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Jacobson e Krol (1983) indicam que os profissionais devem basear nos aspectos biológicos para a obtenção da relação ideal entre a base da prótese e os tecidos de suporte. A fibromucosa e o rebordo ósseo devem ser capazes de tolerar as tensões funcionais. A moldagem deve propiciar uma condição ideal de assentamento, fornecendo suporte para as PTs sem gerar desconforto ao paciente. As regiões anatômicas que possuem condições necessárias para realizarem o suporte primário devem possuir contatos efetivos com a base da prótese sob as cargas funcionais. Aquelas áreas que são anatomicamente menos resistentes ou estão impróprias para o suporte devem ser aliviadas. A seleção das regiões que devem servir de suporte primário e secundário depende das variações anatômicas e individuais de cada paciente.

Garrett et al. (1996) avaliaram o reembasamento ou a substituição de próteses velhas visando melhorar a oclusão, a estabilidade, a retenção e o suporte muscular. Próteses bem ajustadas mantém os tecidos de suporte saudáveis fornecendo satisfação para os pacientes, melhorando a função oral e a autoestima. Neste estudo, a satisfação de 21 pacientes com próteses ruins foi avaliada antes e após as próteses terem sido reembasadas ou substituídas por novas próteses para melhorar a oclusão, a dimensão vertical de oclusão, a retenção e a estabilidade. Mais de 55% dos pacientes eram moderadamente ou totalmente satisfeitos com suas próteses totais mal adaptadas. Com as novas próteses, a maioria dos pacientes, perceberam melhorias no conforto, na capacidade mastigatória, no prazer em alimentar, nas escolhas dos alimentos, na retenção e na pronúncia. Os resultados apoiam a convicção de muitos clínicos que os pacientes são beneficiados pelo reembasamento ou mesmo pela substituição das próteses totais mal adaptadas. Melhoras da função mastigatória subjetivas foram percebidas pela maioria dos pacientes, apesar da falta de melhora objetiva da atividade do músculo masseter e do desempenho mastigatório com as novas próteses. Provavelmente os usuários de prótese total mensuram a sua capacidade mastigatória pelo conforto com a mastigação e não pela sua condição de triturar os alimentos.

Awad e Feine (1998) selecionaram cento e vinte voluntários para participar de um ensaio clínico randomizado controlado comparando dois tipos de próteses mandibulares: próteses convencionais e próteses sobre implante. Investigaram a satisfação dos usuários com

as PTs. No início do estudo os voluntários avaliaram por meio da escala visual analógica (EVA) fatores como o conforto, a capacidade mastigatória, a estabilidade, a estética e a capacidade de pronúncia que são fortemente relacionados com a satisfação para usuários de PTs. A satisfação geral com as próteses também foi avaliada e os voluntários apontaram o conforto, a capacidade mastigatória e a estabilidade como os fatores que consideravam mais importantes para uma prótese satisfatória. A satisfação do paciente com as próteses dentárias convencionais foi altamente influenciada pelo gênero, a estética e a capacidade funcional da prótese. A população do estudo desejava substituir suas próteses, por isso é provável que eles eram mais propensos a serem insatisfeitos com a suas próteses velhas do que a população em geral. Para os autores a menor força muscular das mulheres em comparação aos homens provoca um deslocamento menor das próteses aumentando a satisfação delas em relação as próteses mandibulares. Assim, as classificações de satisfação geral foram geralmente baixas. O aumento da satisfação dos pacientes com as sobredentaduras mandibulares foi significativamente associada com a melhora da retenção, da estética e do conforto. A capacidade de mastigatória e a capacidade de pronúncia também afetaram significativamente a satisfação. A satisfação com as próteses totais inferiores foi de 37,88 com desvio padrão de 31,66.

Sato et al. (1998) tentaram esclarecer o grau de contribuição de cada fator clínico na avaliação geral das PTs. Experientes especialistas em prótese desenvolveram um método de avaliação da qualidade da prótese total. Dezesseis fatores clínicos com uma escala de três- graus foram utilizados para avaliação das próteses totais em 320 pacientes. A avaliação geral das próteses foi realizada com uma escala de 10 pontos. A contribuição de cada um dos 16 fatores para o nível geral de satisfação foi determinada por uma análise de regressão múltipla. Destes 16 fatores sete foram altamente correlacionados com a satisfação geral: alinhamento dos dentes anteriores, espaço interoclusal, estabilidade da prótese mandibular, oclusão, articulação, retenção da prótese mandibular e extensão periférica da prótese mandibular. Um método de pontuação para avaliação da satisfação com as PTs foi estabelecido seguido do cálculo das pontuações desses fatores e da conversão da soma total de cada fator para um número inteiro entre 0 e 100. A pontuação quantificada resultante foi estreitamente relacionada com a avaliação geral da prótese. Um protocolo de avaliação utilizado para a avaliação das próteses totais foi desenvolvido então baseado nos conhecimentos científicos de experientes especialistas.

Fenlon et al. (2002) avaliaram a relação entre a satisfação e a qualidade das próteses totais. A qualidade das próteses foi avaliada por um especialista na consulta inicial e

na primeira consulta após a instalação das novas próteses. Os voluntários classificaram as suas próteses totais em escalas de quatro pontos. Completaram o estudo 459 voluntários. Houve correlação positiva entre a avaliação clínica da qualidade pelo clínico especialista e a satisfação dos pacientes com as próteses. Houve estreita correspondência quando as próteses existentes foram classificadas como ruins pelo profissional com a baixa satisfação relatada pelos voluntários. O mesmo nível de correlação ocorreu quando as próteses foram positivamente avaliadas pelo profissional ao mesmo tempo que maiores índices de satisfação foram obtidos pela avaliação dos pacientes. Os resultados do estudo enfatizam a importância da qualidade da prótese total para propiciar satisfação para o paciente.

Celebić et al. (2003) pesquisaram os fatores que estão relacionados com a satisfação dos pacientes com a prótese total. Participaram do estudo 222 usuários de prótese total. A qualidade da prótese e a área chapeável foram avaliadas por profissional por meio de um questionário. O paciente respondia sobre a sua satisfação com as PTs e classificava suas próteses em uma escala de likert que variou de 1 a 5 (1extremamente insatisfeito a 5 excelente). Os pacientes estavam, em sua maioria, satisfeitos com a qualidade de suas próteses. Pacientes com baixo nível de educação eram em geral mais satisfeitos com sua aparência. Os pacientes que relatavam melhor qualidade de vida apresentavam maior índice de satisfação geral. Pacientes com maior poder econômico apresentaram níveis mais baixos de satisfação. Os pacientes jovens, edêntulos há pouco tempo e com bom rebordo estavam satisfeitos com a retenção de suas próteses superiores. Entretanto, mesmo tendo bom suporte mandibular estavam insatisfeitos com a retenção e o conforto destas próteses. Em resumo, o nível de educação, a qualidade de vida e a situação econômica estão relacionadas com a satisfação do paciente. A qualidade das próteses mostrou forte correlação com a satisfação dos pacientes. Para as próteses totais mandibulares pareceu mais importante a experiência anterior com o uso da prótese do que a própria qualidade do tecido fibromucoso para o suporte da prótese.

Wolff et al. (2003) avaliaram a correlação existente entre a satisfação do paciente com as próteses totais e os parâmetros de qualidade da prótese, a condição bucal e a taxa de fluidos das glândulas salivares submandibular e sublingual. Os parâmetros foram avaliados em 50 portadores de próteses totais. A maioria dos voluntários tinham uma taxa de redução do fluxo salivar provocada pelo uso de medicação (média de 0,024 ml/min / glândula; SD 0,040). A taxa de fluxo salivar foi correlacionada estatisticamente com seis parâmetros de satisfação para próteses: a retenção da prótese superior e o conforto, a retenção da prótese mandibular e o conforto, a capacidade mastigatória e a fala. A resiliência do rebordo alveolar, a forma do

rebordo maxilar e a qualidade da prótese não se correlacionaram significativamente com a satisfação às próteses. Características da musculatura estão significativamente correlacionadas apenas com a retenção subjetiva da prótese superior e a forma do rebordo mandibular correlacionada com o conforto. O fluxo salivar submandibular / sublingual é um fator importante que influencia no resultado para a satisfação com a prótese. A satisfação da prótese não foi afetada por outros parâmetros anatômicos ou relacionada com a qualidade da mesma.

Fenlon e Sheriff (2004) investigaram por um período de dois anos, a relação entre a qualidade e a satisfação dos pacientes que receberam novas próteses totais. Quatrocentos e dezessete voluntários foram recrutados para o estudo e as avaliações da satisfação foram realizadas por meio de questionários postais após três e dois anos da instalação das próteses. A taxa de resposta ao questionário foi de 87%. Não foram encontradas associações significativas entre os aspectos referentes a qualidade das próteses e a satisfação dos pacientes após dois anos de uso. Os autores concluíram que a qualidade clínica inicial das próteses totais não foi um fator significativo na determinação da satisfação final dos pacientes com suas PTs dois anos após a instalação.

Hanji et al. (2006) investigaram a relação entre o grau de reabsorção do rebordo alveolar mandibular e o número de ajustes necessários após a entrega das próteses totais aos usuários. Foram 77 voluntários usuários de próteses totais que tiveram os rebordos medidos bilateralmente. Foram medidas a largura, a altura e a inclinação do rebordo alveolar mandibular correspondentes às áreas de caninos (C), áreas de primeiros pré-molares (P1), áreas de segundos pré-molares (P2), e as áreas dos primeiros molares (M1). Os autores fizeram a relação das medidas obtidas com o número de sessões de ajustes necessárias para a prótese. Os resultados mostraram que a média do número de ajustes necessários para as próteses foram de 4,4 +/- 1,8 vezes (3,8 vezes para os homens e 5,0 vezes para as mulheres), mostrando uma diferença significativa entre homens e mulheres (p<0,01). A largura do rebordo alveolar em média foi de C: 9,7 mm, P1: 10,4 milímetros, P2: 11,5 mm e M1: 13,0 mm. A altura do rebordo alveolar média foi de C: 4,3 mm, P1: 4,6 mm, P2: 4,9 mm, e M1: 5,2 mm. O rebordo alveolar apresentou a média de inclinação para C: 11.2 graus, P1: 13,5 graus, P2: 15,4 graus, e M1: 18,8 graus. A largura e a altura do rebordo alveolar mandibular em C, P1, P2 e M1 foram significativamente maiores nos homens do que nas mulheres (p<0,05). A altura da crista alveolar da mandíbula era significativamente menor quando foram muitos os ajustes necessários até a adaptação das próteses. (p<0,05).

Fenlon et al. (2007) investigaram a influência da personalidade do paciente sobre a satisfação com uso das próteses totais. Pacientes que procuraram uma escola de Odontologia para a substituição de suas próteses totais preencheram um questionário sobre sua personalidade e tiveram a qualidade de suas próteses antigas avaliadas. Após a primeira consulta pós-instalação das novas próteses a qualidade das próteses foi avaliada. A satisfação dos pacientes com as novas próteses também foi investigada. Três meses e 2 anos após a entrega das novas PTs os questionários de satisfação foram enviados para todos os participantes. Trezentos e oito pacientes participaram e 217 completaram todas as fases do estudo. O uso das próteses dentárias velhas não foi associado com a personalidade, mas foram significativamente associados com neuroticismo. No caso das próteses novas em primeira análise, há aspectos de satisfação avaliados pelos pacientes que foram significativamente associados com a personalidade. As associações do neuroticismo com todos os aspectos da satisfação com as novas PTs foram encontrados em 3 meses. Após 2 anos, que as próteses haviam sido instaladas, o neuroticismo ainda foi fortemente associado a falta de satisfação. Pacientes neuróticos eram significativamente menos satisfeitos com as PTs.

Sutton et al. (2007) compararam a satisfação dos voluntários com três formas oclusais diferentes dos dentes posteriores. Por meio de um estudo cruzado randomizado cada participante (n = 45) recebeu três conjuntos de PTs com a forma oclusal posterior diferente (0 grau, anatômica e lingualizada). Cada conjunto foi usado em uma ordem aleatória durante 8 semanas. Os resultados mostraram que as formas oclusais posteriores anatômicas e lingualizadas apresentaram níveis significativamente mais elevados de satisfação comparados a forma de 0 grau. Não houve diferença significativa entre as formas oclusais posteriores lingualizadas e anatômicas.

Fenlon e Sheriff (2008) investigaram as possíveis relações entre as condições clínicas e a satisfação dos pacientes com novas próteses totais. Pacientes que procuraram o

Instituto de King College London Dental, Hospital de Guy, em Londres, para receberem

novas próteses totais foram selecionados. Dados relevantes iniciais foram registrados e foram realizados exames intra orais da boca edêntula e quando presente, das próteses existentes. A boca edêntula, as próteses velhas e as novas foram reexaminadas na primeira visita após a instalação das novas PTs. Três meses após esta visita, os pacientes receberam um questionário postal para avaliação da sua satisfação. Foram recrutados 723 pacientes o que era adequado para o propósito do projeto, mas a perda de 167 (23%) entre a primeira visita e a primeira avaliação foi decepcionante. A taxa de resposta ao inquérito postal de 94% (522 de 556) foi muito satisfatório. Foram encontradas associações significativas entre a qualidade das

próteses totais com a qualidade do rebordo alveolar residual, com os fatores de adaptabilidade e com a satisfação dos pacientes com as próteses totais. A satisfação dos pacientes com as novas próteses totais foi fortemente relacionada com a precisão da reprodução do relacionamento mandibular (precisão do registro da posição retrusiva da mandíbula e a presença ou ausência do espaço funcional livre) e em menor grau para os fatores de adaptabilidade do paciente. A precisão do registro da posição retruída mandibular e a qualidade do rebordo alveolar residual mandibular foram fortemente relacionados a retenção e a estabilidade das próteses inferiores. A personalidade do paciente não foi incluída devido a dificuldades na identificação de variáveis latentes relacionadas com a personalidade. Esta investigação demonstrou fortes relações entre a qualidade dos rebordos alveolares residuais mandibulares, a qualidade das novas próteses e a satisfação dos pacientes.

De Lucena et al. (2011) correlacionaram a satisfação dos pacientes com a qualidade das próteses, avaliada pelo profissional, com variáveis objetivas da função mastigatória. Uma amostra de 28 indivíduos edêntulos foi selecionada, todos eram usuários de próteses totais em ambas as arcadas há pelo menos 6 meses, sem sinais ou sintomas de distúrbios da articulação temporomandibular. Os voluntários classificaram o nível de satisfação com suas próteses por meio de uma escala visual analógica que variou de 0 a 100 mm e as próteses foram avaliadas por um profissional que avaliou os aspectos funcionais de 0 a 9. O desgaste dos dentes posteriores da prótese foi avaliado pela perda da anatomia oclusal. Os testes da performance mastigatória e do limiar de deglutição foram realizados com alimento teste artificial (optocal). O tamanho médio da partícula (X50) foi obtido pelo método

do peneiramento. Os resultados mostraram que o valor da satisfação dos voluntários com suas próteses foi 49,1 (0 a 100) e a pontuação média da avaliação do cirurgião dentista da qualidade da prótese foi de 6 (0 a 9) significando que o coeficiente de correlação de Spearman não revelou nenhuma correlação significativa entre a avaliação do paciente e a do profissional em relação as próteses totais (P>0.05). Os dados de ambos os testes mastigatórios não mostraram correlação significativa com a satisfação dos pacientes ou com a avaliação profissional da qualidade das próteses. Não houve diferença da trituração dos alimentos entre as PTs com e sem desgaste excessivo dos dentes posteriores. Pode-se concluir que a avaliação do dentista e dos pacientes sobre as próteses não foram correlacionadas e não foi observada correlação entre essas variáveis e a função mastigatória.

Yamaga et al. (2013) avaliaram a relação entre a forma do rebordo mandibular, a estabilidade, a retenção e a precisão do registro da relação mandibular com a percepção da capacidade mastigatória, a satisfação com as próteses e a qualidade de vida dos pacientes.

Foram selecionados 183 voluntários dentre pacientes assistidos pelo Hospital Dental de

Tokyo Medical and Dental University, que receberam novas próteses totais. No exame oral a

forma do rebordo mandibular foi classificada pelo método de Cawood e Howell (1998). Foram avaliadas: a estabilidade e a retenção da prótese total mandibular e a precisão do registro da relação maxilomandibular. A percepção da capacidade mastigatória foi avaliada por meio de um questionário sobre ingestão de alimentos. A satisfação dos pacientes com a prótese total foi mensurada em uma escala visual analógica de 100 mm. A QVSB foi analisada pelaa versão japonesa do Oral Health Impact Profile para edêntulos. Um modelo de equações estruturais foi construído com base na hipótese de que a condição oral e a qualidade da prótese estariam relacionadas à capacidade mastigatória, a satisfação e a QVSB. Foram encontradas associações significativas entre a forma do rebordo mandibular, a estabilidade da prótese total mandibular, a precisão do registro da relação mandibular, a capacidade mastigatória percebida com a satisfação e a QVSB. Concluíram que as condições clínicas favoráveis e a qualidade da prótese são importantes para o sucesso do tratamento com as próteses totais.

Kagamine et al. (2014) avaliaram a confiabilidade e validaram o instrumento Patient's

Denture Assessment (PDA) utilizado para a auto avaliação do paciente em relação a prótese

total. Para os autores a demanda pelo tratamento por meio das PTs aumentará ao longo das décadas futuras, no entanto, nenhum questionário sobre a auto avaliação dos usuários de próteses totais demonstrou ser confiável e válido. Neste estudo os pacientes receberam novas próteses totais fabricadas no Hospital Universitário de Odontologia, Tokyo Medical and

Dental University entre 2009 e 2010. A confiabilidade da auto avaliação em relação a prótese

total foi determinada pelo exame de consistência e confiabilidade teste-reteste interno. A consistência interna para todos os itens do instrumento psicométrico foi medida utilizando α de Cronbach e coeficientes médios entre itens de correlação para os 93 participantes. O instrumento Patient's Denture Assessment (PDA) foi validado, analisando a diferença na pontuação resumo dos seis domínios antes e após substituição pelas novas próteses pelo teste t pareado. A possibilidade de detectar a alteração também foi testada em todos os voluntários. O instrumento PDA demonstrou boa capacidade de avaliação discriminante, podendo ajudar os profissionais a compreenderem a percepção dos pacientes em relação as suas PTs.