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Sistemas Esgotamento Sanitário: tipologia e classificação

SUSTENTABILIDADE, PRINCÍPIOS E INDICADORES: SUBSÍDIOS PARA ANÁLISE DA SUSTENTABILIDADE EM SISTEMAS LOCAIS DE

CRITÉRIOS DESCRIÇÃO

6- Identificar a existência de propaganda enganosa

1.7 S ISTEMAS DE T RATAMENTO DE E FLUENTES S ANITÁRIOS R ESIDENCIAIS E R ELAÇÕES COM A

1.7.1 Sistemas Esgotamento Sanitário: tipologia e classificação

O esgoto é a consequência do uso da água. A partir do momento em que se agrega à água potável impurezas, ela torna-se esgoto e o sistema de coleta de esgotamento sanitário tem a função de retirar a água do local que foi utilizada e transportá-la até seu destino final (tratamento ou disposição final).

O esgoto sanitário contém, aproximadamente, 99,9% de água. O restante, 0,1%, é a fração que inclui sólidos orgânicos e inorgânicos, sendo que destes 70% são sólidos orgânicos (proteínas, carboidratos, gorduras) e 30% inorgânicos (areia, sais e metais). O esgoto sanitário é formado por esgoto doméstico (proveniente de residências, do comércio e das repartições públicas), águas de infiltração (penetram na rede coletora de esgoto através de juntas defeituosas das tubulações, paredes de poços de visita, etc.) e despejos industriais (dependem das características indústria). (von SPERLING, 2005).

De acordo com o mesmo autor, há dois sistemas de esgotamento sanitários: 1- sistema individual ou estático, como solução local para poucas residências; 2- sistema coletivo ou dinâmico, como solução de afastamento dos efluentes da área servida (ver von Sperling et al, 1995, 2004)10. Observar esquema na figura 1.4.

FIGURA 1. 4 – Esquema de sistema de esgotamento estático e dinâmico (Fonte: von SPERLING, 2005, p.53).

10

VON SPERLING, M., COSTA, A.M.L.M., CASTRO, A.A. (1995). Capítulo 5: Esgotos sanitários. In: BARROS, R.T.V. et al (eds). Manual de saneamento e proteção ambiental para apoio aos municípios (Volume 2).

Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental – DESA-UFMG/Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM.

O mesmo autor também apresenta um diagrama (ver Figura 1.5) para ilustrar as principais variantes do sistema de esgotamento sanitário:

FIGURA 1. 5 – Diagrama de subdivisão do sistema de esgotamento sanitário (Fonte: adaptado de von SPERLING, 2005, p.54).

O sistema convencional é utilizado na maioria dos municípios, tendo como característica as redes coletoras estarem situadas nas vias públicas, recebendo as contribuições de esgoto das habitações. É constituído por: ramal predial, coletor, coletor tronco, dispositivos e acessórios (tubos de inspeção, poços de visita, etc.), interceptor, emissário; estação elevatória; estação de tratamento de esgotos (ETE); disposição final.

Após a coleta do efluente é preciso definir o destino do esgoto: tratamento ou disposição final. Em se tratando de sistemas de tratamento de efluentes sanitários residenciais, deve-se escolher por uma alternativa adequada ao contexto local e social, que corresponda às necessidades dos usuários.

A UNEP11

11 UNEP – UNITED NATIONS ENVIRONMENTAL PROGRAM. Appropriate Technology for Sewage Pollution control in the Wider Caribbean Region. Disponível em:

<http://www.cep.unep.org/pubs/techreports/tr40en/index.html>. Acesso em: 17 abr. 2003.

, citado por Oliveira (2004), apresenta um fluxograma do processo de escolha de sistema de tratamento de esgoto doméstico a ser utilizado. Esse fluxograma é apresentado na Figura 1.6.

Esgotamento Sanitário

Sistema Coletivo

Sistema Unitário Sistema

Convencional Sistema Separador Sistema Condominial Sistema Individual

O presente estudo aborda os sistemas individuais (ou locais) de tratamento de efluentes sanitários residenciais, que é constituído por: ramal predial, coletor, dispositivos e acessórios (quando necessário), estação de tratamento de esgotos (ETE) e disposição final. Em algumas situações, de pequenas comunidades, podem ser utilizados também os sistemas coletivos com pequenas unidades de tratamento de esgoto. O exemplo de ambas situações é apresentado na Figura 1.7 e 1.8.

FIGURA 1. 7 – Exemplo de situação individual, com uso de fossa séptica, para coleta, transporte e tratamento

de efluentes sanitários (Fonte: UFMG, 2014).

FIGURA 1. 8 – Exemplo de situação coletiva, com uso de fossa séptica, para coleta, transporte e tratamento de

Para projetar sistemas de tratamento de efluentes sanitários residenciais é preciso considerar as características presentes na água efluente. Os parâmetros que definem a qualidade do esgoto são: parâmetros físicos, químicos e biológicos, conforme apresentados no Quadro 1.11.

QUADRO 1.11- Características do esgoto: parâmetros físicos, químicos e biológicos (Fonte: adaptado de von Sperling, 2005, e Jordão e Pessoa, 2011).

Características Parâmetro Descrição

Físicas Temperatura • A temperatura dos esgotos tende a ser ligeiramente superior à das águas de abastecimento;

• Varia de acordo com as estações do ano; • Influência na atividade microbiana; • Influência na solubilidade dos gases;

• Influência na velocidade das reações químicas; • Influência na viscosidade do líquido.

Cor • Cor acinzentada: esgoto fresco;

• Cor cinza escuro ou preto: esgoto séptico.

Odor • Esgoto fresco: odor oleoso, relativamente desagradável;

• Esgoto séptico: odor fétido (desagradável), pela presença do ácido sulfídrico e produtos em decomposição.

Turbidez • Causada pela variedade dos sólidos em suspensão;

• Esgotos mais fresco e concentrado possuem maior turbidez.

Químicas Matéria Orgânica

• Cerca de 70% dos sólidos no esgoto são de origem orgânica, com uma combinação de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio; constituindo grupos de proteínas (40 a 60%); carboidratos (25 a 50%); gordura e óleos (10%); ureia, fenóis, pesticidas, dentre outros.

Matéria Inorgânica

• A matéria inorgânica contida nos esgotos é formada, principalmente, pela presença de areia e de substâncias minerais dissolvidas. A areia é proveniente de águas de lavagens de ruas e de águas do subsolo, que chegam às galerias de modo indevido ou se infiltram através das juntas das canalizações.

Biológicas Organismos • Os principais organismos encontrados nos esgotos são as bactérias, os fungos, os protozoários, os vírus, as algas e os grupos de plantas e de animais. As bactérias são responsáveis pela decomposição e estabilização de matéria orgânica tanto na natureza como nas unidades de tratamento biológico. Os organismos do grupo coliforme são usados como indicadores de poluição de origem humana, por serem bactérias típicas do intestino do homem e também de outros animais de sangue quente.

Para o dimensionamento do sistema de coleta e transporte do esgoto sanitário, o aspecto mais importante a ser considerado é o quantitativo, e para o dimensionamento do sistema de tratamento é o aspecto qualitativo, cuja escolha dependerá das características locais, relacionadas às condições físicas, econômicas, ecológicas, sociais e culturais de cada comunidade. O próximo item apresenta aspectos gerais dos sistemas de tratamento de efluentes sanitários residenciais.

1.7.2 Sistemas de Tratamento de Efluentes Sanitários: concepções e alternativas