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O Colégio Estadual José de Anchieta é de natureza pública, mantido pelo Governo do Estado do Paraná e administrado pela Secretaria de Estado da Educação, nos termos da legislação escolar em vigor. Localizado na região central da cidade de Londrina, Estado do Paraná, oferece atualmente as modalidades de Ensino Fundamental I, que

compreende de 1ª à 8ª séries, Ensino para Jovens e Adultos (aula-presencial) e ainda Educação Especial.

A Escola foi implantada em 1951, pelo Governo do Estado, Sr. Dr. Bento da Rocha Neto e foi entregue para a população londrinense, e no inicio foi denominada de “4º Grupo Escolar”. A Escola nesse período, já estava equipada com todo os materiais didático- pedagógicos, mobiliário, e a equipe de ensino praticamente completa, e com 153 alunos matriculados, distribuídos em cinco salas de aula.

Em 29 de janeiro de 1964 o “4º Grupo Escolar” passou a ser chamado Ginásio Estadual da Vila Higienópolis, por meio do Decreto Nº 1410/64, assinado pelo Governador Exmo. Sr. Ney Braga. Depois, em 27 de abril de 1965, com o Decreto nº 17.941, esse ginásio passou a ser denominado de Ginásio Estadual José de Anchieta em homenagem a um grande educador brasileiro (Padre José de Anchieta, considerado como o primeiro professor brasileiro).

Em 1975, pela Resolução 201/75 foi homologado o Plano de Implantação da Reforma de Ensino, da Lei 5692/71 e, nesse momento histórico, o estabelecimento de ensino passou a ser denominado de Escola José de Anchieta - Ensino Regular e Supletivo de 1º Grau. Foi aprovado, assim, o Plano de Implantação do Curso Supletivo conforme homologação do Parecer 60/75 de 16/04/75. Em 1976 foi instalado o Ensino Regular e Supletivo de 1º Grau.

Atualmente, a Escola tem uma estrutura física contendo 12 salas de aula que funcionam nos três períodos, nos seguintes horários - das 7h30min às 11h50min e atende os alunos de 6ª as 8ª séries do ensino fundamental. E, no período vespertino funciona das 13h30min às 17h45min e atende os alunos das 1ª as 5ª séries do ensino fundamental I, e da Educação Especial. No período noturno, as aulas iniciam às 19h às 22h45min e atende os alunos da 1ª a 4ª ligados ao Ensino de Jovens e Adultos, aula presencial.

Em 2006, a Escola mantinha quatro salas de aulas destinadas aos alunos da 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental I, no período vespertino, num total de 120 alunos matriculados.

A estrutura física e o mobiliário da escola seguem o mesmo padrão para todas as turmas; as carteiras, por exemplo, não são muito adequadas para a estrutura física das crianças da primeira série, porque são carteiras grandes e pesadas e algumas crianças têm dificuldades em organizá-las para realizarem os trabalhos em grupo e para sentarem de maneira confortável e segura.

Mas, o grande diferencial dessa escola é que nela existe uma sala de aula e/ou ateliê para o ensino de arte, com uma estrutura física adequada, ampla, ventilada e tem boa iluminação. No centro da sala tem uma grande mesa e várias cadeiras em volta, um quadro de giz no fundo da sala, dois armários grandes, uma pia para lavar mãos e pincéis, um painel para colar os trabalhos produzidos pelas crianças e, a mesa da professora que está sempre coberta de trabalhos construídos por elas, há ainda materiais específicos para se realizar construções ou experimentos artísticos.

A turma da 1ª série tem trinta (30) crianças matriculadas, além da professora da disciplina de Arte, e que, trabalha duas vezes por semana (segunda, e quarta-feira) e cada aula tem duração de 45 minutos.

Além da professora regente da turma em questão, há uma equipe pedagógica de profissionais que dão suporte ao trabalho educacional: diretora, orientadora educacional, supervisora escolar, bibliotecárias, secretária, auxiliar de secretária, merendeiras, auxiliares de cozinha e zeladores.

As observações do cotidiano da Escola em questão, nos permitiu analisar e refletir a respeito da Proposta Pedagógica do ensino de arte e que estava sendo desenvolvida com as referidas crianças da primeira série. Além disso, possibilitou-nos fazer algumas considerações relacionadas com concepções filosóficas e didático-pedagógicas do ensino da arte que fundamenta a atuação da professora desta disciplina.

A Proposta Pedagógica da instituição em pauta entende a criança como um aluno que está em desenvolvimento e visa ainda, a criar caminhos para proporcionar seu acesso ao saber historicamente constituído de forma sociocultural, bem como possibilitar ao sujeito da aprendizagem momentos de construção de sua cidadania, de maneira crítica e co- participativa.

Assim, a Escola Anchieta, realiza um ensino que possibilita à comunidade estudantil apropriar-se de tecnologias e saberes sócio-históricos necessários à uma possível transformação de sua comunidade próxima.

Os professores da instituição compreendem que o resultado desse processo educacional, além de vital à vida da criança, a habilita a ser um continuo aprendiz. Para que isso ocorra, consideram necessário que a criança utilize seu pensamento crítico, simbólico, entre outros processos, visando a aplicar o conhecimento adquirido em diferentes situações vivenciadas por ela.

Buscam possíveis e novas intervenções didático-pedagógicas relacionadas com as diferentes necessidades e interesses das crianças, procurando atender metas e objetivos

educacionais voltados à construção da autonomia estudantil e, se possível, essa construção deve ser realizada por eles próprios.

Além disso, os objetivos e metas propostos implicam em mudanças do papel didático-pedagógico do professor, quando necessário, enriquecimento teórico cientifico e metodológico em relação às suas práticas pedagógicas e buscam também mudanças na seleção e aplicação dos conteúdos curriculares. Propõe, ainda, a co-participação contínua do professor por meio de cursos que visem a referida formação.

Assim, as práticas educacionais que norteiam as ações pedagógicas da Escola Anchieta, pautam-se em princípios que norteiam as Diretrizes Curriculares Nacionais. São elas:

Princípios Éticos, de Autonomia, de Responsabilidade, de Solidariedade e de Respeito ao Bem Comum;

Princípios Políticos de Direitos e Deveres de Cidadania, do Exercício da Criticidade e do respeito à ordem Democrática;

Princípios Sensíveis Estéticos, da Criatividade, e da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais.

Esses princípios segundo a Proposta Pedagógica da escola em questão, fundamentam as suas práticas pedagógicas porque a instituição compreende que é por meio da autonomia, responsabilidade, solidariedade e do respeito ao bem comum que a ética fará parte da vida cidadã de professores e crianças.

Desse modo podemos inferir que a oportunidade em acompanhar a professora da disciplina de arte nesse cotidiano escolar possibilitou-nos aproximar e compreender, ainda mais, como ela entende e aplica processualmente o ensino de arte às crianças. Também, permitiu-nos apreciar alguns instantes em que o processo criativo e a ludicidade infantil manifestavam-se sob diferentes formas como, por exemplo, um cachorrinho dormindo debaixo de uma folha de papel sulfite.

5 RETRATO DE UM CENÁRIO ESCOLAR

Acreditamos que, além de envolver diferentes ações de natureza didático- pedagógicas, o trabalho do professor não se limita à atividade de preparar aulas. Dele se exige atenção e entusiasmo para compartilhar singulares saberes e informações com o estudante de qualquer nível de ensino. Ou seja, em suas aulas, o professor deve embasar e contextualizar teoricamente o conteúdo em processo de estudos, democratizando assim, as informações artísticas ou científicas relacionadas, se possível, com outros conhecimentos de natureza sócio-históricos, por exemplo.

Nesta perspectiva, a prática de ensino, quando aliada ao entusiasmo do professor, pode constituir-se em diferentes estímulos para despertar o interesse da criança em procurar (re)construir e aplicar conhecimentos já internalizados por outros humanos em diferentes realidades sociais, visto que os conhecimentos não são necessariamente obtidos na escola.

No dia-a-dia do ensino da arte, o professor pode possibilitar, ainda à criança, momentos de vivência e exploração de diferentes conteúdos e materiais artístico que, não raro, a tornarão mais criativa.

Desse modo, cada aula pode ser considerada também como um jogo de aprender-ensinar, requerendo do professor uma formação didático-pedagógica continuada e, se possível, envolver-se com a Ciência ou Arte em suas diferentes naturezas e aplicações. Estas seriam substantivas experiências e vivências educacionais que habilitariam o professor a lançar mão de uma sólida base científica ou artística para trabalhar as suas aulas. Visa, ainda, a estimular a co-participação da criança nesse processo, que lhe proporcionaria formas singulares de realizar com mais freqüência uma crítica leitura de mundo no qual está inserida.

Assim, a atividade criadora, aliada à imaginação da criança encontra-se em íntima relação com a riqueza e variedade de uma experiência acumulada por diferentes realidades sócio-históricas. Essas vivências e experiências, de acordo com Vygotsky (1982), são a base para a construção da fantasia, da imaginação infantil e que está inter-relacionada com a capacidade humana no que se refere a um viver criativo.

Para o autor, quanto mais rica for a experiência da criança, maior será o material de que poderá dispor à sua imaginação criadora. Então, é necessário propor às crianças, novas e diferentes estratégias didático-pedagógicas, de modo que possam: ver, ouvir, sentir e experimentar ou apreender novos conhecimentos. Isso é importante quando pensamos

em elementos de ensino e aprendizagem palpáveis como: leitura de textos literários, poéticos, científicos ou dramáticos e que contribuam para sua experiência e vivência imaginativa e criativa.

Entendemos, ainda, que a obrigatoriedade e a aceleração da Educação Básica introduzidas nos últimos anos no contexto de escolas brasileiras, principalmente as destinadas à população de baixa renda, além de manter, no geral, a criatividade humana preterida e não trabalhada como sugere Vygostsky (1982), visam a diluir ideologicamente o conteúdo didático-pedagógico, mascaram ou sonegam informações científicas necessárias ao enriquecimento da aprendizagem de crianças oriundas das camadas populares.

De acordo com Saviani (1985, p.66) é preciso defender e aprimorar o ensino destinado às camadas populares e essa “[...] defesa implica na prioridade de conteúdo. Os conteúdos são fundamentais e, sem conteúdos relevantes, conteúdos significativos, a aprendizagem deixa de existir, ela se transforma numa farsa”. Então, torna-se necessário e evidente que os conteúdos escolares devam ser criteriosamente priorizados em relação ao trabalho didático-pedagógico do professor. Justamente, porque isso implica no domínio da cultura e constitui-se em um instrumento indispensável para a co-participação política das camadas populares nos mais variados contextos socioculturais.

Ainda, para o autor em questão, se as camadas populares não dominarem os conteúdos culturais, não conseguirão fazer valer seus direitos e interesses. Porque ficam desarmados para agirem contra os chamados dominadores do poder econômico, político, entre outros no que se refere a uma elite que dita regras do poder e, ainda, utiliza justamente desses conteúdos culturais para legitimar e consolidar a sua dominação. (SAVIANI, 1985).

Na seqüência será efetuada uma síntese teórica e prática relacionada ao ensino arte, inicialmente focalizando a Escola enquanto campo lócus desta pesquisa, que tem como princípio didático-político e filosófico a Pedagogia Histórico-Crítica.