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SÃO são revisadas sim assim porque a gente tem o trabalho de

CAMPINA ISTÓRIA

F: SÃO são revisadas sim assim porque a gente tem o trabalho de

oLHAr... se o livro tá na estante... é o trabalho assim/vamos dizer tal título quantos exemplares tem... pra:: a gente de vez em quando faz esse:: pesquisa essa busca pra saber se foi extraviado algum li:::vro... se desapareceu entendeu? pra ser dado baixa e colocado outro... no lugar... como a gente trabalha muito com doação... a gente recebe MU::Ito doação praticamente... faz muito tempo que foi comprado livro pra biblioteca. (Ver Anexo C) Em resumo, a organização do catálogo, bem como sua função e o modo de utilização em cada biblioteca, determinam as formas possíveis que o leitor tem de consultar aquele acervo. Pode ser importante para definir que obras ele vai conseguir encontrar ou não, já que a forma de organização do catálogo determina os critérios de busca compatíveis com ele (ou seja, como o leitor vai achar a obra).

Como vimos, inicialmente, esses catálogos correspondiam a livros (manuscritos ou impressos) nos quais estavam registradas as obras disponíveis na biblioteca, bem como sua localização nas estantes. O leitor ou o bibliotecário precisavam, então, ter esse catálogo em mãos para consultá-lo, ou seja, para saber se uma obra fazia parte do acervo de uma biblioteca o leitor precisava ir até aquela instituição para verificar essa informação no catálogo. Nos dias de hoje, há vários outros recursos disponíveis, que eliminam, inclusive, o contato com o bibliotecário e/ou até mesmo a ida do leitor à biblioteca.

Com o desenvolvimento das tecnologias, em algumas bibliotecas é possível, por exemplo, que o leitor consulte o acervo em um terminal de computador, e verifique todas as informações referentes à obra que procura. A depender das normas da instituição, ele pode ir diretamente à estante e pegar o livro desejado. Sua relação com o bibliotecário só vai existir, nesses casos, se ele necessitar de algum outro serviço oferecido, como o empréstimo ou uma cópia do livro.

O alcance dessas novas tecnologias pode servir também para disponibilizar os catálogos da biblioteca na internet, o que modifica ainda mais profundamente a relação do leitor com esses espaços, uma vez que em princípio elimina até mesmo a necessidade da presença física do leitor na biblioteca. Praticamente todas as grandes bibliotecas públicas da atualidade possuem catálogos on-line, o que amplia o acesso a essas instituições por pessoas de diferentes partes do mundo, e permite um melhor aproveitamento do tempo do leitor, já que é possível saber através desse serviço se a biblioteca possui a obra desejada e em que estante ela se localiza, antes mesmo de ir àquele espaço. Esse serviço aumenta ainda a liberdade do leitor, que pode fazer quantas

consultas quiser, a partir do critério que ele escolher (nome do autor, da obra, assunto, data etc.) e a qualquer horário (inclusive naqueles em que a biblioteca está fechada). Toda essa comodidade sem ter que aborrecer nenhum funcionário com suas possíveis dúvidas ou indecisões. Então, é provável que esse leitor que vai à biblioteca após uma longa e minuciosa busca com o auxílio do catálogo on-line passe muito pouco tempo no espaço físico desta instituição, fato que pode gerar a falsa impressão de que não há leitores porque os salões da biblioteca estão vazios. Contudo, o esvaziamento do espaço físico da biblioteca não significa que os leitores não existam, que não utilizem esse espaço de acesso à leitura, ou ainda que a leitura não esteja sendo realizada.

Contudo, no estado atual em que se encontra a Biblioteca de Campina Grande, a única forma de saber se uma obra pertence ou não ao acervo, bem como saber sua localização, é consultando os funcionários do setor, já que as fichas de registro dos livros não estão disponíveis para o usuário e não há ainda um sistema informatizado de busca.

b) O acesso aos livros

Outro aspecto que precisa ser levado em consideração para entender como os leitores utilizam as bibliotecas públicas diz respeito à maneira como eles podem ter acesso aos livros. Conforme pudemos observar através da discussão realizada até aqui, embora haja formas cada vez mais simplificadas de o leitor ter acesso ao catálogo das bibliotecas (o que se mostrou um avanço importante para que ele pudesse escolher mais livremente suas leituras), na maior parte delas o mais usual ainda é que ele, após realizada sua escolha, peça a um funcionário da instituição para buscar o livro, ou seja, ele não tem acesso livre às estantes33. Essa medida existe para garantir a preservação do acervo e manutenção da ordem dos livros nas estantes (mesmo nas bibliotecas onde o leitor tem acesso a elas, é comum também que lhe seja solicitado não colocar o livro de volta na prateleira, a fim de evitar que ele seja devolvido para outro lugar, fora da ordem estabelecida pela numeração do catálogo). Os regulamentos de cada instituição costumam deixar claros os limites das ações do leitor nesse sentido: até onde ele pode ir, qual é a sua autonomia na biblioteca como um todo e em cada seção especificamente,

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Em certo sentido, uma das maiores decepções para aqueles que têm fascínio por livros talvez seja, por exemplo, a visita à Biblioteca Nacional (RJ), pois, por razões evidentes de preservação, é vetado ao leitor o prazer de passear livremente entre as estantes e observar de perto os livros; folheá-los, então, é uma prática impensável.

pois pode haver seções nas quais o acesso direto aos livros seja permitido e em outras não. No regulamento da Biblioteca Nacional, de 1824, lê-se:

Prestar-se-lhes-ão todos os livros, que pedirem; [...]

A nenhum indivíduo será permittido tirar livro algum das estantes, nem pô- lo; mas dirigindo-se para os que quizer a qualquer dos Empregados, dêlle os receberá e a êlle terá obrigação de os entregar, quando acabar sua leitura. [...] Ninguém passará além da Sala pública de leitura, sem expressa licença; e os que, para verem o Estabelecimento, a obtiverem, serão acompanhados por um Empregado. (FBN, Regulamento da Biblioteca Nacional, 1824)

Neste caso, o regulamento prevê como o leitor pode ter acesso às obras e como pode se movimentar no espaço da biblioteca, ou seja, até onde tem permissão de ir; mas em ambas as atividades – seja para pegar um livro ou para adentrar salas cujo acesso lhe é limitado – ele o fará sempre intermediado por um funcionário. O mesmo tipo de controle estava presente no regulamento da Biblioteca Pública da Bahia, publicado em 1839 (SOARES, 2011). O cumprimento dessas normas é levado tão seriamente nas bibliotecas que Battles (2003) registra a prisão de um leitor da Biblioteca Britânica, no final do século XIX, por retirar um livro da sala de leitura; por essa infração, o leitor foi condenado a passar doze meses na cadeia.

Martins (2001), discutindo o papel que as bibliotecas públicas modernas exercem na sociedade, destaca a sua mudança de status – de depósito de livros a serviço público. Como tal, para exercer as funções que essa nova condição impunha, as bibliotecas precisaram rever seus objetivos e atualizar suas seções, oferecendo serviços antes inexistentes (como coleções em Braille, mediatecas, bibliotecas infantis, etc.). Segundo o autor, essas instituições deixam de ser consideradas públicas apenas porque são mantidas pelo governo – ou mesmo por entidades particulares – e abertas a todos os interessados, e passam a corresponder a esse adjetivo no sentido de atender às demandas da população, como ocorre com outros serviços da mesma natureza: “[...] serviço público sem burocratização – eis o enigma proposto aos bibliotecários dos nossos dias. Serviço público no sentido de serviço posto permanentemente à disposição de todos; ‘à disposição’ quer dizer com real interesse de atendê-los” (MARTINS, 2001, p. 326).

A fim de garantir seu funcionamento como “serviço público”, a Biblioteca Pública de Campina Grande possui atualmente as seguintes seções, segundo a descrição da funcionária entrevistada:

P: [...] é:: você pode me dizer em que seções a biblioteca é dividida? por

exemplo você já falou que tem a parte de literatu::ra aí tem a sala de pesqui::as... tem a sala de periódicos... é:: tem uma parte de obras raras também né?