4 ASPECTOS JURÍDICOS DO SISTEMA DE NEGOCIAÇÕES BURSÁTEIS
4.2 Principais sujeitos participantes do sistema de negociações bursáteis
4.2.2 Sociedades Corretoras e Distribuidoras de Valores Mobiliários
As sociedades corretoras de valores mobiliários são as instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil120 e pela CVM e supervisionadas pelas Bolsas de Valores, CVM e Banco Central do Brasil121. A constituição, organização e funcionamento das corretoras de valores mobiliários são disciplinadas pelo Regulamento aprovado pela Resolução nº 1655/1989 do CMN:
Resolução nº 1655/1989 do CMN. Regulamento Anexo.
“Art. 1º: A sociedade corretora de títulos e valores mobiliários é instituição habilitada à prática das atividades que lhe são atribuídas pelas leis nº 4.728, de 14.07.65, 6.385, de 07.12.76, e regulamentação aplicável.
Art. 2º: A sociedade corretora tem por objeto social:
I - operar em recinto ou em sistema mantido por bolsa de valores;
II - subscrever, isoladamente ou em consórcio com outras sociedades autorizadas, emissões e títulos e valores mobiliários para revenda;
III - intermediar oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários no mercado;
IV - comprar e vender títulos e valores mobiliários por contra própria e de terceiros, observada regulamentação baixada pela Comissão de Valores Mobiliários e Banco Central do Brasil nas suas respectivas áreas de competência;
V - incumbir-se da subscrição de carteiras e da custódia de títulos e valores mobiliários;
118 O termo suitability é vastamente utilizado no mercado e sua tradução literal seria “adequabilidade”. Na
medida em que todo investidor pretende ganhar, mas nem todos estão dispostos a perder, foram desenvolvidas várias classificações para adequar o investidor às várias estratégias de investimento disponíveis, sendo que as mais comuns, e genéricas, classificam os investidores em “conservadores”, “moderados” e “agressivos”, cada qual com suas intermináveis variações.
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Artigo 1º da Instrução CVM nº 539/2013.
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Lei nº 4.728/1965. Art. 3º. “Compete ao Banco Central: [...] II - autorizar o funcionamento e fiscalizar as operações das sociedades corretoras membros das Bôlsas de Valôres (arts. 8º e 9°) e das sociedades de investimento”.
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Resolução nº 1655/1989 do CMN. Regulamento Anexo. Art. 18: “A sociedade corretora está sujeita à permanente fiscalização da Bolsa de Valores e, no âmbito das respectivas competências, às do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários”.
VI - incumbir-se da administração, da transferência e da autenticação de endossos, de desdobramento de cautelas, de recebimento e pagamento de resgates, juros e outros proventos de títulos e valores mobiliários;
VII - exercer funções de agente fiduciário;
VIII - instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento;
IX - constituir sociedade de investimento - capital estrangeiro e administrar a respectiva carteira de títulos e valores mobiliários;
X - exercer as funções de agente emissora de certificados e manter serviços de ações escriturais;
XI - emitir certificados de depósito de ações e cédulas pignoratícias de debêntures; XII - intermediar operações de câmbio;
XIII - praticar operações no mercado de câmbio de taxas flutuantes;
XIV - praticar operações de conta margem, conforme regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários;
XV - realizar operações compromissadas;
XVI - praticar operações de compra e venda de metais preciosos, no mercado físico, por conta própria e de terceiros, nos termos da regulamentação baixada pelo Banco Central do Brasil;
XVII - operar em bolsas de mercadorias e de futuros por conta própria e de terceiros, observada regulamentação baixada pela Comissão de Valores Mobiliários e Banco Central do Brasil nas suas respectivas competências;
XVIII - prestar serviços de intermediação e de assessoria ou assistência técnica, em operações e atividades nos mercados financeiros e de capitais;
XIX - exercer outras atividades expressamente autorizadas, em conjunto, pelo Banco Central do Brasil e pela Comissão de Valores Mobiliários”.
As sociedades corretoras, até 02/03/2009, eram as únicas entidades habilitadas a negociar nas bolsas de valores. Em razão da decisão-conjunta BCB CVM nº 17/2009, as sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários passaram a ser autorizadas a operar diretamente nas Bolsas de Valores. A constituição, organização e funcionamento dessas sociedades distribuidoras de valores mobiliários são disciplinados pelo Regulamento aprovado pela Resolução nº 1120/1986 do CMN:
Resolução nº 1120/1986 do CMN. Regulamento Anexo:
Art. 1. A sociedade distribuidora de títulos e valores mobiliários é instituição habilitada à prática das atividades que lhe são atribuídas pelas Leis nº 4.728, de 14.07.65, 6.385, de 07.12.76, e regulamentação aplicável.
Art. 2. A sociedade distribuidora tem por objeto social:
I - subscrever, isoladamente ou em consórcio com outras sociedades autorizadas, emissões de títulos e valores mobiliários para revenda;
II - intermediar a colocação de emissões de títulos e valores mobiliários no mercado; III - comprar e vender títulos e valores mobiliários, por conta própria ou de
terceiros;
IV - encarregar-se da administração de carteiras e da custódia de títulos e valores mobiliários;
V - incumbir-se da subscrição, da transferência e da autenticação de endossos, do desdobramento de cautelas, do recebimento e pagamento de resgates, juros e outros proventos de títulos e valores mobiliários;
VI - exercer funções de agente fiduciários;
VII - operar em contas correntes com seus clientes, não movimentáveis por cheques; VIII - instituir, organizar e administrar fundos mútuos e clubes de investimento;
IX - constituir sociedade de investimento - capital estrangeiro e administrar a respectiva carteira de títulos e valores mobiliários;
X - prestar serviços de intermediação e de assessoria ou assistência técnica, administrativa e comercial em operações e atividades nos mercados financeiro e de capitais, atuar como interveniente sacadora de letras de câmbio em operações das sociedades de crédito, financiamento e investimento, bem como agir como correspondente de outras instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil;
XI - conceder a seus clientes financiamento para a compra de valores mobiliários, bem como emprestar valores mobiliários para venda (conta margem), observada a regulamentação a ser baixada pela Comissão de Valores Mobiliários, ouvido previamente o Banco Central do Brasil;
XII - realizar operações compromissadas;
XIII - praticar operações de compra e venda, no mercado físico, de metais preciosos, por conta própria ou de terceiros;
XIV - operar em bolsas de futuros, por conta própria ou de terceiros; XV - intermediar oferta pública de valores mobiliários;
XVI - exercer outras atividades expressamente autorizadas pelo Banco Central do Brasil ou pela Comissão de Valores Mobiliários.
Art. 3. A constituição e o funcionamento de sociedade distribuidora dependem de autorização do Banco Central do Brasil.
Parágrafo único. O exercício de atividades de sociedade distribuidora no mercado de valores mobiliários depende de prévia e expressa autorização da Comissão de Valores Mobiliários.
As sociedades corretoras e distribuidoras de valores mobiliários122, que podem ser constituídas na forma de sociedade anônima ou limitada, exercem “o papel de unificadores do
mercado, dando segurança e liquidez aos títulos transacionados”123
, pois assumem a função de aproximar compradores e vendedores de títulos e valores mobiliários, sendo imprescindíveis para que as negociações bursáteis ocorram da maneira mais eficiente possível.