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CAPÍTULO IV APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DO PEEE/SC

4.1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO SISTEMA NACIONAL DE ENSINO E DO SISTEMA BRASILEIRO DO ESPORTE

4.1.1. SISTEMA NACIONAL DE ENSINO

Como nos mostram os organogramas apresentados no Anexo III (pg. 195), o Ministério da Educação (MEC) tem em sua estrutura uma Secretaria de Educação Básica com uma Coordenação Geral do Ensino Fundamental (COEF). Esta Secretaria tem dois programas de financiamento da educação: o FUNDEF (que ao final do ano 2006 se transformará no FUNDEB) e o Fundo de Assistência Financeira em Apoio aos Sistemas de Ensino; 05 programas de Articulação e Desenvolvimento dos Sistemas de Ensino (Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para o Acompanhamento e a Avaliação do PNE e dos Planos Estaduais e Municipais correspondentes; Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação; Programa Nacional de Capacitação dos Conselheiros Municipais de Educação; Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares; Planejamento estratégico da Secretaria – PES); 04 programas de Valorização dos Trabalhadores em Educação (Formação Inicial e Continuada de Professores da Educação Básica; Rede Nacional de Formação de Professores; Pró-Licenciatura; Proinfantil; Programa Ética e Cidadania); 01 programa de Formação Profissional de Serviço de Apoio

Escolar (Pró-funcionário); 07 programas de Desenvolvimento da Educação Básica - Ensino Fundamental de nove anos; Projeto Alvorada; Programa de Desenvolvimento do Ensino Médio; Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio; Plano de Desenvolvimento da escola; Programa de Gestão e Aprendizagem Escolar (Gestar I); Projeto escola Ativa; 03 programas de Material Didático e Infra-estrutura escolar - Programa Nacional de Avaliação de Livros Didáticos; Programa Nacional de Biblioteca Escolar; Projeto de Adequação do Prédio Escolar; 04 programas de Prêmios e Concursos - I Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero no Ensino Médio; I Prêmio Professores do Brasil 2005; II Prêmio Ciências no Ensino Médio; I Olimpíada Brasileira de matemática das Escolas Públicas.

Quanto aos programas para o Ensino Fundamental, estes são os de ampliação do Ensino Fundamental para 9 anos; Regularização da Defasagem Idade Série; e de Política Nacional de Leitura, Alfabetização e Letramento. Por sua vez os projetos são os de Saúde e Prevenção na Escola; Apoio às Unidades de Internação; Prêmio Professores do Brasil 2005; Concurso de Monografia. E as ações são: Educativas Integradas; Ensino Fundamental na TV Escola; Apoio à cooperação firmada pelos Acordos Internacionais; e Escolas Brasileiras no Japão.

Ao analisar-se os programas federais gerais para a Educação Básica, constatou-se a inexistência de programa específico que inclua o desporto escolar, ainda que o MEC (2006) considere:

O Ensino Fundamental como a segunda etapa extremamente importante para o desenvolvimento integral do ser humano... e a gestão democrática da escola, os materiais didático-pedagógicos e a formação do professor como fatores determinantes para a qualidade social da educação, que forma indivíduos críticos e criativos, preparados para o pleno exercício da cidadania.

E ainda, tenha criado a Coordenação Geral do Ensino Fundamental (COEF) que:

Busca a melhoria da qualidade da educação a partir dos princípios da autonomia, da colaboração, da participação, da igualdade de oportunidades e da inclusão social e, que diga que a formulação das políticas públicas educacionais é feita com a participação democrática dos sistemas de ensino, em parceria com órgãos governamentais, organizações não governamentais e organismos internacionais.

No Conselho Nacional de Educação, constatou-se a existência de uma Câmara de Educação Básica e nenhuma Câmara Técnica para discutir a base legal do esporte escolar no âmbito nacional.

No âmbito estadual, na Secretaria Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia, conforme organograma apresentado no Anexo III (pg. 195) constatou-se a inexistência de uma estrutura administrativa específica para gerenciar o esporte escolar em Santa Catarina, embora este esteja na Gerência de Ensino Fundamental. Em conseqüência, os alunos têm acesso a este fenômeno social como conteúdo do currículo das aulas de Educação Física, como o Tênis Júnior na Escola e o Xadrez entre outras modalidades, ou em ações do esporte escolar esporádicas, com eventos ou festivais. A atenção especial a estas duas modalidades é decorrente do diagnóstico feito pelo PEEE, onde se detectou a procura por parte dos alunos e praticamente nenhuma formação específica por parte dos professores. O Xadrez implementado em parceria com o Ministério do Esporte utiliza recursos financeiros de âmbito federal. O Tênis é financiado com recursos do FUNDEF (MEC) por ser uma atividade curricular da educação formal. Desta forma, não há previsão orçamentária para o esporte escolar extraclasse.

No entanto, os eventos esportivos da FESPORTE, irregularmente financiados com os recursos do FUNDEF, estão em desacordo com o preconizado na LDB, pois,

além desta instituição atualmente não integrar o Sistema de Ensino, estes recursos não podem ser destinados ao desporto, ou a fundações, ou ainda, a associações. Identificam-se, neste momento, duas secretarias responsáveis por uma mesma ação, ou seja, o esporte escolar, sendo que nenhuma das duas a executa. A Educação por não ter previsão na sua estrutura, e o Esporte que apesar de ter a estrutura, esta é absorvida pelo extenso calendário dos eventos de rendimento, participação e educacional, a partir da fase microrregional. Esta sobreposição de papéis ocorre, provavelmente, pela falta de regulamentação da matéria, a qual definiria áreas de atuação e responsabilidades de ambos os sistemas, origem e destinação dos recursos financeiros, cumprindo com o dever constitucional do Estado e garantindo a continuidade das ações.

Outra conseqüência que pode ser considerada histórica, desta indefinição, é o reincidente apelo assistencialista fundado nos argumentos do esporte educacional, sem nenhum constrangimento de gestores, administradores e legisladores, para a cedência dos professores do sistema de ensino para atuarem como integrador esportivo. Após a homologação da cedência dos integradores esportivos, estes passam a atuar somente a partir da fase microrregional dos eventos, e o esporte escolar se reduz, novamente, à disponibilidade dos professores das escolas em suas horas livres, sem o cumprimento da prioridade legal de atenção e investimentos necessários por parte do poder público.

Como já é tradição, os eventos da FESPORTE passam a ser executados em toda sua plenitude, com a competência e maturidade adquiridas pela dedicação e desprendimento de muitos catarinenses, há mais de quarenta anos. O sucesso deste modelo catarinense de fazer esporte é reconhecido nacionalmente e tem sido motivo de orgulho para o Estado. Mas, nos últimos quatorze anos, como não tem ingerência nas escolas e atende somente a partir da fase microrregional, não tem conseguido democratizar

a prática esportiva no espaço escola.

Esta estratégia tem se tornado uma prática usual como solução das demandas em termos de recursos humanos e financeiros do sistema esportivo. A pressão da repercussão dos eventos de rendimento e de participação do calendário anual da FESPORTE na mídia, sua importância como fenômeno social da cultura catarinense e a indefinição dos papéis colocam estas duas manifestações do desporto, o escolar e o rendimento, como antagônicas. Esta postura leva à disputa de um mesmo espaço onde o esporte escolar é o derrotado, levando ao fracasso todo e qualquer esforço no sentido de democratizar a prática esportiva entre nossas crianças que estão nas escolas. Ao contrário desta divisão, acreditamos ser cada um, parte constitutiva de um mesmo continuum do desenvolvimento do esporte e consequentemente, do desenvolvimento humano. E, como partes de um mesmo fenômeno explorado também como instrumento de inclusão social, nos discursos da atual política esportiva nacional e estadual, devem articular-se sem produzir mais um processo de exclusão.

Existe ainda o Programa Escola Aberta que oportuniza o acesso a atividades de lazer, culturais e esportivas por meio da abertura das escolas nos finais de semana. Embora este programa vise a melhoria do relacionamento nas comunidades de forma a reduzir os índices de violência, não é uma atividade planejada e contínua que propicie o aprender a ser, a fazer, a conviver e a conhecer como ocorre com o esporte escolar. Ainda no âmbito do estado constatou-se no Conselho Estadual de Educação a existência de uma Câmara de Educação Básica e nenhuma Câmara Técnica para discutir a base legal do esporte escolar em Santa Catarina.