6 APRECIAÇÃO DOS MUSEUS COMO ATRATIVOS DO TURISMO
6.2 SÍNTESE DOS MUSEUS ANALISADOS
Para possibilitar o cruzamento dos dados levantados sobre os museus analisados enquanto tipos ideais, faz-se um comparativo a partir das categorias estabelecidas entre a Pinacoteca de São Paulo, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul e o Instituto Hércules Galló, conforme apresenta o Quadro 11. Reforça-se que esses apresentam temáticas comuns, assim como compartilham da condição de situarem-se em construções históricas que sofreram adaptações em sua estrutura física por iniciativas de acessibilidade. Além disso, representam diferentes partir de escalas de referência de âmbito nacional, estadual e local, respectivamente.
Quadro 11 – Síntese dos tipos ideais analisados
Recursos de Acessibilidade Pinacoteca de SP Margs Inst. Hércules Galló
Físicos Internos
Acesso Parcial/ Satisfatória Parcial/ Satisfatória
Parcial/ Satisfatória Desníveis Internos Plena/ Total Plena/ Total Parcial/ Satisfatória
Portas Insuficiente/
Inexistente
Plena/ Total Plena/ Total Pisos Plena/ Total Plena/ Total Parcial/ Satisfatória
Libras
Plena/ Total Insuficiente/ Inexistente
Parcial/ Satisfatória
Audiodescrição
Plena/ Total Insuficiente/ Inexistente Insuficiente/ Inexistente Táteis Piso Insuficiente/ Inexistente Insuficiente/ Inexistente Insuficiente/ Inexistente Exposição Parcial/ Satisfatória Insuficiente/
Inexistente
Insuficiente/ Inexistente Braille Parcial/ Satisfatória Insuficiente/
Inexistente
Insuficiente/ Inexistente
Recursos de Acessibilidade Pinacoteca de SP Margs Inst. Hércules Galló
Banheiros
Plena/ Total Plena/ Total Plena/ Total
Mobiliários e equipamentos Parcial/ Satisfatória Insuficiente/ Inexistente
Insuficiente/ Inexistente
Horário de Funcionamento
Plena/ Total Plena/ Total Parcial/ Satisfatória
Ingressos
Plena/ Total Plena/ Total Plena/ Total
Via de acesso
Condições da via de acesso
Plena/ Total Parcial/ Satisfatória Insuficiente/ Inexistente Rebaixamento do meio-fio Insuficiente/ Inexistente Parcial/ Satisfatória Insuficiente/ Inexistente Pisos externos Parcial/ Satisfatória Parcial/
Satisfatória
Insuficiente/ Inexistente
Estacionamento
Estacionamento Plena/ Total Parcial/ Satisfatória
Plena/ Total
Vagas reservadas
Plena/ Total Parcial/ Satisfatória Insuficiente/ Inexistente Informações Sinalização Turística
Plena/ Total Insuficiente/ Inexistente
Insuficiente/ Inexistente Outros idiomas Plena/ Total Insuficiente/
Inexistente
Parcial/ Satisfatória
Site Plena/ Total Insuficiente/
Inexistente
Insuficiente/ Inexistente Fonte: elaborado pelo autor (2019).
Percebe-se que os três casos analisados possuem, em geral, condições satisfatórias de acessibilidade física. Em todos existem acessos destinados a pessoas com deficiência, principalmente cadeirantes, ainda que em entradas secundárias. Também são tratados os desníveis internos e pisos de maneira a permitir percursos internos acessíveis. À exceção da Pinacoteca de São Paulo, as portas e passagens são adequadas à circulação dos visitantes, independentemente de suas condições específicas. Outro ponto positivo é a adaptação de banheiros para visitantes, seguindo as orientações de normas específicas, como a NBR 9050 (ABNT, 2015), sejam separados por sexo ou unissex.
Também se destaca a disponibilidade dos horários de visitação e, mais do que isso, a isenção de ingressos, viabilizando a acessibilidade econômica, ainda que
não seja o foco desta pesquisa. A Pinacoteca de São Paulo dá exemplo da possibilidade de ensejar projetos e investimentos na instituição por meio do retorno financeiro obtido com a de cobrança de uma taxa de adesão, ainda que em uma instituição de caráter público. Ao mesmo tempo, oferece entrada gratuita aos visitantes aos sábados e disponibiliza descontos e gratuidades a públicos específicos. Por outro lado, em outros aspectos como recursos comunicacionais e de informação, percebe-se a deficiência nos exemplares estadual e local analisados. Tanto o Margs quanto o Instituto Hércules Galló não dispõem de soluções táteis, em Braille, em Libras e de audiodescrição para acessibilidade plena. Também são insuficientes as informações disponibilizadas em outros idiomas, na sinalização turística e no site das respectivas instituições. Nota-se que as adaptações de acessibilidade se concentram, muitas vezes, apenas na eliminação de barreiras físicas, sem considerar outras estratégias que atendam aos demais tipos de necessidades. Além disso, mobiliários e equipamentos não se encontram mobiliários e equipamentos voltados ao uso dos visitantes.
Outras condições adversas com relação à microacessibilidade podem ser percebidas no ambiente externo. Ainda que as edificações analisadas estejam adaptadas para possibilitar entradas e percursos internos acessíveis, identifica-se a falta de consideração com o entorno, em que se envolvem as ruas adjacentes e os passeios, os pisos externos, o rebaixamento de meio-fio e até mesmo o estacionamento. Nesses casos, deve-se viabilizar rotas acessíveis, que façam a conexão da via de acesso ao museu. Para tanto, é necessário considerar múltiplos meios de locomoção que podem ser utilizados pelos visitantes, desde o transporte coletivo, o uso de veículos particulares, a chegada por ônibus de excursão, a pé, etc. As condições encontradas nos tipos analisados refletem além de níveis diferentes de atendimento às premissas ideais de acessibilidade. Representam escalas diversas de investimento, de demanda e de atendimento a leis, normas e políticas públicas relacionadas aos direitos de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida e à inclusão. No caso da Pinacoteca, encontram-se mais recursos e estratégias voltadas a públicos diversos, sendo uma instituição que recebe um montante maior de visitantes do que os demais museus analisados. Ao mesmo passo, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, por sua escala estadual, apresenta condições melhores que o Instituto Hércules Galló, museu local de Caxias do Sul.
Contudo, independentemente da escala de abrangência, considera-se necessário o atendimento à legislação vigente e às premissas de inclusão social por meio da acessibilidade plena ou, no mínimo, satisfatória. Nesse sentido, percebe-se a importância da participação da comunidade na reivindicação de adaptações, bem como a representatividade do público visitante. Com essa reflexão, faz-se possível estabelecer uma definição de um tipo ideal que sirva de referência à análise dos objetos de estudo, apoiado em leis e normas relativas às categorias propostas, que atendem ao ambiente interno, externo, e recursos de comunicação e informação.