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2.3 TIPOS SOCIETÁRIOS

2.3.8 Sociedade Cooperativa

As cooperativas nascem da vontade de seus associados em uma assembleia geral de constituição ou em uma escritura pública. Para a assembleia, deve ser precedida de um edital de convocação, publicado com dez dias de antecedência. Nesta assembleia, os cooperados presentes deverão aprovar um estatuto e eleger os primeiros dirigentes da cooperativa. Para a escritura pública, onde todos os subscritores serão qualificados, com a indicação das respectivas quotas, também deverá ser declarada a aprovação dos estatutos, bem como a eleição dos primeiros dirigentes. Ao final, deve haver a assinatura de todos os subscritores. (COELHO, 2011). A ata da assembleia ou a escritura pública deve ser arquivada, em três vias, na junta

comercial (art. 18, §6° da Lei 5.764/71). A partir deste momento, a ata ou escritura deverá ser publicada em jornal oficial e em jornal de grande circulação, e a cópia destas publicações também devem ser levadas a registro na junta comercial. Todavia, as cooperativas devem se registrar na Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) ou na entidade estadual, se houver, mediante apresentação dos estatutos devidamente registrados antes de iniciarem suas atividades. Regularmente constituída, a cooperativa passa a ser uma pessoa jurídica, com direitos e obrigações próprios. (TOMAZETTE, 2017).

A cooperativa, por definição legal (art. 982 CC/2002) é considerada sociedade simples, independentemente da atividade desenvolvida. (BRASIL, 2002). Em definição doutrinária, a cooperativa pode ser definida como “reuniões de pessoas, que contribuem com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, ou seja, são sociedades ” (TOMAZETTE, 2017, p. 814). Contudo, a sociedade não se revela em um fim lucrativo para seus associados, pois o fim econômico alcançado pelos cooperados está diretamente ligado às suas relações com a sociedade, na redução dos custos dos bens ou serviços que lhes interessam e melhoram sua condição econômica. Ainda mais benéfico quando este resultado, fruto da atividade, venha a ser repartido, mas esse não é o objetivo central das cooperativas. (TEIXEIRA, 2017).

O cooperado, tanto é usuário, como sócio da cooperativa. No momento que utiliza dos serviços, está se beneficiando de vantagens, como preços mais atrativos ou, até mesmo, possibilidade de trabalho em melhores condições. No momento que atua como sócio, ele tem o poder de se manifestar, votar, fiscalizar, entre outros, pois na cooperativa, o elemento pessoal se sobressai sobre o elemento pecuniário, uma vez que, independente da participação de cada cooperado no capital, cada um terá direito a um voto (por cabeça). Nesta sociedade, não é possível a transferência de quotas a terceiros, mesmo que por herança (art. 1.094 CC/2002). Contudo, não quer dizer que terceiros estão impedidos de ingressar em uma sociedade já constituída, todavia, este ingresso será da pessoa, e não por quotas de outro sócio. (COELHO, 2011).

As cooperativas, mesmo possuindo traços essenciais, podem se diferenciar de acordo com vários aspectos, o que permite a elaboração de algumas classificações, conforme aponta Tomazette (2017), sendo as principais, cooperativas de consumo, que se destinam à aquisição, em comum, de produtos de consumo para seus cooperados; De crédito, destinadas a promover a poupança e financiamentos; Agropecuárias; Educacionais; Habitacionais; De saúde; De produção; De prestação de serviços; Mistas.

O atual Código Civil, em seu artigo 1.095, estabelece uma dualidade de regimes sobre a responsabilidade dos cooperados, podendo ser limitada ou ilimitada: a responsabilidade dos sócios se limita ao respectivo capital subscrito, obrigando-se a suportar os prejuízos apenas na proporção de sua participação nas operações (art. 1.095, §1° CC/2002); ou os sócios respondem subsidiariamente e de forma solidária por todas as obrigações sociais (art. 1.095, §2° CC/2002). (BRASIL, 2002).

Conforme dispõe a Lei 5.764/71, a assembleia é o órgão supremo das cooperativas. Nesta reunião, os sócios podem deliberar sobre as matérias mais importantes de interesse da sociedade. Para que a assembleia se realize é necessária a presença de um número mínimo de associados que, em primeira convocação, devem representar pelos menos 2/3 dos associados, caso este número não seja alcançado, podem haver na sequência a segunda e terceira convocação, com mínimo de uma hora entre as convocações. Para a segunda convocação, o quórum é de maioria absoluta dos associados e para a terceira, do mínimo de dez associados presentes. (BRASIL, 1971).

A administração da sociedade fica à cargo de uma Diretoria ou Conselho de Administração, compostos de pelo menos três cooperados, eleitos pela Assembleia geral, com mandato nunca superior a 4 (quatro) anos, sendo obrigatória a renovação de, no mínimo, 1/3 (um terço) do órgão de administração para o próximo mandato. É obrigatória a existência de um órgão de controle da sociedade. Este será constituído de três membros efetivos e três suplentes, cooperados e eleitos anualmente pela assembleia. Estes executaram o conselho fiscal da cooperativa. (TEIXEIRA, 2017).

Nas cooperativas, pode haver a distribuição das sobras e dos juros, como também, será repartido o prejuízo, caso ocorra, entre os sócios. As sobras obtidas com os serviços da cooperativa podem ser divididas entre os sócios ou poderá ser destinado a reservas ou fundos. A indivisibilidade do fundo de reserva está prevista no artigo 1.094, CC/2002. Conforme ensina Tomazette (2017, p. 814), nas sociedades cooperativas, “é obrigatória a criação de um fundo de reserva que representa uma conta contábil destinada a escriturar certos valores que só podem ser gastos nas hipóteses e circunstâncias previstas por lei”. Para evitar que os cooperados busquem a dissolução das cooperativas, mesmo com o fim desta, o valor do fundo de reserva será destinado ao tesouro nacional.

Feitas essas considerações acerca das sociedades, passa-se ao próximo capítulo, onde se abordará os tipos de regimes de bens conjugais.

3 REGIMES DE BENS CONJUGAIS

Esse capítulo trata dos regimes de bens conjugais, destacando-se conceito, os tipos e os efeitos jurídicos de cada regime.

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