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SOBRE O AT-9: SEUS ELEMENTOS, ANÁLISES E OPERACIONALIZAÇÃO

PARTE II – BASES TEÓRICAS

CAPÍTULO 3 A TEORIA DO IMAGINÁRIO, DE GILBERT DURAND E O

3.2 SOBRE O AT-9: SEUS ELEMENTOS, ANÁLISES E OPERACIONALIZAÇÃO

Baseados nos escritos e experiências de Loureiro e do próprio criador do teste, Yves Durand, assim como de Rocha Pitta, Maria Cecília Teixeira, entre outros, apresenta-se aqui algumas considerações sobre o teste AT-9.

O AT-9 trata-se de um teste projetivo, criado por Yves Durand (1988) sobre a teoria do Imaginário de Gilbert Durand. Trata-se de um instrumento capaz de levantar/conhecer imagens individuais ou grupais e que permite “tornar evidente dados profundos relacionados com a interferência externa” (LOUREIRO, 2004a, p. 23).

G. Durand (apud LOUREIRO, 2004a, p. 29), ao se referir sobre o AT-9, diz:

[...] este teste não apenas constitui um diagnóstico psiquiátrico excelente como confirma os resultados teóricos que havíamos criado pessoalmente para as “estruturas” do imaginário: todo imaginário humano articula-se por meio de estruturas plurais irredutíveis, limitadas a três classes que gravitam ao redor dos processos matriciais do “separar” (heróico), incluir (místico) e “dramatizar” (disseminador), ou pela distribuição das imagens de uma narrativa ao longo do tempo.

O teste se apresenta com um desenho – parte pictórica – e uma narrativa – parte semântica – que dá sentido ao desenho. Ele é formado com nove elementos que deverão

nortear a construção de uma história imaginada pelo indivíduo, sujeito-autor do teste. Estes elementos são: queda, espada, refúgio, monstro devorante, alguma coisa cíclica, personagem, água, animal e fogo. A história imaginada deverá ser, primeiramente, desenhada e logo após narrada/contada, seguida de um pequeno elenco de questões e de um quadro síntese onde o sujeito, com quem se realiza o referido teste, coloca as representações, as funções e os simbolismos atribuídos, por ele, a cada um dos nove elementos – estímulos arquetípicos – do teste.

Yves Durand (1988) selecionou estes elementos conforme os seus significados mais profundos. Cada elemento possui assim um significado próprio, e serve no teste para estimular o surgimento, o desabrochar de determinado arquétipo. São, portanto estímulos arquetípicos. O elemento personagem é o protagonista da história imaginada no qual o sujeito-autor se projeta. O monstro estimula o aparecimento da idéia de morte enquanto a espada sugere luta e o refúgio aconchego e paz. A presença do personagem, da espada e do monstro, em um mesmo protocolo do teste, leva a identificar a presença de um universo mítico com imagens do regime diurno das imagens, a estrutura heróica ou esquizomorfa. A presença do personagem junto ou dentro do refúgio leva a possível identificação do regime noturno das imagens, a estrutura mística/antifrásica. O elemento cíclico se relaciona a temporalidade e geralmente deixa ver uma estrutura disseminatória sintética do imaginário, do regime noturno de imagens. Os elementos água, animal e fogo são elementos complementares e servem para dar a liga na dramatização imaginada.

Deve-se observar não apenas o aspecto pictórico do teste, mas também a narrativa, a história imaginada pelo sujeito autor do teste, para que se obtenha informações valiosas para a análise mítica do conteúdo dos protocolos do teste. É no discurso que estarão presentes os elementos de forma articulada, deixando transparecer a angústia do passar do tempo e o medo da morte. Na parte pictórica, no desenho imaginado e registrado no protocolo do teste estimulado pelos nove elementos arquetípicos é oportuno notar a localização destes, a sua proximidade uns com os outros, bem como a posição em que está desenhado o personagem, se em pé, deitado, agachado ou sentado, se há apenas um ou mais personagens que podem ser antropomorfos, zoomorfos ou de coisas. Convém observar também o tipo de monstro desenhado ou a sua inexistência, assim como a proximidade ou a distância do mesmo em relação ao personagem. Observar se o monstro está dentro do refúgio oferecendo perigo no lugar de tranquilidade, neste caso, diz-se que o elemento monstro ou o elemento refúgio está desfuncionalizado, ou seja, não está representando o papel, a função precípua dita por Yves

Durand, o monstro de suscitar imagens da morte e o refúgio de representar, paz, aconchego e tranquilidade.

As questões que completam o teste servem para esclarecer o imaginário encontrado. Conforme Yves Durand (1988), os registros míticos nos protocolos do teste poderão ser analisados pela análise estrutural, elemencial, funcional e actancial. Nesta pesquisa valemo-nos das análises elemencial ou morfológica, funcional e estrutural.

Com a análise elemencial efetuamos um inventário da função, da representação e do simbolismo de cada um dos nove elementos, verificando a incidência maior destes achados, quer dizer da sua forma, daí morfológica. Com a análise funcional identificamos a ideia de vida ou morte, pode-se dizer imaginário positivo ou negativo, nas respostas dadas às últimas questões que compõem o teste e nos simbolismos atribuídos aos elementos. Para operacionalizá-la colocamos o sinal de mais ou o de menos conforme o simbolismo registrado para cada elemento no quadro final do teste AT-9. Uma fração será então representada com o numerador e o denominador. Para o numerador atribuímos a conotação positiva, de vida, com o sinal mais e o denominador está constituído dos simbolismos negativos, de morte. Assim uma fração imprópria, com o numerador maior que o denominador, representa um imaginário de vida; ao contrário se o denominador for maior, temos um imaginário de morte, negativo. Com a análise estrutural identificaremos a estrutura do imaginário detectada, se esquizomorfa/ heróica, antifrásica/mística ou disseminatória/sintética/dramática. Pode ainda acontecer de ser identificada a não estrutura.

CAPÍTULO 4 – A GERONTOLOGIA: A VELHICE, O PROCESSO DE