3.3. Análise multicriterial da qualidade das lavouras de milho
3.3.3. Sistemática de cálculo dos pesos para os critérios
A sistemática de cálculo utilizada neste estudo foi desenvolvida por Thomas Saaty na década de 70 e é exaustivamente explicada na obra de FORMAN e SELLY (2005).
FORMAN e SELLY (2005) consideram que o AHP é baseado em três princípios fundamentais: decomposição, julgamento comparativo e composição hierárquica.
Uma vez que os critérios estejam hierarquizados, o julgamento comparativo entre os critérios de um mesmo nível é realizado através da construção de uma matriz quadrada com os valores das razões de importância de comparação entre os critérios, vide exemplo na Tabela 4. A razão de importância entre os critérios é estabelecida segundo uma escala de valores (Tabela 2). Este método permite a comparação de critérios quantitativos de diferentes unidades de medidas entre si, além de permitir que a avaliação conte com critérios puramente qualitativos.
Uma vez construída a matriz, os pesos de cada critério são extraídos do auto-vetor principal do quadrado da matriz de comparação paritária entre os critérios. O módulo Weight do IDRISI 32 calcula o auto-vetor principal, produzindo pesos que somados totalizam um (1), como é exigido pelo procedimento de combinação linear de pesos (WLC).
Cálculo dos pesos para os critérios
1º passo: determina-se a razão de importância entre os critérios, comparando-se cada critério com os outros, par a par, utilizando-se a escala de comparação de importância relativa de
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Saaty (escala semântica ou verbal), conforme Tabela 2 (EASTMAN, 2001; FORMAN e SELLY, 2005).
2º passo: constrói-se uma matriz quadrada A de comparação paritária de critérios. Nesta matriz os valores da razão de importância entre critérios são colocados nas células de interseção linha-coluna dos critérios comparados, de modo que, a diagonal principal que compara entre si os critérios é toda preenchida com valor 1.
3º passo: a matriz é elevada ao quadrado, produzindo a matriz A2;
4ºpasso: calcula-se o autovetor da matriz resultado A2, pela soma dos valores das linhas;
Razão de
Importância Explicação
1/9
critério da linha da matriz é extremamente menos importante que o
critério da coluna
Importância absoluta de um sobre outro
A evidência favorece uma atividade em relação à outra com o mais alto grau de
certeza 1/7
critério da linha da matriz é muito fortemente menos importante que o
critério da coluna
Importância muito grande ou demonstrada
Uma atividade é fortemente favorecida; sua dominação de importância é
demonstrado na prática 1/5
critério da linha da matriz é fortemente menos importante que o critério da
coluna
Importância grande ou essencial
A experiência e o julgamento favorecem fortemente uma atividade em relação à
outra 1/3
critério da linha da matriz é moderadamente menos importante que
o critério da coluna
Importância pequena de uma sobre a outra
A experiência e o julgamento favorecem levemente uma atividade em relação à
outra 1 a importância do critério da linha da
matriz é igual a do critério da coluna Mesma importância
Duas atividades contribuem igualmente para o objetivo
3
critério da linha da matriz é moderadamente mais importante que o
critério da coluna
Importância pequena de uma sobre a outra
A experiência e o julgamento favorecem levemente uma atividade em relação à
outra 5
critério da linha da matriz é fortemente mais importante que o critério da
coluna
Importância grande ou essencial
A experiência e o julgamento favorecem fortemente uma atividade em relação à
outra 7
critério da linha da matriz é muito fortemente mais importante que o
critério da coluna
Importância muito grande ou demonstrada
Uma atividade é fortemente favorecida; sua dominação de importância é
demonstrado na prática 9
critério da linha da matriz é extremamente mais importante que o
critério da coluna
Importância absoluta
A evidência favorece uma atividade em relação à outra com o mais alto grau de
certeza 1/8, 1/6, 1/4,
1/2, 2, 4, 6, 8 Quando se deseja maior compromisso
Definição (escala verbal)
Valores intermediários
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5º passo: normatiza-se os resultados da soma, dividindo-se o resultado de cada linha pela soma de todos os resultados;
6º passo: a matriz resultado é elevada ao quadrado (A2) 2;
7º passo: calcula-se o autovetor da matriz (A2) 2 , pela soma dos valores das linhas;
8º passo: normatiza-se os resultados da soma, dividindo-se o resultado de cada linha pela soma de todos os resultados;
9º passo: comparam-se os autovetores normatizados de A2 com os autovetores normatizados de (A2)2, se não existir diferenças significativas entre eles, então estes valores normatizados são os pesos proporcionais de cada critério(linha).
10º passo: se existir diferença significativa entre os autovetores normatizados de A2 e (A2)2, então eleva-se a matriz (A2)2 ao quadrado e novamente calculam-se os autovetores normatizados. Este procedimento é repetido até que não existam diferenças significativas entre os autovetores normatizados das matrizes comparadas e, então, estes valores normatizados são os pesos proporcionais de cada critério;
Cálculo da razão de consistência da matriz A
11º passo: multiplica-se a matriz transversa dos pesos normatizados pela matriz transversa do somatório das colunas da matriz A, resultando no autovalor: λ max;
12º passo: calcula-se o índice de consistência, IC, da matriz de razões de importância pela fórmula: IC= (λ max-n)/(n-1), onde n é o número de critérios avaliados; o IC mede o grau de coerência das razões de importância da matriz A;
13º passo: calcula-se a razão de consistência, RC, que é a razão entre IC e um índice de consistência aleatória (CA) (RC= IC/CA). Segundo Saaty (1991), citado por WATANABE (2004), este índice CA, apresentado na Tabela 3, é proveniente de uma amostra de 500 matrizes recíprocas positivas geradas aleatoriamente;
nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
CA 0 0 0,58 0,9 1,12 1,24 1,32 1,41 1,45 1,49 1,51
Tabela 3 - Valores do índice de consistência aleatória (CA) em função do número de critérios (nº) ou da ordem da matriz.
14º passo: avalia-se a consistência dos valores de importância da matriz. Se RC for inferior a 0,10, então a matriz tem consistência aceitável e as razões de importância estabelecidas na
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matriz A são coerentes e, portanto, os autovetores normatizados podem ser utilizados como pesos dos critérios (FORMAN e SELLY, 2005);
15º passo: se RC for superior a 0,10, então uma ou mais razões de importância na matriz A são incoerentes e precisam ser revistas, retorna-se ao 1º passo.
Para a absoluta segurança nesta seqüência de cálculo optou-se por realiza-la paralelamente na planilha do EXCEL e no módulo Weigtht do IDRISI 32. Uma vez fornecidos os critérios e as razões de importância entre esses critérios em uma tabela, este módulo do IDRISI permite o cálculo automático dos pesos e ainda fornece a razão de consistência da matriz de comparação.