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ENTREVISTA BIOGRÁFICA

1.4 SEGUNDA ETAPA DA PESQUISA

A fim de compor o grupo que formaria a amostra da pesquisa de doutorado em 2010, apoiados na informação adicional disponível no questionário aplicado durante a primeira etapa da pesquisa longitudinal, partimos para o primeiro contato com os então mestres formados pela UFSC entre 2006 e 2007.27

Entre fevereiro e março de 2010 enviamos um e-mail para as primeiras cinco pessoas das listas de ingressantes nos mestrados colhidas junto às Secretarias de cada programa de pós-graduação, relembrando-os da pesquisa iniciada em 2005, mencionando a aplicação do questionário quatro anos antes e, sobretudo, solicitando a colaboração para a nova etapa da investigação, uma vez que haviam se disponibilizado a participar da pesquisa, quando da aplicação do questionário.

À medida que não recebíamos retorno dos e-mails enviados, provavelmente pela mudança de endereço eletrônico ou pelo não- reconhecimento do emissor e consequente bloqueio da mensagem (spam), buscávamos outros recursos para localizar estas mesmas pessoas, tais como: redes de relacionamento (Facebook e Orkut) e

26 A experiência do estágio de doutoramento no exterior foi determinante para

refletir sobre a proposta metodológica a ser aprendida e empreendida na análise do material empírico que compõe a tese, bem como para coletar bibliografia específica sobre o tema em pauta, levando-se em consideração que a metodologia denominada de “entrevista biográfica” pressupõe um estudo de longa duração sobre um mesmo objeto, ou melhor, sobre um mesmo grupo de investigados.

27 Somamos aos questionários as listas de mestrandos matriculados colhidas

junto às Secretarias ainda em 2006 (antes da aplicação do questionário) para aumentar a chance de adesão dos mestres, possíveis doutorandos e doutores, à segunda etapa da pesquisa.

também o contato eletrônico disponível no Currículo Lattes, que também se mostraram infrutíferas. Quando, mesmo assim, não se conseguia os e-mails atuais destas primeiras pessoas selecionadas, avançava-se na lista, a fim de poder obter sucesso na busca. Em alguns casos, foi enviado e-mail a todas as pessoas da lista fornecida pelas Secretarias sem obtermos êxito, como foi o caso dos cursos de Física e Literatura. Em outros casos, houve um número de respostas bastante significativo, como ocorreu, por exemplo, com os pós-graduandos de Educação Física.

Para os dois cursos que não tinham nenhum representante até o final de março de 2010, optamos por recorrer à rede social da pesquisadora a fim de chegar até os profissionais das duas áreas citadas, respeitando a consigna de que os possíveis participantes tivessem ingressado em turmas subsequentes àquela de 2005. Pretendíamos, com isto, finalizar a composição da amostra. Utilizando este recurso, foi possível definir a amostra pelo seguinte critério: a primeira pessoa de cada curso que se mostrava disponível a participar da pesquisa, por meio do preenchimento do questionário (para os que não tinham preenchido em 2006) e principalmente pela disponibilidade em conceder a entrevista, seria eleita o/a entrevistado/a do curso em questão. Desconsideramos nesta etapa critérios como, por exemplo, gênero, idade e tempo transcorrido desde a defesa da dissertação.

Durante este processo, houve casos de profissionais que responderam ao questionário e não responderam ao e-mail posterior, referente ao agendamento das entrevistas. Tentamos contatá-los novamente a fim de garantir a sua participação. Este último contato, de forma individualizada, definiu a estruturação da amostra.

Algumas pessoas preferiram conceder a entrevista por meio virtual (SKYPE), outros optaram por responder as perguntas e mandar por e-mail, mostrando-se disponíveis a esclarecer eventuais dúvidas. Houve casos de pessoas que, pelo fato de residirem em Florianópolis, se dispuseram a comparecer ao laboratório de pesquisa ao qual a pesquisadora está vinculada. Outros ainda preferiram concedê-la em seus ambientes de trabalho, isto é, nos laboratórios de pesquisa aos quais estão/estavam vinculados, caracterizando, desta forma, uma entrevista presencial.

A distribuição dos participantes da pesquisa deu-se de maneira equivalente entre os gêneros, ou seja, cinco representantes masculinos e outros cinco do gênero feminino. Salientamos que ela ocorreu espontaneamente, sem critério de equidade pré-estabelecido.

Quanto à distribuição etária, a composição da amostra ficou assim constituída à época da realização das entrevistas, isto é, no primeiro semestre de 2010:

Tabela 1 – Distribuição da amostra segundo faixa etária

Faixa etária Distribuição

24 a 29 anos 7

30 a 35 anos 2

36 a 41 anos 0

42 anos + 1

Total 10

Transcorridos dois anos da realização da entrevista, a quase totalidade (90%) encontra-se neste momento na faixa etária dos 30 a 35 anos, o que corresponde à categoria adulto jovem, tal como estipulada pelo IBGE, tal como foi informado na nota de rodapé 9.

Tabela 2 – Distribuição da amostra de acordo com região brasileira onde reside

Região geográfica Incidência

Sul28 8 Sudeste 0 Centro-Oeste 2 Norte 0 Nordeste 0 Total 10

Em relação à localidade em que residiam no momento da realização da entrevista é possível verificar, por meio da análise dos questionários e da confirmação subsequente durante a entrevista, que, após a conclusão do mestrado, alguns voltaram para seus estados de origem, como foi o caso dos entrevistados dos cursos de Educação Física, Recursos Genéticos Vegetais e Engenharia Ambiental. Outros migraram em função de oportunidades de trabalho no âmbito público, como ocorreu com os pesquisados dos cursos de Sociologia Política,

28 Dentre os residentes da região sul, destacamos que seis moram em

Florianópolis, um em Curitiba e um em Pelotas. Os dois entrevistados que residem no Centro-oeste brasileiro, fixaram residência em Brasília.

Odontologia e Economia e, outros ainda, por estarem matriculados em cursos de doutorado oferecidos pela UFSC, permanecem em Florianópolis, como no caso dos entrevistados dos cursos de Educação, Literatura e Física. Houve ainda o registro de um participante entrevistado do curso de Farmacologia, que estava na iminência de residir no exterior devido a uma oferta de trabalho. Vale dizer que houve relativamente pouca mobilidade regional, tal como apontam Viotti e Baessa (2008), uma vez que entre os pesquisados, 70% eram provenientes da região sul do país, sendo que apenas um entrevistado passou a residir fora do estado de origem, que foi o caso registrado no curso de Odontologia, como evidencia esta tabela.

A fim de validar o instrumento da pesquisa (APÊNDICE 2), realizamos uma entrevista-piloto no curso de Educação no início do mês de abril de 2010 com o intuito de verificar a sua eficácia, bem como as lacunas e possíveis distorções na interpretação das perguntas. Esta etapa foi fundamental para o êxito da investigação, tendo em vista a necessidade de fazer algumas alterações para tornar o instrumento mais claro, objetivo e fiável, de acordo com o que buscávamos atingir mediante a sua aplicação.

Com a construção deste roteiro de entrevista, pretendíamos então conseguir analisar o percurso profissional dos componentes da amostra, uma vez que o instrumento metodológico utilizado durante a pesquisa de mestrado foi um questionário, o qual embora contasse com perguntas abertas e fechadas, apresentava limitações para uma análise qualitativa mais aprofundada. Buscamos reparar esta deficiência, a partir da realização de entrevistas em profundidade realizadas com um egresso de cada curso pesquisado, durante a pesquisa do doutorado.

Portanto, o material empírico que constitui esta tese busca identificar as especificidades nas trajetórias dos pesquisados e avançar na compreensão do processo de inserção profissional de jovens29 e

29 Segundo os institutos de estatística brasileiros considera-se jovem pessoas

com idade entre 18 e 29 anos. A Itália, por exemplo, estende um pouco mais esta faixa etária, pois considera jovem todo o cidadão com até 32 anos de idade. Galland (1996, p. 36) defende mais do que a delimitação etária, os ritos de passagem que compreendem a mudança da juventude à vida adulta, naquilo que ele define como condição juvenil. São eles: “o fim dos estudos, o início da vida profissional, a saída da casa dos pais e, enfim, a formação de uma nova família”.

adultos, profissionais detentores de, ao menos, um título de mestre30, nas suas multideterminações uma vez que pretendemos analisar qualitativamente, à luz da bibliografia a que tivemos acesso, o impacto da titulação em suas trajetórias de vida, não em termos de causa e consequüência, mas perceber as especificidades dos fatores que caracterizam os distintos percursos.

É importante ressaltarmos que, embora a intenção tenha sido de investigar um mesmo grupo, a possibilidade de nossa pesquisa apresenta limitações para representar o universo analisado, isto é, mestres e doutores formados na UFSC decorrentes em grande parte, pelo fator tempo e pelas variáveis que fogem à vontade e controle do pesquisador. Por isso, ainda que percebamos a continuidade da pesquisa, uma vez que buscamos aprofundar a temática cuja investigação inicial ocorreu durante a realização do nosso mestrado, há também elementos de rupturas, levando-se em consideração que embora a amostra tenha sido constituída majoritariamente por mestres que responderam ao questionário em 200631, as entrevistas realizadas junto a dez egressos não apresentam a condição de representar as áreas investigadas, constituindo-se assim, como estudos de caso, que apontam as diferentes possibilidades das trajetórias profissionais de mestres e doutores formados na UFSC.