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- A resposta é outra... porque a questão também é outra. Não é o redentor que precisa ser redimido. Somos nós, pecadores, que precisamos, e ele veio ao nosso encontro, entrando na nossa situação, “na fila dos pecadores”. Jesus se revela o Filho justamente indo ao encontro dos irmãos mais necessitados, os pecadores, isto é, todos.

O

centro do evangelho do Batismo de Jesus são as palavras do Pai: “Tu és o meu filho amado; em ti ponho meu bem-querer.” Que é uma citação do Salmo 2,7, que fala da entronização real.

- Deus teria mil maneiras de se apresentar a nós. Mas escolheu bem essa: entrar na fila dos pecadores. Um escândalo, quer dizer, uma dificuldade enorme para a fé na filiação divina do redentor. O redentor precisa ser redimido?

- O batismo representa a opção mais fundamental de Jesus, que é a solidariedade. Esta

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Dia 10 de Janeiro -

Domingo - Batismo do Senhor - Festa

- Deus é muito diferente do que toda religião afirma e do que todo ateísmo nega: quem imaginaria um Deus na fila dos pecadores, arrastando-se na terra poeirenta do pecado, solidário conosco até esse ponto? Esta imagem de Deus ninguém seria capaz de construir; se alguém a propusesse, seria acusado de blasfemo. Mas é justamente esta a imagem de Deus que o Batismo descerra: a imagem de um Deus que ninguém jamais viu, e que, agora, descobre o seu verdadeiro rosto. O resto é humana invenção.

Celebrar o batismo de Jesus nos faz refletir sobre o sentido do nosso batismo. Ser batizado significa ser mergulhado, ir às profundezas. O batismo representa o destino de toda realidade humana, que, mais cedo ou mais tarde, é tragada pelo caos do qual foi arrancada (Gn 1,2). O batismo exprime o reconhecimento do limite próprio da criatura que se reconhece limitada e mortal. O reconhecimento, porém, da própria morte vem acompanhado pela contestação da morte. O desejo de vida fala mais alto. É marca registrada do ser humano: ele reconhece que não é Deus, pois é mortal, mas deseja ser como ele, imortal, porque criado à sua imagem e semelhança.

- O batismo é a porta de entrada no evangelho. Quem não entra por ela fica preso nas próprias expectativas religiosas e acaba não conhecendo nem Deus nem o seu dom.

escolha brota da sua natureza de Filho. Conhecendo o amor do Pai, deseja manifestá-lo a todos por meio da sua fraternidade, do seu amor aos irmãos e irmãs.

- A decisão de Jesus de fazer-se batizar é impressionante. João mal acabara de dizer que viria outro, mais forte do que ele, e que este outro os batizaria com o Espírito Santo (Mc 1,8), quando este outro entra em cena, surpreendendo a todos: é batizado por João Batista (v. 9). Ninguém imaginaria que o Senhor mergulharia tão fundo na nossa humanidade para nos arrancar das garras do pecado e da morte. Ele nos ama tanto que quer se unir a nós; já que não podemos subir até ele, ele desce até nós, até o fundo de nossa miséria. Como dirá Paulo: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Cor 5,21; cf. 1Jo 3,5; Rm 8,3; Gl 3,13; Is 53,5-12; 1Pd 2,24).

- De acordo com os Sinóticos, é assim que Jesus dá início ao seu ministério. Ao invés de grandes discursos programáticos – enquanto escrevo, sou obrigado a ouvir infames discursos políticos – Jesus age; ao invés de ficar em cima do muro, Jesus faz uma opção clara; ao invés de se deixar levar pelo ambiente e pelas circunstâncias, assume para valer um estilo que orientará toda a sua vida!

- Neste sentido, a cena do Batismo descreve na maneira mais divina o mistério da Encarnação: o Filho se fez homem, solidário conosco em tudo, para que nós nos tornássemos Deus, solidários com Ele em tudo. A sua humanidade é, como insistia Santo Irineu de Lião, o princípio da nossa divinização!

- A cena inicial do ministério público antecipa a cena final (Mc 15,27-39). No Batismo, põe- se na fila dos pecadores; na Paixão, é colocado na cruz entre os pecadores. No Batismo, inicia seu serviço real (= de rei); na Paixão, está definitivamente sobre o trono (da cruz). No Batismo, mergulha na água da qual todos nascemos; na Paixão, será afogado na morte como um malfeitor, como todos nós (cf. Rm 3,9-18). No Batismo, se rasgam os céus; na Paixão, se rasga o véu do Templo. No Batismo, desce o Espírito; na Paixão, expira, dá o último suspiro, entrega o espírito. No Batismo, uma voz do céu o proclama Filho; na Paixão, uma voz que representa toda a terra (o Império Romano, que dominava o mundo) o reconhece Filho de Deus!

- É por isso que dizemos que o Batismo tem um caráter “passional”, quer dizer, tem uma relação íntima com a Paixão e a Morte de Jesus. Revela a paixão que Deus tem por nós, paixão que se torna com-paixão (= sofrer junto) e não nos abandona jamais. O batismo é como uma semente, que já contém em si a árvore, as flores, os frutos. O batismo contém a grande árvore do Reino, a Cruz, que, fincada na terra, florescerá (ressurreição) e dará muitos frutos (pentecostes).

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Dia 10 de Janeiro -

Domingo - Batismo do Senhor - Festa

Pe. Thomas Hughes

Um dos sentidos mais importantes do nosso batismo também é o nosso compromisso público com a vontade do Pai. Todos nós podemos sentir a veracidade da mesma frase usada pelo Pai diante de Jesus – cada um(a) de nós também é verdadeiramente filho(a) do Pai celeste (cf. I Jo 3,1), a quem aprouve escolher-nos. Nada pode nos separar desse amor divino – nem a nossa fraqueza, nem o pecado (cf. Rm 8,39). O que é importante é reconhecer que Deus nos amou primeiro, incondicionalmente, e cabe a nós responder a este amor gratuito por uma vida digna de filhos e filhas do Pai, no seguimento de Jesus (cf. 1Jo 4,10-11). Jesus não achou privilégio ser o amado do Pai, mas assumiu as consequências – uma vida de fidelidade, que o levaria até a Cruz e a Ressurreição! (cf. Fl 2,6-11) Celebrando essa festa litúrgica, renovemos o compromisso do nosso batismo, comprometendo-nos com o seguimento do Mestre, no esforço de criação do mundo que Deus quer, um mundo onde reinam o amor, a justiça e a verdadeira paz. O nosso batismo confirma que somos parceiros de Deus no ato permanente de criação, fazendo crescer o Reino dele, que “já está no meio de nós” (cf. Mc 1,14).

“TU ÉS O MEU FILHO BEM-AMADO; EM TI ENCONTRO O MEU AGRADO”

Nesse Domingo, que comemora o batismo de Jesus, mais uma vez encontramos a figura do Precursor, João Batista, que foi uma das principais personagens das liturgias do Advento. Mas, na leitura de hoje, a ênfase mesmo está na aceitação não somente do batismo de João [por parte de Jesus], mas de quem viria depois dele: literalmente “atrás de mim” [de João]. A expressão, que denota a dignidade, como em um cortejo, põe toda a importância na pessoa que vem – pois tirar as sandálias era serviço de um escravo. Jesus é o mais importante, pois com a vinda dele inaugura-se o tempo de salvação, esperado naquele tempo por muitas pessoas e grupos (como os Essênios) somente para o fim dos tempos.

Nesse texto de Marcos, o interesse volta-se menos para o batismo de Jesus como tal, e mais para a revelação divina que se lhe seguiu. Sendo batizado por João, Jesus coloca-se dentro da humanidade caída, e publicamente assume o compromisso com a vontade do Pai. A frase “viu os céus rasgarem-se e o Espírito como uma pomba descer sobre si” enfatiza que Deus intervém para realizar as suas promessas (cf. Is 63,19) através do envio do Espírito Santo. Descendo sobre Jesus, o Espírito o designa como sendo o Salvador prometido e esperado. A voz do Pai confirma que Ele reconhece Jesus, desde o início do seu ministério público como seu Filho (cf. Sl 2,7), seu bem- amado, objeto da sua predileção.

Santos do dia: Nicanor (séc. I). Agatão (+681). Aldo (século VIII). Pedro Orseolo (928-987).

Gregório X (1210-1276). Francisca Salésia Leônia Aviat (1844-1914).

Testemunhas do Reino: Pedro Joaquim Chamorro (Nicarágua, 1978). Dora Azmitía

(Guatemala, 1982). Ernesto Fernández Espino (El Salvador, 1985).

Memória Histórica: Primeira Impressão Completa do Novo Testamento em Grego (1514).

Greve de 5 meses dos sapateiros de São Paulo pela jornada de 8 horas (1911). Criação da Liga das Nações (1920).

Disse João Batista a respeito da atividade de Jesus: “Esta é a minha alegria, e ela é muito grande. É preciso que ele cresça e eu diminua.” (Jo 3,29-30)

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