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5.3 Execução

5.4.2 Segundo momento (Individual)

No segundo momento dos testes, cada participante voltou a acessar individualmente o ambiente compartilhado entre o grupo para realizar a atividade de incumbência de cada um, depois que elas foram definidas por eles no primeiro momento.

No teste 1, P2 foi o primeiro participante a acessar o ambiente compartilhado para realizar suas tarefas. A única dificuldade encontrada pelo participante foi com uma possível falha do sistema que apagou por um instante do mapa todas as modificações que P2 havia feito. Sem saber direito o que havia acontecido (o que caracteriza uma ruptura individual, classificada com o a etiqueta Ué, o que houve?), P2 resolve refazer tudo aquilo que já havia feito e encerrar suas atividades. Mais tarde, quando P1, o segundo participante a acessar o mesmo ambiente, fez o registro e carregou as informações na tela, as informações editadas por P2 apareceram de forma duplicada (enquanto P2 interagiu, as modificações não foram reapresentadas na tela) , o que deixou P1 bastante confuso. Acontece que tudo aquilo que havia sumido durante o teste de P2, com a possível falha do sistema, reapareceu quando P1 acessou o ambiente compartilhado. Ainda sem entender o que podia ter acontecido, P1 exclamou em volta alta: “Quem é que fez isso aqui?”. Apesar da referência direta de P1 à atuação de algum participante no ambiente, ele não procurou saber (tentando identificar pelos objetos, por exemplo) quem é que havia feito aquilo, e respondeu em entrevista no final dos testes que imaginou depois ser uma falha do sistema a responsável por aquela duplicação. Sendo assim, caracterizamos a ruptura vivenciada (no momento em que acontece) pelo participante com a tupla [Individual; Ação; Passado; Ué, o que houve?], que está associada à etiqueta Ué, o que foi feito? na tabela de etiquetas. Merece destaque novamente o tempo “Passado” atribuído como valor à quarta dimensão da dupla, já que a ação apresentada pelo sistema que gerou a ruptura foi executada

5.4. Etiquetagem 81

em um momento anterior ao que ela foi percebida.

Já durante o segundo teste, uma situação curiosa que acabou acontecendo foi que depois que o primeiro participante a realizar as atividades (P2) finalizou a sua parte, talvez por outra falha do sistema, as informações editadas por ele no mapa não apareceram para P1 (o participante seguinte a acessar o ambiente). Como P1 não sabia se P2 (e nem P3) já havia acessado o ambiente (pois P2 não chegou a tentar se comunicar de forma alguma com os demais), ele sequer percebeu que havia ocorrido uma falha (que só foi percebida mesmo no terceiro momento do teste).

Em sua maioria, nos dois testes individuais, as rupturas de todos os participantes resultaram da dificuldade que eles tiveram com a ferramenta de edição de texto do Twiddla. Apesar de fazer uso de signos e recursos comumente encontrados em outras ferramentas do mesmo tipo, o sistema não respondia corretamente às ações dos usuários (nesse caso, provavelmente por bugs circunstanciais) e seus recursos eram bastante limitados, apesar de aparentarem possuir certa robustez. No teste 2, por exemplo, P2 planejava editar o texto de uma das justificativas que havia colocado no mapa (para explicar o posicionamento de um dos prédios que ele havia escolhido) e para isso decidiu primeiro selecionar o balão (figura 5.8) em que o texto aparecia e movê-lo para uma região mais próxima ao desenho do prédio. Porém, quando o participante manteve o balão com o texto por alguns segundos selecionado, o sistema simplesmente enviou a informação que ele havia digitado para trás da imagem do mapa. Surpreso com o que havia ocorrido, P2 tentou novamente selecionar o texto e conseguiu, porém, todas as vezes em que ele desfazia a seleção, o conteúdo voltava a desaparecer. Ele acaba então desistindo da edição do texto. As ruptura sofridas por P2 têm tuplas [Ué, o que houve?; Individual; Ação; Presente], [Individual; Ação; Presente; Por que não funciona?] e [Individual; Ação; Presente; Desisto], associadas, respectivamente, às etiquetas Ué, o que houve?, Por que não funciona? e Desisto de fazer isso?. Mas o importante a destacar aqui é que novamente a ruptura individual do participante (em particular a desistência no final) poderá impactar diretamente na atividade do grupo, uma vez que a desistência por parte dele de editar o texto do balão poderia ser incompreendida pelos demais participantes.

Uma ação repetida no final das atividades do segundo momento, pela maioria dos usuários, foi a de tentar salvar as modificações realizadas no ambiente, ainda que isso não estivesse sendo pedido diretamente nas tarefas. Além das experiências com outros sistemas que motivam cada usuário a tentar salvar as alterações realizadas no ambiente, ainda há explicitamente na interface da tela principal do Twiddla um botão chamado “Salvar”. Entretanto, o botão “Salvar” não salva efetivamente o estado do ambiente compartilhado. Esse salvamento já ocorre automaticamente (os usuários

82 Capítulo 5. Avaliação preliminar da proposta de extensão

Figura 5.8. Balão de justificativa utilizado por P2

podem abandonar o espaço compartilhado que, quando voltarem, ele estará do mesmo jeito que o deixaram). Porém, essa ação não é comunicada ao usuário na interface; apenas saindo e voltando ao ambiente ele poderia perceber isso. Apesar de não terem salvado após a primeira tarefa, os participantes não entenderam que o salvamento é automático (apesar de não ter ocorrido, seria possível até que eles considerassem que algum outro membro do grupo pudesse ter salvado a parte comum entre eles). O botão “Salvar” do sistema, na verdade, apenas tira uma “foto” (snapshot) do quadro compartilhado no instante em que é acionado e adiciona automaticamente essa imagem ao conjunto de imagens da conta do usuário. Se alguma modificação indevida for feita no ambiente, os usuários podem até usar essa imagem para substituir o conteúdo que estiver no quadro, mas nenhum objeto será mais editável.

É importante comentarmos aqui que a maioria das rupturas identificadas neste momento do teste foram individuais. Independentemente do fato dos participantes estarem atuando de forma separada no ambiente compartilhado, uma das causas para isso pode ter sido o fato de que as tarefas assíncronas dos participantes eram com- pletamente independentes umas das outras. Ainda assim, o problema da justificativa que ficou por baixo do mapa e que P2 tentou colocar em cima (mas acabou desistindo) acabou gerando um impacto para o grupo no terceiro momento do teste (como veremos a seguir). Em atividades em que haja uma integração maior entre as atividades dos membros do grupo, talvez surgissem rupturas em outros níveis que não o individual neste momento do teste.