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E XEMPLOS DE A PLICAÇÃO DE A VALIAÇÃO E A NÁLISE DA S USTENTABILIDADE NO B RASIL E

SUSTENTABILIDADE, PRINCÍPIOS E INDICADORES: SUBSÍDIOS PARA ANÁLISE DA SUSTENTABILIDADE EM SISTEMAS LOCAIS DE

ETAPA DESCRIÇÃO

8. Controle dos cidadãos: as pessoas assumem o controle do poder dos processos de tomada de decisão, perspectiva de autogestão.

1.6 E XEMPLOS DE A PLICAÇÃO DE A VALIAÇÃO E A NÁLISE DA S USTENTABILIDADE NO B RASIL E

NO

M

UNDO

Como apresentado nos itens anteriores, a análise da sustentabilidade é um desafio no cenário atual, em virtude da variabilidade de interpretações e definições do tema. Esse item procura apresentar alguns exemplos de avaliação da sustentabilidade, no Brasil e no Mundo, em diferentes escalas.

Dentre os modelos de avaliação de sustentabilidade existentes podemos citar: Análise do Ciclo de Vida (ACV) ou life-cycle assessment (LCA) que pode ser considerada uma abordagem sistêmica que estuda e quantifica os efeitos ambientais potenciais de um produto ou serviço desde a obtenção das matérias primas (petróleo, minério, colheitas, etc.)

ao ponto em que o material retorna à terra. Isto inclui fluxos de subprodutos que vão para o ar, para a água e para o solo. (EEA, 1997, CURRAN, 1996).

Apresenta normalização técnica regulamentada por comitês internacionais, na série ISO 14000 e consiste na análise e interpretação dos dados obtidos, por meio do inventário quantitativo e qualitativo, de todos os insumos consumidos e dos resíduos e demais poluentes liberados no ambiente, durante todo o ciclo de vida de um produto, (desde sua fabricação, uso e descarte) e posterior avaliação dos impactos ambientais gerados. As diferentes fases que compreendem o ciclo de vida dos materiais, são: 1) Obtenção das Matérias-primas; 2) Fabricação do produto; 3) Transporte; 4) Uso; 5) Descarte (SANTOS et al., 2011).

A avaliação do ciclo de vida está frequentemente relacionada aos materiais utilizados em construção civil. De acordo com Bond et al (2012) a avaliação da sustentabilidade deve atender a algumas premissas, ou seja, de imperativos da sustentabilidade (pensamento integrado, aumentar sistemas sócios ecológicos; equidade intrageracional, equidade intergeracional). Todas essas premissas se resumem em respeito ao contexto, engajar partes interessadas e gerenciar conflitos.

Para Gasparatos et al. (2008), a avaliação de sustentabilidade tem como principais características a integração entre aspectos econômicos, ambientais e sociais, bem como a consideração de suas interfaces, de consequências das ações presentes para gerações futuras, da existência de incertezas, da valorização da participação pública e a equidade intra e intergeracional.

Bond, Morrison-Saunders e Howitt (2012)9, citado por Duarte (2013) apresentam uma proposta a ser adotada para a avaliação de sustentabilidade, conforme a Quadro 1.6.

9 BOND, A.; MORRISON-SAUNDERS, A.; HOWITT, R. Conclusions. In: BOND, A.; MORRISONSAUNDERS, A.;

HOWITT, R. (Eds.). Sustainability Assessment: pluralism, practice and progress. 1. ed. New York: Routledge; Taylor & Francis, 2012. p. 263-270.

QUADRO 1.6 – Critérios de efetividade para avaliação de sustentabilidade e suas características, elaborado a

partir de Bond, Morrison-Saunders e Howitt (2012b) e Bond, Morrison-Saunders e Stoeglehner (2012) (Fonte:

adaptado de DUARTE, 2013, p.112). CRITÉRIO DE

EFETIVIDADE CARACTERÍSTICAS

Efetividade no procedimento

Abrange aspectos relacionados à adoção de boas práticas na condução do processo e quanto ao cumprimento de requerimentos legais. Inclui questões sobre a consideração de impactos cumulativos e sinérgicos, consulta pública, desenvolvimento de alternativas técnicas e locacionais e propostas de mitigação e monitoramento. Seguir o procedimento por si só não garante alcançar efetividade no processo, mas é importante para indicar que o estudo atende critérios básicos da elaboração de estudos de suporte à decisão.

Efetividade substantiva

Está relacionada ao resultado do estudo no contexto do processo, quanto aos resultados concretos alcançados com o desenvolvimento da avaliação. Critérios de efetividade substantiva aplicados à AAE incluem questões sobre as alterações realizadas na proposta original em decorrência da AAE, se as alternativas propostas foram de fato consideradas, e se as medidas de mitigação e monitoramento foram implementadas de forma adequada.

Transactive effectiveness

Esse critério está relacionado ao custo-efetividade do processo; a avaliação deve oferecer resultados úteis ao planejamento em tempo e custo adequados à expectativa dos atores. Processos voluntários de avaliação de impacto tendem a atender esse critério, uma vez que o processo é desenhado para que faça ao máximo as contribuições de melhorias para o processo. Já em casos de cumprimento de requerimento legal, um processo de avaliação pode ser apenas “cartorial”, oferecendo resultados pouco úteis e muito caros, tendo baixo custo-efetividade.

Efetividade normativa

Inclui os elementos que caracterizam uma análise da sustentabilidade ideal, delineada nos seis imperativos propostos por Gibson (2012).

Pluralismo Para atender a diversidade de visões existente em processos decisórios, é preciso além de garantir a participação dos diversos atores relevantes ao processo decisório, garantir que essas visões sobre os problemas existentes serão efetivamente consideradas no processo decisório.

Conhecimento e aprendizagem

O processo deve incrementar a aprendizagem instrumental e a aprendizagem conceitual, fortalecendo o aperfeiçoamento do próprio processo de avaliação e do objetivo de uma política pública, bem como abrindo espaço para mudanças de crença e de perspectivas. O quadro 1.6 apresenta uma síntese dos critérios para efetividade em um processo de análise e avaliação da sustentabilidade, em que devem ser considerados aspectos de boas práticas na condução dos processos, com desenvolvimento de técnicas e alternativas adequadas ao contexto local, com base nos princípios propostos por Gibson (2012), com busca de acesso ao conhecimento e aprendizagem, com aperfeiçoamento do processo de avaliação.

Outro exemplo para ser citado é o City of South Perth, Sir James Mitchell Park Tree Planting, 2010. Em 2001, a cidade desenvolveu um plano de manejo de árvores, em conjunto com o Swan River Trust, por Sir James Mitchell Park (SJMP), após ampla consulta à comunidade para o parque da cidade. O plano de gestão da implementação requereu a participação da comunidade em diversas etapas do processo decisório.

Foram considerados critérios de sustentabilidade ambiental, social e econômico. Foi definida uma pergunta principal: Qual é a forma mais sustentável de plantar árvores em Sir James Mitchell Park, de acordo com as recomendações do Plano de Gestão da Cidade? Dessa pergunta geraram os critérios de sustentabilidade, conforme apresentado no Quadro 1.7.

QUADRO 1.7- Critérios de sustentabilidade a serem considerados para o Sir James Mitchell Park. (Fonte: adaptado de Sir James Mitchell Park, 2010, p.10).

CRITÉRIO DESCRIÇÃO

AMBIENTAL

1. Prover habitat para aves e outros animais

Eucalyptus rudis tem potencialmente maior valor habitat para insetos e aves

(desenvolve cavidades). Banksia littoralis (Pântano Banksia) também atrair pássaros.

2. Interceptar escoamento de nutrientes e prevenção de erosão

Árvores plantadas perto do rio proporcionará maior beneficiados. Também relacionado com o número total de árvores.

3. Integridade da valorização ecológica

Promover plantio de uma vegetação natural e diversificada terá maiores benefícios para ecológico e integridade. Distâncias menores pode criar potenciais corredores de habitat. Número de novas árvores também relevante.

SOCIAL

4. Manutenção de vistas existentes

Visualizações incluem luzes da cidade no rio (afetada por árvores próximo ao rio), bem como vistas da cidade. Potencial para vistas a ser reforçada pelo enquadramento. Número, localização e espécies de árvores afetam a todos pontos de vista.

5. Prover sombra adequada para usuários do parque

Melaleuca rhaphiophylla e Casuarina obesa (Sal Sheoak) pode fornecer a

melhor sombra. Também depende da estrutura de plantio, com menor grupos tendem a ser mais atraente para piqueniques. A preferência pela sombra em torno de áreas de lazer (Churrascos, percursos pedestres, praias, parques infantis) foi expressa por muitos membros da comunidade.

6. Segurança pública Maior probabilidade de cair galhos, criando um perigo. Potencial para acidentes de moto relacionados à proximidade de árvores para ciclovias. 7. Segurança Agonis flexuosa permite oportunidades de ocultação devido ao tronco grosso

(quando maduro) e folhagem chorando enquanto inundada Gum cresce a uma altura de até 15 metros e proporciona menos oportunidades de ocultação. 8. Opiniões da comunidade

sobre a estética espécies

Refere-se especificamente ao feedback recebido dos expressando preferência comunitária para a floração espécies e antipatia para o aparecimento de WA Peppermint.

ECONÔMICO

9. Custo de implementação Com base no número de árvores e custo de mudas de árvores

10. Custo de manutenção WA Peppermint requer poda de galhos duas vezes por ano, Gum inundada também pode exigir mais manutenção do que outras espécies devido ao potencial soltar ramos.

Foi realizada uma consulta pública para verificar as melhores opções de implantação para a população. Foram criados formulários, com base nesses critérios do Quadro 1.7, para que a população pudesse opinar, apresentando pontos positivos e negativos de cada alternativa. A comunidade esteve envolvida durante todo o processo, por meio de consultas populares, priorizando o processo participativo. Os dados foram

sistematizados e ponderados em uma planilha, indicando se a população concordava totalmente, parcialmente, não concordava ou desconhecia. Com base nos resultados, foram realizadas as inserções necessárias no parque, de acordo com a escolha da população.

Outro exemplo apresenta uma experiência no Brasil, em se tratando de construção civil. Podemos citar a experiência do CBCS (Conselho Brasileiro da Construção Sustentável), que desenvolveu uma ferramenta denominada “Seleção em 6 passos”, para auxiliar gestores a determinar se os fornecedores de materiais de construção civil podem ser considerados “sustentáveis”, mediante atendimento aos seis critérios estabelecidos.

De acordo com informações do site, não existe sustentabilidade dos materiais de construção civil sem formalidade, legalidade e qualidade. A informalidade acarreta em: sonegação de impostos; desrespeito à legislação ambiental; desrespeito à legislação trabalhista (CBCS, 2013). Os seis critérios para avaliação da sustentabilidade dos materiais de construção civil estabelecidos são, conforme Quadro 1.8:

QUADRO 1.8- Critério para avaliação da sustentabilidade dos materiais da construção civil e descrição da forma

de análise (Fonte: CBCS, 2013).

CRITÉRIOS DESCRIÇÃO

1- Verificação da