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O Senhor na Terra

No documento Wanju Duli - Salve o Senhor No Caos (páginas 75-87)

Cinco da manhã. Ele queria dormir, mas não queria. A internet era muito mais tentadora que lençóis e travesseiro. Principalmente quando se consome alimento para a alma e não para o corpo.

As pesquisas sobre o ocultismo lhe arrastaram noite adentro. Sob o efeito do êxtase dessa droga, seus olhos de olheiras penetrantes não mais se fecharam. Os lábios entreabertos denunciavam o fascínio absoluto.

– Por que isso me toca tão profundamente? Tão permanentemente. E uma vez que o espírito era tocado, não havia retorno. O corpo poderia esquecer, mas a memória do espírito é infinita.

– Meu karma dança e quer um pouco mais. Eu preciso de mais! Esvaziou a garrafa de cerveja e lançou-a num canto do quarto. – Não sabem os segredos, bastardos? Pois eu sei todos eles!

Digitou poucas e boas merdas para os outros cybermagos. Aumentou o volume da música que estourava seus tímpanos nos fones de ouvido.

– Nenhum deles tem minha vontade. Minha sede por sacrifício. Eu quero descobrir todas as coisas acima e abaixo dos céus. Nem mesmo um grão de poeira se esconderá de mim! Eu sinto tudo: percebo Deus e as pernas de uma prostituta como o mesmo ser. Eis o entendimento máximo da criação e destruição: tudo sei somente quando abandono o conhecimento e nada mais sei!

Discutiu com outros magistas piradões drogados e, tomado pela fúria, lançou seu teclado na parede.

– Eu respiro magia! Como magia e cago magia! Esses bando de pau no cu não entendem o quanto sou foda!

Levantou-se da cadeira num salto, lançando-a no chão. Abriu seu guarda-roupa com tanta violência que quebrou a porta. Tirou de lá seu robe cerimonial negro com capuz. Vestiu-o por cima do pijama vermelho e das pantufas.

Retirou de dentro de seu porta guarda-chuvas uma espada ritualística com entalhes dourados. Tirou-a da bainha e traçou um círculo arcano no chão do quarto, dentre outras figuras geométricas.

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Abriu um saco cheio de pedras e cristais e derramou-os no chão. Eles rolaram pelo chão do quarto, formando padrões desconhecidos.

– Consagro este octaedro estelar pelo ar! E passou a fumaça do incenso ao seu redor.

– Consagro este tetraedro pelo fogo, e assim eu morro! Acendeu a chama de uma vela.

– Renasço e consagro este icosaedro pela água, sem deixar mágoa. Borrifou água pelo ar.

– E o dodecaedro pelo universo, imerso em amor.

Ajoelhou-se no chão, apoiando-se na espada como um guerreiro ferido. No centro do círculo arcano havia um mapa de Quepar. Jogou seus cinco dados e posicionou a estátua metálica de um magista em um dos centros de poder desse mundo.

– Remeto ao cosmo, com orgulho que arde e se inflama: sou um mago! Márcio Silva, da Ilha de Vera Cruz, Brasil! Nome mágico: Oicrám Avlis, como manda a tradição dos magistas de Quepar. Meu espírito ruma agora para a Ordem de Airodebas, bato no peito e grito: Sodutse de Airodebas, vem a mim e me serve! Te chamo nesse instante! Ajoelha- te perante este Senhor na Terra!

Márcio concentrou-se definitivamente, com um livro aberto diante dele. Até que o brilho dos cristais, a fumaça do incenso, a chama da vela e a água que dançava se juntaram.

Mas a matéria sem o sopro do espírito apenas jaz sem vida. Por isso, Márcio tocou o fogo do seu coração e aqueceu-o.

No baile de formas geométricas tridimensionais do quarto escuro, surgiu um ser de pele quase transparente e olhos da cor do fogo e do sangue. Usava um capuz roxo e manto azul. Seus pulsos estavam algemados e trancados por correntes de ferro.

Márcio sorriu. Sodutse ajoelhou-se perante ele e manteve o silêncio. – Boa noite, Sodutse.

– Bom dia, senhor.

– É... – ele olhou pela janela – o Sol já nasceu. E ainda tem a petulância de me corrigir? Pois bem. Em pouco tempo já sairei para o trabalho, mas vou te deixar aqui estudando os conteúdos que caem na prova do concurso. Quando eu chegar, quero que me entregue resumos dos conteúdos e me explique tudo.

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– Sim, senhor.

Márcio algemou Sodutse na cadeira e na escrivaninha, deixando em sua frente uns dez livros grossos.

Depois disso, apagou a vela e o incenso e foi tomar um banho. Retornou do banheiro com uma calça preta e uma blusa social branca.

– Senhor Oicrám Avlis, sei que não devo interromper, mas eu tenho uma sugestão para maximizar os seus estudos – pronunciou Sodutse, em voz baixa.

– Quê? – Márcio perguntou, de forma ríspida.

Sodutse sentiu-se um pouco intimidado pelo tom, mas tomou coragem e falou:

– Seria mais efetivo se eu te incentivasse a desenvolver truques mentais para que adquira paixão pelos estudos e passe a construir uma disciplina de leitura por si mesmo...

– Bobagem – Márcio interrompeu-o – Aigam, aquela imprestável, falhou em colocar em mim a vontade e a paixão para estudar. Hoje só tenho paixão e fanatismo pela prática mágica.

– O senhor pode direcionar essa paixão criando magias que te estimulem a estudar. Sugiro inicialmente que escreva um roteiro de estudos que contenha um sistema de recompensas e punições de acordo com seu progresso.

– Apenas cale a boca, seu rato de livros, e estude por mim. É bem mais fácil dessa forma. Explique-me de maneira sucinta e interessante quando eu retornar. Cuide de tudo. Quero fazer o mínimo esforço possível, pois chegarei morto de cansado do trabalho.

– Com todo o respeito, senhor – Sodutse teve a ousadia de dizer – já faz muitos anos que está tentando ser aprovado nesse concurso, então está claro que esse método não funciona. Precisamos tentar outro...

Márcio deu um soco na cara de Sodutse. O nariz dele sangrou em cima do livro.

– Diga mais uma palavra e contato seu Senhor na Terra para que ele finalize sua existência. Ou dou um jeito de finalizar eu mesmo! Você não teme os humanos, reles servidor? Temos o poder de torcer o espírito de vocês como se fosse um graveto.

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Márcio foi até a cozinha. Retornou alguns minutos depois com uma xícara de café forte. Bebeu-a enquanto conferia com cuidado se o servidor estava fazendo tudo certinho.

– Bom – Márcio sorriu – no início da noite estarei de volta e quero todas essas folhas preenchidas com meus resumos, além de uma palestra clara. Se me desapontar, farei um corte em tuas costas com a espada, para somar-se aos outros. Teu sacrifício representa minha vontade.

E Márcio saiu para o trabalho.

Sodutse estava sozinho na casa. Mais uma gota de sangue pingou no livro e ele limpou o nariz com a longa manga do manto. Começou a preparar o resumo com concentração.

Após dez horas ininterruptas de leituras e resumos, Sodutse sentiu-se cansado. E ainda eram quatro horas da tarde. Precisava continuar. Não podia parar ou seria torturado quando Márcio chegasse do trabalho.

Sodutse sentiu pena de si mesmo. As lágrimas tentaram escapar de seus olhos, mas Sodutse secou-as com a mesma manga manchada de sangue. Já estava naquela prisão de estudos constantes e diários há anos. Se fosse ele a fazer aquela prova do concurso já teria passado naquilo com honras e méritos diversas vezes. Mas Márcio recebia apenas um resumo de meia hora após as quinze horas de estudos do servidor.

Sodutse amava estudar, mas não tinha tanto interesse assim nas matérias da prova daquele concurso. Afinal, ele não entendia direito as coisas e preocupações dos humanos para compreender o valor daquilo. Era quase como decorar a escrita de um idioma desconhecido sem saber o significado.

O tempo na Terra e no mundo dos servidores passava de forma diferenciada. Algumas vezes mais rápido na Terra, outras vezes mais depressa em Quepar. Enquanto permaneceu quatro anos na Terra, poucos meses deviam ter se passado em Quepar.

Uma mão tocou no ombro de Sodutse. Ele levou um susto e virou-se. – Sua tortura terminou – anunciou Oãçome – viemos te salvar. Sodutse escondeu as lágrimas e voltou-se novamente para o livro. – Não é necessário – ele disse – deixe-me aqui.

– Não seja teimoso – disse Ohlarac – melhor que nos acompanhe antes que o Senhor de Aigam retorne. Ela está aqui. Vai tomar o seu lugar.

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Sodutse surpreendeu-se ao fitar Aigam e notar que ela estava cega. Sentiu pena. Segurou o cajado na direção dela.

– Peço perdão por tirar-lhe de você – disse Sodutse – a força de vontade que emana dele me ajudou a continuar.

Ela apenas tomou o cajado da mão dele com violência.

– Não vim aqui pra te ajudar – esclareceu Aigam – e sim porque o filho da puta do teu irmão nos obrigou a vir.

– Não falo mais com ele – disse Sodutse – nós brigamos há muito tempo.

– Ele quer que você retorne imediatamente. – Não quero voltar!

Aigam meteu o cajado na nuca de Sodutse e ele caiu para frente, ficando inconsciente.

– Ele já estava sem energias depois de estudar tanto – disse Ohlarac – e não teve como se defender.

– Eu iria derrubá-lo de qualquer forma – disse Aigam – já basta os problemas que nos causou. Fez com que meu Senhor na Terra caísse de encantos por ele e me abandonasse.

Ohlarac segurou Sodutse nas costas.

– Vamos levá-lo agora, Oãçome – disse Ohlarac – se o Senhor na Terra de Aigam nos flagrar aqui, capaz de matar-nos todos.

Como não conseguiram rebentar as correntes, quebraram a mesa. Ohlarac e Oãçome apressaram-se para retornar à outra dimensão.

Aigam aguardou a chegada de Márcio. Quando ele a avistou, sem os olhos e sem o braço, não entendeu o que estava acontecendo.

– Onde está Sodutse? – perguntou Márcio, de imediato, pendurando seu casaco no cabide e colocando o guarda-chuva ao lado da espada.

Aigam ajoelhou-se no mesmo instante, tocando a testa no chão. – Meu Senhor na Terra.

– Eu fiz uma pergunta – disse Márcio, sem paciência.

– Nós tivemos que mandá-lo embora, pois nenhum servidor pode permanecer por tempo indeterminado na Terra. Isso pode destruir sua alma.

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– Não sei nada sobre isso. Tudo o que sei é que você arrancou meu servidor de mim e veio com pedaços de corpo faltando. De que você me serve agora, Aigam?

– Prometo que irei servi-lo com todas as minhas forças.

– Isso não é o bastante. Acho que gosto mais de Sodutse do que de você.

Aigam sentiu uma dor no coração ao ouvir isso. – Posso saber por que, meu senhor?

– Ele é obediente. Fica calado quando apanha. Você é rebelde. – Sempre fiz tudo o que pediu!

– Viu só? – Márcio deu um sorriso de zombaria – Sodutse não faz somente o que peço, mas mais do que peço. Se eu o mando estudar por 15 horas, ele estuda 20. E ele não se sente vaidoso por causa disso, não busca recompensas ou elogios. Apenas cumpre com seu dever pelo amor ao dever e toca a testa no chão, sem fitar meus olhos. Você me fita diretamente e me espia quando viro as costas. Isso me repudia.

Aigam baixou a cabeça.

– Eu o olho porque o admiro muito, senhor – ela disse – mas se isso o incomoda, não mais o olharei.

Márcio riu.

– É fácil afirmar tal coisa quando está cega!

– Também existem os olhos da alma, senhor – ela explicou – por isso, algumas vezes também posso ver sem olhar. Houve momentos em que já espiei suas emoções sem seu consentimento, porque eu desejei ajudá- lo.

– Isso é pior do que espiar meu corpo. Não o faça. Irei aceitá-la de volta somente se lutar contra um inimigo por mim.

– Sou sua para servi-lo.

Ele retirou da estante um livro antigo de capa grossa, sobre goécia. – Para provar sua lealdade, terá que lutar contra um desses espíritos demoníacos, mesmo que pereça na empreitada. Somente assim ficarei satisfeito e minha fúria será aplacada.

Ele vestiu-se para o ritual e fez todos os preparativos cerimoniais. Chamou o demônio pela espada, que repousou no triângulo. Era um demônio do torpor e vazio, que Aigam teve que dominar através de sua vontade.

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Quando conseguiu destruí-lo, Aigam estava com queimaduras e com sangue caindo-lhe pela testa.

– Isso me faz sentir melhor – confessou Márcio – sinto-me com energias após tua batalha. Com vontade de estudar e me dedicar. Obrigado, Aigam.

– É um prazer ajudar, senhor.

E ela ajoelhou-se exausta, apoiando-se no cajado.

Márcio não permitiu que ela descansasse e mandou que continuasse ali apoiada no cajado e sangrando, como uma austeridade, prova de seu sacrifício.

Ele estudou por algumas horas, renovado pelo ardor da batalha. Finalmente, cansou-se e lançou o livro longe. Jogou-se na própria cama.

– Tenha uma boa noite de pé, Aigam. Você não precisa dormir, certo? Servidores não comem e nem dormem. Deve ser uma vida boa.

E ele adormeceu.

Aigam permaneceu de pé a noite inteira, como ordenado. Apesar de sua miséria, seu espírito queimava com força, completamente renovado, apenas pelo privilégio de estar tão perto assim de seu Senhor na Terra.

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Capítulo 9: O Criador

– Mal voltou e já se enfiou de novo nessa tua biblioteca! Me dá um abraço, cara!

Sodutse levantou-se e abraçou Zap, pois sabia que abraços agradavam o amigo. Sentou-se de novo e voltou a ler seu livro.

– Não fez voto de silêncio dessa vez, certo? – perguntou Zap, para se certificar.

Sodutse fez que não, ainda com os olhos voltados para o livro. – Esse teu período de estudos intensos na Terra já deve ter sido um voto de silêncio por si só. O teu irmão te maltratou demais quando você voltou?

– Não se preocupe – disse Sodutse – e pode parar de me rodear. Não está me faltando nenhuma parte do corpo.

– Então você tem sangue azul, hã? – perguntou Zap, sorrindo – Isso é incrível! Você foi criado diretamente por Ele. Então por que foi servir o Senhor na Terra de Aigam?

– Porque eu e Lam disputamos a atenção do mesmo Senhor na Terra. Resolvi escapar para outro, mesmo sabendo ser impossível.

– Está feliz em estar de volta?

– Sim. Estava com saudades dos meus livros. – Não sentiu minha falta? – perguntou Zap.

– Um pouquinho. Mas para mim livros também são como pessoas, pois foram escritos por pessoas, mortas ou vivas. Ao lê-los, faço amizades. Eis minha maneira de viver.

Zap colocou as mãos sobre os ombros de Sodutse. – Vamos sair um pouco.

– Mas...

– Apenas cale-se e me acompanhe – insistiu Zap. Os dois saíram da biblioteca. Era noite.

– Aqui – Zap apontou para o céu – apresento-lhe a Lua e as estrelas. – É, os livros falam sobre elas – observou Sodutse – com ainda mais poesia do que a coisa real.

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– A coisa real costuma ser mais intensa e viva exatamente pelas partes desagradáveis e imperfeições. Seus livros são apenas mentiras.

– A realidade em si é uma mentira. Meus olhos não veem a realidade tal qual ela é, se é que a realidade de fato é alguma coisa absoluta e definitiva. O mundo muda e eu mudo; ou talvez nada mude e essa dança de ilusões dê essa impressão.

Zap balançou a cabeça.

– Apenas esqueça essa tua lógica por um momento e sente o ar da noite. Você despreza a emoção?

– Não. Apenas prefiro não me afogar completamente nela.

– Alguns chamam isso de vida. Outros de prisão. As pessoas são engraçadas. O que aprisiona uma pessoa pode ser exatamente o que liberta outra.

Sodutse deu tapinhas nas costas de Zap.

– Obrigado pelas sábias palavras que dirigiu a um amante do silêncio – disse Sodutse – mas agora preciso ir. Meu Senhor na Terra me chama.

– Ele? – perguntou Zap, impressionado – Agora...?

– Devo partir imediatamente. Não sei quando volto. Adeus, Zap. – Você foi embora por tanto tempo e já vai embora outra vez? Ah, que saudades da época em que eu sempre podia te encontrar trancado nas bibliotecas...

– Estou sempre trancado dentro de mim mesmo – disse Sodutse – então será que você de fato já me encontrou alguma vez?

E, com um sorriso misterioso, Sodutse desapareceu. Zap ficou intrigado.

– Sodutse... reservado como sempre, cheio de segredos. Mas se é assim que quer, que seja de teu modo.

Sodutse apareceu no interior de uma sala da Terra, repleta de moveis bem cuidados. A cortina balançava na janela. Uma mesa baixa com um cálice de prata. Um senhor muito idoso repousava de costas numa cadeira de balanço.

– Por favor, filho. Aproxime-se.

Sodutse deu os primeiros passos com cuidado. Assim que fitou o seu Senhor, ajoelhou-se em deleite, sentindo uma imensa alegria em seu coração.

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– Meu Senhor na Terra...! Mal posso conter minha emoção.

– Acalme-se, agora. Tenho um anúncio importante. Te chamei aqui somente porque sei que morrerei em breve.

Sodutse aterrorizou-se.

– Diga-me que não é verdade...!

– A morte do corpo é verdade – afirmou o ancião – mas a morte do espírito é uma mentira. Ela nunca acontece. Você viverá para sempre como espírito. O meu espírito e o teu são um só.

Sodutse baixou os olhos e derramou uma lágrima. O ancião secou a lágrima de Sodutse e fitou-o com olhos bondosos.

Seus cabelos e barba eram completamente brancos. A imagem dele foi a primeira que Sodutse viu quando nasceu. Perdê-lo era como perder a pessoa mais importante de sua vida. No processo, perderia a si mesmo.

– E agora...? – perguntou Sodutse, desesperado.

– Você terá uma escolha – explicou o ancião – então escute com cuidado.

– Não – Sodutse interrompeu-o – não quero ouvir. Eu não desejo escolha nenhuma. O objetivo de minha existência foi cumprido. Não desejo mais tempo. É o bastante para mim.

Sodutse contemplou a Lua e as estrelas da Terra pela janela, enquanto suas lágrimas escorriam. Aquele céu era tão semelhante ao céu de Quepar e ainda assim tão diferente!

Naquele instante, Sodutse entendeu que não desejava nenhum deles. Era uma coisa bem diferente que ele precisava.

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No documento Wanju Duli - Salve o Senhor No Caos (páginas 75-87)