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Sade para e contra si mesmo

Ao contrário das m ísticas que faziam de seu corpo o instrum ento de salvação de sua alm a, os libertinos, insubm issos e rebeldes, buscavam viver com o deuses e, portanto, libertar-se da lei religiosa, tanto pela blasfêm ia quanto por práticas voluptuosas da sexualidade. Opunham à ordem divina o poder soberano de um a ordem natural das coisas. Segundo esse individualism o barroco, a experiência prevalecia sobre o dogm a e a paixão sobre a razão. “Quando dizem os: aquele senhor está apaixonado por aquela senhora”, afirm ava Marivaux, “é a m esm a coisa que disséssem os: o suj eito viu a m ulher, sua visão excitou desej os em seu coração, ele arde de vontade de enfiar seu cacete na boceta dela.”1

Na m edida em que a idéia de transcendência parecia diluir-se e não m ais perm itir ao hom em reportar-se a Deus para definir as forças do bem , o pacto com o Diabo tornava-se, com o na lenda de Fausto, um a m aneira de aceitar que a busca do prazer, ou, ao contrário, o gozo do m al, não passava da expressão de um a espécie de pulsão inerente ao próprio hom em : a inum anidade do hom em podia então ser vista com o consubstancial à sua hum anidade, e não m ais com o conseqüência de um a decadência im posta pelo destino ou pela ordem divina.

Im ediatam ente após à m orte de Luís XIV, Philippe d’Orléans, doravante regente sem restrições, contribuiu para um a dissolução progressiva do absolutism o real. Com ele e seus com panheiros de devassidão, que se autodenom inavam “roués”,2 a libertinagem3 encontrou sua form a política m ais consum ada, a ponto, aliás, de m arcar o século inteiro e ser um a das causas do advento da Revolução. Orgias, blasfêm ias, especulação econôm ica, gosto pela prostituição, pelo luxo, pelo desperdício e pelos escândalos, apego à chibata e à transgressão: todas essas práticas concorriam para um vasto questionam ento dos valores da tradição, aos quais se opunha o desej o dos reflexos instantâneos. Fascinada pelos prazeres m ais excessivos, a aristocracia era assim m inada pela im inência de seu próprio fim . E, nada tendo a opor a seus inim igos, corria, cega, em direção à sua ruína: “Penetrem os por alguns instantes no universo

aristocrático de 1789”, escreve Jean Starobinski. “Tentem os com preendê-lo de dentro tal com o ele próprio se com preendeu. Descobrim os então um a secreta conivência com a condenação de que ele é obj eto.”4

Foi exatam ente no cerne do ideal libertino que cresceu o m arquês de Sade. Em certos aspectos, sua educação se assem elhou à de Gilles de Rais. Com o este, com três séculos de intervalo, e num a França abalada por novas desordens políticas, Sade viu-se cercado, desde seu nascim ento em 1740, por grandes predadores devassos, oriundos de um a nobreza arrogante, sem lim ites no exercício de seus prazeres, confinada no recôndito de seus castelos. “Educado com a convicção de pertencer a um a espécie superior”, escreve Maurice Lever,

experim entou m uito cedo o aprendizado da arrogância. Muito cedo j ulgou- se acim a dos outros e autorizado a fazer uso deles a seu bel-prazer, a falar e agir com o senhor, sem nenhum a censura de consciência ou de hum anidade. Aos quatro anos, sua natureza despótica j á estava form ada. Os anos apenas contribuirão para consolidá-la … . Desde a infância, seus atos não traduzem senão um a trágica im potência de dizer.5

Mas a com paração com Gilles de Rais pára por aí. Sade, com efeito, nunca descam bou para o crim e radical, um a vez que foi antes com a escrita que com atos que realizou sua utopia de inversão da Lei. Príncipe dos perversos, confinado durante 28 anos sob três diferentes regim es — da fortaleza de Vincennes para o asilo de Charenton, passando pela Bastilha —, fez triunfar em sua obra o princípio de um a sociedade perversa que repousava não no culto do espírito libertino, m as em sua paródia e sua abolição.

Claro, o universo rom anesco de Sade é povoado por grandes feras libertinas — Blangis, Dolm ancé, Saint-Fond, Bressac, Bandole, Curval, Durcet —, m as em nenhum m om ento estes reivindicam qualquer filosofia do prazer, do erotism o, da natureza ou da liberdade individual. Muito pelo contrário, o que põem em ação é um a vontade de destruir o outro e se autodestruir num transbordam ento dos sentidos. Em tal sistem a, a natureza é claram ente reivindicada com o fundam ento possível de um direito natural, m as sob a condição de que sej a apreendida com o a fonte de todos os despotism os. A natureza no sentido sadiano é atorm entada, passional, excessiva, e a m elhor m aneira de servi-la é seguir seu exem plo. Sade distorce então o Ilum inism o num a “filosofia do crim e e a libertinagem num a dança da m orte”.6 Contra os enciclopedistas, que tentam explicar o m undo pela razão e por um a exposição dos saberes e técnicas, Sade constrói um a Enciclopédia do m al fundada na necessidade de um a rigorosa pedagogia do gozo ilim itado.

Eis por quê, ao descrever o ato sexual libertino — sem pre fundado no prim ado da sodom ia —, com para-o ao esplendor de um discurso perfeitam ente construído. Ou sej a, a princípio, o ato sexual perverso, em sua form ulação m ais altam ente civilizada, e m ais som briam ente rebelde — a de um Sade ainda não definido com o sádico pelo discurso psiquiátrico —, é um relato, um a oração fúnebre, um a educação m acabra, em sum a, um a arte da enunciação tão ordenada quanto um a gram ática e tão desprovida de afeto quanto um curso de retórica.

O ato sexual sadiano não existe senão com o um a com binatória cuj a significação excita o im aginário hum ano: um real7 em estado puro, im possível de sim bolizar. O esperm a — ou m elhor, a “porra” — fala nesse caso em lugar do suj eito. “Na posição em que m e instalo”, diz Dolm ancé a Eugénie no m om ento em que esta é “agarrada” por Madam e de Saint-Ange, “m inha vara está rente às suas m ãos, senhora. Faça a m ercê de m asturbá-la, por favor, enquanto chupo esse cu divino. Enfie m ais a língua; não se lim ite a lhe chupar o clitóris; faça essa língua voluptuosa penetrar até a m atriz: é a m elhor m aneira de apressar a ej aculação da sua porra.”8

E, j á que o ato sexual consiste sem pre em tratar o outro com o um obj eto, isso significa que todos os obj etos se equivalem e que, por conseguinte, o m undo vivo em seu conj unto deve ser tratado não apenas à m aneira de um a coleção de coisas, m as segundo o princípio de um a norm a invertida. O libertino, portanto, deverá procurar o últim o grau da luxúria nas criaturas — hum anas e não- hum anas — m ais im plausíveis. “Um eunuco, um herm afrodita, um anão, um a m ulher de 80 anos, um peru, um m acaco, um perdigueiro descom unal, um a cabra e um garotinho de quatro anos, bisneto da velha, foram os obj etos de luxúria apresentados a nós pelas alcoviteiras da princesa.”9

Um a vez providenciada a coleção dessas anom alias, o libertino deverá deliciar-se com ela inventando ao infinito o grande espetáculo das posições m ais irreproduzíveis. Deverá enrabar o peru cortando-lhe o pescoço no instante da ej aculação, então acariciar os dois sexos do herm afrodita, ao m esm o tem po em que dá um j eito de ter no nariz o cu da velha prestes a cagar e em seu próprio o eunuco enrabando-o. Deverá passar do cu da cabra para o de um a m ulher, depois para o cu do garotinho enquanto um a outra m ulher seccionará o pescoço da criança: “Fui fodida pelo m acaco”, diz Juliette, “e de novo pelo perdigueiro, m as, no cu, pelo herm afrodita, pelo eunuco, pelos dois italianos, pelo consolo de Oly m pe: todo o restante m e m asturbou e lam beu, e saí dessas novas e singulares orgias após dez horas dos m ais pitorescos prazeres.”10

Mas Sade não se contenta em descrever cenas sexuais extravagantes páginas a fio. Confere-lhes um fundam ento social e teórico, inspirando-se tanto

em Diderot quanto em La Mettrie ou D’Holbach. Em A filosofia da alcova, publicado em 1795, põe em cena, sob form a de diálogo, o encontro, na “alcova deliciosa” de Madam e de Saint-Ange, entre três libertinos — Dolm ancé, Augustin e o cavaleiro de Mirvel —11 e um a j ovem virgem de 15 anos, Eugénie de Mistival, cuj a m ãe é carola e o pai, depravado. Após haver descrito a iniciação de Eugénie, Sade faz Dolm ancé ler o célebre panfleto que ele escreveu em 1789: Franceses, mais um esforço para serem republicanos.

Nesse texto adm iravelm ente construído, e não com portando nenhum relato de atos sexuais, Sade preconiza, com o fundam ento para a República, um a inversão radical da lei que rege as sociedades hum anas: obrigação da sodom ia, do incesto e do crim e. Segundo esse sistem a, nenhum hom em deve ser excluído da possessão das m ulheres, m as nenhum pode possuir um a em particular. Daí decorre que as m ulheres devem não apenas prostituir-se — tanto com m ulheres quanto com hom ens —, com o não aspirar senão à prostituição pela vida afora, um a vez que esta é a condição de sua liberdade. Com o os hom ens, devem ser sodom itas12 e sodom izadas na m edida em que receberam da natureza pendores m ais violentos que os dos hom ens para os prazeres da luxúria. Assim , são subm etidas ao princípio generalizado de um ato sexual que im ita o estado de natureza — o coito a tergo —, m as que, ao m esm o tem po, dilui as fronteiras da diferença entre os sexos.

Na Antigüidade grega, a hom ossexualidade era qualificada com o pederastia13 e integrada à pólis com o um a cultura necessária ao funcionam ento da norm a. Portanto, não excluía de form a algum a a relação com as m ulheres, sobre a qual repousava a ordem reprodutiva, e apoiava-se na divisão entre um princípio ativo e um princípio passivo: um hom em livre e um escravo, um m enino e um hom em j á m aduro etc. Em outros term os, sua função era iniciática e apenas os hom ens tinham direito a praticá-la, segundo um a hierarquia que excluía a igualdade entre os parceiros. Porém , quando um hom ossexual recusava qualquer contato com as m ulheres, era visto com o um anorm al que atentava contra as regras da pólis e da instituição fam iliar. O perverso, portanto, não era o sodom ita, m as aquele que usava sua inclinação pela sodom ia para recusar as leis da aliança e da filiação.

Na época cristã — e com o em todas as religiões m onoteístas —, o hom ossexual tornou-se a figura paradigm ática do perverso. O que assim o qualificava era a escolha de um ato sexual em detrim ento de outro. Ser sodom ita queria dizer recusar a diferença dita “natural” dos sexos, a qual supunha que o coito fosse consum ado com fins procriadores. Daí resultava que todo ato sexual que infringisse essa regra era visto com o perverso: onanism o, felação, cunilíngua etc. A sodom ia, dem onizada, foi então considerada a vertente m ais escura da atividade perversa e assim ilada tanto a um a heresia quanto a um com ércio

sexual com os anim ais (bestialidade),14 isto é, com o Diabo. Visto com o um a criatura satânica, o invertido da era cristã foi então considerado o perverso dos perversos, fadado à fogueira porque atentava contra o laço genealógico.15 Mas nem por isso deixava de ser tolerado, ao m enos nas fam ílias abastadas, desde que aceitasse casar e engendrar.

Com essa obrigação à sodom ia (da qual Dolm ancé é o m ais puro representante, um a vez que nunca “fodeu boceta em sua vida”16), Sade reduz a nada o “antifísico”,17 isto é, a hom ossexualidade, na m edida em que esta supõe um a livre escolha pelo m esm o sexo — com seu corolário: a consciência da diferença sexual e o desej o de sua transgressão ou sua superação. Logo, ele expulsa da pólis o personagem do invertido, o que aprecia apenas o outro do m esm o sexo, isto é, j ustam ente aquele que, havia séculos, supostam ente encarnava a perversão hum ana m ais recalcitrante.

Com efeito, se os hom ens e as m ulheres têm com o dever prim ordial, segundo a filosofia sadiana, serem sodom itas, isso significa que o invertido não apenas perde seu privilégio de figura m aldita, com o desaparece com o tal em prol do bissexual: no universo sadiano, as m ulheres ej aculam , se excitam e enrabam com o os hom ens. A sodom ia é aqui reivindicada com o um a dupla transgressão cuj o im perativo seria fundado na dom inação, subj ugação e servidão voluntária: transgressão da diferença dos sexos, transgressão da ordem da reprodução. É a título disso que Dolm ancé se regozij a com um a possível extinção total da raça hum ana, não apenas pela prática da sodom ia, com o tam bém pelo infanticídio, o aborto, a utilização do condom .18

E, se filhos têm direito a ser concebidos, tam bém é preciso que sej am engendrados, segundo Sade, fora do âm bito de qualquer prazer sexual e em virtude de copulações m últiplas que im peçam qualquer possibilidade de identificação de um pai. Logo, não podem ser senão propriedade da República, e não dos pais, devendo ser separados da m ãe desde o nascim ento para se tornarem obj etos de prazer. A alcova sadiana repousa então na abolição da instituição do pai e na exclusão da função m aterna: “Aprenda, m adam e”, diz Dolm ancé à m ãe de Eugénie, “que não há nada m ais ilusório que os sentim entos do pai ou da m ãe pelos filhos, e destes pelos autores de seus dias … . Não devem os nada a nossos pais porque os direitos de nascença não estabelecem nada, não fundam entam nada.”19

Por conseguinte, com o boa aluna de seu professor, e depois de ler o panfleto, Eugénie sodom iza sua m ãe. É quando Dolm ancé pede a um valete para contam inar esta últim a. Em seguida, com a aj uda de duas m ulheres, apodera-se de um a agulha a fim de “lhe costurar a boceta e o buraco do cu” à guisa de punição. Por fim , dirigindo-se ao cavaleiro, acrescenta: “Adeus, cavaleiro, não

vá com er m adam e no cam inho, lem bre-se de que ela está costurada e com sífilis”.20

Com o podem os constatar, aos olhos de Sade só é aceitável a coletividade dos irm ãos predadores, as m ulheres tornando-se ora seus carrascos, porque os superam no vício, ora suas vítim as, quando se negam a obedecer às leis de um a natureza integralm ente tom ada pelo exercício do crim e.21 Sade propõe, de certa form a, um m odelo social fundado na generalização da perversão. Nem interdito do incesto, nem separação entre o m onstruoso e o ilícito, nem delim itação entre loucura e razão, nem divisão anatôm ica entre hom ens e m ulheres: “Para conciliar o incesto, o adultério, a sodom ia e o sacrilégio”, diz ele, “o pai deve enrabar sua filha casada com um a hóstia.”

É em nom e dessa m esm a generalização da perversão que ele propõe “destruir para sem pre a atrocidade da pena de m orte”. Se o hom em é assassino por natureza, diz Dolm ancé, deve obedecer à sua pulsão. Dessa m aneira, tem o direito, e m esm o o dever, de m atar o outro sob o im pulso de suas paixões. Em contrapartida, nenhum a lei hum ana pode substituir friam ente a natureza para perm itir que o assassinato se torne legal. Em outros term os, é porque a natureza é essencialm ente crim inosa que a abolição da pena de m orte deve ser incondicional.

Em apoio a seu engaj am ento abolicionista, Sade acrescenta um argum ento pragm ático: a pena de m orte não serve para nada. Não apenas não reprim e o crim e, que é natural no hom em , com o acrescenta um crim e a outro, fazendo m orrer dois hom ens no lugar de um .22

Em Os 120 dias de Sodoma, obra de fôlego redigida na prisão entre 1785 e 1789 e concebida no m odelo das Mil e uma noites, Sade descreve o sistem a dos casam entos im aginado por quatro ilustres libertinos riquíssim os, incestuosos, sodom itas, devassos, crim inosos, no fim do reinado de Luís XIV. Blangis, viúvo de três m ulheres e pai de duas filhas, torna-se esposo de Constance, filha de Durcet, enquanto este se casa com Adelaide, filha de Curval, o qual por sua vez casa-se com Julie, filha m ais velha de Blangis. Quanto ao bispo, irm ão de Blangis, sugere entrar no círculo das alianças nele introduzindo Aline, sua sobrinha, segunda filha de Blangis, com a condição de que o deixem participar das três outras. Cada pai conserva sobre suas filhas um direito de fornicação, e nada perm ite dizer que Aline sej a filha de seu pai e não de seu tio, um a vez que este foi, anteriorm ente, am ante de sua m ãe, logo, de sua cunhada, razão pela qual assum e sua educação. Constituída em um a sociedade de celerados, essa estranha fam ília decide reunir-se no lúgubre castelo de Silling e se cercar de “fodedores” e de dois haréns: garotos de um lado, garotas do outro.

desafia, parodiando-as, todas as regras do parentesco, que os quatro libertinos — Blangis, Durcet, Curval e o bispo — podem em seguida entregar-se a todas as exações possíveis segundo um ritual esm eradam ente organizado. O castelo de Silling se parece com um m osteiro do vício em cuj o interior todos os m om entos da vida são subm etidos a um a rigorosa codificação. Cada suj eito é m etam orfoseado num obj eto inerte, um a espécie de vegetal, cuj os com portam entos são m ensurados e avaliados em seus m enores detalhes. Gestos, pensam entos, m aneiras à m esa, defecação, toalete íntim a, sono, roupas: tudo é vigiado e passa à alçada do rito. Nesse lugar m ortuário, os hum anos são reduzidos a coisas sobre as quais reinam déspotas que são igualm ente coisas, um a vez que obedecem à regra de um confinam ento voluntário que não passa da realização de um a fetichização da existência hum ana. No cerne desse universo lúbrico, im undo, abj eto, com andado pela lei do crim e, ninguém pode escapar a seu destino: nem os carrascos nem as vítim as.

Dessa form a, durante quatro m eses, dia a dia, as genealogias perversas são construídas em virtude de um relato por sua vez elaborado no m odelo de um a historiografia pervertida: os adolescentes são “casados” entre si — Michette e Giton, Narcisse e Hebe, Colom be e Zélam ir, Cupidon e Hy acinthe — a fim de serem todos desvirginados, m asturbados, sodom izados, depois torturados pelos libertinos com a cum plicidade de suas “esposas” — que são tam bém suas filhas — e na presença de quatro “historiadoras”, ex-prostitutas j á passadas dos 50 anos e que têm com o m issão não apenas fornecer aos atores desse teatro do vício a m atéria-prim a de que eles precisam , com o produzir o relato de seus horrores: Madam e Duclos, qualificada de “belo cu”; Martaine, dita “m am ãe gorda”; m adam e Cham pville, a adepta de Safo; e, finalm ente, Desgranges de “cu estriado”, am putada de três dedos, de um m am ilo, de seis dentes e de um olho.

É no coração desse banquete infinito, em que se sucedem orgias e discursos, que se elabora um catálogo da sexualidade perversa, que servirá de referência, um século m ais tarde, para os artífices da sexologia. Eis alguns exem plos disso, escolhidos entre as “150 paixões de segunda classe”:

Ele chupa um cu m erdáceo, m asturba esse cu m erdáceo com a língua e se m asturba num cu m erdáceo, depois as três m eninas m udam .… Ele quer quatro m ulheres; fode duas delas na boceta e duas na boca, zelando para não enfiar o pau na boca de um a senão ao sair da boceta da outra. Durante esse tem po, um a quinta vai atrás dele e agita um consolo no seu cu.23

Ele gostava de ver um a vela queim ar até o fim no ânus da m ulher: ele a

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