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3.6 Instrumentos da pesquisa de campo

3.6.4 Seleção Visual

Conforme Rheingantz et al. (2009), a seleção visual é um instrumento utilizado por Henry Sanoff, que também pode ser definido como Photo Questionnaries (1994) ou Visual Preferences (1991). Consiste em disponibilizar aos sujeitos algumas imagens previamente selecionadas e

 permitir que eles discorram sobre seus pontos positivos/melhores ou negativos/piores, neste caso, o número de imagens pode ser maior;

 responder a questões previamente definidas, escolhendo a imagem mais adequada a ela, neste caso, o número de imagens é menor.

Explicitam Rheingantz et al. (2009, p. 64):

Os métodos de análises visuais possibilitam uma abordagem mais “colorida”

processos cognitivos vão além dos mecanismos perceptivos (Del Rio 1996) e incluem expectativas, necessidades, conhecimentos prévios, humores e motivações dos indivíduos. Eles facilitam o reconhecimento das variáveis perceptíveis relacionadas com o grau de familiaridade dos usuários de um determinado lugar, com seus afetos ou Topofilia (Tuan 1980), valores, emoções e com a condição sócio-histórico-cultural. (grifo dos autores).

Mediante o uso desse recurso, objetivamos identificar as preferências das crianças e profissionais sobre os espaços da sala de aula, local em que passam a maior parte do tempo escolar, examinando as concepções, valores e sentimentos apresentados.

As imagens devem estar relacionadas e a sua escolha alinha-se a quatro critérios: “(a) entre si; (b) com o ambiente real analisado; (c) com o aspecto econômico; (d) com o aspecto sociocultural.” (RHEINGANTZ et al., 2009, p. 64).

Para os autores, “[a] escolha cuidadosa e criteriosa das imagens facilita a interação entre o observador e respondentes no processo de identificação e/ou de tradução dos problemas e descobertas” (RHEINGANTZ et al., 2009, p. 69).

Escolhemos como espaço privilegiado para esse instrumento a sala de aula, uma vez que é o espaço de maior autonomia do professor e de maior participação das crianças, quanto à organização. Nesse sentido, foram selecionadas oito imagens de salas de aula de Educação Infantil, tendo como principal critério o arranjo espacial, de maneira que duas imagens foram de carteiras individuais ou “modelo de territórios pessoais”, conforme Forneiro (1998); duas do arranjo espacial visivelmente aberto, de acordo com Campos-de-Carvalho (2011); duas do arranjo espacial aberto, segundo Campos-de-Carvalho (2011) e duas em carteiras em formato de grupo ou “modelo misto”, tal como aponta Forneiro (1998). As imagens selecionadas deveriam ter ausência de figuras humanas, apresentar o máximo possível da extensão da sala de aula e conter elementos presentes na teoria estudada, por exemplo, elementos naturais, painel de exposição, aparelho tecnológico, como se pode observar no quadro abaixo:

Quadro 1 – Seleção Visual

CARTEIRAS INDIVIDUAIS OU MODELO DE TERRITÓRIOS PESSOAIS Figura 1 – Carteiras individuais enfileiradas

Fonte: Colégio Cene (2012)

Figura 2 – Carteiras individuas em arco

Fonte: Colégio Discere Laboratum (2011) ARRANJO VISUALMENTE ABERTO

Figura 3 – Arranjo visualmente aberto com tapete central

Fonte: Ser mãe é tudo (2015)

Figura 4 – Arranjo visualmente aberto

Fonte: Baú de atividades (2015) ARRANJO ABERTO

Figura 5 – Arranjo aberto com tapete frontal

Fonte: Elaborada pela autora (2015)

Figura 6 – Arranjo aberto com tapete central

Fonte: A saber (2011) CARTEIRAS ORGANIZADAS EM GRUPOS OU MODELO MISTO

Fonte: Oliveira (2008) Fonte: DesignShare (1998-2014) Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Nesta seção, buscamos esclarecer nossa concepção de criança, nos posicionar sobre a capacidade de realizar pesquisa, tendo as crianças como parceiras, e elucidar sobre os cuidados e adaptações necessárias para que os adultos compreendam a voz infantil. Apresentamos também o percurso metodológico delineado para o desenvolvimento da investigação, relatamos os caminhos da pesquisa, sua caracterização, os sujeitos da pesquisa e os instrumentos de recolha de dados. Na próxima seção, apresentamos os dados recolhidos e os analisamos, à luz do referencial teórico.

IV APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS: CONCEPÇÕES E EXPECTATIVAS DE CRIANÇAS E DE PROFISSIONAIS

Nesta seção, apresentamos e analisamos os dados recolhidos, à luz do referencial teórico. Investigamos as concepções e as expectativas das crianças e dos profissionais sobre o espaço educacional, a qualidade da organização do espaço, e identificamos os avanços, contradições e dificuldades quanto ao espaço materializado no cotidiano escolar.

Para tanto, foi necessário dividir esta seção em três partes. Na primeira parte, apresentamos e analisamos o prédio escolar, os espaços utilizados pelas crianças, sujeitos da pesquisa, e detalhamos o espaço da sala de aula, com base nos documentos legais e no referencial teórico. Na segunda parte, avaliamos os desenhos e a seleção visual das crianças, no intuito de compreender como elas concebem o espaço e como o idealizam. Na terceira, focalizamos e analisamos a concepção e expectativa sobre espaço escolar dos profissionais da educação.

Num primeiro momento, nós nos detemos em explicitar qual é o espaço sobre o qual estamos tratando. Fornecemos uma visão geral do prédio da instituição e dos espaços de uso coletivo. Em seguida, realizamos uma descrição e análise detalhada do espaço da sala de aula (mobiliário, materiais, estrutura física) das crianças que selecionamos como sujeitos da investigação. Para realizarmos a recolha dos dados necessários para a avaliação, fizemos observação do ambiente escolar, fotografamos os espaços e promovemos conversas informais com os profissionais da educação envolvidos com a pesquisa.

Com essas premissas, partimos de uma descrição do espaço da instituição de Educação Infantil com algumas inferências quanto a sua adequação ao que é preconizado nos documentos oficiais, especificamente nos Parâmetros Básicos de Infraestrutura da Educação

Infantil (BRASIL, 2006a). Recorremos ao nosso referencial teórico para fundamentar as

nossas análises sobre o espaço em questão.

O foco foram os espaços usados pelas crianças do Pré II, considerando como elemento norteador para a nossa avaliação os espaços utilizados durante a rotina, indicados pela orientadora pedagógica (Anexo A). Desse modo, são destacadas as características principais dos seguintes espaços: parque, quadra, banheiros, refeitório, sala de televisão, brinquedoteca, sala do sono e recepção. Também apresentamos, brevemente, outros espaços da escola que não são utilizados pela turma, mas que poderiam ser aproveitados.