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CAPÍTULO n

78. SDET DET

DET N

Mu- tthu

a/uma pessoa

Em (77) e (78), substitui-se a variável B de (76) pelas categorias sintácticas SN e SDET, respectivamente, sendo a núcleo lexical do sintagma e me, considerado o especificador.

As motivações na origem da proposta residem no seguinte: primeiro, os prefixos de classe atribuem, por um lado, a informação de número morfológico singular/plural ao nome; segundo, os prefixos de classe, em termos estruturais, posicionam-se como os verdadeiros especificadores do nome, definindo-o e

desencadeando a concordância com as outras unidades lexicais.

Basicamente, os sintagmas nominais Bantu têm núcleos representados pelos radicais dos nomes e são especificados pelos pretixos.

44 Cumpre-se na língua Emakhuwa-Lomwe, a aproximação dos nomes aos SDETs. Cerqueira, V.

(1996) usando os suportes de Grimshaw, J. (1991) fala da projecção estendida, como uma noção que envolve a extensão da noção projecção da teoria X-barra. O ponto chave da projecção estendida e, na opinião de Cerqueira, de que DET e N têm os mesmos traços categoriais, distingmndo-se pela oposição lexical VS funcional. Assim sendo, N e DET são membros da mesma categoria sintáctica, uma vez abstraída a distinção lexical/funcional.

2.2. Sobre os restritores do nome em Bantu

2.2.1. Ordem dos restritores nos SNs em Bantu

Carstens (1993: 171) observa que a ordem neutra dos elementos para acomodar as excepções sintácticas relativas aos sintagmas nominais em Kiswahili é aquela em que um nome pré-determinado por um prefixo de classe inicia o sintagma. Os outros elementos são pós-nominais, no sentido de que, depois do nome e numa ordem quase fixa, seguem os demonstrativos, os possessivos, os adjectivos e os argumentos temáticos do nome. Esta estrutura está representada em (79), para o Kiswahili:

79. picha hii yangu nzuri yaBusi

7foto 7esta de7minha de7bonita deBusi 'Esta minha bonita foto de Busi'

Uma estrutura semelhante à de Kiswahili, considerada em (79), pode ser realizada, na língua Emakhuwa-Lomwe, usando duas vias: a primeira via consiste na inclusão de um pronome genitivo na sequência; a segunda via, a inclusão de um pronome possessivo.

No caso do uso de um pronome genitivo é copiada a hierarquia dos restritores do Emakhuwa-Lomwe: os demonstrativos precedem sempre os pronomes genitivos. Observe-se a agramaticalidade de (80. b) em contraste com a gramaticalidade de (80.a):

80. a) Efòto ela ya waka ya orera ya Samora

7foto 7esta de7minha de7bonita delSamora 'esta minha foto bonita de Samora'

b)* Efòto yawaka ela ya orera ya Samora 7foto de7minha 7esta de 7bonita delSamora

Um falante nativo aceita com dificuldades o enunciado, em (80. b), porque, numa construção que contenha um pronome genitivo ya waka (de mim), o

demonstrativo deve preceder este constituinte.

No caso da opção pelo uso do possessivo, este coloca-se imediatamente a seguir ao nome, depois dele vêm os demonstrativos, os adjectivos e os argumentos temáticos do nome, como se mostra a seguir:

81. Efoto aka ela ya orera ya Samora

7foto 7minha 7esta de 7bonita delSamora 'esta minha bonita foto de Samora'

Registando-se a ocorrência de quantificadores do tipo totais e numerais, os quantificadores totais colocam-se normalmente depois dos pronomes demonstrativos, estes precedem os possessivos e os numerais; os adjectivos, em relação aos numerais, substituem-se uns aos outros, podendo iniciar o numeral ou o adjectivo, sem que haja agramaticalidade, como em (82) e (83):

82. Ifòto saka fya sòthene sòpacera sòrera sa Samora 8fotos de8minhas 8estas de8todas de8primeiras de 8bonitas de lSamora

'todas estas minhas primeiras fotos bonitas de Samora'

83. Ifòto saka iya sòthene sòrera sòpacera sa Samora 8fotos de8minhas 8estas de8todas de 8bonitas de8primeiras de lSamora

'todas estas minhas primeiras fotos bonitas de Samora'

Em todas as construções acima apresentadas, verifica-se que a endocentricidade do núcleo consiste no seguinte: à esquerda do nome, encontram-se os prefixos de classe, provavelmente desempenhando a função de determinante do nome; imediatamente à sua direita, posicionam-se os elementos equiparados com os especificadores e os restritores do nome nas línguas germânicas e românicas, os adjectivos e as categorias seleccionadas obrigatoriamente pelo nome.

Esta estrutura não é adequada, no entanto, aos esquemas adoptados para os sintagmas nominais do PE. Na língua Emakhuwa-Lomwe, os constituintes que em PE

se interpretam como determinantes e quantificadores pospõem-se ao nome, como se pode observar no quadro do anexo 8. Este aspecto é já considerado em Nelimo, em que se faz a constatação de que "os determinantes e os quantificadores empregam-se,

de regra, depois do nome" (Nelimo, 1989: 17) e por isso funcionam como restritores

em Bantu.

No quadro do anexo 8, pode-se constatar a presença de alguns dados que possibilitam algumas generalizações. A língua Emakhuwa-Lomwe não possui qualquer unidade lexical com interpretação de artigos, sejam eles definidos sejam indefinidos, acontecendo o mesmo com alguns quantificadores indefinidos de tipo

algum, alguma, alguns, algumas. Pode-se assim admitir a hipótese de Carstens

(1993), segundo a qual os artigos são, nas línguas Bantu, especificadores nulos ou inexistentes.

Os outros elementos do sistema de determinantes, nomeadamente, os demonstrativos e possessivos, bem como os quantificadores são tomados, nas línguas Bantu, como palavras dependentes, neste trabalho designados restritores.

45 Na verdade, a hipótese de que os morfemas de classe são os únicos elementos capazes de serem

2.2.2. A estrutura interna dos restritores em Bantu

Geralmente, os restritores usam uma estrutura morfológica que caracteriza os nomes que acompanham. Quer dizer que os restritores possuem, na sua constituição morfológica, um radical ao qual se lhe associa, na maioria dos casos, os morfemas de concordância (me).

Observe-se, no quadro do anexo 8, a simplicidade com que apareceriam os restritores, na língua Emakhuwa-Lomwe, se não houvesse necessidade de se lhes juntar os prefixos de concordância aos radicais, o que se resume em quatro aspectos a

ter em conta: (i)

(ii)

os demonstrativos têm como núcleos os radicais la, wo e le, respectivamente, este, esse, aquele e as flexões de número e género destes últimos;

os possessivos têm apenas seis formas nucleares: ka, wa, we, hu,

nyu e ya, sendo o meu, o teu, o seu/dele, o nosso, o vosso e o seu/deles, com todas as flexões;

(in) os quantificadores são igualmente simplificados: -thene (todos), -

iili (ambos), -khula (cada) -nci (muitos), -khani (pouco) -kina

(outros), nari (nenhum), khala (qualquer); -mosa, -eli (um dois), -

pacera, -veli (primeiro, segundo)...

(iv) alguns determinantes ou quantificadores do Português Europeu, representados pelos quadros, em (23) e (27), não têm tradução, ou aceitam uma tradução equivalente à de outros: tantos e mais são cobertos por uma única palavra -nci (muitos,); mesmo epróprio por

-ene; menos, alguns epoucos por vakhani; nem e nenhum por nari.

Os restritores Bantu, não marcando as flexões de género (feminino/masculino), tornam-se complexos quando se lhes associa os morfemas prefixais de concordância.

O quadro abaixo sintetiza os prefixos que entram, como nexos, nos elementos descritos como especificadores de nomes em PE, em correspondência com os restritores em Bantu: