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1 INTRODUÇÃO

5.1 ESCOLHA DAS CATEGORIAS

5.1.3 Rotatividade dos Treinadores

A rotatividade dos treinadores foi a categoria que teve mais insumos de análise e onde foi que os entrevistados, puderam expor suas visões em relação a essa problemática muito frequente em nosso futebol, em todas as divisões.

Segundo Chiavenato (1998), o cálculo desse indicador é feito a partir da relação percentual entre a médias das contratações bem como os desligamentos, em relação ao número total de colaboradores da empresa. Na maioria dos casos o turnover é calculado de forma mensal para proporcionar comparações e decisões, tendo assim caráter preditivo.

Na concepção de Siqueira (2005) a gestão de pessoas tem uma base fundamental para o desenvolvimento das instituições, empresas que detém uma atenção especial a esse indicador de rotatividade, compreende a criação de iniciativas para atuar de forma preventiva e rigorosa, em especial quando dizem respeito a funcionários de alto importância para a organização.

Essa temática da alta rotatividade dos treinadores, foi exposto da seguinte forma pelos entrevistados.

Marcelo afirma : “Bem, eu acho horrível essa mudança constante de treinadores, existe uma quebra de trabalho, não existe um jogo bonito das equipes, digamos assim, o treinador que passa pouco tempo no clube ele acaba não colocando em prática a sua metodologia de trabalho, então é muito ruim para os clubes brasileiros”.

Rafael explana: “Com relação a mudança frequente de treinadores, é eu acho.. tem dois pontos né, existem alguns pontos positivos e negativos, eu acho mais negativo do que positivo... os pontos negativos: é a questão de gestão, mudança de comportamento, mudança de hábitos, mudança de tudo, correlacionados a treinos

a tática, a tudo.... tudo é modificado quando você muda o treinador”.

Para Pedro : “Essa mudança que existe no futebol brasileiro principalmente não é pra acontecer, porque você vê, na europa o treinador passa, 5, 6 anos em uma equipe, aqui no Brasil, o treinador só é reconhecido quando ele consegue sempre estar ganhando, se um treinador é campeão várias vezes e de repente , o time dá uma caída, perde 5, 6 jogos o treinador já não presta, é logo trocado, isso não pode acontecer”.

Dentre outras problemáticas identificadas pelos respondentes com a alta rotatividade dos treinadores, aspectos da gestão do dia a dia, dos atletas é constantemente alterada, causando possíveis lesões, em razão da mudança quanto a carga e métodos de trabalho. Vale ressaltar os gastos em altos valores financeiros em função da rescisões contratuais, impactando diretamente na saúde financeira da equipe como um todo.

Sendo um ponto estratégico na gestão de qualquer clube a contratação do treinador, deve obedecer uma análise mais apurada por parte dos dirigentes, embora muitos, não possuem uma profissionalização de gestão, para desempenhar atividades executivas.

Dentre estratégias para a redução do turnover dentro dos clubes brasileiros, pode-se inferir o estímulo ao recrutamento interno, a partir de uma política de desenvolvimento dos profissionais ligados ao cargo de treinador de futebol, havendo uma projeção dentro da carreira interna no clube, passando pelas categorias de base.

Em termos práticos temos o exemplo, que foi citado por um dos entrevistados, no qual o treinador Thiago Nunes, atualmente no Atlético Paranaense, com cerca de três anos de trabalho (algo difícil para o futebol

brasileiro), conquistou dois títulos inéditos, sendo um deles de caráter internacional.

Segundo Chiavenato ( 1999) o recrutamento e a seleção de pessoas é uma atividade de alta importância estratégica que não deve ficar restrita à área de Gestão de Pessoas. Quanto maior for a participação do órgão requisitante do novo funcionário nos procedimentos, maiores serão as chances de sucesso e de integração deste com sua nova função. As características requeridas para o cargo e, portanto, as que se buscam e analisam-se, no candidato, devem ser objetivas, claras e bem definidas.

Como todo processo de gestão, o recrutamento interno, possui seus pontos positivos bem como pontos negativos, segundo Michel (2007), dentre alguns pontos positivos do recrutamento interno, podemos evidenciar:

 Aproveita melhor o potencial humano da organização;

 Motiva e encoraja o desenvolvimento profissional dos atuais funcionários.

 Incentiva a permanência e a fidelidade dos funcionários na organização.

 Ideal para situações de estabilidade e pouca mudança ambiental.

Em relação aos pontos negativos podem ser explanados:

 Pode bloquear a entrada de novas idéias, experiências e expectativas;

 Facilita o conservativismo e favorece a rotina atual;

 Mantém quase inalterado o atual patrimônio humano da organização;

 Ideal para empresas burocráticas e mecanisticas.

Feito esses ponderamentos, se faz necessário a identificação do melhor perfil de treinador para o desenvolvimento do clube, no qual esse progressivo ciclo de aprendizagem de forma contínua e maturada dentro do clube, pode favorecer para o aperfeiçoamento do treinador.

Dentre as falas dos entrevistados, percebe-se uma não gestão por parte dos dirigentes no quesito formação, um dos fatores essa característica , é sobretudo o não posicionamento dos clubes como organizações de caráter

empresarial, diferentemente dos clubes norte-americanos, que possuem proprietários, por conseguinte uma gestão baseada em produtividade, indicadores bem como a qualificação dos profissionais.

Desta forma identificamos o auto grau de complexidade existente nas consequências geradas pela alta rotatividade dos treinadores, afetando diversas áreas dentro dos clubes de futebol.

Rotatividade dos Treinadores

Transcrição

Gestão dos Clubes Brasileiros

Na percepção de Marcelo: “Primeiro que os dirigentes eles deveriam estudar o perfil que serve pra aquela equipe, atender as necessidades dos torcedores, da cidade, de como o futebol é jogado naquela região, acharam o perfil do treinador, vamos apostar nele, então é dar tempo, o futebol só se consegue resultado com tempo, com maturação, não é da noite pro dia que você vai montar um grupo, e esse grupo em um pequeno espaço de tempo ele vai dar certo, ele precisa que os jogadores compreendam essa metodologia do treinador que eles treinem em cima disso, que eles consigam, se conectar com os próprios jogadores, é um quebra-cabeça, eles consigam juntar essas peças, pra poder dar resultado.”

Perfil do Clubes europeus

Para Rafael : “ O que acontece é que normalmente esses clubes europeus, eles têm uma filosofia de trabalho, eles têm históricos, eles trabalham com questões mais... como eu posso te informar... identidade do clube, eles fazem uma preparação, eles tem uma escola”.

Aspecto Cultural

Na visão de Marcelo : “Infelizmente muitos projetos eles são abortados, pela pressão da torcida, pela pressão da imprensa.... né a própria torcida se torna impaciente, porque a nossa cultura é uma cultura de resultado... isso tudo acarreta uma série de fatores que vai desembocar na seleção brasileira... a gente perdeu um pouco da identidade do futebol brasileiro, justamente porque a gente as vezes quer que em um curto espaço de tempo ter resultado, no futebol geralmente não é assim.... você pode pegar historicamente os clubes que deram certo , ou é porque os jogadores estão naquele clube há muito tempo, ou é porque o treinador fez um trabalho a longo prazo.”

Questões físicas dos atletas

Para Rafael : “tudo é modificado quando você muda o treinador. Exatamente, existem muitos pontos que influenciam , correlacionados... hoje por me tratar de um educador físico, eu vejo o número de lesões, elas crescem, porque muda a questão tática, a questão de você jogar, a questão de marcação, questão de marcação alta, questão de marcação baixa, sistema tático, tudo isso influencia no aspecto físico, ou seja há algumas táticas que exigem mais condicionamento e outras não , se você tem um grupo de pessoas mais velhas , se você colocar marcação alta, corre o risco muito grande de você se lesionar, então tudo isso influencia no campo de jogo, e também dentro da empresa, se você tem um número grande de pessoas no departamento médico, aumenta a questão de gastos para o clube , a própria ausência de atletas... e aí isso tudo recai atrás de dinheiro , a empresa perde, pois ela deixa de produzir, aquele cara está isento do trabalho... ele vai deixar de produzir para a empresa, então isso é uma falta muito grande.

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