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CAPÍTULO II – SEMILIBERDADE: O RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA

2.1 SEMILIBERDADE NO PARANÁ: UMA EXPERIÊNCIA EM CONSTRUÇÃO

A primeira unidade de semiliberdade que foi inaugurada dentro de um novo projeto de execução da medida socioeducativa de semiliberdade foi a Casa de Semiliberdade de Foz do Iguaçu, PR, em 27/03/2009, ainda na gestão da extinta Secretaria da Criança e da Juventude (SECJ) do Estado do Paraná. Este projeto era parte das ações governamentais de reestruturação das medidas socioeducativas que visavam a adequar-se às novas exigências legislativas descritas inicialmente na Resolução nº 119/2006 do CONANDA, relativa ao SINASE, e tinha como embasamento as práticas socioeducativas em novos paradigmas, calcados nas tendências e discussões modernas.

O novo projeto previa a ampliação das medidas de semiliberdade, com a construção e organização de seu funcionamento adequado às ideias do SINASE, com base na referida resolução nº 119/2006, sobre o sistema brasileiro de socioeducação. Tal documento era detalhado e específico quanto ao mínimo de funcionários, máximo de adolescentes a serem atendidos e estrutura arquitetônica, diferentemente do que prevê o texto de Lei do SINASE, que não detalha estas questões.

Seguindo as orientações internacionais e discussões do direito penal adulto, o modelo adotado para execução da semiliberdade nessa nova proposta foi alicerçado no modelo da prisão albergue. Contudo, antes de o Estado do Paraná tentar consolidar tal modelo, também adotou outros como o semelhante ao de Montesino, ligado ao sistema progressivo, uma vez que como afirma Silveira (1971) para ser uma modalidade de semiliberdade deve o estabelecimento prever condições para que o recluso saia durante algumas horas definidas para trabalhar ou dedicar-se a alguma atividade educativa. Até chegar a este modelo de prisão albergue, o Estado do Paraná passou por vários processos para implementação das ações nesta área. Os trabalhos sobre a questão social das crianças e dos adolescentes têm como marco inicial o Regulamento de 08 de abril de 1857, que relaciona a obrigatoriedade de educação dos meninos e meninas pobres. A partir do Juízo Privativo de Menores de Curitiba, iniciou-se a estruturação das ideias legislativas relacionadas ao encarceramento no Paraná, com a promulgação da Lei nº 887, de 12 de abril de 1909, que instituía a criação da primeira colônia infantil em Curitiba, conforme descreve Mocelin

(2007). Nesta lei, se previa para as crianças pobres uma educação baseada na moral, no civismo, na profissionalização e na disciplinarização, como expresso no texto legislativo:

Art. 2º O estabelecimento de educação creado por esta lei propõe dar á infancia, moral e materialmente desamparada, um lar modesto, mas affectuoso, e a formar della um agente de producção pelo ensino de officio que a torne util ao meio so- cial onde se agita.

Art. 3º Tendo por base de sua organisação o ensino agricola, reconhecido como o mais efficaz, como agente educativo, a Colonia Infantil será estabelecida na parte não cultivada do Campo de Experiencias do Bacachery em area previa e perfeitamente limitada, mas de modo que a aprendizagem theorica e pratica de agronomia e zoothecnia possa ser feita, sem aumento de despezas. (PARANÁ, 1909 apud DIEZ, 1993).30

A materialização deste trabalho começou no Decreto nº 943, de 17 de agosto de 1920, com a implementação do juizado, que iniciou a administração dos então fundados Abrigos31, Escolas de Preservação32 e de Reforma 33 a partir da formação de suas equipes em 25 de janeiro

de 1926, conforme dados presentes em textos de Diez (1993; 1998) sobre as práticas sociais e reeducação de “menores”34 no Paraná na época das “Escolas de Reeducação”. Com respaldo nos decretos e nas portarias que possibilitaram a construção do Código de Menores de 1927, conhecido como Código de Mello Mattos, que desde a Lei de 1909 já propunha a reeducação das crianças a partir do método de disciplinarização, contribuintes da ideia do encarceramento, pensa- se que de forma embrionária já nasciam os parâmetros que sustentaria a proposta de execução da atual medida socioeducativa de semiliberdade, já prevista no texto legislativo do Código de Menores de 1979. Tal análise advém da ideia de criar um espaço educacional não 30 Preservado a redação original.

31 Termo aqui apresentado conforme compreensão do Código de Menores de 1927, que encaminhava crianças e

adolescentes, intitulados menores, a “abrigos” se fossem encontrados abandonados e/ou tivessem cometido um crime ou uma contravenção. Nestes “abrigos”, os encaminhados passavam por uma avaliação médica e pedagógica para posterior condução do processo judicial e encaminhamento adequado. A legislação previa abrigos provisórios, para avaliação da situação e posteriores encaminhamentos cabíveis conforme cada caso, devendo ser separados por sexo, idade e “perversidade”, conforme expressão do próprio código. Cada abrigo também deveria ter um regimento interno aprovado pelo judiciário.

32 Local designado e criado, conforme Código de Menores de 1927, para acolher os “menores” que habitualmente

praticavam vadiagem ou mendicância, devendo ficar lá até a maioridade.

33 Termo usado pelo Código de Menores de 1927 para designar o local em que crianças e adolescentes, denominados

menores, fossem educados, recebendo escolarização, atividades profissionalizantes e de lazer, nos casos em que seu processo judicial havia determinado a internação. Os que não fossem abandonados ou “pervertidos”, nem pudessem ser, poderiam ficar de 1 a 5 anos e os “pervertidos” por no mínimo 3 e no máximo 7 anos. O objetivo era “regenerar” por meio de “trabalho”, “educação” e “instrução”, conforme o código.

34 O uso das aspas é para destacar que o termo era usado na época das escolas de reeducação, atrelada a concepção do

necessariamente com muros altos, grades ou muralhas, mas instituições educacionais que deveriam, em parceria com a sociedade civil, criar condições de reeducar crianças e adolescentes, a exemplo do Abrigo e Escolas de correções criadas na época.

Diez (1993) cita que a Lei nº 887/1909 e sua proposição de organizar e executar uma colônia penal abriu portas para as discussões que culminaram posteriormente na Lei nº 1663/1917, que autorizou o Estado a construir as colônias correcionais em cidades litorâneas, como Antonina e Paranaguá. Inicialmente, as estruturas utilizadas eram as filantrópicas, como os Asilos, e posteriormente foram construídos espaços próprios para o desenvolvimento das designadas Escolas. Sobre as práticas pedagógicas, Mocelin (2007), considerando os escritos de Diez (1993), relata que tais escolas eram calcadas nos ordenamentos religiosos, que dirigiam as unidades destinadas às crianças e aos adolescentes, conforme encaminhamento judiciário. Cabe pontuar que as escolas de preservação visavam a preservar as crianças e os adolescentes da pobreza, sendo que aqueles tidos como criminosos eram competência das escolas de reforma, cujo objetivo deveria ser reformá-los. Contudo, a delimitação entre preservação e reforma foi se perdendo.

Diez (1993; 1998), em sua reconstituição histórica, pontua que em 1936 foram inauguradas as três escolas de reforma, em Piraquara, Curitiba e Paranaguá, e em 13 de maio de 1947, por meio do Decreto-Lei nº 615, o primeiro abrigo provisório35, sob o comando do Departamento de Assistência Social (DAS), órgão da Secretaria da Saúde e Assistência Social (SAS). A expansão das escolas ocorreu, de forma que se passou a separar os meninos das meninas e os que estavam provisoriamente abrigados aguardando decisão do juiz, hoje as denominadas internações provisórias.

Sobre este processo, Silva (2009) na dissertação sobre a educação de crianças desvalidas em instituições de assistência à infância entre 1947 e 1957 em Curitiba, também detalha este percurso de implantação dos abrigos provisórios. A autora aponta em seu trabalho acadêmico a forte relação entre a assistência social e a saúde, como modelo de atendimento às crianças, em que o DAS tinha como objetivo, conforme decreto, proteger as crianças desvalidas. Devido a mudanças políticas e transições governamentais, em 1951 o DAS ficou sob a responsabilidade da Secretaria de Estado dos Negócios do Trabalho e Assistência Social (SNTAS), seguindo a promulgação da Lei nº 682, de 12 de setembro de 1951. Cabe ressaltar que, independente da 35 Criado pela Secretaria de Saúde e Assistência Social (SAS), num edifício que havia sido construído para ser um

Secretaria a que o DAS estava vinculado, seu trabalho devia estar ancorado nos fundamentos do Código de 1927 (SILVA, 2009).

Silva (2009) também salienta que em 1953, por direcionamentos do Juízo de Menores da Capital, os até então “abrigos” e escolas de reforma foram modificados para ser educandário36,

com intenção de promover alterações no formato de atendimento. Tal ação teria sido fruto das diversas dificuldades encontradas no trabalho dos abrigos, escolas de reforma e centros de formação quanto às más condições de trabalho, superlotação, falta de um trabalho de fato educativo, falta de espaço, condições inapropriadas de saúde e higiene.

Neste percurso, várias alterações foram realizadas, como mudanças de locais e espaços de funcionamento das unidades, a exemplo da antiga Escola de Reforma Feminina, que passou para a administração das Irmãs Passionistas em 1969, tornando-se Educandário Yvone Pimentel, em funcionamento até 1976 (DIEZ, 1993). Mocelin (2007) e Diez (1993) também descrevem que Entre 1976 e 1981 as adolescentes com problemas de condutas alternavam sua permanência por diversas instituições. Ressalta-se que não se conseguiram elementos suficientes para expor sobre os processos contínuos e descontínuos da história de construção destes serviços e instituição, sendo expostos os fatos para ilustração.

Considerando os limites de informações sobre as concepções e história dessas instituições, Diez (1993) e Mocelin (2007) expõem que em 1981 novas ideias concretizavam-se a partir da administração da assistência à infância pelo Instituto de Assistência ao Menor37 (IAM), que criou a primeira unidade de semiliberdade destinada especificamente às meninas. Este primeiro modelo foi aplicado entre 1981 e 1983, num formato de uma casa residencial em uma vila comunitária, considerada na época como parte do regime aberto38, conforme dados e análise do histórico

apontado por Mocelin (2007).

36Termo usado para designar os locais que recebiam os também menores sentenciados judicialmente para internação

em regime educacional ou de semiliberdade, tais locais substituíram com a implementação do Código de Menores de 1979 os “abrigos” e a “escola de reforma” – organizavam-se mudanças, mas se mantinham alguns princípios.

37 Em 1962, pela Lei nº 4.167, de 16 de julho de 1962, foi criado o IAM no Paraná, dois anos antes da criação da

FUNABEM. Em 1974, tal instituto tornou-se subordinado à Secretaria de Estado da Saúde e do Bem-Estar Social. Em 1987, ele foi extinto, e posteriormente ligado a FASPAR (MOCELIM, 2007, p. 75).

38 Noção atrelada à concepção de um trabalho semelhante ao do adulto, conforme Código de Menores de 1979. O

termo regime não é mais adotado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), pois se mudou a concepção. No regime, a ideia é que primeiro se passa por um regime mais rígido, como o fechado, e se houver bom comportamento se conquista outros. Na ideia do Estatuto, a instituição do termo medida socioeducativa, visa a alterar tal ideia, alterando a ordem das coisas, devendo ser primeiramente aplicada uma medida em meio aberto para, se não houver êxito, se aplicar uma mais rígida ou gravosa, como a internação em estabelecimento fechado.

Devido aos obstáculos para a funcionalidade desta experiência na época, associados aos conflitos interpessoais entre as adolescentes e a equipe, o uso de drogas e as fugas, a equipe técnica daquela época dentro do IAM elaborou uma nova proposta nos moldes do sistema de progressão, como o de Montesinos. Nesta nova proposta, antes de as adolescentes irem para a casa do regime considerado aberto (prisão albergue), deveriam passar pela experiência de semiliberdade a partir do regime fechado (MOCELIN, 2007; DIEZ, 1993). Assim, foi inaugurado, em 1985, o atual Centro de Socioeducação Joana Richa39, na época intitulado

Unidade Social Joana Richa, que aplicava as modalidades de internação, internação provisória e semiliberdade a adolescentes autoras de atos infracionais no Estado. A unidade feminina de semiliberdade ainda permanece no mesmo endereço, junto ao espaço da atual Unidade Joana Richa, mas desde 2009 desvinculada do processo de aplicação da medida de internação e da internação provisória, ou seja, com o formato de prisão-albergue novamente, mas em uma estrutura arquitetônica antiga reformada em 1985.

Sobre este percurso histórico, Mocelin (2007) também destacou que em 1987 o IAM foi extinto, já sob a administração da Secretaria de Estado da Saúde e do Bem-Estar Social, passando suas ações a serem executadas pela Fundação de Ação Social do Paraná (FASPAR), que havia se tornado Instituto de Ação Social do Paraná (IASP), conforme Decreto nº 959, de 28 de junho de 1985. Neste mesmo ano, o Instituto de Ação do Paraná (IASP) tornou-se responsável pela articulação da política e estava interligado à FASPAR e à Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social do Estado (SETP). O IASP era uma autarquia estadual destinada a gerenciar os recursos do Fundo da Infância e Adolescência (FIA), gerido pelo Conselho Estadual de Defesa de Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA), e conforme explicitado por Mocelin (2007) destinava-se a atender crianças e adolescente em risco social e familiar, bem como os que se envolviam com atos infracionais.

Com este histórico traçado por Diez (1993) e Mocelin (2007) percebe-se que o modelo atual de organização da medida de semiliberdade adotado pelo Paraná e previsto na legislação do SINASE, de 2012, teve no Paraná sua primeira experiência em 1981, numa unidade destinada ao sexo feminino. Já a primeira casa de semiliberdade masculina foi inaugurada, na direção do IASP, em Ponta Grossa, para atender até 12 adolescentes, em 04 de dezembro de 1996, a partir de uma parceria com o governo municipal. Na época, tal instituição era intitulada Casa Sebastião 39 A denominação de CENSE dos antigos Educandários ou Unidade Social ocorreu no período ainda de gestão da

Osório Martins – Programa de semiliberdade, conforme notas expressas em notícias do site oficial da Secretaria Estadual da Família e Desenvolvimento Social, atualmente gestora do sistema estadual de socioeducação.

A segunda unidade foi construída em Londrina com previsão de duas casas, cada uma com previsão de atender 9 adolescentes, sendo uma das casas inaugurada em 12/06/2000 e a outra em 12/09/2008, esta última já dentro do processo de reestruturação do sistema socioeducativo do Paraná, conforme normativas relacionadas ao SINASE. Posteriormente em 2000, ocorreu a inauguração da unidade masculina de Curitiba, já com a participação do Estado, datada do ano de 2004, conforme informações verbais de membros da SEDS. Esta tinha uma estrutura física com cinco casas, sendo uma administrativa, mas atualmente esta unidade possui três casas em funcionamento, duas para adolescentes e uma para a equipe, com capacidade para atender 18 adolescentes, conforme informações conhecidas pela pesquisadora por sua experiência como servidora da SEDS e profissional de uma unidade de semiliberdade.

Ressalta-se que em 2006 havia duas unidades masculinas de semiliberdade em funcionamento em Curitiba, uma sob a administração direta do Estado e outra executada em parceria com a iniciativa privada por organização não governamental (ONG): o Instituto Salesiano40, as demais eram administradas diretamente pelo Estado. A unidade da ONG Instituto Salesiano executou a medida de semiliberdade até o ano de 2006, conforme notícias do próprio site da entidade e dissertação de Mocelin (2007), contudo não há registro específico da data de início ou a data exata da interrupção do trabalho em parceria com a sociedade civil.

Conforme informações verbais de servidores participantes da gestão da extinta SECJ, a desvinculação da parceria com a instituição filantrópica ocorreu após estudo sobre os custos da medida de execução por ONG ou por iniciativa pública, levando à definição da prioridade de o Estado realizar construções públicas para a execução da medida de semiliberdade. Além disso, as ações visavam ao aumento de vagas conforme as determinações judiciais para internação, o incentivo de medidas em meio aberto e a ampliação das vagas em semiliberdade com uma nova proposta sistematizada.

Diante dos processos políticos e da busca pela implantação dos pressupostos do ECA, de 1990, a direção do antigo IASP buscou novas ações para articular este empreendimento, destacando-se, entre 2003 e 2006, ações de reestruturação da gestão dos antigos Educandários. 40 É uma instituição filantrópica de fins beneficentes, culturais, formativos e assistenciais vinculada ao grupo católico

Neste período, segundo divulgação dos dirigentes da socioeducação em capacitação em 2007, as mudanças ocorriam devido aos problemas de torturas e mortes dentro dos Centros de Socioeducação, antes denominados Educandários, redirecionaram o trabalho socioeducativo envolvendo-se na organização de um sistema que atendia às exigências internacionais, posteriormente o decreto do CONANDA (BRASIL, 2006) e atualmente o SINASE (BRASIL, 2012b).

Além dos investimentos para a melhoria e transformação do sistema, com propostas de novos projetos arquitetônicos tanto para internação quanto para semiliberdade, contratação de novos servidores efetivos, capacitação e outras ações, observadas pelos servidores, ocorreu em 2007 a constituição de uma secretaria exclusiva para tratar da questão da criança e do adolescente. Seguindo as mudanças da União, em 2007 o IASP tornou-se uma secretaria específica, denominada de SECJ.

Como já explanado, entre 2003 e 2006, o Estado contava com cinco unidades socioeducativas de semiliberdade, três em Curitiba (duas masculinas e uma feminina), uma em Ponta Grossa (masculina) e uma em Londrina (masculina). Contudo, os projetos arquitetônicos e a proposta pedagógica ainda não estavam alicerçados as novas orientações do documento do CONANDA de 2006, que corroborou com a promulgação do SINASE em 2012.

Assim, neste processo de reestruturação, no novo período de 2007 a 2010 pela SECJ e posteriormente entre 2011 e 2014 iniciou-se a inauguração de novas unidades, conforme as orientações legislativas. A primeira construída no novo modelo foi a unidade de Foz do Iguaçu, com capacidade prevista para atender 12 adolescentes, inaugurada em 2009. Posteriormente, foi construída e reaberta em junho de 2009 uma nova unidade em Ponta Grossa, substituindo a antiga unidade em parceria com o município. Na sequência, ocorreu a abertura da Casa de Semiliberdade em Cascavel, em 10/12/2010, também no novo formato arquitetônico e pedagógico, conforme dados disponíveis em notícias no site oficial da Secretaria.

Com a mudança de governo em 2011, a então SECJ passou a ser denominada SEDS, que priorizaria as ações visando ao fortalecimento familiar e continuando com os acordos para melhoria da socioeducação. Neste caminhar os projetos de expansão das estruturas de semiliberdade, no novo modelo de prisão aberta, se ampliaram e, mesmo com o fechamento da unidade executada pela ONG Salesiano, ocorreu a ampliação das vagas nesta modalidade e a ampliação de suas estruturas físicas, como verificado em notícias oficias no site da secretaria.

Assim, nestes últimos quatro anos, ocorreu inauguração de outras duas novas casas de semiliberdade, também dentro do novo modelo arquitetônico, a Casa de Semiliberdade de Umuarama em 02/10/2013 e a de Paranavaí em 03/10/2013, como noticiado no site oficial. Além disso, informações não concretas dos meios de comunicação virtual também divulgam que há previsão de construção de outras três casas no novo modelo, uma em Foz para atender adolescentes do sexo feminino e outras duas para atender o sexo masculino em Toledo e Maringá.

Atualmente, o Estado conta com sete Casas de semiliberdade masculinas e uma feminina, das quais cinco masculinas estão com capacidade para 18 adolescentes, a feminina para seis adolescentes e duas masculinas para 12 adolescentes, perfazendo um total de 114 vagas masculinas e 6 femininas previstas. Destaca-se que a unidade de Ponta Grossa, está interditada devido a questões jurídicas locais, conforme notícias divulgadas na mídia, o que diminui o número de vagas masculinas disponíveis para 96.

Cabe destacar que as unidades masculinas que já estavam em funcionamento também nesta modalidade residencial, como as unidades de Curitiba, Londrina e Ponta Grossa, não tinham o novo projeto arquitetônico, assim não supriam as orientações legislativas. Nas antigas unidades não estava previsto espaço arquitetônico com estrutura para atendimentos individuais e grupais ou para interações adequadas e de convivência entre os adolescentes e com a equipe, conforme apontaram as diretrizes do CONANDA (BRASIL, 2006). Nas novas estruturas foram contempladas tais orientações, com uma construção que organizou uma instituição no formato de uma residência com amplos espaços para os adolescentes fazerem refeições, dormirem, fazerem atividades coletivas, terem atendimentos técnicos individuais e/ou grupais, receberem suas famílias em condições adequadas de higiene, circulação, iluminação e segurança. Além disso, a proposta previa o mínimo de equipe e o máximo de adolescentes por unidade, conforme os parâmetros de sistema de socioeducação de 2006, com no máximo 4 adolescentes por quarto em no mínimo 2 metros quadrados, e com 1,5 metros quadrados a mais para cada número de adolescente acrescido no espaço.

A nova proposta também contemplava o desenvolvimento de ações nos diversos eixos propostos no projeto do SINASE de 2006 e na Lei em 2012, somando-se a previsão de uma