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ROUSSEAU E EMÍLIO, A NATUREZA E EDUCAÇÃO COMO

1 INTRODUÇÃO

1.3 ROUSSEAU E EMÍLIO, A NATUREZA E EDUCAÇÃO COMO

Jean-Jacques Rousseau foi filósofo genebrino do século XVIII que criticou o ideário Iluminista de educação e que também influenciou o movimento romântico. Suas contribuições para a compreensão da educação do homem são largamente discutidas sob distintas vertentes. O Emílio, em especial, possui uma complexidade e riqueza de elementos que inspiraram a elaboração de diversos manuais e modelos educacionais e, além disso, tem sido uma referência nos estudos de várias áreas do conhecimento.

A presente pesquisa concentra-se em compreender as relações entre a natureza e educação voltadas para o corpo e apresentadas por Rousseau. Para tanto, optou-se por, inicialmente, elencar algumas pesquisas que já foram realizadas, cujos eixos de análises centraram-se nas teorias de Rousseau, e em particular, nas discussões apresentadas no

Emílio sobre natureza e educação, além de buscar as interlocuções destes temas a partir de

áreas de conhecimento distintas. Esse levantamento tem o intuito de auxiliar na compreensão do discurso científico em torno do tema e os direcionamentos de pesquisa já explorados. Os trabalhos que estão apresentados a seguir foram alocados de acordo com o campo de conhecimento em que estão inseridos. Inicialmente abordaremos os trabalhos da área de Educação e Educação Física para, em seguida, mostrar alguns estudos da Filosofia, Geografia e Psicologia. Buscamos, como norteadores temáticos: natureza; educação e Rousseau para construir este breve levantamento bibliográfico.

Educação

No campo da Educação foram encontrados muitos estudos que exploram, não somente a partir da obra Emílio, as discussões de Rousseau sobre educação e natureza. Em acréscimo são discutidas as influências da teoria rousseauniana no pensamento pedagógico e os contrapontos com a sociedade francesa. Por exemplo, a temática da infância é explorada com mais profundidade no trabalho de conclusão de curso de Barbosa (1998) que discorre a

respeito das relações construídas por Rousseau entre infância, sociedade e educação. Nessa pesquisa, Barbosa apoia-se no primeiro livro do Emílio para mostrar as discussões que Rousseau levanta sobre a educação das crianças na sociedade francesa. Outra pesquisa que coteja essa mesma temática é desenvolvida por Grumiché (2012). Na dissertação de Grumiché, o conceito de infância é apresentado como um período no qual aconteceria um “sono da razão”18 e são discutidas as ideias de Rousseau para a compreensão da ênfase que o filósofo confere à criança e a infância, concebendo-as como elementos relevantes para o trabalho pedagógico. Ao desenvolver este trabalho são trazidos à tona os aspectos relevantes ao desenvolvimento de uma educação voltada para a infância, que buscaria, através dos conhecimentos ligados ao corpo e aos sentidos, uma instrução separada do uso da razão.

Outra vertente de pesquisas pode ser vista com a dissertação de Calça (2010) que investiga, através dos projetos de escola pública, a teoria de dois teóricos da segunda metade do século XVIII, a saber, Rousseau e Condorcet19. Neste sentido, Calça analisa as formulações de instituição escolar proposta por cada um dos filósofos para compreender como são estabelecidas as relações do homem com o conhecimento e virtude a partir, principalmente, das noções de Estado e de público. Este trabalho analisa, a partir destes dois teóricos, as distintas visões acerca de educação que se apresentaram ao fim do século XVIII.

Em outro escopo de análise, Rodrigues (2007), em sua dissertação, argumenta, a partir de uma abordagem interpretativa, como é desenvolvida a construção do homem e da mulher ideal proposto por Rousseau com as personagens Emílio e Sofia. Nessa pesquisa, Rodrigues busca estabelecer uma visão unitária da obra Emílio que abarca as implicações morais, políticas e pedagógicas do pensamento rousseauniano a respeito da formação do homem e da mulher pautada na noção de natureza que é apresentado por Rousseau.

18 Rousseau discute, no Emílio, a relevância de não apressar o aprendizado intelectual das crianças e permitir que vivenciem tudo o que a natureza tem a instruir, o autor explica que aproveitar a vida consiste em mais coisas do que os aprendizados e que “a infância é o sono da razão” (ROUSSEAU, 2014, p,119), e por isso deve ser preservada dentro de sua especificidade.

19 Marie Jean Antoine Nicolas de Caritat, Marquês de Condorcet (1743-1794), normalmente referido como Nicolas de Condorcet foi um filósofo e matemático francês que elaborou um projeto de educação para educação pública intitulado: Cinco Memórias sobre a Instrução Pública (1791) que se destinou à educação francesa. Rousseau em contrapartida elaborou um projeto de educação pública em sua obra Considerações sobre o Governo da Polônia (1771). Ambos autores discutem a construção de projetos de escolas para uma formação pública.

Ainda inseridos no campo da Educação, temos alguns trabalhos da Filosofia da Educação que se direcionam para uma análise mais pormenorizada da noção de educação no Iluminismo e do conceito de educação natural20 como elemento de sustentação para a formação do homem e do cidadão. Além disso, identificamos estudos que discorrem sobre as propostas pedagógicas desenvolvidas no Emílio e suas influências na compreensão da Educação Infantil e do processo de alfabetização. Rousseau é apresentado como um divisor de águas do pensamento pedagógico e uma inspiração para outros teóricos que, a partir do século XIX, iriam debruçar-se na elaboração de manuais e métodos de educação ligados à natureza e também à educação corporal.

Boto (2011), em sua tese de livre-docência, delimita como objetivo de sua pesquisa identificar alguns aspectos que teriam constituído a dimensão pedagógica do movimento iluminista. Neste movimento, as obras pedagógicas de Rousseau são exploradas para auxiliar na compreensão da noção de infância e das relações com a interpretação histórica e social do filósofo. Boto discorre sobre a nova acepção de criança que se consolida com a teoria rousseauniana e apresenta as inovações pedagógicas de Rousseau como determinante das representações e mentalidades coletivas a partir do século XVIII. Esta pesquisa analisa a teoria que é apresentada no Emílio, mas também se apoia em outras obras do filósofo genebrino para explicar de modo mais amplo a educação e o conceito de infância enunciados.

Outra vertente de pesquisa pode ser vista a partir dos artigos elaborados por Dalbosco (2009, 2012) que aprofunda em seus estudos a educação natural e a formação do homem a partir do que foi exposto no Emílio. Os trabalhos desenvolvidos abordam a constituição moral do discípulo de Rousseau, e as implicações da natureza nesta formação. Além disso, Dalbosco explora os papéis desenvolvidos pelo preceptor ao longo da educação, e principalmente na fase inicial em que a educação natural é o cerne da educação e sob a

20 O conceito de educação natural é apresentado por Rousseau na obra Emílio como referência à educação que advém da natureza e seria mais perceptível durante a primeira e segunda infância da criança. A educação pela natureza consiste na interação direta com os elementos da natureza e a partir deles desenvolver as capacidades biológicas. Para Rousseau (2014, p.97) “a primeira educação deve ser puramente negativa. Consiste não em ensinar a virtude ou a verdade, mas em proteger o coração contra o vício e o espírito contra o erro" e para alcançar isso é importante que aconteça uma educação guiada puramente pela natureza, uma vez que só ela é capaz de prover ao aluno todos os conhecimentos necessários para sua sobrevivência.

orientação dele outros trabalhos foram realizados confrontando aspectos do projeto de educação rousseauniano.

Sob a orientação de Cláudio Dalbosco foram desenvolvidos alguns trabalhos que cotejaram nuances no projeto de educação rousseauniano. Por exemplo, vemos a dissertação de Martins (2009) que confronta o pensamento acerca da primeira infância elaborado por dois pensadores, Jean-Jacques Rousseau e Donald Woods Winnicot21. E para discutir ambas as teorias de educação, Martins apoia-se na natureza como um conceito norteador, uma vez que, se por um lado Rousseau defende que a educação na primeira infância deva seguir os preceitos da natureza, Winnicot por outro já sustenta que a melhor educação da primeira infância seria aquela conduzida naturalmente pela mãe. Martins, ao contrapor as teorias de Rousseau e Winnicot, almeja compreender o pensamento destes teóricos a respeito da primeira infância. Outro exemplo de trabalho que visa delimitar relações entre teóricos distintos é a dissertação de Wendt (2011) que traça um paralelo entre as obras Emílio de Jean-Jacques Rousseau e Democracia e Educação de John Dewey22, a fim de investigar a ideia de desenvolvimento natural nestes dois pensadores. O estudo busca reconstruir a crítica que Dewey faz a Rousseau sobre a identificação do conceito de natureza com Deus. Wendt faz uso do conceito de educação natural para explorar, nos dois primeiros livros da obra de Rousseau, quais seriam as bases da crítica apresentada por Dewey.

Em busca de uma compreensão da educação moral presente na obra de Rousseau, foram encontrados alguns trabalhos que relacionam a noção de educação natural à formação moral do cidadão. Por exemplo, a dissertação de Mazai (2008) opta por centrar- se na compreensão da educação natural e investiga os aspectos normatizadores da concepção de homem no Emílio apoiando-se nas noções de educação natural, amor de si e amor próprio que Rousseau desenvolve nesta obra. Mazai propõe analisar como estas noções justificam- se no processo pedagógico rousseauniano. A educação pela natureza é colocada como uma

21 Donald Woods Winnicott (1896-1971) foi um pediatra inglês que devido a um interesse por psicanálise aprofundou-se no tema de psiquiatria infantil. Seus trabalhos exploram a infância a partir de uma visão regressiva em que, com base na análise de adultos psicóticos, compreendem-se o desenvolvimento da infância e a importância de um trabalho educativo neste momento. “Winnicott defende que as experiências vividas pela criança na primeira infância podem ajudar ela a crescer com saúde ou podem torná-la doente. ” (MARTINS, 2009, p.38). Sendo assim, mesmo não sendo um pensador da Educação, Winnicott também pode ser lido a partir de uma visão pedagógica do homem.

22 John Dewey (1859-1952) foi um filósofo e pedagogo norte-americano que na obra Democracia e Educação (1916) sintetiza e critica diretamente as teorias de educação que Rousseau elenca no Emílio.

base para a constituição moral do homem e no desenvolvimento do amor de si e amor próprio.

Em outro viés de análise, a dissertação de Pokojeski (2008) explora a educação natural associada ao desenvolvimento humano, mais precisamente as relações na formação do caráter a partir da denominação que Rousseau estabelece como Idade da Razão. O seu trabalho busca expor a importância e relações entre a educação natural e a infância para, posteriormente, sustentar que o indivíduo possa desenvolver sua sociabilização com a sociedade a partir dos sentimentos de amor de si e amor próprio. Pokojeski investiga como a interação do homem com a sociedade é construída a partir das relações sociais, culturais e educacionais explanadas no Emílio.

A educação natural apresentada por Rousseau também foi compreendida com base na delimitação de uma segunda fase da infância, período no qual a criança estaria desenvolvendo seus gestos e seus sentidos. Os trabalhos desenvolvidos por Santos (2007; 2008), em sua dissertação e artigo, problematizam o conceito de segunda infância apresentado no Livro II do Emílio e exploram a ênfase conferida ao fortalecimento do corpo e ao refinamento dos sentidos a partir da interação com a natureza. Santos advoga, inicialmente, que a compreensão da educação nesta segunda infância está atrelada a uma concepção normativa de natureza originária do pensamento greco-romano. E, após discutir as influências ético-cosmológicas da tradição antiga, ele confronta-as com a tese rousseauniana de vincular a infância com a ideia de humanidade, com base em argumentos ligados ao fortalecimento do corpo e ao refinamento dos sentidos. Por fim, Santos reflete, nesse trabalho, as implicações morais presentes na educação natural do Emílio.

A compreensão do conceito acima mencionado também é objeto de estudo para Tomazelli (2008) que, em sua dissertação, por meio de uma investigação bibliográfica dos dois primeiros livros do Emílio, aprofunda-se na discussão das tensões estabelecidas entre a necessidade da criança e o cuidado do adulto no projeto educativo de Rousseau. A educação natural é concebida, nessa pesquisa, como a grande educadora da criança e o papel do adulto seria apenas facilitar o contato da criança com a natureza. Tomazelli propõe-se a investigar como a relação pedagógica é desenvolvida a partir da tese rousseauniana de educar seguindo os preceitos da natureza.

Em outra medida, Queiróz (2010) pesquisa, em sua dissertação, o conceito de infância em Rousseau e o lugar que a infância assume na educação natural, bem como as contribuições do papel do educador no processo de formação. Queiróz elabora alguns esclarecimentos sobre a caracterização da infância e a condução do adulto no desenvolvimento da educação pela natureza a fim de compreender possíveis reflexos pedagógicos da conceituação feita por Rousseau sobre a infância.

Grande parte dos trabalhos acima mencionados exploraram um conceito chave na compreensão da proposta de educação do Emílio, a saber, a noção de uma educação natural no período da infância. Esta concepção é central no desenvolvimento e na apresentação das prescrições pedagógicas de Rousseau, uma vez que, para o autor, deve-se conservar “a criança unicamente na dependência das coisas e [assim] tereis seguido a ordem da natureza no progresso da educação ” (ROUSSEAU, 2014, p. 83). A educação natural possibilita uma formação completa do homem que trabalharia não somente o corpo, como também o intelecto e a moral; por esse motivo, percebemos a multiplicidade de estudos que tratam unicamente desta noção, mas com distintos olhares sobre a formação do homem.

Educação Física

No campo da Educação Física foram identificadas algumas pesquisas sobre Rousseau tal como sobre o Emílio. Nesta área de conhecimento, o filósofo é visto como um dos precursores da concepção de educação voltada para exercício corporal e as teorias expostas na obra são apresentadas como inspiração para o desenvolvimento de propostas educativas a partir do século XIX. Como exemplo, a pesquisa de Bermond, (2007), uma dissertação da área de História da Educação Física, articula as concepções pedagógicas de Jean-Jacques Rousseau, Edouard Claparède e John Dewey23 às propostas práticas e conteúdos retratados na Revista de Educação Física24. Por meio do mapeamento do tema

23 A partir de Bermond vemos que Rousseau (1712-1778); Claparède (1873-1940); e Dewey (1859-1952), mesmo não tendo sido contemporâneos são elencados por esta revista como “representantes da concepção educacional que forneceria as bases pedagógicas de uma Educação Física ‘racional’ e/ou ‘científica’.” (BERMOND, 2007, p.16)

24 A Revista de Educação Física foi criada em 1932 pela Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx) e vem sido publicada anualmente desde então pela Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx). Contudo,

Educação Física Escolar, no recorte temporal de 1932 a 1952, Bermond mostra o caráter multidisciplinar da Educação Física no âmbito escolar e aponta que foram feitas apropriações desses pensadores elencados na formulação de propostas para o ensino de Educação Física e também na difusão do ideário escolanovista.

Além de pesquisas históricas que analisam as contribuições do pensamento de Rousseau para a Educação Física Escolar, percebemos uma discussão acerca do desenvolvimento humano que se apoia na análise do Emílio. A dissertação de mestrado e o artigo de autoria de Romani (2009; 2010) problematizam criticamente a visão reducionista com que a Educação Física é trabalhada no contexto escolar. O seu trabalho tenta mostrar que existe uma carência de fundamentação teórica que demonstre a importância da Educação Física no desenvolvimento da criança, concebendo os aspectos físicos, morais e intelectuais dos alunos. E assim, Romani investiga, no segundo livro do Emilio, a importância do fortalecimento corporal e do refinamento dos sentidos para a formação da criança. A hipótese desse estudo seria mostrar como as teorias de Rousseau podem ser complementadas ou atualizadas a partir das ciências do desenvolvimento humano. Segundo Romani (2010, p.5)

os estudos de Rousseau, aliados aos desenvolvidos pelas ciências posteriores, auxiliam-nos a pensar na importância da educação do corpo nos processos educacionais como dimensão necessária ao desenvolvimento cognitivo e moral dos educandos.

Rousseau confere ao corpo e às práticas corporais grande ênfase no processo de educação que é apresentado no Emílio. Suas contribuições à Educação Física, apesar de pouco exploradas, têm fundamento nos direcionamentos dados pelo filósofo à formação do homem, uma vez que a educação deveria trabalhar tanto o corpo como o espírito. As pesquisas aqui mencionadas mostram que Rousseau e a obra Emílio podem ser

a partir de 2001 passou a ser administrada pelo Instituto de Capacitação Física do Exército (IPCFEx) e, a partir de 2014, pelo Centro de Capacitação Física do Exército (CCFEx). Esta revista tem como propósito fazer a divulgação do pensamento militar sobre a Educação Física no Brasil; todavia nela foram apresentadas prescrições e indicações de como deveria ser conduzida a Educação Física tanto para civis como para militares. Para mais informações sobre os conteúdos publicados pela revista ver Bermond, 2007 e Ferreira Neto et alli, 2003.

compreendidas como enriquecedoras não só para a Educação Física Escolar como também para as Ciências ligadas ao Desenvolvimento Humano e para a própria compreensão da Educação Física.

Filosofia

No campo da Filosofia identificamos uma pluralidade de estudos que abordam a obra Emílio e as relações com a natureza. Os trabalhos encontrados discorrem sobre temas como as peculiaridades apresentadas por Rousseau enquanto teórico do Iluminismo francês; os paralelos e diálogos que o filósofo estabeleceu com outros intelectuais de sua época que cotejaram a construção de projetos de educação pautados por uma relação com a natureza; a exploração do ideário de educação voltado para formação de um cidadão homem em oposição à educação de mulheres; o caráter político que permeia a educação de Emílio.

As concepções de natureza, contudo, são apresentadas a partir de múltiplas interpretações que concebem tanto a acepção física, como o estado anterior à sociedade ou como uma construção ontológica ligada à constituição humana. Como exemplo, vemos que a dissertação de Castro (2008, p. 5) traça como objetivo “esclarecer o postulado político pedagógico de Rousseau, enquanto proposta de transformação do homem”. Para Castro, a teoria de educação assume um caráter central na reflexão sobre a transformação do homem em virtude da impossibilidade de retorno ao estado primitivo que Rousseau apresenta como mais puro e natural e, nesta discussão, explora-se a natureza de maneira ontológica para o entendimento da constituição do homem.

Outro viés de análise da obra Emílio concentra-se em explorar o caráter moral da educação proposta por Rousseau. Dionizio Neto (2004;2009), em sua tese e seu artigo, desenvolve uma pesquisa que propõe uma articulação dos conceitos de natureza e liberdade na teoria da educação proposta por Rousseau. Estes trabalhos compreendem a ideia de natureza a partir da multiplicidade de significações descritas pelo filósofo. Dionizio Neto assume os três tipos de educação apresentados no Emílio, a saber, a educação pela natureza, pelas coisas e pelos homens, para sustentar a teoria da construção de contratos pedagógicos que seriam capazes de conduzir o indivíduo da liberdade à educação plena. Ainda no âmbito

das contribuições morais de Rousseau para a educação, Luz (2008) reflete, com base no

Emílio, sobre a necessidade de uma formação natural para a constituição do homem cidadão.

A educação, a partir da natureza, seria capaz de construir uma postura ética do cidadão para ser desempenhada em meio à sociedade. A dissertação desenvolvida por Luz analisa questões ligadas ao estado de natureza do homem que, ao fazer a transição para um estado civil, precisa ser detentor de uma educação capaz de sustentá-lo em meio às mazelas advindas da sociedade.

Outros estudos optam por tratar especificamente da formação do cidadão a partir das obras de Rousseau como, por exemplo, a dissertação e a tese de autoria de Paiva (2005;2010) que, mesmo ao explorar em outros textos pedagógicos do filósofo, encontra no discurso sobre a natureza do Emílio as bases para defender a formação do homem e do cidadão em acordo com as especificidades da sociedade iluminista e, além disso, as pesquisas de Paiva sustentam que as relações existentes entre natureza e cultura seriam o

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