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3. USUÁRIOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL E O ACESSO À COMUNICAÇÃO DA REDE DESCRIÇÃO DO ACESSO ÀS INTERFACES DA WEB

3.2 DISPOSITIVOS DE INTERAÇÃO ENTRE USUÁRIO COM DEFICIÊNCIA VISUAL E INTERFACES DIGITAIS

3.2.5 SINTETIZADORES E COMUNICAÇÃO

De acordo com a descrição operacional dos quatro programas leitores de telas, observa-se que os mecanismos de funcionamento da leitura sonora são similares. As informações apresentadas pela interface são transmitidas pelo formato sonoro e os comandos de navegação são dados unicamente pelo teclado.

Conforme explicação dada sobre o mecanismo de leitura realizado pelos programas de voz, é importante ressaltar que, orientações de navegação indicadas por ícones, feitas por meio de gráficos e imagens, destaques na tela em cores ou tamanhos variados de letras, clicks do mouse etc, invariavelmente, obedecem a padrões de linguagens visuais. Assim, esses recursos gráficos de navegabilidade, são dispensáveis para a interação dos usuários cegos com as interfaces digitais.

Essa informação deve ser de domínio dos desenvolvedores de interfaces acessíveis, pois de acordo com Steven Johnson (2001, p. 24) "a própria palavra interface evoca imagens de desenho animado, de ícones coloridos e lixeiras que se mexem, bem como os inevitáveis clichês da acessibilidade ao usuário”.

Sendo assim, as referências de indicadores geradas pela comunicação visual devem ser uma preocupação constante durante a construção da interface acessível, já que, conforme afirmado pela empresa MicroPower, desenhos, cores e animações não servem de sinalizadores para a navegação de usuários cegos.

A navegação com acessibilidade implica obedecer a indicadores sonoros, cuja função é direcionar a mobilidade do usuário cego pelo site, ou seja, transitar de tela em tela, por meio da ativação de hiperlinks que devem ser reconhecidos pelos leitores de tela. A meta é fazer com que essas informações sejam de conhecimento de todos os profissionais

envolvidos na construção da interface, pois, conforme afirmado por Leão (2005, p. 42), “o conceito de autoria é bastante complicado quando se fala em hipermídia.”

"Em geral, na elaboração de um aplicativo para CD-ROM costumam trabalhar equipes numerosas. Além disso, na hipermídia mais vivaz, a que se realiza em redes como a Internet, temos um exemplo em que o termo "autoria" só pode ser utilizado com respeito a sites específicos. Vale lembrar que na Web, em cada nó da rede estamos conectados com um ponto desenvolvido por uma equipe, e podemos no instante seguinte estar em outro ponto desenvolvido por uma outra equipe e assim consecutivamente. Alguns pensadores já chegam a afirmar que a hipermídia representa o fim da era da autoria individual.”(LEÃO, 2005, p. 42)

Assim, é fundamental que os aspectos que envolvem a acessibilidade sejam de domínio de todos, pois, em se tratando de funcionalidade, não podemos considerar de sucesso um procedimento referente à acessibilidade de um site, que não seja completo.

No caso da navegação com sistema sonoro, os problemas gerados pela não conformidade da arquitetura construída nas telas ganham proporção à medida que seu desenho já apresenta problemas conceituais de usabilidade até mesmo para usuários que não possuem nenhum tipo de dificuldade sensorial ou cognitiva. Leão, ainda em "O Labirinto da Hipermídia" , explica

No caso da hipermídia, o que define a trama do tecido complexus é que este se forma através de um jogo circular onde os binômios ordem/desordem, acaso/determinação, interação/retroação se conjugam de forma infinita e simultânea. Cada nó da rede, cada home page, cada página de um CD-ROM devem ser concebidos a partir dos princípios de clareza, coerência, rigor, ordem, precisão. Dessa forma, a simplicidade e a clareza são elementos constitutivos, pontes de passagem para uma complexidade maior. Um sistema hipermidiático tem como fundamento a articulação, a organização da complexidade. Podemos dizer que a hipermídia só se realiza quando ocorrem interações entre os pares complementares. (LEÃO, 2005, p. 64)

Para Maeda (2007, p. IX), a organização é o segundo elemento de uma lista de dez itens, para a promoção da simplicidade. Esse autor nos diz que “A organização faz com que um sistema de muitos pareça de poucos”, assim como em sua quinta lei da simplicidade afirma que: “simplicidade e complexidade necessitam uma da outra”.

Assim, podemos observar que mesmo admitindo a existência da complexidade como parte dos processos hipermidiáticos, a não organização dos pares vinculados ao funcionamento da hipermídia compromete aspectos de interatividade que independem da necessidade do usuário da interface, como: a usabilidade, a mobilidade e a acessibilidade do site. Crianças, idosos, pessoas com deficiência sensorial cognitiva ou não, serão prejudicadas em relação à qualidade da navegação.

Em conversa com um dos técnicos da MicroPower, é possível a compreensão do porquê os recursos visuais não colaboram com a leitura do programa de voz. Segundo o técnico em usabilidade da MicroPower:

“Existem algumas informações que são colocadas na tela no formato de imagem, muitas vezes são textos escaneados e está como foto, neste caso o leitor de tela identifica como imagem. Atualmente existem alguns programas que tentam fazer da melhor forma possível, a captura de cada caráter dentro de uma imagem o OCR (Reconhecimento Óptico de Caracteres). Só que isso deixa a máquina mais pesada, exige mais da máquina, não sei se seria tão acessível, o ideal seria mesmo que os programadores obedecessem os padrões de acessibilidade da W3c.”(informação verbal em 27/10/2011)

Conforme informação dada pelo técnico, existem conflitos na tradução dos ícones para a linguagem sonora. Esse é um dos motivos responsáveis pela falta de acessibilidade de grande parte das telas, uma vez que várias interfaces utilizam imagens e não textos. Assim, o programa decodificador não identifica as imagens e esse tipo de informação não é acessível ao usuário cego.

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