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3 Caracterização do meio físico

3.4 Solos

O solo, segundo (LEPSCH, 1977, p.12), é concebido como “[...] um corpo natural organizado, que pode ser estruturado separadamente tal como as rochas, as plantas e os animais.”

Nunes (1996, p.32), acerca da formação dos solos, expressa que

[...] a gênese do solo está intimamente relacionada com a evolução do relevo e que é impossível estudar o solo sem levar em consideração o relevo. A intensidade da formação do solo sobre uma superfície pode variar com o tempo, cujas interações entre solo e relevo demonstram que os solos não existem independentemente, mas estão organizados e interrelacionados dentro da paisagem fisiográfica.

No município do Crato a variedade de associação de solos é decorrente da diversidade de formas de relevo, da estrutura geológica e das condições climáticas úmidas/subúmidas e semi-áridas. Encontramos, portanto, as associações de Latossolo vermelho amarelo, Luvissolo crômico, Neossolo litólico, Neossolo quartzarênico, Nitossolo vermelho e Neossolo flúvico (Mapa 08).

As descrições das associações de solos estão fundamentadas no trabalho feito pela SUDENE intitulado “Levantamento Exploratório – Reconhecimento de solos do Estado do Ceará” (1973) e na nova classificação da EMBRAPA (1999), que serviu de base para atualizar a nomenclatura dos solos. O primeiro nome corresponde a classificação da EMBRAPA (1999) e o segundo à adotada pela SUDENE (1973).

Latossolo vermelho amarelo (Latossolo vermelho amarelo)

Compreende solos de coloração vermelha, alaranjada ou amarela, friáveis, bastante porosos, fortemente intemperizados, apresentando argila de baixa capacidade de troca de cátions, cujos materiais primários, pouco resistentes, como o limo, desaparecem total ou quase totalmente, dando lugar às altas taxas de óxido de ferro e de alumínio. Morfologicamente são caracterizados por grande profundidade, porosidade e pequena diferenciação entre os horizontes que, na maioria das vezes, possui apenas o horizonte A de fácil identificação em decorrência do escurecimento proveniente do acúmulo de matéria orgânica. É destituído do horizonte B textural, com transição entre os horizontes de forma gradual e difusa (LEPSCH, 1977; LEPSCH, 2002).

Desenvolve-se em ambientes com intensa umidade e calor aliados a condições que dificultem a erosão e que permitam a ação do clima por um período de tempo considerável, favorecendo o desenvolvimento do intemperismo químico e o empobrecimento do solo pela lixiviação.

Encontramos no município de Crato as seguintes classes de Latossolo vermelho amarelo com suas respectivas associações: Latossolo vermelho amarelo distrófico A proeminente associado a Latossolo vermelho amarelo distrófico A moderado, Latossolo vermelho amarelo distrófico A moderado e proeminente, Latossolo vermelho amarelo húmico e uma outra classe de Latossolo vermelho amarelo eutrófico e distrófico (LVsred12), individualizada da classe de solo litólico por meio da linha que limita o topo e a escarpa da chapada, distribuída em todo o platô da Chapada do Araripe, oriundos do arenito da Formação Exu, sob um clima quente e úmido (SUDENE, 1973).

O Latossolo vermelho amarelo distrófico envolve solos com baixa saturação de base, ácidos a fortemente ácidos, com horizonte A moderado a proeminente e baixa fertilidade natural. Já o Latossolo vermelho amarelo eutrófico possui alta saturação de base e elevada fertilidade natural, com horizonte A moderado ou fraco.

A classe de Latossolo vermelho amarelo (LVd6) identificada na área limite entre os municípios do Crato e Exu/PE, é recoberto por vegetação de carrasco e cerrado, distribuída numa cota altimétrica de 880m a 920m. Esta classe é composta por Latossolo vermelho Aamarelo distrófico A proeminente e Latossolo vermelho amarelo distrófico A moderado. Essas variações de latossolo possuem textura

argilosa, com relevo plano a suavemente ondulado e drenagem relativamente fraca, cujo escoamento está voltado para Exu/PE.

Na parte central do platô, é encontrado o Latossolo vermelho amarelo distrófico A moderado e proeminente (LVd3), numa altimetria aproximada de 880m a 960m, recoberto por cerrado, com drenagem quase nula, sob condição climática quente e úmida.

O Latossolo vermelho amarelo húmico (LVd1), com textura argilosa e alto teor de matéria orgânica, está recoberto por vegetação do cerrado e do cerradão, apresentando também, inexpressiva rede de drenagem. Distribui-se pelo platô da chapada de leste a oeste, numa altimetria aproximada de 840m a 960m.

A associação Latossolo vermelho amarelo eutrófico e distrófico, inserida na classe de solo Litólico (Neossolo litólico – Red 12), possui textura argilosa a média com horizonte A indiscriminado. Distribuída numa altimetria aproximada de 800m a 960m, resultante do material retrabalhado do Cretáceo da Formação Exu, encontra- se limitada pela escarpa, borda da chapada, com relevo ondulado a forte ondulado e recoberta por cerradão e mata úmida. A drenagem é incipiente com destaque para o surgimento de algumas fontes na sua base.

Neossolo litólico (Litólico)

Constituem solos pouco desenvolvidos, rasos a muito rasos, muitas vezes cascalhentos, submetidos à intensa atuação do intemperismo físico e a uma topografia movimentada, denunciando fraca evolução pedológica. São solos jovens, com presença de minerais primários e que podem ser classificados como eutróficos ou distróficos. Ademais, não são hidromórficos, normalmente pedregosos e rochosos com o horizonte A diretamente assentado sobre a rocha (R). Muitas vezes podem ser encontrados associados a afloramento de rochas ou sobre o horizonte C (rocha em decomposição) de espessura relativamente muito pequena.

O Horizonte A é geralmente fraco a moderado, de cores variadas (desde claras a escura) com textura média (textura predominante), siltosa, argilosa e estrutura variando entre angular, blocos angulares até grãos simples (MAGALHÃES, 2006). Química e mineralogicamente são de boa fertilidade natural e, na maioria das vezes, caracterizados por acidez moderada. Quando eutrófico possui acidez moderada a quase nula; quando distrófico é fortemente ácido a moderadamente ácido.

Na área de estudo encontramos duas classes de solo Neossolo litólico (respectivamente Red12 e Re2). Uma formada pela associação complexa de solos Neossolo litólico eutrófico e distrófico, com Luvissolo crômico (Podzólico vermelho amarelo equivalente eutrófico) e Latossolo vermelho amarelo eutrófico e distrófico (sendo que esta foi individualizada a partir da imagem de satélite Landsat-7); outra por Neossolo litólico eutrófico (Re2).

Encontramos a associação de solo Neossolo litólico eutrófico e distrófico (Red12 - textura arenosa média e argilosa; fase pedregosa e rochosa) com Luvissolo crômico (textura argilosa e média) e Latossolo vermelho amarelo eutrófico e distrófico (esta, conforme a imagem de satélite foi individualizada da associação de Neossolo litólico) na área que se estende desde a escarpa até a depressão sertaneja, com altimetria variável de 480m a 800m. Recobertos por mata úmida, mata seca e caatinga arbórea arbustiva, distribui-se sobre um relevo ondulado a fortemente ondulado, sendo bem drenados devido às inúmeras fontes que banham o município.

O Neossolo litólico eutrófico (Re2) com horizonte A fraco moderado, textura média e siltosa (fase pedregosa e rochosa) está inserido na área dos maciços residuais localizado na porção norte do município, limitando-se com Caririaçu, com altimetria variável de 400m a 600m, recoberto por caatinga arbóreo-arbustiva. Desenvolve-se sobre um relevo ondulado a forte ondulado, drenado por poucos e pequenos riachos afluentes do Rio Carás.

Luvissolo crômico (Podzólico vermelho amarelo equivalente eutrófico)

Compreende solos com horizonte B textural, não hidromórfico. Difere da classe Argissolo vermelho amarelo, essencialmente, por apresentar além de média a alta saturação de bases, menor acidez. Geralmente são solos profundos, dificilmente rasos, bem drenados, com cores variando de vermelho amarelado até amarelo no horizonte Bt.

São solos bem definidos, com seqüências A, Bt e C, argila de atividade baixa e, conseqüentemente, de baixa a média troca catiônica. Ademais, possuem normalmente textura arenosa ou média no A e argilosa ou média no Bt. Apresentam média a alta fertilidade natural, bem como quantidade significativa de materiais primários facilmente decomponíveis. No município do Crato este solo está representado por várias associações.

A associação de Luvissolo crômico (Pe18) (de textura argilosa associado a Nitossolo vermelho, textura argilosa e Luvissolo crômico raso de textura argilosa cascalhenta) encontra-se distribuída na área dos maciços residuais, a partir da borda da Bacia Sedimentar do Araripe, com relevo plano a fortemente ondulado, altimetria variando entre 400m a 600m e recobertos por caatinga arbóreo-arbustiva e mata seca. Desenvolve-se uma rede de drenagem significativa, de caráter intermitente, tendo como principal curso o rio Cariús.

A associação de Luvissolo crômico (Pe21) associado à Neossolo litólico eutrófico (textura arenosa e média, apresentando fase pedregosa), representa uma pequena porção do município ao norte, limitando-se com Caririaçu. Desenvolve-se sobre o relevo suave ondulado a fortemente ondulado, com altimetria variando entre 480m a 640m, recoberta pela caatinga arbóreo-arbustiva e mata seca. Ademais, possui uma rede de drenagem inexpressiva.

A associação Luvissolo crômico A moderado (Pe2) com A moderado e textura argilosa, desenvolve-se sobre o maciços residuais, com relevo ondulado a fortemente ondulado, fraca rede de drenagem e altimetria variando entre 440m a 680m. A mata seca e a caatinga arbóreo-arbustiva recobrem esta classe de solos.

A associação Luvissolo crômico (Pe25) de textura média associado a Neossolo quartzarênico distrófico (todos com horizonte A fraco e moderado) encontra-se representado na base da encosta da chapada até a depressão sertaneja, perpassando a sede do município e recobrindo, quase por completo, o Maciço Residual Central. Desenvolve-se sobre relevo plano, suave ondulado a ondulado, com uma altimetria variando entre 400m a 760m e recoberta por mata seca e caatinga arbóreo-arbustiva. Possui uma densa rede de drenagem, favorecida pelas águas das nascentes que afloram em toda vertente da chapada.

Neossolo flúvico (Aluvial)

Compreendem solos resultantes da deposição fluvial de natureza diversa, pouco desenvolvidos, com horizonte A superficial diferenciado assentado sobre o horizonte C e normalmente composto por uma seqüência de camadas geneticamente diferentes entre si. A deposição dos sedimentos se dá em camadas estratificadas, geralmente sem relações pedogenéticas e disposição preferencial no perfil.

São dotados de grande fertilidade natural, com profundidade variando de muito profundo a moderadamente profundo, de alta saturação de bases, com materiais primários de fácil decomposição e que constitui fonte de nutrientes para o solo.

Morfologicamente possui características variáveis, horizonte A comumente fraco, por vezes moderado e chernozênico, com predominância de cores escuras, textura arenosa à argilosa e consistência variando desde macia até extremamente dura (MAGALHÃES, 2006).

Na área de estudo encontramos Neossolo flúvico eutrófico (Ae1) distribuído ao longo dos cursos dos rios que drenam desde a encosta da chapada até os patamares dos maciços residuais, com dimensões espaciais variando de pequenas a consideráveis extensões ao longo das planícies fluviais.

Neossolo quartzarênicos (Areia quartzosa)

São solos profundos, muito bem drenados e constituídos, quase que inteiramente, de quartzo do tamanho areia, de textura arenosa, resistente ao intemperismo, com seqüência A-C. Quimicamente são forte a moderadamente ácidos e de baixa a muito baixa fertilidade natural. Esta unidade ocorre dentro da classe de Luvissolo crômico de textura média.

Nitossolo vermelho (Terra roxa estruturada similar - Tre)

Correspondem a solos não hidromórficos de coloração vermelho escura à arroxeada, resultante do intemperismo de rochas básicas e ultrabásicas ricas em minerais ferromagnesianos.

Os nitossolos diferem basicamente dos argissolos por conterem no horizonte B, predominantemente argiloso, uma coloração vermelho-escura e por não possuírem horizonte E. É considerado solo intermediário entre o Latossolo e Argissolo (LEPSCH, 2002). Em geral são eutróficos, eventualmente distróficos e raramente álicos. Portanto, são de excelente fertilidade natural.

Esta unidade encontra-se representada numa pequena porção a oeste do município, limite com Nova Olinda, como também dentro da classe de Luvissolo crômico de textura argilosa.