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A região plataformal estudada possui águas claras (baixa turbidez observada nas imagens) na maior parte do ano o que favorece utilização de produtos de sensores sobre a plataforma. Entretanto, visando aperfeiçoar a visualização dessas imagens e a obtenção de informações mais relevantes sobre a superfície de fundo, aplicou-se uma metodologia alternativa, proposta por (Gomes et al., 2007b), para o realce das imagens em ambientes marinhos individualizados por padrões específicos de contraste, como: o terrestre, o marinho raso e profundo. Foram empregadas nesse trabalho imagens do sensor LandSat7 ETM+ (Enhanced Thematic Mapper Plus), disponibilizada pelo Laboratório de Geoprocessamento/PPGG, correspondentes à órbita 215/64 deslocada 130 Km a norte do imageamento datada de 11/06/2002, e as cenas 216/63 e 216/64 imageadas em 13/08/1999, compondo um mosaico com todas as bandas do visível e infravermelho (Figura 2.10), convenientemente tratadas utilizando as técnicas de processamento digital disponíveis no

ERMapper 6.4.

Figura 2.10 – Mosaico das cenas 216/63, 216/64 e 215/64 do sensor LandSat7 ETM+.

O processamento digital foi individualizado nos ambientes terra e mar por meio de “mascaras-polígonos”, o que permitiu diminuir a dispersão da variável estudada (reflectância)

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e aumentar a concentração proporcional dos valores na equalização dos histogramas. Considerando que o grau de correlação entre a variável nos ambientes marinhos e terrestres na região é baixo (independente), procurou-se fazer um realce de contraste separadamente para os pixels pertencentes a cada região. A validação dos resultados das composições e equalizações de histogramas tomou por base o nível de resolução e clareamento sobre a plataforma continental interna e externa, talude e sopé, e a preservação da qualidade das imagens em regiões próximas a linha de costa, superando as dificuldades de equalização local e global. O resultado final foi o balanço compensado dos histogramas aos ambientes individualizados, aumentando a precisão visual da parte imersa rasa da plataforma, de forma que os procedimentos fossem transferíveis ao mosaico de imagens da região (ver Capítulos 3, 5 e 6).

2.5 Gravimetria

A análise dos distúrbios do campo de gravidade terrestre pode ser feita através de um gravímetro, o qual é capaz de detectar as variações do campo gravitacional terrestre segundo as diferenças de densidades (anomalia Bouguer). Os valores obtidos pelo gravímetro envolvem diversas variáveis como a altitude, latitude, quantidade de massa, profundidade das estruturas, as marés (Sol-Lua), e a deriva instrumental (Sherrif & Geldart, 1995), portanto, necessitam de correções. Além disso, variações no campo gravitacional que refletem estruturas rasas da crosta superior geralmente estão mascaradas pela forte influência regional oriunda das diferenças de densidade do manto superior e crosta inferior. Essa influência regional pode ser eliminada pela equação direta: AResidual = ABouguer – ARegional, onde as

anomalias gravimétricas residuais podem ser obtidas extraindo-se a tendência gravimétrica regional das anomalias Bouguer.

Os dados gravimétricos compreendendo áreas marinhas e terrestres com 2085 estações gravimétricas utilizados nesta Tese foram cedidos pelo Grupo de Geofísica da UFRN, (Figura 2.11). Esses dados foram previamente corrigidos através de três programas em FORTRAN (Calculag, Bouguer e Seleção.exe) e em seguida foi realizada a separação das componentes regional e residual do campo gravimétrico (Gomes, 2003). Esses mesmos dados foram utilizados em diversas escalas de trabalhos (Beltrão et al., 1991; Dantas, 1998; De Castro et al., 1998). Nesta Tese foram abordados com detalhe em correlações com a morfologia da plataforma (ver Capítulo 4).

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Figura 2.11 – Mapa de distribuição dos dados gravimétricos. A linha em azul representa a linha de costa.

2.6 Sedimentologia

Os dados de sedimentologia utilizados compreendem a reunião de amostras sedimentares superficiais de fundo plataformal coletados nas últimas décadas (Figura 2.12) e sintetizados por Vital et al. (2005a e 2008). Essas amostras sedimentares foram coletadas utilizando uma draga do tipo Van Veen e posteriormente tratadas pelos mesmos procedimentos utilizados atualmente no Departamento de Geologia da UFRN (e.g., Souza, 2008; Loureiro, 2009; Silva, 2010; Terra, 2012): lavagem, secagem, peneiramento, ataque com acido, mufla, etc. e as amostras entre 2 mm e 2 µm foram medidas por meio do granulômetro a laser CILAS modelo 1180L. Os sedimentos foram então classificados segundo a proposta de Larsonneur (1977), adaptada por Dias (1996) e Freire et al. (1997), utilizando o programa Sistema de Análise Granulométrica - SAG (LAGEMAR/UFF). Esses dados foram integrados entre a plataforma interna e o talude e utilizados para confecção de cartas de distribuição granulométrica e de fácies. Foi utilizado o método de interpolação por Krigagem para se criar um mapa representativo da distribuição granulométrica que serviu de base para as discussões sobre a dinâmica e compartimentação morfo-sedimentar da plataforma, abordadas principalmente nos Capítulos 5 e 6.

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Figura 2.12 – Mapa de distribuição das amostras sedimentares da plataforma adjacente a região de Macau-RN (Bases de Dados do Laboratório GGEMMA).

2.7 Hidrodinâmica

Adicionalmente foram fundeados correntógrafos eletromagnéticos do tipo S4 durante os meses de junho e julho de 2012 por um curto período de tempo (intervalos máximos de 10 dias). O correntógrafo utilizado foi o InterOcean S4A Current Meter (InterOcean Systems, Inc., San Diego, CA) (Figura 2.13), calibrado para registro contínuo com uma média de 120

pings por minuto. O equipamento foi fundeado a uma altura de 1 m do leito marinho em

locais específicos da área de estudo, como o centro do vale inciso e algumas feições adjacentes às suas margens (recifes e corpos arenosos isolados) (Figura 2.14).

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Figura 2.13 – Imagem subaquática do fundeio do InterOcean S4A Current Meter sobre um campo de recifes. As setas indicam os sensores ortogonais.

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O S4 mede a voltagem resultante no movimento de um condutor (velocidade do fluxo da água) através de um campo magnético de acordo com a Lei de Faraday da indução eletromagnética. Dois pares ortogonais de eletrodos e uma bússola interna que medem duas componentes de velocidades horizontais e produzem um vetor resultante de corrente (InterOcean, 1985). Os dados são posteriormente corrigidos quanto aos valores espúrios que possam estar contidos nos dados e a declinação magnética que, segundo o International

Geomagnetic Reference Field (IGRF) (website do Observatório Nacional), é de 21,62W para

a cidade de Macau-RN em 2012 (ver Capítulo 6).

Durante essa mesma campanha, mergulhos com SCUBA foram realizados para observações diretas sobre feições encontradas nos dados estudados (ver Capítulo 5). Assim, esses dados serviram para validação de interpretações feitas com base nos dados de imagem de satélite, sonografia, batimetria e sedimentologia, no que diz respeito a processos sedimentares associados a hidrodinâmica da plataforma.

Capítulo 3

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