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CAPÍTULO III METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

3.2. Seleção da amostra e sua caracterização

Tendo em linha de conta as características enunciadas e o facto de que no presente estudo o investigador se envolveu ativamente na causa da investigação, na qual o processo de ensino foi continuamente planeado pelos efeitos e resultados da ação que foram objeto de estudo, entende-se que a investigação desenvolvida se enquadra num paradigma de investigação-ação.

A promoção de mudanças sociais, num ambiente educacional, principalmente no tocante a questões ambientais, esteve sempre subjacente ao próprio estudo. O programa de intervenção pedagógica inserido nesta investigação também teve como finalidades a melhoria das práticas letivas, assim como a sua compreensão, centrando a sua ação nos processos de ensino-aprendizagem e tentando aproximar as partes envolvidas, fomentando o diálogo num ambiente de colaboração e partilha.

A investigação-ação revelou-se muito adequada na realização deste estudo devido à sua flexibilidade e adaptabilidade, tal como a entendem Cohen e Manion (2002).

3.2. Seleção da amostra e sua caracterização

Entende-se como amostra uma pequena representação do universo da investigação, ou, como sublinha Fortin (2003), um subconjunto de sujeitos tirados da população que são convidados a participar no estudo.

De acordo com Pardal e Lopes (2011), tendo em conta a aplicação de diferentes técnicas de amostragem, existem dois tipos de amostra: aleatórias ou probabilísticas e não aleatórias ou empíricas. A amostra desta investigação enquadra- se num tipo de amostragem não probabilística. Mais concretamente, pode dizer-se que é uma amostra do tipo intencional, atendendo a que não há preocupação com a generalização dos resultados, mas sim com a captação e compreensão dos significados num contexto particular.

Este tipo de amostra não é representativa do universo, ou seja, os resultados só se aplicam aos próprios sujeitos da amostra. Segundo Bogdan e Biklen (1994), este método de amostragem designa-se por amostragem por conveniência e decide-se pela inclusão de indivíduos particulares, porque se pensa que estes facilitam a expansão da teoria em formação.

“O número de sujeitos a considerar para formar uma amostra é um aspeto que suscita muitas interrogações” (Fortin, 2003, p. 211). Tendo em conta o objetivo do

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estudo, optou-se por uma amostra relativamente pequena, tal como é usual em investigações qualitativas.

Apesar de algumas limitações inerentes à construção da amostra, entre as quais alguma subjetividade que lhe poderá ser apontada, entendeu-se que os critérios adotados na sua seleção poderiam garantir o fornecimento de interessantes indícios sobre a temática em estudo.

Como se afirmou anteriormente, a escolha da amostra resultou de alguns critérios que condicionaram a sua seleção, sendo os mais relevantes os seguintes: i) ser uma turma do terceiro ano de escolaridade com um número de alunos ideal para a implementação do estudo; ii) o horário de funcionamento das atividades letivas da turma ser compatível com o horário de trabalho (docente) do investigador; iii) ser o investigador um elemento pertencente ao ambiente natural da investigação, apesar de não estar intimamente envolvido nas atividades da turma, pelo menos até ao início da implementação do projeto de ensino.

O estudo realizou-se em contexto de sala de aula, com uma turma do 3º ano de escolaridade de uma escola urbana do 1º CEB, pertencente a um agrupamento de escolas de Viseu. Os sujeitos do estudo foram os 24 alunos que constituem a turma, 14 rapazes e 10 raparigas, todos nascidos no ano de 2004.

Atendendo a que 1 aluno da turma faltou no início da aplicação dos instrumentos de recolha de dados e que outro apenas integrou a turma no mês de abril, com o intuito de não corromper os dados recolhidos, apesar de todos os alunos terem participado nas atividades desenvolvidas, para efeitos estatísticos do presente estudo foram apenas considerados os 22 elementos que realizaram as tarefas propostas como pré-teste e pós-teste.

A diversidade das atividades desenvolvidas pelos encarregados de educação, assim como a existência de apenas uma criança abrangida pelo escalão B da Ação Social Escolar, evidenciam uma certa estabilidade socioeconómica. Todos os agregados familiares têm computador e acesso à Internet.

Tendo em conta as habilitações académicas dos encarregados de educação apresentadas na Figura 6, podemos concluir que os alunos provêm de níveis socioculturais assimétricos, embora a prevalência de encarregados de educação com o ensino secundário e a licenciatura concluídos, confiram à turma uma aparente homogeneidade.

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Figura 6: Habilitações académicas dos encarregados de educação.

Pelas características reveladas, concretizou-se uma investigação numa área de trabalho perfeitamente delimitada. Desta maneira, tal como referem Pardal e Lopes (2011), a flexibilidade no recurso a técnicas permitiu a recolha de informação diversificada no que toca à situação em análise, permitindo o seu conhecimento e caracterização.

3.2.1. Acesso ao ambiente natural

De acordo com Bogdan e Biklen (1994), obter autorização para a realização de um estudo envolve mais do que uma bênção oficial, passa por estabelecer uma relação sólida, de modo a ser-se aceite, assim como aquilo que se pretende conceber, fazendo com que os outros sintam que desempenham um papel importante na própria investigação.

O acesso devidamente autorizado ao ambiente natural foi facilitado atendendo, entre outros fatores, ao estatuto não intrusivo de que gozava o investigador, devido ao facto do mesmo ser docente na escola da turma alvo, sendo titular de uma turma de outro ano de escolaridade, em horário diferente, uma vez que a escola funciona em regime de desdobramento. Ficou assim salvaguardado, de acordo com Varela (2009),

6% 13% 31% 4% 44% 2% 6º ano 9º ano 12º ano Bacharelato Licenciatura Mestrado

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um importante pressuposto metodológico, que é o facto de o investigador não ser visto como um outsider, não criando constrangimentos e desconfiança relativamente à permanência na escola e aos objetivos da investigação. Apesar de tudo, a aceitação do estudo e a autorização ao nível da acessibilidade dada ao investigador dependeu de um conjunto de ações metodicamente desencadeadas.

Numa primeira instância, foi dado a conhecer à professora titular da turma o projeto de estudo e o papel que desempenharia ao longo do mesmo. É de realçar e de enaltecer o interesse registado pela professora da turma que, após se inteirar dos objetivos do estudo, prontamente aceitou o desafio, tendo sempre em consideração a mais-valia que o mesmo poderia ser para os seus alunos ao nível do enriquecimento pessoal e académico.

Seguidamente, numa reunião ordinária com os encarregados de educação, foi feito o devido enquadramento e dado a conhecer o projeto de ensino que se pretendia desenvolver. A aceitação foi unânime e a autorização aprovada, uma vez que se encontravam presentes a totalidade dos encarregados de educação. A decisão foi formalizada através da menção registada na ata da reunião e no preenchimento com assinatura do consentimento informado (Anexo 1).

Foi formalmente solicitada autorização à Direção do Agrupamento de Escolas (Anexos 2, 3, 4 e 5) e à Direção Geral da Educação (Monitorização de Inquéritos em Meio Escolar), tendo-se obtido as respetivas autorizações (Anexo 6).

A proteção dos dados dos alunos e a realização da investigação careceu da autorização prévia da Comissão Nacional de Proteção de Dados (Anexo 7).