• Nenhum resultado encontrado

O sistema financeiro internacional Padrão-ouro, Sistema de Bretton-Woods e o atual sistema financeiro

No documento Coordenador Geral de Pós-Graduação (páginas 44-48)

Glossário

Aula 3 Princípios da Economia Internacional

3.3. O sistema financeiro internacional Padrão-ouro, Sistema de Bretton-Woods e o atual sistema financeiro

internacional. O mercado de derivativos.

Como analisado anteriormente, a política monetária nacional é responsável pela saúde do sistema financeiro nacional. Para que o comércio exterior funcionasse, foi necessária a construção de um sistema financeiro internacional, que trouxesse regras e normas de segurança para seus integrantes. Várias foram as tentativas que não obtiveram sucesso, ou que sucumbiram ao longo do tempo, em razão das mudanças na economia global. Na era da informação e do comércio global, é imprescindível um sistema financeiro internacional forte e sustentável.

Depois da crise financeira internacional, observa-se o naufrágio do atual sistema financeiro internacional. Não se acredita que ele vá se extinguir, pois na economia globalizada isso seria impossível, mas ele irá sofrer mudanças significativas em sua estrutura e regras de funcionamento. Para melhor entender a questão, será feita uma análise histórica da evolução do sistema financeiro internacional.

O velho continente (Europa) deteve, por várias vezes na história, o centro financeiro do mercado internacional, como Gênova e Veneza, entre os séculos XV e XVII, e Amsterdam, entre os séculos XVI e XVIII. Em seguida, com a revolução industrial, Londres passa a ocupar esse papel.

Nesta época, foi implantado o denominado padrão-ouro, que obrigava os bancos a lastrearem seus títulos em ouro ou prata, devendo seu pagamento, nestes metais, ser feitos a seus clientes sempre que fossem requisitados. Esse sistema foi idealizado pelo filósofo escocês David Hume.

Esse sistema tinha como característica a paridade fixa entre as moedas e a conversibilidade de moeda em metal e de metal em moeda. O banco central podia comprar ouro a um preço fixo e também tinha liberdade para comprar e vender ouro a qualquer preço, fora de suas necessidades de lastro. Esse sistema garantia a estabilidade da moeda e do sistema financeiro internacional, além de uma inflação baixa.

Porém, ao final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, as principais economias europeias se encontravam arrasadas pelos efeitos da guerra e, a partir daí, abandonaram o padrão-ouro, passando a aplicar políticas de desvalorização cambial para tornar suas exportações mais atrativas,

como forma de preservar a atividade econômica e recuperar sua situação financeira e social. A guerra comercial acabou por contribuir para a realização

da denominada Segunda Guerra Mundial. O final “atômico” da segunda guerra, todos desejam esquecer. Porém, a economia não se desprende das guerras, pois depois dos combates, sempre há alterações de cunho econômico. No caso da Segunda Guerra Mundial, houve a constatação da figura central dos Estados Unidos, como grande potência ou como maior potência mundial, já que os países europeus encontravam-se destruídos, seus sistemas econômicos estavam às voltas com um comércio enfraquecido e a inflação reinava em diversos países.

Em 1944, antes, portanto, do término da Segunda Guerra Mundial, foi celebrada a denominada Conferência de Bretton Woods, na cidade de Bretton Woods, no estado norte-americano de New Hampshire. Participaram da conferência delegados das 44 nações aliadas.

Além das discussões sobre o processo de paz, foram discutidas as formas de reconstrução e recuperação econômica dos países.

Duas foram as teses apresentadas para a recuperação da economia internacional. Uma do economista britânico John Maynard Keynes que, segundo Maia (2006, p. 139), tinha como ponto fundamental criar um sistema para assegurar a liquidez internacional. Para isso se deveria:

• Criar a International Clearing Union, que seria, na realidade, um banco central internacional; • Que as reservas dos países-membros fossem depositadas nesse órgão;

• Que o International Clearing Union emitisse uma nova moeda, denominada Bancor, e as reservas lá depositadas fossem compulsoriamente convertidas em Bancor.

A outra tese foi apresentada pelo economista norte-americano Harry Dexter White que, segundo Maia (2006, p. 139) foi aprovada, contendo as seguintes medidas:

• Auxiliar a reconstrução das economias devastadas pela guerra; • Volta ao padrão-ouro;

• Paridades monetárias estáveis; • Eliminação dos controles cambiais.

A partir daí, foram criados dois órgãos, o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), e o Fundo Monetário Internacional (FMI). O Bird foi desmembrado em diversos outros órgãos, cada qual com um objetivo diferente.

Foram estabelecidas as formas de intervenção do Estado na economia capitalista, mantendo-se as regras de livre comércio e de propriedade privada.

A Rússia, que polarizava com os Estados Unidos, estabeleceu a denominada guerra fria, tentando impor o sistema comunista na Europa ocidental.

Os Estados Unidos criaram o denominado Plano Marshall, responsável por financiar a recuperação econômica da Europa, fortalecendo assim o sistema capitalista.

O sistema financeiro internacional vigente na época não suportou as crises de 1971 e 1973 e rompeu com o sistema de lastro da moeda. A partir daí, houve a configuração de um sistema financeiro internacional mais globalizado.

A crise do petróleo gerou acúmulo de riquezas nos países produtores e crise financeira nos demais. As riquezas eram representadas por títulos da dívida do governo norte-americano.

A partir de 1978, acentua-se a crise financeira com a elevação das taxas de juros nos Estados Unidos, afetando a credibilidade do dólar. Com o aumento da taxa de juros, os norte-americanos financiaram seus déficits no Balanço de Pagamentos e ainda incrementaram sua recuperação industrial, afundando de vez a economia dos países com dívida em dólar (como era o caso do Brasil).

A partir daí, começa a sair de cena o sistema financeiro internacional, gerido por bancos centrais das economias mais desenvolvidas, e passa a valer o sistema financeiro internacional pautado em taxas flutuantes, avaliado por agências de risco, mas ainda pautado na variação da moeda norte- americana.

O denominado mercado de capitais globalizado apresenta uma migração livre e quase que instantânea de capitais, que migram de um país para o outro de acordo com o humor do mercado internacional.

Esse gigantesco capital especulativo acaba por afetar a economia real e, por vezes, produz efeitos nefastos. Os países, através de normatizações monetárias, tentam conter esse movimento especulativo; mas se eles estabelecem regras rigorosas demais, acabam por perder investimentos que, por sua vez, acabam por afetar o seu Balanço de Pagamentos.

A recente, e ainda atual, crise financeira internacional é decorrência direta desse novo sistema financeiro internacional globalizado. Os bancos centrais dos países não têm força suficiente para enfrentar as forças do mercado e o poder dos capitais especulativos.

Uma das formas mais comuns de aplicação e resgate desse capital é o mercado de valores mobiliários (Bolsa de Valores). Nele, os detentores de capital aplicam em papéis, títulos e ações de empresas, influenciando em seu valor e rentabilidade.

Glossário

Bolsa de Valores

Instituição em que se negociam títulos e ações. As bolsas de valores são importantes nas economias de mercado por permitirem a canalização rápida das poupanças para sua transformação em investimentos. E constituem, para os investidores, um meio prático de jogar lucrativamente com a compra e venda de títulos e ações, escolhendo os momentos adequados de baixa ou alta nas cotações. (SANDRONI, 1985, p. 36).

Embora sobre a fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, a Bolsa de Valores é uma entidade civil sem fins lucrativos, portanto, sem intervenção estatal.

Uma das opções de investimentos em Bolsa de Valores mais utilizadas é a efetuada em Derivativos. Veja a definição deste instrumento financeiro, estabelecida pela própria Bolsa de Valores:

Derivativos são instrumentos financeiros que têm seus preços derivados (daí o nome) do preço de mercado de um bem ou de outro instrumento financeiro. Por exemplo, o mercado futuro de petróleo é uma modalidade de derivativo cujo preço é referenciado dos negócios realizados no mercado à vista de petróleo, seu instrumento de referência. No caso de um contrato futuro de dólar, ele deriva do dólar à vista; o futuro de café, do café à vista, e assim por diante.

Uma operação com derivativos pode ter diferentes objetivos, mas os quatro principais são: proteção, alavancagem, especulação e arbitragem.

Entenda cada um deles:

Hedge: é como se fosse um seguro de preço. Objetiva proteger o participante do mercado físico de um bem ou ativo contra variações adversas de taxas, moedas ou preços.

Alavancagem: os derivativos têm grande poder de alavancagem, já que a negociação com esses instrumentos exige menos capital do que a compra do ativo à vista. Assim, ao adicionar posições de derivativos a seus investimentos, você pode aumentar a rentabilidade total deles a um custo menor.

Especulação: o mesmo que tomar uma posição no mercado futuro ou de opções sem uma posição correspondente no mercado à vista. Nesse caso, o objetivo é operar a tendência de preços do mercado.

Arbitragem: significa tirar proveito da diferença de preços de um mesmo produto negociado em mercados diferentes. O objetivo é aproveitar as discrepâncias no processo de formação de

preços dos diversos ativos e mercadorias e entre vencimentos. (BMF&BOVESPA).

Por fim, cabe ressaltar, que a estabilidade do sistema financeiro internacional é vital para o desenvolvimento da economia mundial. A crise atual é causada pelo movimento especulativo de capitais, mas, também, pela altíssima dívida pública de diversos países, que não têm recursos suficientes para saldá-las, em razão da adoção de medidas popularescas, resultantes de políticas populistas.

No documento Coordenador Geral de Pós-Graduação (páginas 44-48)