirahipótese investigada foi a de utilizar a ca-

pacidade imunológica dos linfócitos circulantes e estimular a sua atividade anti- cancerígena. Contudo, havia uma dificuldade para ser superada: a de isolar e retirar

dos tumores dos pacientes esses linfócitos com atividade anticancerígena e multipli- cá-los em cultivo para depois injetá-los nos pacientes.

TESTE– Várias tentativas foram feitas. A primeira foi em 1968. Rosenberg reali- zou uma transfusão do sangue de seu paciente, que já estava curado do câncer, para outro paciente em estado terminal, que também estava com câncer de estômago. Ne- nhum efeito foi observado neste paciente. A segunda foi injetar em vários pacientes portadores de câncer linfócitos retirados de porcos previamente imunizados contra os cânceres. Também não apresentou nenhum resultado positivo.

NOVASTEORIAS ENOVASHIPÓTESES– As dificuldades para se isolar os linfóci-

tos fez com que parassem os experimentos, até que em 1976, Robert C. Gallo desco- briu a interleucina-2 (IL-2), uma citocina que é produzida pelas células T e promo- vem a sua duplicação e das células T citotóxicas estimuladas por antígenos. Esta des- coberta, somada ao desenvolvimento de métodos para cultivar grandes quantidades de clones de célula T, abriu uma nova opção: a de isolar, em um paciente, uma quanti- dade de células T reativas frente ao tumor, multiplicar os linfócitos no laboratório para posterior uso na terapia de transferência celular.

TESTE– Esta hipótese foi testada em ratos, para verificar o seu funcionamento. A conclusão dos estudos em 1981, feitos por Maury Rosenstein, demonstrou que as cé- lulas cultivadas podiam induzir à regressão de câncer nos ratos.

TEORIAS,IMAGINAÇÃO E NOVASHIPÓTESES– A partir desses resultados vários

dores. Em 1980, descobriram que os linfócitos provenientes do sangue de pessoas sãs, tratados com interleucina-2, matavam in vitro uma grande variedade de células cancerosas. Rosenberg relata dessa forma:

Iliana Yron e eu supomos que, se o corpo era capaz de desenvolver uma resposta imunológica contra o câncer, o próprio tumor teria provavelmente a maior con- centração de linfócitos específicos do tumor. Em colaboração com Paul J. Spi- ess, biólogo de meu laboratório, Yron cultivou células tumorais com interleuci- na-2, com o propósito de multiplicar e isolar a população de linfócitos específi- cos desse tumor. Para surpresa deles, em três ou quatro dias, antes inclusive de que os linfócitos se multiplicassem, as células cancerosas próximas aos leucóci- tos do cultivo morriam. Dava a impressão de que a interleucina-2 tinha uma ati- vidade desconhecida até esse momento: estimulava determinados linfócitos de forma que reconhecessem e matassem as células cancerosas (p. 29).

Essas células ativadas foram chamadas de células assassinas (LAK, de “Lympho- kine-Activiated Killer”), pois logo que tratadas com IL-2 passavam a destruir as célu- las cancerosas. Esse fato estimulou à elaboração de uma hipótese análoga: se as célu- las LAK matassem in vitro as células com tumor, então também poderiam ter efeitos benéficos se injetadas em pacientes com câncer.

TESTES EINTERSUBJETIVIDADE – Essa hipótese foi testada com sucesso, em 1984, em ratos. Diversos pesquisadores da equipe de Rosenberg chegaram a resulta-

dos comuns, mostrando que as células LAK ativadas pela IL-2 aumentavam a ativi-

dade dos animais imunizados e que essas células podiam viajar através do corpo para localizar e destruir as células cancerosas.

Em 1984, foi feito o primeiro experimento com seis pacientes, com baixa espe- rança de vida, tratando-os com células LAK ativadas, obtidas após isolar linfócitos dos próprios pacientes e incubá-los com interleucina-2. Outros 39 pacientes foram tratados apenas com interleucina-2. Nenhum dos pacientes apresentou resultado de reação antitumoral.

O primeiro resultado positivo foi obtido com uma enfermeira de 29 anos, que ti- nha um melanoma estendido por todo o corpo. A terapia combinou a aplicação de cé- lulas LAK combinadas com interleucina-2. Após três meses todos os tumores haviam desaparecido.

TESTES,AVALIAÇÃOCRÍTICA DOSRESULTADOS,CONCLUSÕES ELIMITAÇÕES –

Outline

Documentos relacionados