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Síntese dos resultados das decomposições para Brasil, Macrorregiões e

3.2 Evidências Empíricas: desigualdade por fontes de renda no Brasil

3.2.5 Síntese dos resultados das decomposições para Brasil, Macrorregiões e

Comparando-se os resultados, a renda do trabalho foi à fonte de renda que mais contribuiu para a redução da desigualdade da renda domiciliar per capita, principalmente em função do efeito concentração. Dentre as regiões analisadas, as maiores contribuições foram da macrorregião Centro-Oeste (70,1%) e da região metropolitana Sul (65,1%), ficando acima da contribuição nacional (50,7%). Já as

menores contribuições são verificadas na região metropolitana Sudeste (38,3%) e na macrorregião Nordeste (47,4%) (embora não sejam desprezíveis). Em relação à participação do rendimento do trabalho na RDPC, a participação do trabalho ficou acima de 70%. A macrorregião Centro-Oeste é responsável pela maior participação, representando aproximadamente 80% da RDPC, sendo que a menor participação foi da macrorregião Nordeste (69% em 2011). A razão de concentração do trabalho caiu em todas as regiões metropolitanas, esse mesmo comportamento é verificado no índice de Gini da RDPC. Os resultados indicam as diferentes características dos mercados de trabalho dessas regiões, sendo que as regiões Sul e Sudeste parecem apresentar mercados de trabalho específicos.

Nas macrorregiões brasileiras, as aposentadorias apresentam participação semelhante aos resultados para Brasil. Em 2006, representava 15,9%, atingindo, em 2011, 17,1%. A maior participação regional ocorre na macrorregião Nordeste (19,8%) e a menor, no Centro-Oeste (13,3%). Verifica-se que a razão de concentração, no período selecionado, foi maior para o Centro-Oeste, provavelmente em função da dispersão dos rendimentos provocada pelo Distrito Federal. Em relação ao efeito renda e concentração, as aposentadorias contribuem com 27,1% para a queda da desigualdade da renda domiciliar per capita brasileira, sendo que o efeito concentração é predominante. A maior contribuição encontra-se na região metropolitana Nordeste (40,2%) e em sua macrorregião (34,7%), sendo que a menor contribuição é verificada na região metropolitana Sul (17,6%) e na macrorregião Centro-Oeste (15,6%). Vale destacar que, a contribuição das aposentadorias está associada ao crescimento real do Salário Mínimo.

Analisando os resultados, o Programa Bolsa Família apresenta uma parcela relativamente pequena, em 2011, representava 0,6% da RDPC nacional, mas apresenta diferenças significativas, em termos relativos, entre as macrorregiões e regiões metropolitanas. Observa-se que a macrorregião Nordeste apresenta as maiores elevações, atingindo, em 2011, 1,6%, essa elevação é compatível com a ampliação do programa, sendo que a partir de 2006 passou a cobrir todo o território nacional. Além da ampliação do programa, o aumento da região Nordeste é esperado, pois aproximadamente metade dos recursos do Bolsa Família são repassados para a região Nordeste (Cacciamali e Tatei, 2007; SENARC/MDS, 2012; Marques, 2013). A macrorregião Sul e sua região metropolitana e a região

metropolitana Sudeste apresentam as menores participações do PBF, com resultados inferiores ao da média nacional 23. Analisando a razão de concentração da RDPC, nota-se que, em 2011, o PBF diminui a razão de concentração em todas as macrorregiões brasileiras.

Apesar da pequena participação do PBF na renda domiciliar per capita, fica evidente, portanto, a sua relevante contribuição para a redução da desigualdade da distribuição da RDPC. Na decomposição do Gini, o Programa Bolsa Família contribuiu com 9,2% para redução da desigualdade da renda domiciliar per capita brasileira, destacando-se a macrorregião Nordeste com uma contribuição de 18,2%, praticamente o dobro do resultado nacional e a região metropolitana Norte, contribuindo com 13,3%, principalmente em função do efeito renda. Esse resultado é compatível com a expansão do programa, sendo que a distribuição do Bolsa Família é mais concentrada no Nordeste (Marques, 2013). Já a macrorregião Sul e sua região metropolitana apresentam as menores contribuições (2,1% e 1%, respectivamente).

O rendimento do PBF se configura como a terceira fonte de renda que contribuiu para a redução da desigualdade da renda domiciliar per capita, apesar de sua participação na RDPC ser inferior a 1%. O Bolsa Família, por meio de seu efeito renda, mostra que avançou em termos de cobertura. A renda do trabalho, como era esperado, apresentou a maior contribuição para a queda da desigualdade, pois para Brasil ocupa mais de 70% da renda domiciliar per capita.

Os resultados confirmam que as transferências do PBF estão sendo distribuídas, preferencialmente, para as macrorregiões de menores rendas, como Nordeste e Centro-Oeste. O efeito concentração é menor para a totalidade das macrorregiões analisadas porque em 2006 sua focalização provavelmente já estava relativamente elevada.24

23 Vale destacar que o Bolsa Família aumentou significativamente sua participação relativa na renda domiciliar nacional na década de 2000. Representava 0,3% da renda domiciliar nacional em 2003, saltando para 0,7 em 2009 (SOARES, et al, 2010). Contudo, o ritmo desse crescimento é menor para o período recortado nesse estudo (2006 a 2011).

24

Essa focalização do Bolsa Família é destacada na literatura nacional: “a principal razão de a renda transferida pelo Bolsa Família contribuir de modo tão desmesurado para a redução da desigualdade é a focalização” (SOARES, et al, 2010).

Conclusão

O Programa Bolsa Família foi concedido a partir da unificação dos programas pré-existentes com a finalidade de garantir transferência direta de renda mediante o cumprimento de certas condicionalidades, tais como cuidados básicos com a saúde e acompanhamento da frequência escolar de crianças e adolescentes. Ao longo dos anos, ampliou sua cobertura, passando a incluir como beneficiários jovens e adolescentes entre 16 e 17 anos. Atualmente, o programa atende mais de 13 milhões de famílias em todo o território nacional.

Os resultados do programa são facilmente observados tanto pela sua dimensão quanto pelo grau de sua focalização. Os resultados apontam melhoria na área de educação, com elevação da frequência escolar de crianças e adolescentes, apesar da defasagem educacional entre as macrorregiões do país, especialmente o Nordeste. Na área de saúde, os resultados apontam evidências da efetividade das condicionalidades: acesso regular a consultas de pré-natal, acompanhamento de saúde de nutrizes e bebês, bem como a redução da mortalidade infantil.

Este capítulo teve como objetivo analisar a contribuição do PBF para a queda da desigualdade da renda domiciliar per capita, no Brasil, nas macrorregiões brasileiras e nas regiões metropolitanas, no período 2006-2011. Para isso, utilizou a técnica matemática de decomposição por fontes de renda. Essa técnica analisa a contribuição dos tipos de renda para desigualdade da renda domiciliar. Embora esse modelo apresente virtudes quanto à capacidade de levantar variáveis capazes de explicar a variação da desigualdade de renda no período, também apresenta restrições. A principal limitação está na falta de capacidade de estabelecer conexões causais.

Os resultados indicam o trabalho como a principal fonte da renda domiciliar

per capita. As macrorregiões Sudeste e Sul apresentam participações relativas da

renda do trabalho na RDPC, próximos à média do país. A macrorregião Centro- Oeste apresenta participação superior à média nacional, atingindo no período, percentuais próximos a 80%. Contudo, dentre todas as regiões analisadas, a Nordeste tem atingido cifras abaixo da média nacional, apresentando indicadores da ordem de 69%.

Em relação às decomposições das desigualdades da renda domiciliar per

capita, os resultados para o período analisado, isto é, 2006-2011, também indicam

um padrão: a renda do trabalho como o principal determinante da redução da desigualdade da distribuição da RDPC, tanto para Brasil, quanto para as macrorregiões brasileiras e regiões metropolitanas selecionadas. Vale frisar que, para Brasil, o trabalho contribuiu com aproximadamente 50% para a queda da desigualdade da renda domiciliar per capita, principalmente em função do efeito concentração. As maiores contribuições foram observadas nas macrorregiões Centro-Oeste e Sul, contribuindo com mais de 62%. No entanto, a menor contribuição encontra-se na macrorregião Nordeste (47,4%). Já nas regiões metropolitanas, a maior contribuição encontra-se no Sul (65,1%), percentual acima do resultado nacional (50,7%) e, a menor contribuição, no Sudeste (38,3%). Os resultados sugerem um particular dinamismo dos mercados de trabalho dessas regiões.

As aposentadorias são a segunda maior contribuição nacional para a redução da desigualdade de renda, contribuindo com aproximadamente 27%. Em relação às macrorregiões, o Nordeste apresenta a maior contribuição (34,7%) e o Centro- Oeste, a menor contribuição com aproximadamente 15%. As pensões representam, em 2011, 6% da RDPC, sofrendo uma pequena queda no período. Essa tendência de queda da participação das aposentadorias na RDPC também é verificada nas macrorregiões e regiões metropolitanas brasileiras. Os resultados, também, indicam que a contribuição das aposentadorias para a queda da desigualdade na distribuição da renda domiciliar está associada à valorização real do Salário Mínimo (HOFFMANN, 2013).

Cabe ressaltar que os resultados obtidos mostram a importância do Programa Bolsa Família para a redução da desigualdade da distribuição da renda domiciliar

per capita no Brasil, nas macrorregiões e regiões metropolitanas brasileiras, no

período 2006-2011. O PBF contribuiu com 9,2% para a queda da desigualdade da renda domiciliar do país. Os resultados para o PBF ficou próximo da literatura nacional, porém o período analisado é outro (2006-2011), quando a variação do rendimento do PBF cresceu menos, pois já estava focalizado nos mais pobres desde 2006. Isto é, o ritmo de crescimento do PBF é menor para o período em questão. Note-se, que a maior contribuição do programa se encontra na macrorregião

Nordeste, contribuindo com aproximadamente 18% para a queda da desigualdade da RDPC regional, praticamente o dobro da contribuição nacional, principalmente em função do efeito renda.

Em relação às regiões metropolitanas, a maior contribuição do PBF foi da região metropolitana Norte (13,3%), a região metropolitana do Nordeste aparece em segundo lugar (11,2%), porém acima da média do país. Esse resultado é compatível com a ampliação do programa. Até 2005, o programa não cobria alguns municípios da região Norte, sendo que a partir de 2006 passou a cobrir todo o território nacional, e o aumento da região Nordeste é esperado, uma vez que cerca de metade dos recursos do PBF são repassados para a região do Nordeste (Marques, 2013). Já as menores contribuições encontram-se na macrorregião Sul e sua região metropolitana.

Os resultados apresentados ficaram próximos da literatura nacional especializada, contudo o período analisado não é o mesmo. Soares et al (2010), por exemplo, analisam a contribuição do PBF para a queda da desigualdade de renda entre 1999/2009. Ele estimou o Gini utilizando a renda domiciliar per capita, concluindo que o programa foi responsável por 16% da queda da desigualdade de renda, sendo que o mesmo não representa 0,8% da renda total das famílias. Contudo, esse estudo analisou outro período (2006-2011), utilizando o mesmo tipo de renda, porém criou-se uma variável proxy para o rendimento do PBF.

Os resultados apresentados ficaram um pouco abaixo dos resultados de Soares et al (2010), no entanto, cabe ressaltar que a variação da renda do PBF cresceu menos nesse período em função do programa já estar focalizado nos indivíduos mais pobres desde 2006. Assim, no período analisado, o ritmo de crescimento do PBF e a redução de sua desigualdade são menores, gerando uma contribuição menor do PBF para a queda da desigualdade da renda domiciliar per

capita. Também merece destaque o número mais elevado de fontes de rendas

utilizado nas decomposições. O próprio Soares et al (2010) afirma que com dados mais recentes espera-se retornos decrescentes do Bolsa Família. Nesse caso, vale frisar que o modelo utilizado é muito sensível a pequeníssimas mudanças, principalmente nos coeficientes de desigualdade da renda do trabalho, pois para

Brasil, essa fonte de renda ocupa mais de 70% da renda domiciliar per capita, chegando a quase 80% na macrorregião Centro-Oeste.

Ao analisar a contribuição das oito parcelas para a redução da desigualdade da distribuição da renda domiciliar per capita, no período 2006-2011, as decomposições mostraram a extraordinária contribuição do Programa Bolsa Família, dada sua pequena participação, que sequer representa 1% da RDPC, principalmente em função do efeito renda, sendo que o rendimento do trabalho e das aposentadorias contribuíram em função do efeito concentração. Isso indica que os rendimentos do PBF estão sendo distribuídos preferencialmente entre as regiões mais pobres do país.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A literatura nacional sobre distribuição de renda expande-se a partir dos anos 1970, sob a ótica de Langoni, Fishlow e Bacha, passando por um período de fraca discussão na década de 1980, ressurgindo nos anos 1990 com a percepção do capital humano, influenciado pela abordagem da teoria neoclássica de Langoni. A partir dos anos 2000, mais especificamente em 2001, observa-se uma queda contínua da desigualdade de renda. A partir desse momento passa-se a discutir a queda da desigualdade pessoal de renda, trazendo para o centro do debate, as transferências públicas de renda como fator preponderante para a queda dessa desigualdade na distribuição da renda.

Este trabalho tem como objetivo descrever alguns resultados da literatura nacional sobre a desigualdade de renda e analisar o impacto do Programa Bolsa Família na desigualdade da renda domiciliar no Brasil entre 2006 e 2011. Em um primeiro momento foi realizado uma retrospectiva do debate sobre a distribuição pessoal de renda no país no transcorrer das últimas quatro décadas do século XX, mostrando quais são os fatores que contribuíram para a elevada concentração de renda. Para isso foram retomados a “Controvérsia Inicial” da década de 1970 e a “Hegemonia de 1990”. No debate inicial, a concentração de renda é atribuída: ao avanço tecnológico da industrialização que demandava cada vez mais mão de obra qualificada; a compressão salarial do Governo Militar; a hierarquia da estrutura das firmas e a abertura do leque salarial. A posição hegemônica dos anos 1990 considera a educação o fator preponderante para a redução da desigualdade de renda no Brasil.

Esta pesquisa também aborda o Programa de Garantia de Renda Mínima que enfatiza os conceitos de cidadania e de direitos individuais. A ideia central do programa é garantir uma renda básica de sobrevivência a todos os indivíduos. Esse programa foi proposto na década de 1990 com o objetivo de solucionar os problemas da pobreza, uma vez que o número de pobres cresceu substancialmente no transcorrer dos anos 1980.

No final dos anos 1990, diante do cenário socioeconômico que se encontrava a América Latina, o BM e a CEPAL propõem a adoção de políticas sociais voltadas a erradicar a miséria e reduzir a pobreza. A partir de meados da década de 1990 e início dos anos 2000, diversos países dessa região adotaram uma nova geração de políticas sociais, tendo como público alvo famílias pobres e extremamente pobres, com crianças e adolescentes. Esse tipo de política focalizada se caracteriza por transferência de renda mediante o cumprimento de condicionalidades nas áreas de saúde e educação.

As políticas do BM para erradicação da pobreza no Brasil, além de crescimento econômico, inclui também estabilidade, segurança e oportunidades para as pessoas vulneráveis, mediante ações focalizadas nas áreas de saúde e educação. Dessa forma, os relatórios do BM na década de 1990 sugerem a adoção de programas de transferência de renda que são considerados mecanismos fundamentais para ajudar os países em desenvolvimento a implementar ações voltadas para a erradicação da extrema pobreza, uma vez que estas ações devem ampliar a capacitação das pessoas, aumentar a segurança e também as oportunidades de escolhas. Desse modo, as transferências monetárias são estratégias que promovem ao mesmo tempo crescimento a longo prazo e desenvolvimento do capital humano.

A primeira experiência de Programas de Transferências Condicionada de Renda (PTCRs) na América Latina ocorreu no México com a criação do Progressa que se tronou mais tarde o Programa Oportunidades, servindo de modelo para a implantação de outros programas nessa região. O programa já tem mais de 15 anos e ao longo desse tempo tem apresentado resultados positivos, principalmente no campo da educação, saúde e alimentação. Já o Chile Solidário tem uma característica distinta de outros programas de transferência, pois seu valor é decrescente. Além disso, o Chile também tem desenvolvido planos e convênios para erradicação da pobreza.

Dentre os quatro países analisados, a Argentina se destaca, pois desde 2002 vem implantando diversos programas de transferência de renda com a finalidade de aliviar a pobreza tanto no curto quanto no longo prazo. O último programa, o

ser um direito social e não uma benesse e constitui um subsistema contributivo para o mercado formal de trabalho e outro não, visando à inclusão social, redução da informalidade e do desemprego. O AUHPS tem apresentado resultados significativos tanto na redução da pobreza quanto da indigência. Já no Peru, o programa Juntos além de contribuir para melhorar a qualidade de vida das famílias beneficiárias, tem provocado mudanças no comportamento dessas famílias, incorporando novas práticas econômicas, melhorando as percepções de sua própria capacidade e competências. Assim, tem contribuído para romper o ciclo de pobreza entre as gerações.

Pela breve análise realizada desses quatro países, observou-se que os Programas de Transferência Condicionada de Renda apresentam semelhanças e diferenças entre si. Os aspectos diferentes estão nas formas como as famílias ingressam nos programas, enquanto as semelhanças estão no ponto de vista conceitual, pois o foco dos mesmos são as famílias pobres e extremamente pobres mediante o cumprimento de contrapartidas, tendo as mulheres como beneficiárias preferenciais. A partir da implantação dos PTCRs, o México, Chile, Argentina e Peru têm conseguido atingir grande parte de seus objetivos relacionados às políticas de proteção social. Os resultados indicam que tais programas vêm se consolidando como um instrumento que contribui para a recente queda da desigualdade social.

No Brasil, assim como nos demais países da América Latina, a população com menor poder aquisitivo tem menos oportunidades econômicas, necessitam de mecanismos de segurança social básica que os protejam e os façam ultrapassar a “fronteira” da desigualdade social, diminuindo, assim, o hiato entre pobres e ricos. Contudo, isso só será possível se o governo atuar de forma decisiva, principalmente por meio de políticas públicas focadas na população pobre.

Diferentemente do AUHPS, o Bolsa Família é um programa de governo e não um direito de política de Estado, pois não integra a Seguridade Social que é concedida aos assegurados de baixa renda, como o caso do Benefício de Prestação Continuada (BPC). O PBF incorporou os benefícios das transferências de renda existentes anteriormente, ampliando sua cobertura geográfica e populacional.

A partir de 2006, a cobertura do PBF foi ampliada, passando a atender todos os municípios do país. Atualmente, atende mais de 13 milhões de famílias em todo o

território nacional. Diferentemente dos outros programas analisados nesse trabalho, o PBF apresenta uma peculiaridade: a existência de um benefício básico dirigidos às famílias extremamente pobres, com ou sem crianças, jovens, grávidas ou nutrizes, esse traço o aproxima dos programas que fazem parte da Seguridade Social.

Os resultados mostram que desde a sua criação, o Bolsa Família é fortemente concentrado na região nordestina, com o maior número de pessoas atendidas, aproximadamente metade das famílias beneficiárias e, consequentemente, com o maior volume de recursos transferidos. Nesse caso, fica claro que as regiões mais pobres são as mais beneficiadas. O custo do programa é considerado baixo, cerca de 0,46% do PIB de 2012, um baixo impacto de recursos transferidos perante o alto impacto na redução da desigualdade de renda. Do ponto de vista de valores equivalentes a riqueza nacional, o PBF equivale a um valor menor do PIB do que o AUHPS que representa 0,60% do PIB da Argentina. Ambos os programas são considerados relativamente baratos devido a sua importância para redução da desigualdade social.

A análise realizada neste trabalho evidencia que o PBF tem apresentado resultados satisfatórios na queda da desigualdade de renda no país. Os indicadores da distribuição de renda indicam uma sensível diminuição desde 2003; o índice de Gini, nesse ano era de 0,581, atingindo, em 2012, 0,522. Essa queda contínua é atribuída em partes ao Programa Bolsa Família (dentre outros fatores).

Os resultados, também, apontam melhorias na área de educação, com elevação da frequência escolar de crianças e adolescentes, embora ocorra defasagem educacional entre as regiões do país, principalmente no Nordeste. Na área de saúde houve redução da mortalidade infantil, em particular às causas relacionadas com a pobreza, como a desnutrição infantil, diarreia e infecções respiratórias. Entre 2004 e 2009, o PBF foi responsável direto pela redução de óbitos provocados por desnutrição infantil, principalmente por mortes causadas por diarreias, em cada 10 crianças que seriam vítimas da desnutrição, 6 sobrevivem devido às ações do programa.

Ao analisar as decomposições do Gini, no período 2006-2011, os resultados deixam claro, que a maior parte da redução do Gini da RDPC (50,7%) está associada ao rendimento do trabalho. As maiores contribuições foram observadas