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Sierra Nevada no estado da Califórnia, Est ados Unidos habit am as árvores de m aior longevidade at é hoj e identificadas: tratam se de

No documento 29 O Homem muda o Clima ou (páginas 53-56)

pinheiros da espécie Pinus Longaeva. A árvore m ais velha do m undo

( foto acim a à esquerda) fica nesta m esm a região e possui cerca de

4.700 anos, sendo o exem plo m áxim o da longevidade dessas árvores.

Surge então a pergunta: qual a im portância de árvores com o esta para o conhecim ent o do clim a? Para revelar a natureza do clim a pretérito, os cientistas se valem de diversos recursos e técnicas. A m odelagem num érica é a m ais difundida, m as além dela outros m étodos baseados na dendrocronologia e na glaciologia contribuem para avançar no conhecim ento do clim a.

A dendrocronologia é um a técnica baseada na contagem e m ensuração dos anéis de crescim ento de árvores. A part ir destas inform ações é possível determ inar a velocidade de crescim ent o, bem com o est im ar a idade adequada do abate. Perm ite t am bém estabelecer relações com o clim a.

Alguns autores usam o term o dendroclim at ologia para classificar o viés clim atológico da dendrocronologia. Essa palavra tem origem na associação de três palavras do grego antigo:

dendro

crono

logia

árvore

t em po

est udo

As análises clim áticas do passado podem ser divididas em duas part es, a prim eira trata do clim a passado durante um período geológico anterior à história registrada; a segunda, do clim a durant e essa m esm a hist ória. O conhecim ent o do clim a predom inante na fase anterior à história registrada é proveniente de estudos indiretos de evidências nat urais na crost a t errestre.

A cronologia dos anéis de crescim ento de árvores representa um registro natural e pode ser utilizado para inferir a evolução de event os clim át icos em períodos ant eriores, sem registros clim át icos instrum ent ais, bem com o a influência da atividade solar na taxa de crescim ento da árvore.

Em term os globais, devido à extensa distribuição da localização das árvores sobre o globo, os regist ros dos anéis de crescim ent o revelam padrões de oscilações que diferem de região para região. Já em term os regionais, as variações nas cam adas anuais de crescim ent o podem ser análogas em m uitas árvores, indicando que o m esm o conj unto com um de fat ores ext ernos influencia no crescim ent o.

C

C

Onde ist o é verdade, é razoável assum ir que os agentes externos que forçam o padrão de variabilidade com um nas árvores de um a região relacionam - se com o clim a. Port ant o, torna- se possível extrair os registros das variáveis clim áticas gravadas nos anéis de crescim ent o. Est a é a hipót ese básica da dendroclim atologia.

O interesse pelo est udo dos anéis de árvores rem ont a a Leonardo da Vinci, que verificou a relação ent re períodos chuvosos e o crescim ent o das árvores.

O est udo sist em ático iniciou com astrônom o norte am ericano Andrew Ellicott Douglass, em 1901, que identificou relações entre m anchas solares, fenôm enos clim át icos e os anéis de crescim ento de árvores. Mais t arde, em 1971, Harold C. Fritts aperfeiçoou os est udos incluindo t écnicas com put adorizadas.

Assim com o qualquer outro ser vivo, os vegetais estão suj eitos às oscilações am bientais quer sej am nutricionais, clim áticas ou de natureza desconhecida; essas oscilações afetam os m ecanism os de produção de biom assa.

As flutuações clim áticas as quais as plantas estão suj eitas podem ser diagnosticadas através da form ação de anéis

anuais de crescim ent o.

O tronco das árvores possui um a casca int erna e um a ext erna. A externa é com post a por células m ort as, que protegem o tecido vivo do tronco. Já a casca interna ( floem a) , é com posta de células vivas, onde vários m ateriais orgânicos são transportados entre o sist em a t ronco- raiz.

O interior do t ronco é form ado pelo lenho secundário e é dividido em : alburno ( ou lenho vivo) , de coloração clara, situado externam ent e; e cerne ( ou lenho m ort o) de cor escura, localizado no cent ro do t ronco.

A fina cam ada existente na int erface entre a casca e o lenho do t ronco é cham ada de câm bio.

Tais anéis de crescim ento são com postos de duas faixas de tecidos: um a int erna, m ais clara, leve e porosa, que se form a prim eiro e é cham ada de lenho inicial; e outra externa, m ais escura e densa, que se form a depois e é cham ada de lenho t ardio. O lenho inicial é form ado durant e a prim avera, onde ocorre a m aior parte do aum ento de células e consequent em ente do diâm etro da árvore, e o lenho t ardio, em seguida, no final do verão.

A m aior part e dos estudos dendrocronológicos ut iliza espécies arbóreas que se desenvolvem em regiões de clim a tem perado. O inverno rigoroso destas regiões causa a parada de crescim ento do lenho dessas árvores, form ando anéis de crescim ento anuais.

O uso de espécies de regiões de clim a subtropical e tropical ainda é bastante raro. Para determ inadas espécies de regiões t ropicais, exist e a dificuldade de se determ inar

com exatidão a idade das árvores através dos anéis de crescim ent o, pois m uit as vezes esses anéis são indistintos e m esm o quando aparentes, podem não expressar a idade real da árvore.

I m agem da estrutura interna do tronco de um a árvore, nas regiões de clim a tem perado. Fonte: Fritts (1976) citada por Rigozzo ( 1998) .

M ét odos e Técnicas da Dendrocronologia

As inter-relações entre os anéis de crescim ento e o clim a, têm sido estudadas principalm ente à luz das variações de largura e densidade que ocorrem nos anéis, de um ano para outro.

Para avaliar o crescim ento de um a árvore a dendrocronologia, utiliza m étodos e técnicas, divididos em dois grupos: m étodos dinâm ico e est át ico. Est es m ét odos perm it em a identificação da periodicidade das zonas de crescim ent o e possibilit a est im ar a idade real da árvore.

A seguir são apresentadas algum as técnicas aplicadas para avaliar o crescim ent o de anéis de árvores e o passado clim ático.

M ét odos Dinâm icos

# I nvest igação fenológica: são estudos de fenôm enos que ocorrem periodicam ente, t al com o t roca de folhas, flores e frut os e que podem ser visualm ente detectados, conduzindo a um prim eiro diagnóstico do ritm o de crescim ent o de um a espécie arbórea.

Para que os result ados sej am confiáveis, as observações fenológicas devem ser acom panhadas da análise dos anéis de crescim ent o, que é feit a m ediante a retirada de pequenas am ostras, através de um trado ( m étodo não- destrutivo) , que perm it e quantificar essas observações.

# Mensuração do diâm et ro de crescim ent o

por dendrôm et ro de faixa: O dendrôm etro

de faixa tem sido utilizado para m onitoram ento e registro do crescim ento de árvores praticam ente em todas as escalas de tem po, de hora em hora e anualm ente. O obj et ivo principal de sua utilização é obter um grande conhecim ent o das interações entre os m ecanism os fisiológicos e am bientais, por exem plo, se o crescim ent o durante um a sem ana m uit o fria, está sendo grande, ret ardado ou nulo.

# Mensuração da at ividade cam bial por

resist ência elét rica com um sigom et rôm et ro: O sigom etrôm etro é um

parelho utilizado para m edir a resistência elétrica de um a determ inada zona cam bial. A m ensuração da resistência elétrica da zona cam bial com este equipam ento tem sido usada para descrever a atividade cam bial. Em bora a utilização do sigom etrôm etro prever um a boa indicação da atividade cam bial, m ais invest igações são necessárias para um a correta interpretação dos resultados.

M ét odos Est át icos

As técnicas de análise descritas acim a dão um a prim eira indicação do ritm o de crescim ent o das árvores. Quando se quer obter inform ação adicional com o a razão de crescim ent o e int erpret ação do com port am ent o de crescim ento em conexão com fatores ecológicos e clim át icos, é necessário invest igar a estrutura dos anéis, usando para isso outras técnicas dendrocronológicas. Assim , neste m étodo as principais técnicas envolvidas são:

# Anat om ia de m adeira: O estudo anatôm ico

da m adeira se faz necessário quando se desej a definir a est rut ura das zonas de crescim ent o e o lim ite do anel. Tipos específicos de anéis são freqüent es em cert as fam ílias. Por exem plo, a zona de crescim ento de todas as Legum inosae é separada por faixa de parênquim a m arginal, em bora, em várias espécies, pode- se encont rar estrutura adicional na form ação da zona de crescim ent o.

# Dat ação por Radiocarbono: A com provação

da periodicidade do crescim ento é feita pela diferença na concentração de radiocarbono da am ostra de m adeira em com paração com a curva do nível de radiocarbono presente na atm osfera, perm itindo a datação da am ostra e se os anéis são anuais.

# Mensuração da largura do anel de crescim ent o: A m ensuração da largura dos

anéis, geralm ent e é feit a com aj uda de um a lente obj etiva e de um a m esa de m edição. Pela com paração do padrão da largura do anel entre árvores e fragm ent os de m adeira existente em um a determ inada área é possível descobrir o ano em que cada anel foi form ado, tanto em árvores vivas, com o em árvores m ort as.

# Densit om et ria por isót opos radioat ivos:

Os principais isótopos em densitom etria são por raios- X e raios gam a. O prim eiro m ét odo baseia- se na diferença de densidade entre o lenho inicial e o lenho tardio. Já usando a radiação gam a as am ostras de m adeira são acionadas ao longo de um feixe de radiação gam a e a m assa específica pode ser então determ inada pela absorção diferenciada desta radiação. Quanto m aior a m assa específica, m aior será a absorção e t ant o m enor será a quantidade de radiação que atravessa o m eio absorvedor. A m assa específica da m adeira é então determ inada por um a equação, adaptada da Lei de Beer- Lam bert.

# I sót opos est áveis: A principal técnica de

análise para isótopos estáveis é a espectrom etria de m assas. A m ensuração do conteúdo de isótopo estável na m adeira é m uito dispendiosa e consom e m uito t em po. A invest igação m ais básica para com preender a influência do clim a, sobre isótopo nas plantas, se faz necessária, antes que a técnica sej a usada para investigações clim atológicas nos t rópicos.

Analiticam ente, os m ét odos dinâm icos, com parados com os m étodos estáticos apresentam a vantagem de não necessitar a retirada de am ostras (em discos) da m adeira, perm itindo assim , obter inform ação do rit m o de crescim ento, sem a extração da árvore.

Ferram ent as dest a natureza são m uito im portantes para m elhorar a determ inação dos fat ores e alt erações clim át icas em nosso planet a.

Port ant o, “ Árvores são poem as que a t erra escreve para o céu. Nós as derrubam os e as t ransform am os em papel para regist rar t odo nosso vazio” ( Khalil Gibran) .

Para saber m ais:

FERRAZ, E. S. B., 1996. Anéis de

Crescim ent o das Árvores Regist ram a Periodicidade do Clim a . Jornal Notícias

Piracem a, ESALQ, Piracicaba p.3.

FRI TTS, H.C., 1991. Tree Rings and

Clim at e. Blackburn Press, 567 p.

PALERMO, G.P.M.; LATORRACA, J.V.F.; ABREU, H.S., 2002. Mét odos e Técnicas de

Dia gnose de I dent ifica ção dos Anéis de Crescim ent o de Árvores Tropica is. V. 9, n.1,

p. 165- 175, Revist a Floresta e Am biente.

PRESTES, A., 2006. Rela ção Sol- Terra

Est udada at ravés de Anéis dos Crescim ent o de Coníferas do Holoceno Recent e e do Triássico. Tese de Doutorado, São José dos

Cam pos, SP, I NPE, 142 p.

RI GOZO, N.R., 1999. Regist ros da

At ivida de Solar e out ros Fenôm enos Geofísicos em Anéis de Árvores. Tese de

Doutorado, São José dos Cam pos, SP, I NPE, 131 p.

TROVATI , L.R.; FERRAZ, E.S.B., 1994.

I nfluência da Precipit a ção e da Tem perat ura na Densidade dos Anéis de Crescim ent o de

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