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4. PERCURSO METODOLÓGICO

4.2. Síntese das entrevistas

4.2.2. Segunda entrevista (com a professora Cris) – 26/06/13

Cris é formada há três anos em pedagogia. Sua primeira formação e experiência profissional foram com enfermeira em uma escola de Educação Infantil da rede particular. Participou de dois concursos públicos para provimento de cargo de professora, sendo um para a Educação Infantil e o outro para Ensino Fundamental - Anos Iniciais. Foi aprovada nos dois, sendo que no último foi aprovada em 9º lugar, o que gerou a ela muitos elogios e orgulho por parte dos professores de curso de Pedagogia. Diz que abrir o diário oficial e encontrar seu nome na lista dos aprovados foi o melhor momento de sua vida.

Sobre o seu tempo de escola, relata ter estudado em uma pequena escola particular, onde foi chamada a trabalhar como enfermeira após graduação nesta área. Em busca de aperfeiçoamento, realizou um curso de berçarista, o que a trouxe para mais perto do trabalho pedagógico. Esta experiência e incentivo do professor coordenador da escola contribuiram para sua escolha pela docência. Durante o curso de Pedagogia passou a ministrar aulas na nesta escola.

Lembra com certa angústia e aflição o momento de escolha e atribuição da sala de aula, bem como sua chegada a escola marcada pela total indiferença por parte da equipe gestora. Vivenciou as agruras de ser iniciante na função e na escola. Recorda que precisou aprender muitas coisas na raça. Questiona a estrutura da rede que não proporciona um contato com o professor que está se afastando da sala de aula com o professor novato, aquele que irá assumir os alunos. Refere-se à docência como uma profissão solitária, individual, sentido-se muitas vezes angustiada por sentir-se sozinha.

Acredita num trabalho de formação continuada que considere a realidade da sala de aula, que discuta sobre o aluno, que respeite o professor como profissional, pois não partilha da ideia de que ser professor é fácil.

Ainda tendo com base os princípios defendidos por Almeida (1992), citado por Szymanski, Almeida e Prandini (2010), após inúmeras leituras, o texto foi fracionado em partes, buscando elementos relevantes, considerando o objetivo desta pesquisa. Esse movimento de fracionar partes do todo, culminou na seleção de trechos específicos das entrevistas. Trechos que passaram, então, a serem organizados de acordo com o núcleo central da pesquisa, formando pequenas unidades de significados, que se relacionam entre si, considerando a importância dada pelos entrevistados em seus relatos.

A cada leitura e releitura das entrevistas completas, percebeu-se a presença de elementos comuns nas falas dos entrevistados. Nesta perspectiva, organizou-se um quadro

(Apêndice 10) para registrar essas pequenas sínteses, ou seja, as pequenas unidades de significados para posterior análise.

Estes quadros contêm as seguintes organizações: título, que indica a origem da entrevista o nome do entrevistado, e quatro colunas, organizadas na seguinte ordem: depoimentos do entrevistado, explicitação dos significados, sentimentos nomeados e captados pelo entrevistador e apoio à teoria. As colunas ficaram então organizadas da seguinte forma:

 1ª Coluna – Depoimento do entrevistado. Nesta coluna, encontram-se transcritas as falas de entrevistados. Serão apresentados fragmentos das narrativas que ilustram o núcleo da pesquisa

 2ª Coluna – Explicitação dos Significados (captados pelo entrevistador). Nesta coluna, após a transcrição da entrevista e de sucessivas leituras, o pesquisador busca na fala do entrevistado elementos significativos da trajetória profissional. Trata-se, pois, da interpretação do pesquisador à fala do entrevistado.

 3ª Coluna – Encontram-se descritos os sentimentos. Esta foi subdividida e apresenta os sentimentos nomeados pelo entrevistado (docente) e os sentimentos captados pelo pesquisador durante o momento da entrevista

 4ª Coluna - Estão descritos fragmentos do referencial teórico, chamado aqui de apoio da teoria, que sustentam e reafirmam o que dizem as pesquisas em torno do professor iniciante.

Cumpre lembrar que o ato de transcrever um texto exige por parte do pesquisador habilidade para registrar o discurso oral em discurso escrito, mantendo o mais fiel possível o relato do entrevistado. De igual modo, a explicitação dos significados procura manter fidelidade fala registrada do depoente.

Por indicação da banca no processo de qualificação, fará parte da análise deste percurso metodológico a trajetória profissional do pesquisador. Retomamos aqui as palavras de André:

Se na década de 60 e 70 o interesse se localiza, nas situações controladas de experimentação do tipo laboratório, nas décadas de 80 e 90 o exame de situações “reais” do cotidiano da escola e da sala de aula é que constitui uma das principais preocupações do pesquisador. Se o papel do pesquisador era

de sobremaneira o de um sujeito “fora”, nos últimos dez anos tem havido

uma grande valorização do olhar “de dentro”, fazendo surgir muitos trabalhos em que se analisa a experiência do próprio pesquisador ou em que este desenvolve a pesquisa com a colaboração dos participantes. Essas novas modalidades de investigação suscitam o questionamento dos instrumentos teórico-metodológicos disponíveis dos parâmetros usuais para o julgamento

da qualidade do trabalho científico. Extrapolando o campo da educação, encorajando o diálogo entre especialistas de diferentes áreas do conhecimento, com diferentes bagagens de experiências e diferentes graus de inserção na prática profissional. (ANDRÉ 2001, p. 53)

Trata-se de um movimento que pretende contribuir para o entendimento das possíveis implicações vivenciadas em diferentes tempos históricos. A presença de questões subjacentes nos três relatos traz à luz formas singulares de experiências articuladas, que dão sentido as dimensões do passado, presente e futuro, colocando o sujeito como ser histórico.

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