• Nenhum resultado encontrado

Portanto, tanto a estrutura do governo quanto a qualificação dos gestores públicos são indicadores intrínsecos da competitividade e devem conduzir os destinos turísticos a um melhor desempenho governamental, que inclui o planejamento e a gestão eficaz do turismo.

Igualmente, a prioridade que os gestores públicos dão à atividade do turismo, no sentido de oferecer subsídios, incentivos fiscais, crédito aos empresários, captação de novos investidores e injetar investimentos para desenvolver o setor.

Por outro lado, ainda que o maior empregador de trabalho de um destino seja proveniente do turismo e este seja o maior gerador de renda e receitas, o destino deve procurar meios alternativos de rejuvenescimento da economia. Cada vez que o destino turístico se empenha em renovar seus produto e serviços, melhorar sua imagem e desenvolver outros setores econômicos, ele torna-se mais competitivo. Afinal, como lembra Archer (1995), a condição para o sucesso de um destino é o acompanhamento permanente e continuado, o planejamento cuidadoso e a sinergia dos esforços de todos agentes do turismo determinados para melhorar o produto turístico, criar novos mercados, recuperar e reforçar quota de mercado.

A busca dos agentes do turismo devem ser no sentido de fazer com que a expansão econômica conduza ao crescimento do turismo, mas sobretudo o contrário: fazer com que o turismo conduza o destino ao crescimento econômico (OH, 2005).

VIII - Financiamento do Turismo

O turismo tem um efeito positivo nos destinos. Isso é o que institutos de estudos econômicos, órgãos oficiais de turismo, entidades de empreendimentos turísticos e organizações não-governamentais afirmam. Os argumentos são muitos: é o setor que mais se emprega mão-de-obra por faturamento gerado, é o setor com os maiores índices de crescimento em todo o mundo, é um setor que enaltece a identidade cultural local, valoriza o patrimônio histórico, é um setor que ajuda na preservação da biodiversidade e meio ambiente em geral, dentre outros fatores.

Se tais argumentos ainda não forem suficientes, acrescente ainda a melhoria da qualidade de vida dos residentes, o aumento da renda das famílias do lugar e a projeção da imagem do lugar para diversas localidades nacionais ou internacionais.

Ao comentar sobre os efeitos do turismo, Rosentraub e Joo (2009) mencionam que investimentos no setor do turismo estão associados ao aumento significativo do número de empregos e aumento da renda familiar maior.

Se esses motivos forem suficientes para convencer de que investir em turismo é um bom negócio, o passo seguinte é decidir onde investir, já que o turismo possui diversos ramos, tais como hospedagem, serviços, alimentação, transporte, agenciamento e outros.

Financiar ou investir no turismo é preconizado pela estrutura pública, que tem como funções promover a valorização e sustentabilidade da atividade turística, prestar apoio técnico e financeiro às entidades públicas e privadas do setor do turismo e gerir os respectivos instrumentos de apoio financeiro ao investimento.

Do mesmo modo, os projetos de natureza turística recebem apoio da iniciativa privada, que assume o turismo como prioridade, se valendo de diversos mecanismos de apoio, tais como a dinamização de novos pólos e produtos turísticos estratégicos, promoção de eventos de projeção nacional ou internacional, requalificação do destino e inovação e reforço da competitividade das empresas turísticas. Portanto, o investimento e o financiamento do turismo deve vir tanto do poder público quanto do privado.

Para garantir o funcionamento eficiente do mercado turístico, Cave, Gupta e Locke (2009) sugerem que os governos interfiram no mercado produzindo impedimentos ou estimulantes. Alguns deles, lembram os autores, pode ser os benefícios fiscais à segmentos específicos do turismo, a concessão ou não de serviços turísticos, a aporte de recursos públicos na cadeia produtiva do turismo, a restrição de capitais, o fomento ou não à concessão de crédito para empresários do turismo, a análise do desempenho global das empresas turísticas e a proibição da instalação de equipamentos turísticos em determinados locais. Esses são exemplos de como o governo pode cumprir seu papel de agente responsável pela condução do planejamento e gestão do turismo.

Também é função do governo captar investimentos da iniciativa privada nacional e estrangeira. Quanto a esta última, Endo (2006) comenta que os destinos que desejam se desenvolver economicamente podem buscar incentivos ou subsídios para atrair investimentos estrangeiros ou transnacionais, contanto que os custos e benefícios sócio-econômicos sejam cuidadosamente analisada no âmbito da geral estratégias de desenvolvimento.

Cave, Gupta e Locke (2009) aludem também à importância de se fazer a análise e acompanhamento de pelo menos quatro aspectos das empresas turísticas: índices de retorno e risco, cotação das empresas turísticas nas bolsas de valores, rendimentos anuais das empresas turísticas e flutuações de mercado nos últimos anos. Com tais colocações, percebe-se que quanto maior for o retorno do investimento, mais competitiva será a empresa turística e consequentemente o destino em si. Do mesmo modo, quanto menor dor o risco do investimento nos segmentos do turismo, melhor para o destino turístico. Esses exemplos

permitem a visualização da função do setor privado no que diz respeito ao planejamento e gestão do turismo.

Portanto, o aporte financeiro na atividade do turismo, seja no setor público u privado, constitui-se em um fator de competitividade de todo destino turístico.

IX - Coordenação e Cooperação

Este atributo está relacionado ao pelo menos três anteriores: coerência e

cumprimento, correção e controle e gestão e organização. Ainda assim, merece ser

comentada à parte.

Ao comentar sobre como os agentes do turismo estão interligados, a maneira como eles agem, interagem e se relacionam, March e Wilkinson (2009) destacam que os níveis de colaboração, de atividades coordenadas, de rede, de interação, de cooperação e dos laços interorganizacionais entre as empresas de turismo revela mais um atributo de competitividade de um destino turístico.

Young (2002) coloca que a cooperação público-privado é relevante e estimula a competitividade, além de garantir a sustentabilidade. Acrescentam também que os pólos de turismo e a criação de uma cultura de cooperação têm um papel fundamental para sustentar a competitividade de um destino.

Embora reconheçam que a experiência de trabalho colaborativo em torno do plano de desenvolvimento turístico é uma estratégia de se obter competitividade, Yüksel, Bramwell e Yüksel (2005) salientam que a centralização e descentralização das decisões devem ser analisados em seus aspectos fortes e fracos ou vantagens e limitações. Os autores argumentam que para decidir se as decisões devem ou não ser centralizadas o governo deve analisar circunstâncias específicas e detalhadas os processos, considerando o local específico, as características regionais, bem como as relações políticas e institucionais, as questões da democracia, rentabilidade do setor do turismo e também a distribuição dos custos-benefícios dos investimentos no turismo.

O papel e importância de tais relações e interações tanto podem limitar quanto ampliar o nível de competitividade do destino. Se for baixo, pode comprometer o desempenho global do destino e até mesmo no alcance dos resultados planejados. Os gestores de destino podem e devem aplicar eficazmente essas ferramentas para monitorar e melhorar efetividade interorganizacionais entre os prestadores de serviços turísticos (alojamento, alimentação, entretenimento, agenciamento, transportes, dentre outros), como também nos demais agentes do turismo (gestores públicos, sociedade civil organizada e comunidade local).

X - Recursos Turísticos

O turismo lida com seletividade espacial. Isso significa que há a tendência cada vez maior de os destinos busquem tornarem-se ideais para receber visitantes. Nesse sentido, a localização privilegiada, o conjunto de infra-estrutura disponível e daqueles componentes que são relevantes e necessários para a permanência do turista no destino turístico.

Sobre isso, Rocha, Maia Junior e Santos (2007) comentam a seletividade espacial, que opta por determinados espaços em detrimento de outros, configura em um processo de produção de territórios diferenciados e competitivos. Para tanto, tanto o Estado quando a iniciativa privada se utilizam de instrumentos institucionais e legais para fazer valer a sua diferenciação.

Recurso turístico é o conjunto de atrativos turísticos, serviços e equipamentos e toda infra-estrutura de apoio ao turismo de um determinado destino turístico utilizado em atividades designadas turísticas. São os espaços, produtos e serviços que os visitantes irão usufruir durante a sua viagem. Portanto, a qualidade, diversidade e conservação dos recursos turísticos irão influir na atratividade do destino turístico e conseqüentemente na sua competitividade.

Por outro lado, o efeito negativo dessa busca em oferecem atrativos turísticos, serviços e equipamentos e infra-estrutura para se destacar e competir melhor no mercado tem produzido efeitos devastadores. Quanto a esse aspecto Rocha, Maia Junior e Santos (2007) explicam que ao buscar recursos turísticos que possam atender aos visitantes, alargam-se as diferenças entre espaços, pois ao invés de se equilibrar os investimentos, o capital normalmente vai para aqueles que já dispõe de melhor infra-estrutura. Os autores lembram que os investimentos tendem a perpetuar a seletividade espacial do capital, já que as políticas públicas não são realizadas para atenuar diferenças ou promover as transformações necessárias nas localidades menos favorecidas de recursos turísticos.

XI - Atividades Potenciais

Os atrativos existentes em um destino turística, sejam naturais ou criados pelo homem devem ser desfrutados com atividades diversas, obedecendo suas características, capacidade, pertinência e peculiaridades.

As atividades são aquelas práticas onde o indivíduo se ocupa durante sua viagem. Em outras palavras, atividades são ações desenvolvidas pelos turistas nos atrativos turísticos, com vistas ao seu aproveitamento, implicando na aquisição de experiências, sensações e conhecimentos diversos.

Quanto mais ocupações as quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, divertir-se, entreter-se, ou ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, mais este haverá necessidade de permanecer. Além do aumento da permanência do visitante, as atividades potenciais de um destino produzem outros efeitos, como o aumento da oferta turística e também irá implicar no índice de satisfação global da experiência da viagem.

Reforçando esse pensamento, Azzoni e Menezes (2009) afirmam que outra forma de aumentar a competitividade é desenvolver atividades complementares às principais atrações do destino. Assim, quanto maior for a oferta de atividades a serem desenvolvidas nos atrativos, maior será o tempo de permanência do turista no destino.

Portanto, as atividades potenciais é o décimo primeiro atributo que produz efeitos diretos na competitividade de um destino.

XII - Oferta turística

Os lugares que oferecem recursos semelhantes estão se tornando substituíveis. A busca da diferenciação é explícita em definições de marca (PIKE, 2009), investimentos em equipamentos turísticos, diversificação de serviços, variação de atividades, dentre outras estratégias que possam levar o destino turístico a se destacar.

Na corrida para atrair turistas, os países tem lançado mão dos mais diferentes recursos. Pelo visto, essas estratégias têm funcionado, pois analisando os dados do ranking Os

Melhores Destinos Turísticos do Mundo, que se baseia nas chegadas de turistas internacionais

(World Tourism Organization, 2004, p.1), verifica-se que ao longo dos anos a concentração dos destinos receptores tem se dissipado pelos demais países do mundo.

Se, em 1950, cerca de 97% dos viajantes internacionais visitam apenas 15 países, em 2002 essa porcentagem diminuiu para 60%. Uma queda de 37 pontos percentuais ao longo de 52 anos (Gráfico 2.3).

Gráfico 2.5.1 - Resumo da porcentagem do fluxo de turistas pelos países do mundo ao longo de 52 anos (1950-2002), segundo dados da OMT (World Tourism Organization, 2004)

Considerando que no mundo existem 195 países – incluindo os 192 países reconhecidos pela ONU e mais o Vaticano, Taiwan e o mais recente país independente, Kosovo –, equivale dizer que, em 1950, cento e oitenta países do mundo tinham que disputar os 3% restantes dos turistas. Já em 2002, esses mesmos 180 países conseguiram atrair 37% dos turistas que antes iam para os 15 seletos países que mais recebem turistas do mundo, aumentando para si 40% a porcentagem dos fluxos total de turistas que viajam pelo mundo.

Os quinze países que mais receberam turistas internacionais, em quatro períodos diferentes, podem ser visualizados no Quadro 2.3, a seguir.

Quadro 2.5.3 - Os 15 países que mais recebem turistas do mundo, segundo dados da OMT (World Tourism Organization, 2004) – Destaque aos anos 1950, 1970, 1990 e 2002. Anos-