• Nenhum resultado encontrado

3. A desconstrução da família americana em três peças de Sam Shepard

3.1.3 Sam Shepard e o outro drama americano

A peça de Sam Shepard Curse of the Starving Class é um bom exemplo das possibilidades de significado que o título sugere. Primeiramente o título nos impressiona pela presença de palavras como “curse” e “starving” as quais transmitem um forte significado. Não é coincidência que a peça se parece com o título pela direta correspondência que ele tem com o tema: a hereditariedade vista como “curse” e “starvation” como uma completa falta de amor.

A ideia de hereditariedade é explorada na maneira como os pais passam sua falta de amor e carinho para seus filhos na peça, como uma espécie de herança que eles serão incapazes de evitar. Ao ler as primeiras páginas, o leitor é introduzido a essa falta de comprometimento que os pais apresentam em relação às crianças, enfatizando a ideia de que essa herança representa uma maldição nas vidas dos filhos. A transferência dessa falta de amor da geração dos pais para geração dos filhos é um padrão que não oferece saída, mas uma constante repetição da mesma coisa. A mesma falta de comprometimento que os pais têm em relação aos filhos será igual às atitudes que os filhos terão mais cedo ou mais tarde.

A família é formada pela mãe, filho, filha e pai, sendo que a casa onde eles moram está em ruínas em algum lugar do Oeste americano, porém durante a leitura da peça não descobrimos exatamente onde a casa está localizada. Desde o início da peça não temos a impressão de ser um lugar aconchegante, uma vez que a primeira imagem que temos é de um garoto que metodicamente recolhe os pedaços da porta da cozinha e os coloca num carrinho de mão. A porta havia sido quebrada e começamos a imaginar o que haveria acontecido. Quando a mãe começa a conversar com o filho na primeira cena, ficamos sabendo o que havia acontecido na noite anterior: o pai que estava bêbado havia quebrado a porta porque a mãe a havia trancado de propósito, para não permitir que ele entrasse em casa, supostamente porque ele bebe muito.

A família e a casa estão num verdadeiro caos, desintegrando-se É importante relacionar esta crise com o momento histórico, a decadência das pequenas propriedades rurais americanas, a crise dos valores tradicionais contrastada à pujança das grandes cidades e o papel de ponta americano na modernidade global; na peça, moderno e arcaico se

encontram o tempo todo - a geladeira, corpo estranho da técnica naquele mundo de tradição, e a crueza do cordeiro comido sanguinolentamente, renovação do papel de caçador coletor, mergulho no mundo natural e instintivo. Esta diferença - o mundo da natureza e o mundo da história, da cultura - está presente na peça de Shepard. A crise é de um modelo de família, porém profundamente datada e historicizada, americana. O

insight de Shepard está em mostrar como o tempo todo esta origem cultural da peça

aparece para os personagens como um dado de natureza, inescapável, como a hereditariedade. Isto se evidencia na própria forma da peça, no hiper-realismo dos cenários, na escolha dos nomes dos personagens (Emma/Ella, quase o mesmo nome). Os personagens jovens se sentem condenados a ocupar os mesmos papéis sociais dos pais, não vêem saídas, apesar de promissores (Ella é boa aluna, por exemplo). A menstruação, outro exemplo, aparece como uma encarnação desta barreira histórico- social (a falência da pequena propriedade americana nos novos tempos e a caducidade dos valores familiares tradicionais) convertida em destino incontornável, força da natureza daí a tragédia. A porta quebrada é a nossa primeira pista da atmosfera que vai prevalecer durante toda a peça, física e espiritualmente. Fisicamente no sentido que os pedaços da porta quebrada transmitem sobre a desintegração e espiritualmente no sentido que o garoto recolhe os pedaços da porta metodicamente, como se ele fosse uma vítima não afetada por aquela violência.

A filha é uma aluna com excelentes notas e que está enfrentando a sua primeira menstruação. Ironicamente referem-se a sua primeira menstruação como “curse”. A alusão é feita pela mãe na primeira cena, e parece que ela quer enfatizar que a menstruação é uma verdadeira maldição na vida de uma mulher:

Agora eu sei que a primeira coisa que você vai pensar é que você se machucou. Isso é natural. Você vai achar que algo drástico deu errado no seu interior e é por isso que você está sangrando ... (p. 138)

Mais tarde na peça, Emma, a filha, revelará o seu lado violento, quando ela pega um cavalo selvagem dizendo que vai deixar a casa, “I´m leaving this house”. Ela também sonha em trabalhar como mecânica no México, enganando a mãe deles da mesma maneira que ela imagina que a mãe a enganou.

Ella está negociando com um advogado, que provavelmente é desonesto, para vender a casa onde eles moram sem que o marido saiba sobre a negociação, pois ela pretende partir para Europa com os filhos. Enquanto a mãe faz de tudo para escapar do lugar e obviamente do marido, o filho, Wesley, parece obcecado com a ideia de ficar e cuidar do local. A mãe quer dividir a família e ir embora, ao passo que Wesley pensa que a família tem que ficar unida.

O pai parece estar com problemas porque ele está devendo dinheiro a uma gangue de homens desonestos e está, assim como a mãe, nas mãos de pessoas traiçoeiras. Pessoas que querem tirar tudo dele. Essas pessoas são credores que farão tudo que puderem para lucrar com o caos financeiro e emocional da família. Essas pessoas explodem o carro da família com Emma dentro dele e parecem determinadas a não pararem até que peguem o pai, que foge para não pagar seus débitos e enfrentar a situação que ele mesmo criou. A primeira imagem importante na peça, a do garoto que recolhe os pedaços da porta de maneira indiferente e calmamente, transmite a ideia de que a violência é aceita e tomada

percebemos a indiferença que os membros dessa família têm uns pelos outros. Nada a afeta e nossa lógica é perturbada quando o irmão urina no cartaz da irmã, mas a mãe não faz nada para pará-lo ou impedi-lo.

Imediatamente nos perguntamos que tipo de família é essa. Uma família, cujo pai quebra a porta para poder entrar, além de estar bêbado e completamente fora de si com uma mãe que parece não dar importância para os filhos, e um filho que urina no trabalho da irmã. Caos pode ser visto e sentido em todos os lugares que você olhar: emocional, como se houvesse uma completa impossibilidade de manter uma relação familiar aceitável; financeira, como na impossibilidade de manter a casa, reabastecer a geladeira, dever dinheiro que você não tem para poder pagar suas dívidas. Desde o começo, a família nos é mostrada como uma união paradoxal: onde a vida é concedida e também destruída.

Na peça, os pais são incapazes de dar aos filhos amor e abrigo e ao longo da peça eles se tornam figuras ameaçadoras, pois é difícil para eles serem pais protetores. A mãe é indiferente e pelo fato de o pai beber pode ter destruído todo o comprometimento em relação à família.

As maldições na peça se referem ao que é transmitido de uma geração para outra, como quando a filha assume o papel da mãe e a transformação do garoto no pai.

A primeira referência à primeira menstruação da garota está (SHEPARD, 1981, p. 138) quando a mãe inicia um monólogo tentando esclarecer o assunto. Ela quer que a filha saiba os fatos reais (apesar de ela estar falando com ela mesma) e não que ela aprenda um monte de mentiras como ela diz. Ela enfatiza que a garota nunca deveria ir nadar, pois isso poderia fazê-la sangrar até a morte. Nesse momento a garota entra em cena e ambas começam a conversar como se estivessem continuando a conversa anterior que a mãe tinha com ela mesma. A garota quer ir nadar na piscina aquecida dos vizinhos, mas a mãe diz que não. Ela diz que não é piada e que a vida da filha está mudando. Então ela começa a explicar para ela sobre absorventes higiênicos, porque ela não gostaria que a garota os usasse. Ela não acredita que eles sejam seguros uma vez que eles podem misturar-se com as moedas inseridas nas máquinas para comprá-los. Para ela essas coisas carregam germes.

Ella está determinada a mostrar fatos reais sobre menstruação para Emma, mas ela não consegue nem explicar o que um ciclo menstrual é na realidade. A sua antiga visão sobre o assunto é carregada de preconceito. Instantaneamente entendemos que o período menstrual é algum tipo de doença. É sujo. É um invasor. A ideia de sujeira é contrastada com os absorventes higiênicos sem germes, tão limpos como um hospital. Emma não pensa que o período menstrual é uma função biológica natural a qual exige cuidado elementar. A obsessão da mãe com as funções biológicas da mulher vai além:

Você sabe o que é isso? É uma maldição, eu posso senti-la. É invisível, mas ela está lá. Todo dia eu posso sentir isso. Todos os dias eu possa vê-la chegando. E ela sempre vem. Se repete. Ela vem mesmo quando você faz tudo para impedi-la de vir. Mesmo quando você tenta mudá-la. E ela vai voltar. Profundamente. Ela vai voltar e voltar para pequenas células e genes. Para átomos. Para pequenas coisas nadando e compondo suas mentes sem nós. Conspirando no útero. Antes disso mesmo. No ar. Estamos cercados dela ... Ela vai mais longe também. Nós a espalhamos. Nós a transmitimos. A

herdamos e passamos para frente, e depois a passamos novamente. Ela vai continuar mesmo sem nós. (SHEPARD, 1981, p.173)

Ella parece se ressentir da sua condição de mulher e de ter a ‘maldição` como ela chama a sua condição biológica, e conseqüentemente sua condição de mulher e mãe. Sabemos que o ciclo menstrual é uma referencia à capacidade de uma mulher gerar filhos; é o que determina quando ela está apta a ficar grávida. É provável que Ella esteja culpando sua condição de mulher e mãe. A calma aceitação desses fatos por parte de Emma mostra que a ‘maldição’ da mãe está começando a ser passada de mãe para filha. A “maldição” do título refere-se à inevitabilidade da repetição, geração após geração, dos mesmos pontos de vista e atitudes sem significado que os pais têm.

A menstruação como um símbolo de fertilidade é visto como um desastre feminino pela mãe. A ‘maldição’ que a mãe passa para filha tem outras implicações. Emma se ressente do fato de a mãe sair com o advogado para o qual ela está vendendo a casa. Ela sabe que eles passaram a noite juntos. Apesar de ela fazer um esforço para reconhecer que a mãe precisa de um pouco de carinho, ela acredita que a mãe comporta-se como uma prostituta para conseguir o que ela quer. Quando Ella volta para casa ela traz a promessa de vender a casa para o advogado, e ironicamente ela traz muita comida para por no refrigerador, o que sugere que ela foi paga por sair com seu amigo advogado. Mais tarde na peça, Emma irá repetir o mesmo padrão de conduta: ela ouve a conversa do pai com o irmão sobre vender a casa para o dono do Alibi Club. Emma perde a cabeça, pega o cavalo e um rifle e vai até o Álibi Club. Dá vários tiros no lugar e então é presa. Nesse momento percebemos que o veneno da mãe é transmitido para Emma. Na página 196 ela explica para o irmão como escapou da prisão; ela conta para ele que fez propostas sexuais para o sargento. Emma assume a conduta da mãe para conseguir o que ela quer:

WESLEY: O que você fez?

EMMA: Eu saí.

WESLEY: Eu sei, mas como?

EMMA: Eu fiz propostas sexuais para o sargento. Foi assim. Fácil.

Então Emma conta ao irmão que ela vai começar a cometer crimes uma vez que isso é a única coisa que dá dinheiro hoje em dia. Percebemos que ela está completamente infectada pela atitude da mãe e não há saída para Emma. Seu potencial inicial para o raciocínio foi-se. Suas excelentes notas não a ajudarão mais. Ela foi corrompida pela falta de valores reais da mãe. Ela acredita que não tem nada para perder. Ela não tem outra motivação além de seguir os passos da mãe, pois essa é sua parcela na herança de seus pais. Ela ironicamente rouba o dinheiro da mãe, o qual ela recebeu do advogado, pega o carro da família e foge.

Existe um padrão que arruína a família inteira: é a passagem da “maldição” de geração para geração com a óbvia repetição do mesmo ato sem significado por parte dos filhos. A família retratada por Shepard em Curse of the Starving Class é aquela que fracassa por completo ao cuidar de seus filhos. É uma família guiada pelo princípio masculino o qual é violento para o homem do meio-oeste americano, por exemplo. A figura

masculina. Toda violência vinda dos homens na peça não pôde ser evitada pelo princípio feminino.

Emma representa um dos poucos personagens femininos nas peças de Shepard que carrega consigo um pouco da violência masculina. Sua natureza colérica leva-a a ter atitudes as quais poderiam ser mais esperadas de personagens masculinos, tais como: cavalgar um cavalo selvagem ou atirar no Alibi Club. Concluímos que ela está totalmente afetada pela indiferença da mãe porque ela não se importa mais com o que lhe aconteça; a conduta dela carrega muito da insanidade dos homens na peça. Os homens na peça derrotam qualquer tentativa das mulheres de proporcionar à família um ambiente mais saudável. Ella também possui a violência e a mesquinhez dos homens na peça, possivelmente como uma maneira de sobreviver. O futuro de Emma não poderia ter sido pior. No final ela torna-se uma vítima dos credores que estão procurando o pai dela, o que sugere que o princípio feminino é uma vez mais destruído pela violência masculina.

A maldição do título refere-se também ao fato de o filho estar contaminado pelo veneno do pai. A primeira referência a Wesley ter assumido a conduta de seu pai pode ser vista na página 167 quando Weston menciona como ele foi infectado com o veneno do seu próprio pai. No princípio, Wesley não parece ser capaz de entender seu pai. Ele muda de assunto ao oferecer ao pai alcachofras, provavelmente como uma reação de medo. Weston está tentando avisar seu filho sobre o seu próprio veneno: o padrão de conduta que tende a ser constantemente repetido na família. Logo após conversar com o pai ele dirige-se ao cordeiro que ele está cuidando na cozinha: “Coma a ovelha americana. Vinte milhões de coiotes não podem estar errados.” (p. 191)

Como uma espécie de ritual das pessoas famintas na família, Wesley bate a porta do refrigerador e diz para o cordeiro que ele não vai matá-lo, não o fará porque ele não considera a ele mesmo como um membro da classe faminta. Apesar de ele recusar qualquer tipo de identificação com a classe faminta do título, esse ritual e conversa com o cordeiro são as nossas primeiras pistas de que ele estará pronto a por em prática as mesmas atitudes do pai. A constante repetição desse ritual mostra que Wesley, mais que qualquer um em sua família, está faminto não só de comida, mas basicamente de amor. Ele não consegue encontrar um modelo de homem para converter a imagem do pai. Durante o curso da peça, a transformação de Wesley em seu próprio pai acontecerá da mesma maneira que a de sua irmã. É através de um conjunto de atitudes que Wesley e Emma desenvolvem durante a peça que a expressão de falta de amor e o sentimento de abandono manifestam-se neles assim como a constante caça à comida no refrigerador. No Ato III, Wesley será dominado por uma força irracional que o fará procurar desesperadamente por uma identificação com seu pai. Ele veste o boné sujo de seu pai, o casaco e o par de tênis, tenta o banho frio e quente sugerido pelo pai, e perambula completamente despido pela casa além de tentar o renascimento do pai o quanto ele pode, mas não funciona. Agora ele está pronto para representar a “maldição” de seu pai: ele mata o cordeiro e o come cru. Assim, curiosamente, enquanto o pai estava transformando-se num novo homem, restabelecendo seu senso de comunhão com a terra, percebendo o elo físico que mantêm a família unida, o filho estava herdando a ‘maldição’.

Quando Wesley entra na cozinha e cumprimenta seu pai, Weston fica horrorizado ao vê- lo em suas roupas. Wesley anuncia que matou o cordeiro e repete o ritual de ir ao refrigerador. Dessa vez loucamente, retirando todos os tipos de comida e comendo vorazmente. Nesse momento, a transformação do pai em um novo homem, a qual traria alguma esperança para o caos familiar, é absolutamente eliminada. Wesley faz sua entrada na ‘classe faminta’. Ele finalmente assume que ele é o homem faminto da sua família, ou que ele está mais faminto do que qualquer outro personagem, mais do que nunca.

Em American Playwrights: A Critical Survey, 1981 Bonnie Marranca salienta a maneira interessante que Shepard usa, durante toda a peça, o ato de comer como uma maneira de evitar a emoção, uma reação para ansiedade do medo, uma resposta a eventos externos dramáticos. Na peça, todos sempre batem a porta do refrigerador. Durante a peça, essa é uma atitude repetida pelos membros da família várias vezes. Wesley é o que mais repete o gesto. A falta de amor é transmitida pela imagem da fome. Shepard mostra o conflito entre gerações de pais e filhos, causado pela herança que os filhos recebem dos pais num padrão de repetição da conduta dos pais , o qual os filhos parecem muito fracos para evitar, e portanto, repetem as atitudes dos mesmos durante toda peça com poucas possibilidades de encontrar uma saída. Shepard parece querer mostrar o poder inexorável da herança, não somente física, mas psicológica, assim como a força da luta entre pai e filho com o domínio do segundo sobre o lugar do primeiro.

Em peças como The Son (HASENCLEVER, 1912) que foi uma das primeiras peças expressionistas cujo tema principal é o conflito entre gerações e a rejeição do mundo moderno pelos jovens e Patricide (BRONNEN, 1922) o conflito entre pai e filho é expresso num padrão onde o pai representa autoridade, disciplina e ordem enquanto os filhos representam paixão e idealismo. Os filhos nessas peças odiavam as figuras dos pais porque elas os impediam de viver a vida intensamente. Essas peças estão ligadas as de Shepard pela temática.

Uma geração inteira de escritores expressionistas sonhou em matar seus pais para levar a vida naturalmente e assumir o papel dos mesmos também. Com tendência para o extremo e o exagero, as peças expressionistas são combativas na defesa de transformações sociais. O enredo é muitas vezes metafórico, com tramas bem construídas e lógicas. Em cena há atmosfera de sonho e pesadelo e os atores se movimentam como robôs. Muitas vezes gravações de monólogos são ouvidas paralelamente à encenação para mostrar a realidade interna de um personagem.

A primeira peça expressionista é A Estrada de Damasco (1898-1904), do sueco August Strindberg (1849-1912). Entre os principais dramaturgos estão ainda os alemães Georg Kaiser (1878-1945) e Carl Sternheim (1878-1942) e o norte-americano Eugene O'Neill (1888-1953).

Ao Expressionismo se deve à renascença do teatro nos EUA. Durante o século XIX só houve (como na Inglaterra vitoriana) peças poéticas para a leitura; os palcos estavam, ainda no começo deste século, dominados por homens como Belasco e outros autores de dramalhões populares. A salvação veio dos amadores, que se transformaram, aliás, com

caderno programático O'Neill declarou sua dívida para com Strindberg e Wedekind. Foi o primeiro grande dramaturgo norte-americano, o maior e - conforme a opinião de muitos críticos - já quase o último, pois seus sucessores não lhe alcançaram a estatura nem sequer a fecundidade. Clifford Odets (n.1906) só obtinha sucesso enquanto cultivava, no palco, a propaganda política.

Maxwell Anderson (n.1888) e Elmer Rice (n.1892) não cumpriram a promessa das primeiras obras. Arthur Miller era um intelectual, em oposição à ‘mass culture’ e suas consequências políticas e sociais. Tennessee Willians pertence ao movimento literário do sul dos EUA, com fortes interesses psicológicos e psicopatológicos. Os teatros da Broadway voltaram a ser dominados pela produção comercial, às vezes com verniz literário (S. Behrman, Lillian Hellman, George S. Kaufman). Só Thornton Wilder manteve o alto padrão literário do seu estilo expressionista. Entre as muitas ramificações do teatro expressionista ainda merece menção um original autor em língua iídiche, S. Anski (1863-1920), cujo drama místico O Dibuk foi representado em muitas línguas.

Essas obras contrastam com Curse of the Starving Class, onde o conflito de gerações é mostrado de uma maneira diferente. Constatamos razões óbvias para acreditar que Wesley odeia seu pai, mas talvez ele não tenha consciência desse fato. O que ele