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O setor automobilístico apresenta grande dinâmica e vem sofrendo constantes transformações ao longo do tempo. Em geral, o ramo já apresentou quatro modos produtivos. Inicialmente se tinha uma produção artesanal, em que o automóvel era uma peça única, construída por profissionais de alta qualificação e remuneração. Em seguida, tem-se a

0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 M ilh õ e s d e US$

produção em massa com alta integração vertical, que ficou conhecida como fordismo. Com a crise do padrão fordista surge o toyotismo. Tal sistema visava à produção enxuta e flexível, com otimização dos processos visando à eficiência. Por fim, mais recentemente, o setor automobilístico tem se configurado em arranjos modulares. Nessa configuração, os fornecedores passam a ter uma importância ainda maior, uma vez que auxiliam na montagem e desenvolvimento do módulo ao qual lhes compete.

No Brasil, a indústria automobilística nasce na década de 50, com o projeto de industrialização para o país. Até a década de 90 o setor automobilístico brasileiro apresentava baixa produtividade e competitividade. Com a abertura comercial, o setor passou por uma forte reestruturação produtiva, para que pudesse se adaptar à nova dinâmica de concorrência internacional. A modernização da indústria automobilística brasileira ocorreu de forma muito eficaz. No pós década de 90 o setor já começa a ter ganhos expressivos de produtividade que vão seguindo até o fim da década de 2000. Junto à abertura comercial brasileira, também houve uma tendência da transferência produtiva dos países desenvolvidos para os países emergentes, por conta da saturação dos mercados centrais e da maior demanda potencial dos países em desenvolvimento.

Tais fatores levaram o Brasil a se tornar um grande produtor de autoveículos, ocupando atualmente sétimo lugar a nível mundial em termos de produção de automóveis. O país é inclusive, uma plataforma regional de produção para outras nações com características econômicas similares.

Além de ser um dos maiores produtores mundiais de automóveis, o Brasil também é um grande consumidor desses produtos, sendo o quarto colocado no que diz respeito ao número de autoveículos licenciados. O consumo interno teve grande impulso a partir da década de 2000, com a maturação dos investimentos feitos em modernização na década de 90, a estabilidade econômica e aumento da renda e políticas governamentais de incentivo.

Com isso a indústria mostra-se de suma relevância para a economia brasileira. O setor é responsável por mais de um quarto da produção industrial do país, além de ser responsável por cerca de 1,5 milhões de empregos, equivalendo a mais de 6% do total de vínculo empregatícios da indústria de transformação. Além disso, o setor possui uma série de encadeamentos, como com o setor de aço, borracha e vidro, e com outros setores de maior dinâmica, como máquinas e equipamentos, que ampliam ainda mais a importância do ramo a nível nacional.

Os principais aspectos econômicos da indústria automobilística e brasileira estão sintetizados nas Figuras 4 e 5 abaixo, ressaltando a relevância da indústria para a economia do Brasil e do Mundo.

Figura 4 – Principais Aspectos Econômicos da Indústria Automobilística Mundial.

Fonte: OICA (2015). Elaborado pelo autor

Figura 5 – Principais Indicadores Econômicos da Indústria Automobilística Brasileira.

Fonte: Anfavea (2014). Elaborado pelo autor

Comércio Exterior 2013: Exportações – US$ 23,4

bilhões

Importações – US$35,6 bilhões Saldo: (-)US$12,2 bilhões

Geração de tributos (autoveículos) 2012: US$24,8 bilhões Fábricas: 64 plantas em 10 estados Participação no PIB Industrial 2012 (incluindo autopeças): 21% Faturamento 2012 (incluindo autopeças): US$106,8 bilhões Investimentos 2012 (incluindo autopeças): US$ 7,3 bilhões Ranking Mundial de Autoveículos: 7º maior produtor e 4º mercado interno Emprego (diretos e indiretos): 1,5 milhões Produção 2012

Autoveículos : 3,7 milhões de unidades Máquinas agrícolas e rodoviárias: 100,4 mil unidades Produção: 87,3 milhões de unidades Faturamento 2005: €1,89 trilhões Emprego (direto e indireto): 50 milhões Geração de tributos 2005: €433,2 bilhões Investimentos 2005: €84,8 bilhões Distribuição geográfica da produção 2013: Ásia – 52,2% Europa – 22,6% América – 24,2% Outros – 1,0%

4 ESFORÇOS INOVATIVOS NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA BRASILEIRA

A indústria automobilística apresenta-se como um setor de suma relevância para a economia brasileira. Além dos fortes impactos econômicos, como no emprego e na produção, o setor também é um dos principais segmentos no que diz respeito a desenvolvimento tecnológico, sendo o setor que mais investiu em P&D dentre todos os segmentos da indústria da transformação (PINTEC, 2011). A partir da década de 90 inicia-se uma nova fase de capacitação tecnológica na indústria brasileira, com o desenvolvimento de alguns veículos. Esses esforços ganham força a partir da década de 2000, com as subsidiárias brasileiras ganhando maior importância frente as matrizes, fazendo o desenvolvendo completo de alguns automóveis e tecnologias automotivas no Brasil.

Para a análise dos esforços de capacitação tecnológica da indústria automobilística brasileira, o presente capítulo está dividido em 9 seções. A seção 4.1 mostra como ocorreu a evolução da capacitação tecnológica no setor automobilístico brasileiro. A seção 4.2 aborda algumas das principais inovações ocorridas na indústria automobilística brasileira e em quais componentes do veículo tem se concentrado os esforços inovativos. Na seção 4.3, a partir dos dados da Pintec, mostra-se os esforços inovativos que o setor automotivo tem incorrido a partir dos anos 2000. Na seção 4.4, são analisados os impactos das inovações de produto e processo que ocorreram ao longo da última década nas montadoras e fabricantes de autopeças. A seção 4.5 aborda as principais fontes de informação e cooperação utilizadas para inovar. Na seção 4.6 apresentam-se as principais leis de incentivo a inovação, bem como o apoio governamental as produtoras de autoveículos e autopeças. A seção 4.7 aborda os principais problemas e obstáculos que as empresas desses segmentos apresentaram para inovar. Na seção 4.8 é feita uma análise dos resultados do processo inovativo nas montadoras e setor de autopeças. Por fim, a seção 4.9 faz uma síntese conclusiva do que foi abordado ao longo do capítulo 4.