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2. Condições de trabalho e os riscos profissionais no contexto da atividade

2.1 Ser motorista não é só conduzir: os riscos no trabalho e impactos na saúde

Conforme relatado nas entrevistas, grande parte das exposições a riscos profissionais estão ligados ao processo de carga e descarga, ou seja, a tarefas que à partida seriam consideradas “periféricas” relativamente ao cerne da atividade assente na condução. Para se carregar o camião, os motoristas precisam ir até a ilha de carregamento nas petrolíferas. As ilhas normalmente são espaços abertos, o que seria uma prevenção à inalação dos gases, porém essa situação expõe a outras condições: “carga e descarga que é o mais penoso do

trabalho, que é o que nos põe fora do camião, que é o que nos expõe em termos das condições climáticas, estamos a carregar praticamente a chuva, claro que se a chuva for uma coisa suportável é fácil, mas se é um bocado de mal tempo, ficamos molhados como o carro, como todo o resto”(H. 57 anos).

Lidar com as condições climáticas no processo de carga e descarga é um constrangimento que impacta diretamente a saúde como realça Santos e Gois: “Em relação ao clima, os motoristas estão mais propensos à incidência de gripes, por ficarem expostos a condições climáticas adversas no processo de carga e descarga, já que este é feito normalmente em ambientes abertos e sem coberturas.” (Santos & Góis, 2011, p. 127).

Assim, o trabalhador tem que estar atento e ir gerindo de forma antecipatória a atividade, de forma a que estes riscos não redundem em acidente, já que todas as tarefas comportam riscos específicos, como demonstram os resultados da tabela 3:

28 Tabela 3 – Riscos relativos ao real da atividade – da condução a funções operativas

Fatores de risco (INSAT, 2016)

Percentagem

de exposição (%) Verbalizações

Poeiras ou gases 97,50%

Antigamente, quando comecei na gasolina, aquilo era uma balbúrdia. Hoje em dia temos outra segurança. Há 20 anos, 23 não havia o recuperador de gases, nós levávamos ali com as emissões todas, com o cheiro todo (...) o recuperador de gases é uma válvula que encaixa junto a essas bocas de enchimento, que anda por cima das cisternas e vai fazer as recuperações dos tanques todos.” (B. 46 anos)

Temos que ter algum cuidado em termos de escorrer o carro [tirar o combustível remanescente da cisterna]. Nessas escorras estamos logo sujeitos aos vapores que ali andam a nossa volta. (H. 57 anos)

Se calhar, é melhor que seja um espaço aberto, devido a esses gases todos e tudo que andam por ali (...) há sempre perdas porque são cisternas velhas, são mangueiras velhas... mesmo que use tudo ao máximo existe sempre contacto com o produto (A. 37 anos)

Nem sequer temos bem noção do tipo de risco que aquilo nos provoca. Agora, qualquer tipo de gás nocivo, e nos vemos ai em todo lado a dizer que os vapores de gasolina são nocivos, qualquer gás nocivo faz mal, provoca problemas de saúde, nos estamos expostos a esses mesmos gases todos os dias (C. 48 anos)

Produtos

Químicos 70%

Para carregar, é um sitio completamente aberto, é aquele sitio que ninguém vai ninguém está preocupado se aquilo tem condições, se tem sanidade para trabalhar. É um sítio sempre cheio de gasóleo derramado, as peças derramam, os recuperadores de gás funcionam mal, estamos ali um bocado expostos (H. 57 anos)

Agora que há de ser alguma coisa, estou convencido que sim e também mais convencido estou quando já não consigo aperceber em certos sítios até da minha roupa, do cheiro. E alguém que está ao meu lado que não trabalha diariamente com isso como eu: oh pá, cheiras a gasóleo ou isso (F. 52 anos).

Depois ainda temos a inalação constante nas cargas e descargas dos vapores, essencialmente das gasolinas, e o gasóleo menos, porque o gasóleo vaporiza, entra em fase de vapor mais tarde que a gasolina, a gasolina evapora muito mais rapidamente (A 37 anos)

O gasóleo não é tão perigoso de inflamar, mas a gasolina é um produto muito inflamável e é sempre como eu digo, mesmo que a gente use as mangueiras é perigoso haver um... Que ta sempre uma coisa sair para fora (D. 49 anos)

Esforços físicos

intensos 85%

Desde manusearmos tampas pesadas nos clientes para conseguirmos aceder as descargas, desde manuseamentos de equipamentos pesados (F. 52 anos)

Os reservatórios estão enterrados nos solos na maior parte das vezes, tem sempre uma tampa para protegê-los para se poder circular ali por cima e alguns tipos de tampas são penosos de abrir (H. 57 anos)

Permanecer muito tempo sentado

95%

Já tirei uma hérnia L4 ou L5, que é o nosso calcanhar do Aquiles. Já fez 11 anos que tirei essa hérnia… foi, foi do trabalho, a posição, a posição do dia a dia, sabe que nós em media, agora faço menos, mas em media fazemos uma media de 10, 11 mil km mensais, por ano fazemos os 120 mil é muito km. 110, 120 mil que nos percorremos e a posição durante anos e anos (B. 46 anos)

Subir e descer com muita frequência

90%

Durante o dia nós subimos e descemos ao camião muitas vezes e o tipo de subida e descida é bastante exigente porque os degraus são pequenos, a altura é grande, há uns varões onde nós temos, para nós usarmos por vezes há uma má utilização desses varões e desse equipamento e então além das tampas pesadas o acesso a cabine serão duas as coisas mais problemáticas em termos físicos, porque tem havido quedas de colegas a descerem das cabines que se magoam e bastante (H. 57 anos)

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Em relação à condução, 95% da amostra se diz exposto a permanecer muito tempo sentado, o que é uma causa de problemas dorso lombares, provocados pela postura sentada durante longas horas. No que concerne a outras tarefas da atividade, os motoristas enfrentam condições ambientais adversas por serem expostos também a substâncias perigosas (Gaiola et al., 2016). Este contato se dá sobretudo no processo de carga e descarga, em que apontam a exposição a: poeiras e gases (97,5%), produtos químicos (70%), subida e descida de altura (90%) e a esforços físicos intensos (85%). As cargas e descargas estão ligadas aos riscos profissionais porque o manuseamento de mangueiras, o ato de subir e descer escadas do camião para acessar as cisternas, os derrames de combustíveis no solo, são condições adversas no quotidiano da atividade, que submetem o motorista a diversos riscos e ao seu impacto, como: escorregar no piso molhado com produtos químicos, lesão muscular pela força ao manusear o equipamento de carga, quedas ao usar as escadas para aceder às cisternas, entre outros (Santos & Gois, 2011).

Sobre os produtos químicos, a exposição relatada pelos trabalhadores diz respeito às escorras que necessitam fazer antes do carregamento. A escorra é o ato de esvaziar a cisterna por meio de uma mangueira, para que possa entrar um novo produto sem que aja uma mistura. Deste processo muitas vezes acontece uma ‘perda’ do produto que fica no piso, o que pode molhar a roupa, as botas, luvas. Como já citado, isto pode causar escorregamentos, mas também impacta na condução já que: “como a superfície nos terminais de carga nunca

estão devidamente limpos como deviam, então nosso calçado está sempre com esses resíduos de gasóleo e gasolina e claro que o calçado vai connosco para dentro do camião” (A., 37

anos).

Relativamente à exposição aos gases, a elevada frequência de participantes que afirmam estar expostos, faz levantar uma questão sobre as medidas de segurança existentes. De acordo com os participantes, se comparado a outros tempos, o processo de carregamento e descarregamento está mais protegido por haver o recuperador de gases e outras medidas de segurança coletivas. Porém, maioritariamente, os participantes não se sentem prevenidos dessa emissão, o que faz pensar sobre o risco residual, já que quase sempre a prevenção é incompleta, seja por baixos investimentos nas medidas protetivas, ou por um desconhecimento do risco. De acordo com Dejours (1987), o risco residual seria o que o trabalhador assume individualmente no que não foi completamente eliminado pela organização do trabalho.

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A percepção dos trabalhadores sobre os riscos para a saúde em resultado da exposição a gases e produtos químicos e a eficácia dos equipamentos protetivos, podem ser observados na tabela 4:

Tabela 4- Proteção individual e coletiva - Riscos para a saúde Fatores de risco

(INSAT, 2016)

Exposição (%)

Verbalização Sim Não Não se

aplica

à disposição protecção individual

95% 5% 0,%

Não temos equipamentos de proteção nenhum para esses gases. Temos uma proteção para a cabeça, temos o calcado de segurança, porque aquelas zonas de trabalho tornam-se muito escorregadias, temos luvas e temos óculos, mas em temos de respirar não usamos qualquer equipamento e nem sequer é recomendado, daí a minha interrogação se a periculosidade é muito ou pouca (F.,52 anos)

Temos nosso equipamento de segurança. Oculos, temos o capacete que é obrigatório para as cargas, os óculos também, aas luvas tasmbém. Temos uma lanternazinha que faz parte do equipamento do motorista. Máscara não temos. (E., 51 anos)

à disposição

protecção coletiva 20% 60% 20%

Por vezes na carga , o carro quando vai carregar vai cheio de vapores e quando entra liquido os vapores tem que sair. Eles tem um coletor de vapores, nem sempre funciona bem e quando não funciona bem, fica aquele ambiente com cheiro intenso de gasolina. (E.,51 anos)

muito/bastante moderado pouco/

nada Informação sobre os riscos resultantes do meu trabalho 47,5% 35% 17,5%

Também não quero estar ali a usar a mascara, porque não quero assustar ninguém. As pessoas não entendem, os outros colegas mesmo dentro das centrais, as próprias pessoas que trabalham lá dentro: ah, você aqui não é obrigado a usar a máscara. As próprias pessoas que trabalham dentro da refinaria é que implicam deu estar com a máscara. É ignorância, simplesmente é ignorância (A.,37 anos)

Preocupação em minimizar riscos profissionais

37,5% 27,5% 35%

Inconscientemente pode me faltar uma máscara,eu acho que se fosse muito aconselhável eu acho que alguém teria esse cuidado, mas quando nós ainda nessa conversa chegamos a conclusão que já perdi um bocado do olfato, se calhar uma mascara tinha feito com que eu não perdesse (H.,57 anos)

Utilização de equipamento de protecção dificulta a realização da actividade de trabalho 7,50% 37,5% 55%

E o principal que usamos de uns anos para cá, é o calçado. Há uns anos para cá fomos mesmo obrigados, muita gente tinha a mentalidade que não queria usar aquilo, mas temos mesmo que andar com aquele sapato antiestático. Alguns modelos incomodam, esses mais baratuchos, o calcado que a empresa dá eu não uso, não é. Eu compro o meu calcado. Prefiro uma coisa melhor, tenho menos, mas ando com o calçado apropriado. Porque você entra naquele sitio onde nós carregamos há muitas gorduras do gasóleo, se você for lá com um calçado normal cai logo. (B.,46 anos)

Os riscos profissionais mencionados pelos motoristas são suscetíveis de intervenção e de prevenção e os profissionais que intervêm nesta matéria entendem que a situação é meramente resolvida com equipamentos de proteção individual. Da amostra, 95% afirma ter a

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disposição proteção individual, porém apenas 20% refere ter proteção coletiva. Quanto às informações referentes aos riscos resultantes do trabalho, quase metade da amostra aponta ter muito e bastante, no caso, 47,5% dos participantes. Porém, fazendo a articulação com os dados coletados nas entrevistas, um aspeto se sobressai. Apesar de haver uma listagem de equipamentos de proteção individual, alguns riscos inerentes ao trabalho ficam descobertos, seja por não haver nada que os proteja, ou porque o equipamento fornecido não é considerado de boa qualidade.

O que se observa é que um dos pontos que os motoristas mais focam é em relação ao uso da máscara, que não é exigido como equipamento de proteção obrigatório, podendo até causar estranheza se algum profissional fizer uso na situação de trabalho, como relatado na tabela 3. Porém, apesar de a máscara não ser utilizada, os relatos apontam para um incómodo com o cheiro, sendo até notado uma diferença na sensibilidade do olfato (“perda do olfato”), mas ainda havendo uma dúvida sobre os impactos destes gases na saúde.

Entre os participantes, apenas um relatou a necessidade do uso da máscara por ter desenvolvido uma falta de ar após seis meses na atividade. “Foi quando eu comecei a ter os

problemas de saúde, comecei a sentir uma falta de ar, é que comecei a me informar com o outro colega de outra empresa que também usava uma mascara e ele é que me teve a dizer como é que eu devia fazer e os cuidados que eu devia ter” (A. 37 anos).

Para os participantes, a relação do trabalho com a saúde tem um impacto considerável, como mostra a tabela 5:

Tabela 5- Perceção da saúde e relação com o trabalho (INSAT, 2016) Exposição (%)

Muito boa/boa Razoável Má/ Muito má

Como está minha saúde 30% 65% 5% Trabalho afeta minha saúde sim, negativamente sim, positivamente não 87,5% 5% 2,5%

Quanto à perceção da própria saúde, 30% dos participantes consideram o seu estado de saúde bom e muito bom, 65% razoável e 5% mau. Estes dados apresentam uma diferença relativamente aos dados da Eurofound (2019), em que os trabalhadores da UE-28, em geral, afirmaram possuir boa saúde. O impacto das condições de trabalho na saúde é observado, na medida em que, apesar de 30% da amostra considerar a saúde boa e muito boa, 87,5% concordam que o trabalho afeta a saúde negativamente.

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Pensar em saúde aqui é levar em consideração a dimensão subjetiva da saúde, já que esta não se define por ausência de doença, “pode ser o medo, desconforto, dores, fadiga, ansiedade, as queixas, os ‘pequenos problemas’ são sinais preocupantes, já que podem constituir sinais reveladores de sofrimento que poderão estar associados ao trabalho (Box & Vogel, 2011, p.9). E, é por isso:

“(...) a noção de avaliação dos riscos não se limita à identificação dos factores que podem provocar um acidente de trabalho ou uma doença profissional. Poderíamos

descrevê-la muito simplesmente como sendo uma acção destinada a avaliar o conjunto

das condições laborais, por forma a encarar as consequências negativas que estas

podem ter sobre a saúde e a segurança. Trata-se de uma acção de antecipação, indispensável para uma actividade de prevenção sistemática e planeada” (Box & Vogel, 2011, p.9).

Baseado neste conceito de saúde, os participantes apontam quais problemas de saúde estão sujeitos e quais destes consideram ter relação com o trabalho (cf.Fig.3):

Figura 3 – Problemas de Saúde e suas relações com o trabalho

0 10 20 30 40 50 60 U lt im am ent e per co a pa ci ênci a … Si nt o -m e ner voso Ac or do m ui to cedo e tenho … Tenho dor es qua ndo es tou de pé Tenho di fi cul da de de es ta r em pé … Tenho dor es qua ndo es tou … Tenho dor es qua ndo m udo de … Tenho dor es dur ant e a noi te D ur m o m al de noi te Tenho di fi cul da de em subi r ou … Est ou se m pr e ca nsa do Tenho di fi cul da de em ba ix ar -me Tenho dor es a o anda r O s di as pa recem que nunc a m ai s … Tenho dor es a o subi r e des cer … As pr eoc upa ções nã o m e dei xa m … Tenho di fi cul da de em c hega r as … Lev o m ui to tem po a ador m ecer Si nt o -m e só

Figura 3- Problemas de Saúde e suas

relações com o trabalho (%)

Sim, meu problema de saúde é relacionado ao trabalho Sim, tenho problemas de saúde

Perder a paciência com facilidade (60%), sentir-se nervoso (60%) e perturbações do sono, como acordar cedo e ter dificuldade em voltar a dormir (52,5%) e dormir mal a noite

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(42,5%) são aspetos muito referidos pelos participantes. Outros problemas de ordem física, como dores quando se está de pé (50%), sentir dores a noite (45%), dores quando se muda de posição (45%), dificuldades em subir e descer escadas (42,5%), dificuldades em estar em pé durante muito tempo (47,5%) e dores quando se está sentado (45%), também foram fatores identificados com destaque pelos trabalhadores.

Na relação destes problemas com o trabalho, apesar de ter uma variação estatística entre os que consideram que estes fatores estão sendo influenciados pelo trabalho e os que não consideram a relação com o trabalho, pode-se levar em consideração o desconhecimento do impacto das condições de trabalho exercem na saúde, apesar de interpelarem física e mentalmente o trabalhador.

Mentalmente, é um trabalho que exige do condutor profissional responsabilidades técnicas e administrativas em relação a diversas condutas, que variam entre o preenchimento da documentação do veículo e das cargas e descargas, o registro dos tempos de trabalho e descanso, a utilização de instrumentos técnicos, a tomada de decisão em caso de dano ou acidente, a comunicação constante com a entidade patronal, as questões relativas à função, planeamento de rotas, entre outros.

No que concerne o ato de conduzir, os riscos físicos destacados configuram a adoção de posturas penosas, como é o caso de ficar muito tempo sentado no camião (Gaiola et al., 2016). Além disso, dependendo da carga transportada, os riscos físicos e mentais assumem especificidades, pelas exigências das tarefas complementares da atividade do condutor. No caso do transporte de mercadorias perigosas, considerar que aspetos da organização e do conteúdo do trabalho facilitam o aparecimento de doenças músculo-esqueléticas e psicossociais é trazer visibilidade às questões que permanecem com pouco reconhecimento, por não apresentarem um desfecho imediato na saúde. Dores articulares, distúrbios do sono, fadiga, causam gradualmente desgaste físico e emocional, sendo experimentado muitas vezes como uma vivência penosa ao trabalhador (Duarte, 2015). Destes constrangimentos pode-se destacar como relevante para os motoristas, conforme a tabela 6:

34 Tabela 6 – Fonte de penosidade e constrangimento

Fator de risco (Insat 2016) Percentagem Verbalizaçao acompanhar o ritmo imposto 87,50%

E na altura da carga e da descarga não pode haver nada a nos distrair, não pode haver nada a alterar aquele ritmo que nos temos de trabalho (G., 55 anos)

depender dos pedidos

dos clientes, utentes 92,50%

Às vezes também é desgastante a velocidade, a pressão que existe a chegar ao cliente na hora (D., 49 anos)

manter o olhar fixo sobre o trabalho, sem qualquer

possibilidade de desviar

90,00%

Se nos enganarmos a carregar no compartimento errado, claro que depois quando formos descarregar vamos descarregar mal e vamos fazer uma mistura de produtos que é complicada (F., 52 anos) Tem que haver uma preocupação muito grande, porque temos diversos braços de cargas para diversos produtos e não se pode errar (G. 55 anos)

Assim há trabalhos que nos achamos que 100% da atenção chegam, eu aqui me arrisco a dizer que temos que estar com 150% da atenção (H., 57 anos)

ultrapassar o horário

normal de trabalho 97,50%

Nunca menos de 12 horas de trabalho por dia. Se trabalharmos 15 horas, sobram 9, para descansar... (C.,48 anos)

Esses dias, fiz quase 14 horas e avisei meu chefe de trafego: oh pa, para que me marcasse esse serviço. Para os empresários nós somos um número e para eles é mão de obra mais barata possível (B.,46 anos).

Nós trabalhamos muito mais do que as 8 horas de trabalho. Pode chegar a 12h, 13h (F., 52 anos)

É muito trabalho. Em duas semanas fazemos 90 horas de condução. Fora, o tempo que a gente ta à espera descarga, o tempo de carregar, não entra para essas 90 horas. Por isso é que a gente pode trabalhar 15 horas, a gente pode conduzir 9 horas e ainda está 2 ou 3

horas a descarregar. Por isso que temos uma amplitude de 15 ou 13 horas, que a gente tem que fazer um descanso de 11 ou 9 horas, isso

em 24 horas. (C., 48 anos)

Ninguém aguenta trabalhar assim tantas horas. Isso todos os dias, tem uma fatura para pagar. Eu não quero isso para o meu filho, trabalhar 15 horas por dia, viver assim não tem lógica (A., 37

anos)

Andamos ali na casa muitas vezes das 12h,13h, 14h, temos muitos dias desses e por isso é que estamos mais revoltados.

(F., 52 anos)

ter que dormir a horas pouco usuais por causa do trabalho

87,50%

Riscos... por ter muitas horas de trabalho por vezes não fazemos o descanso suficiente, para conseguir ter uma vida profissional e pessoal não é facil. Conciliar poucas horas de sono. No

máximo 6 horas de sono. (E., 51 anos)

E a gente anda com os sonos todos trocados e muitas horas de trabalho. Com 10 anos de trabalho é duro já. (A., 37 anos)

E a gente não ter horário, posso tanto pegar as 2 da manhã, como no outro dia pegar as 18h, os sonos ficam todos descontrolados.(G., 55 anos)

não conhecer o horário de trabalho com antecedência

92,50%

O número das viagens diárias difere muito depende da distância. Poderá ter 3 viagens em um dia ou até 4 depende daqueles dias com muito serviço mesmo, até 4 na área do Grande Porto, no fundo não dá muitos km, mas em nível de trabalho, muitas cargas e muitas descargas. (B., 46 anos)

ausência ou afastamento

significativo que interfere com a rotina familiar

75%

Muitos de nos não acompanham muito a vida familiar em casa, minha filha não a vi crescer. Temos uma relação boa, mas há uma distancia. (E., 51 anos)

Cheguei a casa, aproveitei ao máximo para estar com a família, enquanto a minha esposa foi fazer de comer e dormi ali uma horita, depois a noite não aquentei mais que já estava muitas horas sem dormir. (A., 37 anos)

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Um dos riscos identificados pelos motoristas é o facto de terem que manter o olhar fixo sobre o trabalho, sem qualquer possibilidade de desviar (90%); este aspeto é por eles considerado uma fonte de penosidade, pois abarca tanto a condução do camião como o processo de carga e descarga. Este fator corrobora ao stresse causado pela responsabilidade

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