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SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo ao

2.2 O atendimento ao adolescente autor de ato infracional

2.2.3 SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo ao

O SINASE é o conjunto de princípios e normas para a execução das medidas socioeducativas. Instituído primeiramente por resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), tornou a Lei Federal 12.594, sancionada a 18 de janeiro de 2012.

Não temos neste trabalho a proposta de aprofundarmos nos aspectos legais das medidas socioeducativas. Entretanto, para fins de entrelaçamento das responsabilidades elencadas no tópico anterior, destacaremos, em anexo, os artigos relacionados aos programas de atendimento, meio fechado e meio aberto, o PIA – Plano Individual de Atendimento que se configura como o norteador do trabalho a ser desenvolvido com o adolescente e o PPP – Plano Político Pedagógico que norteia o trabalho desenvolvido pelos programas, requerendo avaliação atualizada sobre o trabalho desenvolvido e resultados alcançados.

Neste momento, gostaríamos de ressaltar, como bem colocado pelo educador Antonio Carlos Gomes da Costa, a importância do PIA e do PPP como norteadores do trabalho desenvolvido e, em especial, da ressonância que deve pautar as reflexões das equipes de trabalho envolvidas na temática.

2.2.3.1 O PIA

O SINASE criou a obrigatoriedade do PIA (Plano Individual de Atendimento). Trata-se de um instrumento de planejamento, registro e gestão das atividades a serem desenvolvidas com o adolescente em cumprimento de medidas socioeducativas, postulado pelos envolvidos na execução da medida. O propósito fundamental do PIA é a personalização do atendimento ao jovem em conflito com a lei; portanto, o PIA se configura como uma ferramenta importante para a evolução pessoal e social do adolescente e para a conquista de metas e compromissos estabelecidos no decorrer da medida e adequação às necessidades do adolescente e sua família e como ponto central da estruturação de sua execução.

Dessa forma, o PIA será utilizado na construção de metas e compromissos pactuados com os jovens que cumprem medidas socioeducativas e suas famílias, e consiste no acompanhamento, avaliação e evolução pessoal e social desses jovens, propiciando maior concretude em relação aos seus avanços e/ou retrocessos no processo socioeducativo.

Este Plano prevê momentos de intervenção diferenciados pelas várias áreas que atendem os adolescentes em medida socioeducativa, iniciando-se no processo de acolhimento e devendo ser concluído após 15 dias no caso de internação provisória e 45 dias no caso de internação, por exemplo. É importante ressaltar que tais intervenções precisam ser caracterizadas por abordagens adequadas às necessidades específicas de cada adolescente e de sua família, devendo ser voltadas à sua evolução pessoal e social, considerando as dimensões pessoal, social e coletiva. A abordagem deve acontecer de forma multiprofissional e interdisciplinar, envolvendo os diferentes aspectos que interagem no cotidiano dos adolescentes no contexto em que estão inseridos, além de suas potencialidades e sua capacidade de enfrentamento e superação de dificuldades.

No caso do cumprimento da medida de internação, o PIA só poderá ser construído a partir de uma proposta de diagnóstico polidimensional e individualizado, com definição de ações a serem implementadas, compreendendo a situação processual e as providências necessárias, a fixação das metas a serem alcançadas pelo adolescente e a definição das atividades internas e externas, individuais ou coletivas das quais o adolescente irá participar, prevendo, inclusive as condições para o exercício da sexualidade e as medidas especiais de atenção à saúde.

Além disso, a elaboração, acompanhamento e reavaliação do PIA incluem discussões permanentes em encontros periódicos, quinzenais e/ou quando necessários com a equipe multiprofissional de referência do adolescente e de sua família.

Assim, a eficácia do PIA muito dependerá deste estar sempre sujeito a reformulações, de acordo com o processo evolutivo do adolescente ou quando forem necessárias, por demanda do adolescente, dos familiares ou dos profissionais responsáveis pelo atendimento do jovem.

2.2.3.2 O PPP

Um PPP – Plano Político Pedagógico – apresenta duas dimensões: a política e a pedagógica. É político, pois expressa o compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade, e é pedagógico porque possibilita a efetivação da intencionalidade da ação, que pode ser de cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo (ANDRÉ, 2001).

No item 6.1 do SINASE – Diretrizes pedagógicas do atendimento socioeducativo – considera-se o Projeto Pedagógico como “ordenador da ação e gestão do atendimento socioeducativo”.

O SINASE estabelece, ainda, as diretrizes que as entidades de atendimento e/ou programas que executam a internação provisória e as medidas socioeducativas de prestação de serviço à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação deverão orientar e fundamentar a prática pedagógica.

Cada um dos princípios, diretrizes e parâmetros deve estar claramente descrito no Plano Político Pedagógico (PPP) das entidades ou programas que executam o atendimento socioeducativo. Esta é uma ferramenta importante para organização do trabalho e para assegurar o comprometimento de todos com novas práticas, uma vez sua construção pressupõe a participação de toda comunidade socioeducativa.

O projeto pedagógico deve ser claro e conter minimamente:

 Público alvo  Regimento interno  Capacidade  Regulamento disciplinar  Fundamentos teórico-metodológicos  Reuniões de equipe

 Recursos humanos e financeiros  Monitoramento e avaliação  Detalhamento da rotina  Estudos de caso

 Organograma  Fluxograma

 Elaboração e acompanhamento do Plano Individual de Atendimento

Considerando o princípio da incompletude inconstitucional, não são apenas os profissionais das instituições ou programas de atendimento que devem se comprometer com a PPP. Os diversos sistemas (SUAS, SUS, entre outros) que compõe o Sistema de Garantia de Direitos (SGD) devem manter interface com o SINASE ampliando, assim, as condições para a realização dos direitos, pois os adolescentes devem ser compreendidos a partir de todas as dimensões que os constituem.

A ação socioeducativa deve, portanto, respeitar as fases de desenvolvimento integral do adolescente, levando em consideração suas potencialidades, sua subjetividade, suas capacidades e suas limitações, garantindo a particularização no seu acompanhamento.

O PPP é o que subsidiará a proposta socioeducativa.

2.2.4 Dados brasileiros do atendimento socioeducativo ao adolescente em