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Sistemas de edição de vídeo: Linear e Não-Linear

CAPÍTULO 2 – Design Audiovisual: Edição e Linguagem Narrativa

2.3 A edição de conteúdos audiovisuais

2.3.2. Sistemas de edição de vídeo: Linear e Não-Linear

Canelas (2010) define dois sistemas de edição de vídeo: linear e não-linear. O acesso ao material em bruto e a sua ordenação no produto final são os conceitos que definem e diferenciam os sistemas. No sistema linear, o editor, tem obrigatoriamente de visualizar todo o material filmado, pois este é registado em fita e não há forma de aceder ao plano C sem visualizar o A e o B; exige por isso mais tempo e maior planificação, pois o processo de alteração é dificultado pela impossibilidade de aceder diretamente aos planos/imagens pretendidas. No entanto, no sistema não-linear, como as imagens estão armazenadas em disco, o editor pode aceder diretamente aos planos que precisa, não sendo obrigatória a sua visualização numa determinada ordem. De notar que o recurso a sistemas informáticos permitiu grandemente a evolução deste sistema.

2.3.2.1 Sistema de edição de vídeo linear:

No sistema de edição de vídeo linear o processo de seleção, ordenação e modificação é feito de forma sequencial predeterminada, independentemente do dispositivo de captura. Se for arquivado em fita de vídeo o acesso aos fotogramas é sequencial. Atualmente, ainda se recorre ao seu uso, apesar das vantagens do sistema não-linear, por essa razão considerou-se conveniente explorar os seus métodos e modalidades de trabalho, baseando a pesquisa no trabalho de investigação de Canelas (2010).

A distinção entre linear e não linear surge após o recurso ao uso de computadores que permite a alteração na forma de acesso aos fotogramas. O

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processo de edição de vídeo linear implica, muito resumidamente, ver a fita de vídeo sequencialmente; cortar a fita de vídeo com uma lâmina ou guilhotina separando-a e, posteriormente colar os fotogramas com a sequência final pretendida – com uma solução química - exigindo elevado rigor por parte do editor (Canelas, 2010).

A revolução dos métodos de edição, em 1967, deu-se com a criação do código de tempo, ou timecode, que permite identificar cada fotograma em horas, minutos, segundos e fotogramas facilitando o acesso, de forma mais precisa e rápida a fotogramas específicos. Os métodos de edição de vídeo linear, de acordo com a forma de acesso e tratamento da pista de controlo das fitas de vídeo (normalmente compostas por quatro pistas, sendo duas de som, uma de vídeo e a quarta de controlo) distinguem-se em edição por ensamble ou insert (Canelas, 2010).

Em edição por ensamble todas as pistas gravadas têm timecode, a fita de vídeo é substituída na íntegra por toda a informação – vídeo, som, controlo e tempo. O editor recorre a este método quando há a necessidade de duplicar o conteúdo de uma fita para outra, sem que haja alteração do conteúdo, de forma direta e sem interrupções, ou quando se pretende somente acrescentar novas sequências ao que já está produzido (Canelas, 2010).

No método de edição de vídeo linear por insert, a pista de controlo não sofre qualquer tipo de alteração, o processo passa por, antes de iniciar a edição, gravar somente a informação contida na pista de controlo numa nova fita, permitindo que se efetuem as alterações necessárias sem perda do registo inicial. Como vantagens, este método de edição, permite eliminar os artefactos e distorções da imagem que resultam das irregularidades da pista de controlo; a possibilidade de editar de forma independente o som e a imagem, e de substituir um plano ou uma cena sem comprometer o que já está editado e gravado, desde que o material novo ocupe o mesmo espaço temporal que o substituído (Canelas, 2010).

Como modalidades de edição de vídeo linear podem considerar-se duas: a edição por corte e a edição por A/B roll. Os fatores que distinguem as duas modalidades são a velocidade de acesso ao material em bruto e a forma de ligação entre os planos. No primeiro caso, a edição por corte, diz respeito a um processo de edição simples em que a ligação entre planos é feita através do corte, sem qualquer efeito de transição. Requer o uso de dois equipamentos de vídeo, um VTR que funcione como leitor e um segundo como gravador (Canelas, 2010).

Por outro lado, a edição por A/B rol exige o recurso a, pelo menos, três equipamentos VTRs: dois que funcionem como fontes de vídeo e um terceiro como gravador, esta composição permite juntar um misturador de vídeo, entre os “VTRs

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fonte”, permitindo a adição de efeitos especiais nas transições entre planos; adicionar títulos e /ou misturar a pista de áudio. Consequentemente, o facto de se usarem dois VTRs como fontes de vídeo, permite ao editor reduzir o tempo de edição, ao ganhar flexibilidade na procura e escolha dos planos a gravar, quando um dos “VTR fonte” está a reproduzir o material em bruto o outro pode rebobinar procurando um novo timecode pretendido, correspondente ao plano seguinte para intercalar (Canelas, 2010).

2.3.2.2 Sistema de edição de vídeo não-linear

A edição não-linear define-se quando todos os recursos estão disponíveis como ficheiros digitais individuais – clips de vídeo e áudio – em vez de impressos em fita ou cassete, e por isso a visualização e o processo de escolha pode ser feito de forma não sequencial – isto é, não linear.

O advento das novas tecnologias, nomeadamente o surgimento de plataformas digitais, permitiu transformar a produção, cinematográfica, televisiva e de vídeo, digitalizando o processo de edição e arquivando o material bruto em discos magnéticos de elevada capacidade de armazenamento. Este tipo de armazenamento permite o acesso aleatório e rápido ao material audiovisual, os planos ou sequências são arquivados em formato clip de vídeo individual, se o editor tiver conhecimento do material existente e dos timecodes, acede com facilidade ao material pretendido. O uso constante das fitas de vídeo, a sua reprodução e cópia ia deteriorando a qualidade do material original, comprometendo o seu uso futuro, a evolução para o uso de meios digitais tornou a edição um sistema não destrutivo – o editor não afeta fisicamente o material em bruto (Evans, 2005).

Esta evolução dos sistemas de edição teve início nos anos 70, do século passado, e o seu motivo de desenvolvimento foi a procura por um método que permitisse o acesso mais rápido e de forma aleatória ao material bruto, poder executar uma edição de forma não sequencial, fazer alterações ao material editado sem ter que perder ou comprometer o que já estava feito e, mais relevante, reduzir o tempo de edição (Canelas, 2010).

Inicialmente, estes sistemas usavam fitas de vídeo, que produziam resultados de qualidade reduzida, e eram compostos por magnetoscópios reprodutores que tinham as cópias do material; um computador em que se controlava e executava a edição e, por fim outro magnetoscópio gravador que registava o produto final. A procura do material escolhido, e com o qual se pretendia trabalhar, era facilitado pela introdução

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no computador de uma lista EDL3, que executa a busca pelo timecode de forma automática. Enquanto um dos leitores reproduzia os restantes faziam as buscas dos planos. Apesar de este processo ter facilitado a procura do material, o seu acesso continuava a ter que ser feito de forma sequencial devido ao uso de fitas de vídeo (Canelas, 2010).

A atualização para videodisco ou laserdisc, surge da necessidade de reduzir o tempo para procurar e aceder ao material gravado e de esse acesso se tornar aleatório, sem ser necessário ver todo o material antecedente. As vantagens que esta evolução trouxe foram: o melhoramento da qualidade de imagem; o material passar a ser arquivado em discos óticos (o que não danifica a imagem a cada reprodução ou cópia feita); e, com a possibilidade de aceder ao material de forma aleatória, a rapidez de procura e seleção do material necessário. Uma das maiores vantagens em relação ao sistema linear foi a evolução do processo de duplicar o material para discos óticos, mantendo a qualidade do material original e editado não o deteriorando, como consequência permite ter várias cópias do material original com o mesmo nível de qualidade (Canelas, 2010).

Recentemente, com a evolução da informática, passaram a usar-se os discos magnéticos de computador. Este sistema associa os métodos tradicionais de edição aos métodos de processamento digital, controlando o processo através de uma interface informática. A comodidade e vantagens tornaram este o processo de eleição para edição de vídeo digital. Como o material bruto das cassetes é transferido para os discos, adquirindo o formato digital, permite ao editor, através dos softwares de edição digital, alterar a ordem do trabalho editado, acrescentar e remover planos e criar várias versões teste de baixa qualidade, antes de alcançar o produto final com a qualidade pretendida (Canelas, 2010).