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SUMÁRIO

4.1 Redes no contexto acadêmico

4.1.2 Nova dimensão

4.1.4.2 Sistema Integrado de Bibliotecas Universitárias (Sibi)

Entende-se, a partir do enfoque sistêmico47, que a educação vista como um sistema engloba como subsistemas fundamentais a academia e a biblioteca universitária.

47 A Teoria Geral dos Sistemas foi desenvolvida pelo biólogo Karl Ludwig von Bertalanffy. Por não concordar com a visão cartesiana do universo, desenvolveu através da abordagem orgânica da Biologia, a

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Para Maria Alice Guimarães Borges (2000, p. 28):

a simples compreensão de que as instituições sociais e o mundo são sistemas, e não somas de átomos físicos ou sociais, ou de que os diversos estágios por que passou o mundo consistem em sistemas chamados “civilizações”, que seguem princípios gerais, têm características próprias dos sistemas, implica um redirecionamento da conduta do homem perante os desafios do momento.

Considerando que as universidades devem estar vinculadas à realidade socioeconômica do país onde se encontram inseridas, as bibliotecas universitárias são parte e resultado da sociedade à qual pertencem. Estas unidades de informação apenas passam a ter sentido se estiverem em consonância com os programas de ensino, pesquisa e extensão universitária. Por isso, as bibliotecas devem participar ativamente do sistema educacional vigente na universidade.

As Instituições de Ensino Superior (IES) no país, possuem Sistemas Integrados de Bibliotecas (SIBi) instituídos para responder pelo funcionamento sistêmico das bibliotecas da Universidade em questão, a fim de oferecer suporte ao desenvolvimento da pesquisa, do ensino e da extensão.

O Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi) de uma universidade pública do país, em geral, é Órgão Suplementar criado através de Resolução do Conselho Universitário.

No entendimento de Mello (2004, p. 6), a missão de um sistema de bibliotecas tratava:

[...] da interação de suas bibliotecas à política educacional e administrativa da Universidade, servindo de apoio aos programas de ensino, pesquisa e extensão, estimulando a colaboração técnico-científica, cultural, literária e artística, através do desenvolvimento de serviços e produtos de informação que atendam às exigências de relevância e rapidez.

Segundo Favero et al (1998), o propósito é que se busque o monitoramente e acompanhamento da evolução tecnológica em telecomunicações, recursos de hardware ideia de que o organismo é um todo maior que a soma das suas partes. Estudam-se os sistemas, de forma global, a fim de envolver todas as suas interdependências, uma vez que cada um dos elementos, ao serem reunidos para constituir uma unidade funcional maior, desenvolve qualidades que não se encontram em seus componentes isolados. Em suma, a teoria de sistemas investiga a organização abstrata de fenômenos, independente de sua formação e configuração presente. Explora todos os princípios comuns a todas as entidades complexas, e modelos que podem ser utilizados para a sua descrição

100 e software, relacionados com sistemas de informação, uma vez que estes ampliam as possibilidades de acesso à informação e comunicação, em consonância com os novos referenciais de serviços. Tais medidas visam a melhoria do atendimento às necessidades dos usuários das bibliotecas universitárias, incluída também, a alta administração, podendo o SIBi apoiar a tomada de decisão e o planejamento estratégico.

Observa-se que a contribuição das bibliotecas ligadas às Universidades Federais Brasileiras, a partir da adoção das tecnologias de informação e comunicação, para a socialização do conhecimento pode ganhar novos contornos com o estabelecimento de uma malha rizomática pela qual trafeguem estoques de dados fornecendo serviços e produtos ao apoio: do processo de ensino e aprendizagem, do desenvolvimento de pesquisas e das atividades de extensão. Ademais conexões e interações em rede colaborativa com outras universidades e centros de pesquisas podem potencializar tais propósitos.

No tocante à estruturação do SIBi, normalmente este é regido conforme disposições encontradas em Estatuto e em Regimento Geral da Universidade à qual pertence. Durante a presente pesquisa, buscou-se uma compilação das atribuições básicas por parte dos SIBi48 e chegou-se ao seguinte:

I - adotar padrões ou critérios de organização e administração de sistemas de informação.

II - definir políticas de desenvolvimento dos acervos que compõem o SIBi.

III - elaborar e encaminhar à Pró-Reitoria de Planejamento e Administração seu planejamento orçamentário.

IV - executar o orçamento, gerindo recursos financeiros, tanto orçamentários quanto de outras fontes.

V - realizar aquisição de material bibliográfico em todos os seus suportes para a Universidade através de recursos próprios, convênios e outras fontes.

101 VI - propor programas de capacitação para os servidores técnico-administrativos integrantes do SIBi.

VII - processar e disseminar a produção técnico-científica gerada na Universidade, orientando quanto à apresentação técnica das publicações.

VIII - integrar-se a sistemas nacionais e internacionais de informação, visando ao acesso e à divulgação da produção técnico-científica gerada pela Universidade.

IX - implementar propostas aprovadas pelo Conselho Universitário de criação, expansão ou fusão de bibliotecas do SIBi.

X - apreciar propostas de remanejamento de coleções de bibliotecas do SIBi. XI - gerenciar o pessoal técnico-administrativo.

Incluía-se, também, a implementação de políticas para o funcionamento de bibliotecas universitárias, a promoção da integração de bibliotecas à política educacional e administrativa da Universidade, o fomento à pesquisa, o apoio aos programas de ensino e extensão, a gerencia tecnologias, o desenvolvimento de acervos, o estimulo à produção técnico-científica na Universidade, o desenvolvimento de serviços e produtos de informação, dentre outras ações.

Retomando o enfoque da estruturação dos SIBi, fazem-se presentes a biblioteca central e a(s) biblioteca(s) setorial(is), com suas peculiaridades. Torna-se imprescindível tratar das características básicas sobre centralização e descentralização, contemplando aspectos pertinentes a acervo, processamento técnico, orçamento, pessoal, dentre outros.

De maneira ampla, a centralização física implica na localização do acervo bibliográfico em um, ou em reduzido número de salas ou prédios. A centralização administrativa trata da subordinação das bibliotecas do sistema, do ponto de vista financeiro, de pessoal, de material, etc., a uma biblioteca central ou órgão coordenador.

A centralização técnica compreende, em geral, a realização do processamento técnico de todo o material bibliográfico, adquirido pelas bibliotecas da universidade, por parte biblioteca central. Utiliza-se, normalmente, a descentralização coordenada que compreende a dispersão do acervo, com ou sem autonomia financeira e administrativa,

102 mas havendo coordenação técnica. Nessas bases, normalmente, encontram-se as bibliotecas dos SIBi no país.

Mello (2004, p.34) ao comentar sobre um novo modelo indicou a importância de uma reforma universitária, prevendo: a interdisciplinaridade, o aumento de cursos noturnos e, consequentemente, do número de vagas, tendo destacado, a autora, ainda uma preocupação com a manutenção. Para ela, torna-se necessário “oferecer condições de alta qualidade, coerentes com o padrão de excelência acadêmica da universidade”.

Considerando contextos e recursos diferenciados entre os Sistemas Integrados de Bibliotecas de Instituições de Ensino Superior, comenta-se o exemplo da Universidade de São Paulo que se destaca como a primeira universidade do país com projeções de realce.

Em matéria publicada, no Reino Unido, no site da Times Higher Education, em dezembro de 2012, a jornalista Elizabeth Gibney destacou o processo de internacionalização em universidades públicas brasileiras, com foco na Universidade de São Paulo (USP), referenciada como a universidade latino-americana melhor colocada no T.H.E. World University Ranking do período de 2012/2013. Notadamente, evidenciou-se a importância de um considerável orçamento para assegurar a continuidade das atividades de ensino e pesquisa na universidade, diferencial que a USP detém. (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2012)

Em 2011, a Universidade de São Paulo completou trinta anos de atividades coordenadas e cooperativas entre suas quarenta e quartro bibliotecas, consolidando-se como o maior Sistema Integrado de Bibliotecas Universitárias da América Latina, atendendo aos seus duzentos e quarenta Programas de Pós-Graduação que atingem cem mil títulos defendidos nas diversas áreas do conhecimento, retornando à sociedade um acervo científico de alto valor agregado. (SISTEMA INTEGRADO DE BIBLIOTECAS USP, 2011)

O SIBi-USP conta com cerca de oitocentos profissionais (nível superior, técnico e básico) atuando em quarenta e quatro bibliotecas alocadas em campi distribuídos por nove cidades do Estado de São Paulo. No site do SIBi-USP, tem-se claramente a preocupação com os serviços, produtos e projetos, quando é destacado: “o foco orientador, identificado em 1974, permanece atual e urgente, não obstante, sua

103 discussão é vista sob novos prismas e olhares, e sua operacionalização ocorre de maneira diversa, cada vez mais pautada no avanço das tecnologias digitais”. Os produtos, serviços e projetos do Sibi-USP passaram a se expandir em torno de duas vertentes compreendidas como responsabilidades essenciais: a primeira, direcionada para aumentar a visibilidade e a acessibilidade à produção intelectual da USP. E, a segunda, orientada para fomentar a formação e o desenvolvimento de competências no uso, no acesso e na produção de informação da comunidade USP nas suas distintas áreas de atuação. (SISTEMA INTEGRADO DE BIBLIOTECAS USP, 2011)

De fato, o ritmo acelerado que tem impulsionado as tecnologias de informação e comunicação a se desenvolverem indica a efemeridade desses recursos. Com isso, uma dinâmica efervescente tem promovido a criação de novos produtos e serviços. Por conseguinte, observa-se, em geral, uma preocupação em melhor equipar os Sistemas Integrados de Bibliotecas buscando: o aprimoramento de modelos organizacionais, a modificação de rotinas de trabalho, a substituição de equipamentos e ferramentas, além da capacitação continuada de profissionais. Ainda, nesse contexto, considera-se importante o provimento de acesso rápido e seguro às informações nos mais variados suportes implicando na atualização das bibliotecas à nova realidade e às expectativas dos usuários por recursos de alta qualidade.

Durante a 3ª Conferência Luso-Brasileira sobre Acesso Aberto, em 2012, foi apresentada a palestra sobre a Biblioteca Digital da Produção Intelectual da Universidade de São Paulo, onde o aumento da visibilidade e da acessibilidade da produção da USP foi destacado como foco do SIBiUSP. No que se refere a essa vertente, pode-se dizer que ela compreende várias atividades com o propósito de ampliar a qualidade e, consequentemente, a visibilidade, oferecendo ações diretas, de forma individual e coletiva, aos processos de comunicação e edição científicas. Atualmente, outra prioridade se concentra no debate da política institucional de informação para a USP, com vistas ao acesso aberto, de forma plena e irrestrita, à sua produção científica. Além disso, direciona-se esforço para o desenvolvimento de competências informacionais na comunidade da USP e para o gerenciamento de recursos informacionais impressos e digitais. (FERREIRA et al, 2012)

O ambiente desta pesquisa se configura no contexto do ensino superior, com foco direcionado para as bibliotecas das universidades públicas federais do país,

104 considerando os respectivos sistemas (SIBi’s) que integram as bibliotecas dessas universidades.

4.2 Bibliotecas nas Instituições Federais de Ensino Superior do Brasil