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- Eis o Cordeiro de Deus!: João agora não tem o foco na ação de Jesus, por isso, não acrescenta o que já tinha dito: “que tira o pecado do mundo”. Sua intenção é mostrar a pessoa de Jesus e ajudar os que o escutavam a penetrar na revelação de Deus que se fazia diante dos olhos de todos.

- Ouvindo essas palavras: Na tradição judaica, valoriza-se muito o “ouvir”. É preciso conhecer a tradição dos pais, a lei de seu povo, o que foi construído na história para, no caminho, construir sua identidade como discípulo. O testemunho da luz, com efeito, é uma cadeia ininterrupta que, passando pelos profetas e sábios antigos, chega a reconhecer, com João, a glória da Palavra que se fez carne. O Batista é o elo entre as antigas e as novas testemunhas, entre os que intuíram e predisseram e os que viram, ouviram e tocaram (cf. 1Jo 1,1ss.). Ele vê finalmente realizada a profecia feita a Israel.

- O que estais procurando?: É a primeira vez que Jesus fala no Evangelho de João. Sua pergunta parece simples e referente ao mundo externo: o que os discípulos queriam? Mas, na verdade, Jesus toca seus interesses mais profundos. Quer saber qual é o desejo que trazem, as - Os dois discípulos seguiram Jesus: Basta que os discípulos de João escutem que o Messias chegou para que abandonem tudo o que faziam, inclusive seu mestre temporário, João Batista, e tornem-se discípulos daquele para quem João aponta. Certamente traziam no coração a mesma esperança que o próprio Batista tinha de ver o Messias e participar desse novo tempo para a humanidade.

- Olhando Jesus caminhar: O termo “ver” (blépei), de Jo 1,29, agora é apresentado com

maior intensidade (no grego, emblépsas). É um olhar que tem mais intensidade, que tenta

assimilar o mistério de Deus que caminha diante dele. Ninguém sabe para onde Jesus caminha ou o que fará. Mas João sabe mais que todos os que estão olhando para Jesus, sabe que ele vem de Deus! E irá ensinar a todos, mais uma vez.

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nquanto Marcos, Mateus e Lucas mostram o chamado dos apóstolos no contexto da

profissão que exerciam (Mc 1,16-20; Mt 4,18-22; Lc 5,1-11), o Evangelho de João apresenta a constituição do grupo dos doze como um prolongamento da missão de João Batista. Aquele que escutou com o coração aberto o ensinamento de João, pode prontamente abandonar tudo e começar a seguir o Messias que está no meio do povo!

- João estava de novo com dois de seus discípulos: João Batista pregava algo muito novo para a época histórica em que viveu: ensinava que o perdão de Deus não acontecia somente a partir dos sacrifícios e rituais do templo, mas podia acontecer fora dele, nas águas do Jordão. Com isso, muita gente certamente se aproximava do Batista para aprender esse novo ensinamento que ele tinha. 5 25 75 95 100

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esperanças que os movem a seguir um ou outro Mestre.

- Onde moras: Assim como Maria Madalena (Jo 20,15), diante da pergunta: “que procurais”, os discípulos também querem saber onde Jesus está. Seu pensamento está em concepções terrestres. A resposta dos discípulos põe em relevo a dificuldade de pensar no Messianismo longe das categorias terrestres.

- Vinde ver: Ele é o Mestre que ensina, mas que convida ao seguimento para que, dia após dia, o discípulo assimile seu ensinamento. Para o Evangelho de João, quando o verbo “vir” é relacionado com Jesus, representa, em geral, “acreditar nele”. Nas bodas de Caná, no cap. 2 de João, aqueles que seguem Jesus são convidados a ver a glória de Deus (Jo 2,11). “Vejam” é a ação própria de quem nasce para uma nova condição de vida, como a criança que vem à luz. “Vir” é uma atitude do ser humano todo; “ver” é a porta do coração: faz entrar o que está fora e sair o que está dentro.

- Foram pois ver onde ele morava: De fato, dois discípulos de João Batista acolhem o seu testemunho sobre Jesus e o seguem, sem levantar nenhuma questão, a resposta é imediata! “Seguir” significa ir atrás, fazer o mesmo caminho. “Seguir Jesus” é bem a síntese da experiência cristã! Seguindo Jesus, encontram o que procuram e ficam com ele, que, desde sempre, vive junto do Pai.

- Nesse dia, permaneceram com ele: No texto grego pode-se ler que, naquele dia, eles “moraram junto dele”. O leitor do Evangelho de João logo percebe que Cristo mora na intimidade com Deus e todo aquele que se encontra com ele, participa da relação de amor que Pai e Filho constroem e dão de presente ao homem.

- Encontramos o Messias: Aqueles que haviam escutado o testemunho de João, tinham todas as condições internas para reconhecer Jesus e passar a segui-lo. Os que se encontram com Jesus tem uma reação espontânea e imediata: passam, também eles, a ser testemunhas do que experimentam! O testemunho se difunde como um contágio, como fogo que se propaga: os pontos são muitos, mas o foco inicial é um só. O testemunho de João toca André, André conduz Simão a Jesus, vem, depois, Filipe, que leva o incrédulo Natanael a “vir e ver” Jesus (vv. 45-50).

- Jesus olhou bem para ele e disse: "Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas: O

olhar de Jesus penetra o coração de Pedro. O verbo grego usado, emblépsas, indica “olhar com

profundidade”. Cristo é aquele que conhece as intenções do homem, sonda seu coração e o acolhe no seu plano salvador.

- Rabi (que quer dizer: Mestre): O Evangelho de João dá a Jesus o título de Rabbi oito vezes

e, por uma vez, chama-o Rabbuni (Jo 20,16).

Sempre que nos aproximamos de Jesus, podemos escutar sua desafiadora pergunta: “O que estás procurando?” É uma boa oportunidade para sondar nosso interior e descobrir o que nos move, as intenções que alimentam nosso coração e qual é o fim almejado para a nossa existência. Ao olhar para dentro, é fácil perceber como todos nós queremos a experiência de “morar com”. Sondamos o Mestre para ver onde ele mora, porque as questões mais importantes para o coração falam de afeto, de colo, da experiência do cuidado e ajuda mútua que temos na nossa relação em casa. Isso torna a vida humana. O chamado de Jesus para hoje não é outro, senão “Venham e vejam”. Somos convidados a acolher o caminho que Cristo nos oferece, para, no caminho, deixarmos o coração ser tocado pela vida do Mestre. Assim, poderemos também começar a “viver com ele”, tendo a mesma casa – no fundo, a mesma relação de amor que Jesus tem com o Pai: sermos filhos e filhas amados e amadas por Deus.

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No início do Evangelho de João, duas cenas chamam a atenção. Ambas ligadas ao ver. A primeira cena (cf. Jo 1,35-39) narra João Batista que, acompanhado de dois de seus discípulos, aponta para Jesus, indicando-o como o Cordeiro de Deus. Por causa do que dissera João, os dois discípulos passaram a seguir Jesus. O Cristo, ao perceber a aproximação dos dois discípulos, lança uma interpelação, a respeito do que queriam. Uma pergunta surpreendente e inesperada parte dos dois discípulos: “Mestre, onde moras?”. Buscar saber onde mora o Mestre Jesus significa querer conhecer sua intimidade, descobrir quem ele realmente era. Em casa, geralmente somos quem somos.

A segunda cena (cf. Jo 1,43-51) também diz respeito à dinâmica de seguimento de Jesus. Nela, é-nos narrado que, no dia seguinte ao episódio com os dois discípulos de João, Jesus decidiu partir para a Galileia. Lá, ele encontrou Filipe, a quem tão logo lançou o convite: “Segue- me!”. Filipe, por sua vez, ao encontrar Natanael, contou-lhe ter encontrado a Jesus de Nazaré, aquele a respeito do qual havia escrito tanto Moisés quanto os profetas. Natanael, duvidoso acerca do lugar de onde vinha Jesus, logo pergunta: “De Nazaré pode sair algo de bom?”. A ironia joanina é perceptível: na cena anterior, os dois discípulos foram à casa de Jesus e com ele permaneceram. Aqui, Natanael lança dúvidas. Filipe, então, lança o convite-desafio: “Vem e vê!”. Tal como os dois primeiros discípulos, Natanael também vai, em busca de ver. O encontro com Jesus é significativo. O Mestre já havia reparado em Natanel: “[...] eu te vi”.

Ver, aqui, tal como podemos perceber, é mais que uma atividade ocular. Trata-se de contemplar, em profundidade, a vida de Jesus, partilhando com ele da sua vida inteiramente doada. É o olhar que torna possível o apaixonamento. Apaixonar-se por Jesus e por sua causa, deixando que o despertar nascido do encantamento nutra um profundo e autêntico amor, capaz de fazer com que a ele fiemos nossa vida, é convite sempre aberto – e necessário – a cada pessoa, sobretudo àquelas que se reconhecem como cristãs. Ele nos viu por primeiro e isso nos abre a uma grande possibilidade: deixarmo-nos por ele ser cativados, adentrando a profundidade de sua intimidade. Que o seu convite ecoe em nós: “Vinde e vede!”.

“VINDE E VEDE!” O CONVITE À INTIMIDADE DE JESUS

Felipe Magalhães Francisco

A resposta de Jesus não foi a de quem passou um endereço; ou de quem deu a indicação, com referências, de onde residia. A resposta dele foi um convite: “Vinde e vede!”. Esse é um convite estendido a cada discípulo e discípula, de todos os tempos. Ele próprio nos abre à possibilidade de adentrar sua intimidade, de compartilhar de sua vida, que continua dando sentido a tanta gente, ainda hoje. Ir ver onde mora Jesus é agradável e suave tarefa pressuposta a todo discípulo e discípula. Faz parte do processo discipular conhecer a intimidade do Mestre. A narrativa continua dizendo que os discípulos foram com Jesus, viram onde morava e que permaneceram com ele. Interessante é o detalhe que João nos traz: era por volta das quatro horas da tarde! A nós, que nos pretendemos discípulos e discípulas de hoje, quando se deu ou se darão as nossas “quatro horas”?

Santos do dia: Antão (250-356). Sulpício II de Bourges (615-647). Bento (Benedito) Biscop

Baducing (628-689). Gamelberto (VIII século). Roselina de Villeneuve (1263-1329).

Testemunhas do Reino: Sílvia Maribel Arriola (El Salvador, 1981). Ana Maria Castillo (El

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