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PARTE II: ESTUDO EMPÍRICO

3.2 Análise dos questionários realizados aos Diretores das Escolas Católicas

3.2.2 Secção II – Caracterização da escola

Gráfico 14 – Localização da escola dos respondentes (N=15)

Metade das escolas localiza-se ou em vilas ou em cidades de pequena dimensão. É ainda relevante o número de escolas situadas em zonas rurais (gráfico 14).

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Gráfico 15 – Regime de funcionamento dos estabelecimentos de ensino dos respondentes (N=15)

60% das escolas funciona em regime de autonomia pedagógica e apenas 26,7% referiram funcionar em regime de paralelismo pedagógico. Dois diretores não responderam a esta questão (gráfico 15). Considerando que a obtenção de autonomia passa por um processo que requer requisitos específicos e que implica análises processuais por parte das entidades competentes para a sua concessão, será de supor que existe uma intencionalidade evidente das escolas católicas do universo do presente estudo em poderem beneficiar de uma situação de autonomia que lhes confere uma maior liberdade no desenho e gestão curriculares, a qual facilita a articulação entre áreas curriculares obrigatórias e áreas de desenvolvimento pessoal diretamente relacionadas com a vivência e a formação religiosas.

Gráfico 16 – Níveis, ciclos ou modalidades de educação e de ensino das escolas dos respondentes

151 Das quinze escolas, treze possuem os segundo e terceiro ciclos, dez a educação pré-escolar, nove o primeiro ciclo, oito o ensino secundário de cursos gerais e apenas uma possui o ensino secundário com cursos profissionais ou tecnológicos (gráfico 16). Esta evidência sugere que estas escolas privilegiam a educação pré- escolar e o ensino básico. O ensino secundário é, ainda, uma vertente importante, ainda que centrada nos cursos vocacionados para o prosseguimento de estudos.

JI 1ºC 2ºC 3º C Secundário Total de Alunos Geral Prof/Tec X X X X X 1215 X X 200 X X X X X 1630 X X 400 X 350 X X X X 810 X X X X X 1439 X X X 445 X X X X X 975 X X X X 1650 X X X X 480 X X X X 297 X X X X X 559 X X X X X 1550 X 1300

Quadro 9 – Ciclos de escolaridade existentes nas escolas dos respondentes

Verifica-se ainda que, quanto maior o número de ciclos de escolaridade, maior o número de alunos, com exceção de uma escola que apenas possui o nível secundário, mas totaliza um número de alunos superior a mil (quadro 9).

Questionados quanto ao modo como os diretores caracterizam as suas escolas obtivemos as seguintes respostas:

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Gráfico 17 – Percentagem de diretores que considera que a maioria dos docentes da sua escola se assume como católica (N=15)

A maioria dos diretores inquiridos concorda, plena ou maioritariamente, que a maioria dos seus docentes se assume como católica (gráfico 17). Todavia 13,3% não concorda com esta constatação, o que, associados aos 20% que mencionaram concordarem parcialmente, deixa em aberto quais os contornos do perfil de docente que, hoje em dia integra o corpo docente destas escolas.

Gráfico 18 – Percentagem de diretores que considera que os elementos da sua comunidade educativa participam na construção do Projeto Educativo da Escola (N=15)

São, maioritariamente, de opinião, que os elementos das respetivas comunidades educativas participam na construção do Projeto Educativo de Escola (gráfico 18), não se tendo verificado qualquer discordância.

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Gráfico 19 – Percentagem de diretores que considera que os docentes da sua escola trabalham num contexto de autonomia, criatividade e responsabilidade (N=15)

Também referem, maioritariamente, que os seus docentes trabalham num contexto de autonomia, criatividade e responsabilidade, havendo, no entanto, 20% de diretores que concorda apenas parcialmente com esta situação (gráfico 19). Tal poderá significar que as suas escolas não desenvolveram, ainda, contextos propiciadores a um trabalho, por parte dos seus docentes, naqueles moldes, ou por considerarem que aqueles não apresentam características pessoais e competências profissionais concordantes com um trabalho autónomo, criativo e responsável.

Gráfico 20 – Percentagem de diretores que considera que, na sua escola, prevalece uma cultura profissional mais próxima do individualismo (N=15)

154 86,6% dos diretores considera que não prevalece uma cultura profissional mais próxima do individualismo, embora esta ainda seja admitida por 13,4% dos diretores (gráfico 20).

Gráfico 21 – Percentagem de diretores que considera que as funções sociais que a sua escola assegura excedem a sua missão (N=15)

Quanto ao facto das funções sociais que a escola assegura excederem a sua missão, verifica-se uma grande dispersão de respostas: 46,7% não concorda ou concorda parcialmente; 40% concorda maioritariamente ou plenamente; numa escola tal não se verifica e um diretor não respondeu (gráfico 21). Apesar disso, é interessante notar que 66,7% das escolas, na opinião dos seus diretores, exercem funções sociais que extravasam a missão que lhes foi atribuída. Se, por um lado, esta posição demonstra a consciência da missão específica da escola e do que a sociedade espera dela, por outro, seria expectável que este valor fosse menor, atendendo a que as escolas católicas são consideradas lugares privilegiados de evangelização e de ação pastoral e que valores como a solidariedade, a fraternidade e o amor ao próximo conduziriam, naturalmente, ao exercício daquelas funções, pois são inerentes ao facto de se ser cristão.

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Gráfico 22 – Percentagem de diretores que considera que os professores reproduzem na sua prática, metodologias idênticas àquelas em que foram instruídos (N=15)

Mais de metade dos diretores não concorda ou concorda parcialmente com a afirmação de que “os professores reproduzem na sua prática, metodologias idênticas àquelas em que foram instruídos”, embora 46,6% concorde, maioritária ou plenamente com a mesma (gráfico 22). Este valor poderá predizer uma certa ausência de sensibilidade, até um passado ainda próximo, para as questões da formação e desenvolvimento profissional dos docentes, situação que se espera que venha agora a ser alterada, tendo em conta a renovação que as direções parecem estar a sofrer, de acordo com os dados do gráfico 11.

Gráfico 23 – Percentagem de diretores que considera que os elementos da sua comunidade educativa se identificam com o Projeto Educativo da Escola (N=15)

A maioria dos diretores considera que os elementos das suas comunidades educativas se identificam com os seus Projetos Educativos (gráfico 23), o que é

156 consentâneo com a elevada participação dos docentes na construção do mesmo (gráfico 18). Acresce, ainda, que com este como documento estruturante na vida de uma escola, poderá estar a conseguir-se uma boa articulação entre os elementos católicos e não católicos que trabalham numa mesma instituição ou se relacionam com ela, pois parece haver indícios de uma boa convivência e de uma articulação produtiva e positiva na construção do Projeto Educativo e na sua identificação com ele.

Gráfico 24 – Percentagem de diretores que considera que, na sua escola, as relações interpessoais entre docentes e alunos são bastante positivas (N=15)

Todos os diretores concordam com a afirmação de que “as relações interpessoais entre docentes e alunos são bastante positivas”, uns plena outros maioritariamente (gráfico 24).

Gráfico 25 – Percentagem de diretores que considera que, na sua escola, existe uma cultura de diálogo, de partilha e de mútuo apoio entre os docentes (N=15)

157 73,3% dos diretores é de opinião que “existe uma cultura de diálogo, de partilha e de mútuo apoio entre os docentes”, apesar de 26,7% dos mesmos não concordar, pelo menos parcialmente, com este facto (gráfico 25). Estes resultados provocam alguma perplexidade quando consideramos os 53,3% da concordância, ainda que parcial, com a alínea d – “Prevalece uma cultura profissional mais próxima do individualismo” (gráfico 20), a não ser que no entendimento dos respondentes não se verifique uma sobreposição substantiva entre os domínios profissional e relacional em sentido lato.

Gráfico 26 – Percentagem de diretores que considera que, na sua escola, os professores, em geral, utilizam metodologias diversificadas e recursos pedagógicos estimulantes (N=15)

A afirmação de que “os professores, em geral, utilizam metodologias diversificadas e recursos pedagógicos estimulantes” reúne a concordância de 73,3% dos diretores; 20% concorda parcialmente e apenas 6,7% apresentou a sua discordância (gráfico 26). Também estes resultados revelam alguma dissonância com os 46,6% de concordância com a alínea f – “Os professores reproduzem na sua prática, metodologias idênticas àquelas em que foram instruídos” (gráfico 22), leitura que é reforçada com os mais 46,7% que concorda parcialmente com esta afirmação.

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Gráfico 27 – Percentagem de diretores que considera que, na sua escola, existe uma prática de autoavaliação de escola (N=15)

A afirmação de que “existe uma prática de autoavaliação de escola” reúne a concordância, plena ou maioritária, de 73,4% dos diretores, enquanto 26,7% dos mesmos apenas concorda parcialmente com a mesma (gráfico 27).

Gráfico 28 – Percentagem de diretores que considera que a avaliação de desempenho é bem aceite pelos professores da sua escola (N=15)

A maioria dos diretores concordam, plena ou maioritariamente, que a avaliação de desempenho é bem aceite pelos professores. Contudo, 13,3% concorda apenas parcialmente e outros 13,3% responderam que “não se verifica” (gráfico 28), o que nos leva a crer que serão escolas que não realizam a avaliação de desempenho docente.

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Gestão Ensino e Currículos Alunos Pais / EE Outras

15 20 10 45 10 Gestão de recursos humanos

10 10 10 10 60 Não refere 30 10 30 50 0 10 70 15 5 0 2 0 50 48 0 50 20 20 10 0 65 10 10 15 0

20 15 30 20 15 Diálogo com os professores

50 25 5 10 10 Aulas

60 30 7 3 0

40 10 10 20 20 Aulas e preparação de aulas

20 10 20 10 40 Aulas

30 30 20 15 5 Não refere

40 10 10 30 10 Atendimento a professores e funcionários

50 20 20 10 0 462 (33%) 280 (20%) 237 (17%) 251 (18%) 170 (12%)

Quadro 10 – Percentagem de tempo despendido pelos diretores, em média durante um ano letivo, na realização de diferentes atividades

A percentagem de tempo despendido pelos diretores, em média durante um ano letivo (quadro 10), distribui-se do seguinte modo: 33% é ocupado em “reuniões e tarefas administrativas e de gestão (por exemplo: planeamento estratégico, elaboração de relatórios e resposta a questionários, entre outros)”, existindo, contudo, cinco diretores que despendem, pelo menos, 50% com estas tarefas; 20% é utilizado em “tarefas e reuniões relacionadas com o ensino e os currículos (por exemplo: observação de aulas, supervisão dos docentes e iniciativas conducentes ao desenvolvimento profissional dos docentes, entre outras)”, havendo apenas um diretor que ocupa uma percentagem superior a 50% e um que não despende tempo com este tipo de tarefas; 17% é despendido no “diálogo com os alunos”, embora um diretor ocupe 50%; 18% é utilizado no “diálogo com pais e encarregados de educação”, com dois diretores a despenderem cerca de 50% e 12% é ocupado com outras atividades, das quais sobressaem a lecionação de aulas, o atendimento a professores e funcionários não docentes e a gestão de recursos humanos. De realçar que um diretor não confirmou a soma dos valores que deveria ser de

160 100%, e que dois não exemplificaram apesar de mencionarem alguma percentagem de tempo dedicada a “outras” atividades, que num dos casos chega aos 60%. É, ainda, de destacar que um diretor, neste caso, pedagógico, refere ocupar 2% do seu tempo com a “gestão”, 50% no “diálogo com os alunos” e 48% no “diálogo com pais e encarregados de educação”. Talvez este seja um dos casos em que, como refere Santos Guerra (2000) “a rede de relações real não reproduz o organigrama formal colocado no papel. (…), por exemplo, o director pode não ser aquele que detém o poder real” (p. 41).