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Pouco a pouco, a nossa descrição progride, a visão se faz mais completa também no intelecto do leitor, a quem estamos aqui fazendo uma exposição racional. Não quisemos conferir a esta uma forma sistemática, como sói acon- tecer quando se apresenta um processo psicológico de quem escreve, cristali- zado nos seus resultados finais, sem demonstrar o seu desenvolvimento gené- tico. Preferimos aqui começar a descrever a visão à medida que a observamos, de modo que o leitor pudesse seguir o desenvolvimento segundo o qual ela, embora instantânea em sua natureza, apareceu progressivamente em nossa mente. Assim procedemos não só para facilitar a compreensão, mas também para facilitar ao leitor acompanhar igualmente o fenômeno psicológico do re- gistro da visão, como ela ocorreu na realidade. Tudo isto porque não significa que, por não ser sistemática, a exposição não possua um encadeamento lógico, pois toda a visão é substancialmente um processo lógico.

Certamente, a psicologia racional, que é a forma da mentalidade hodierna e, por conseguinte, da maioria dos leitores, está muito distanciada da forma men- tal intuitiva, por meio da qual as visões são percebidas. Por isso mesmo procu- ramos sempre reduzir tudo aos termos da psicologia racional, a fim de nos colocarmos no plano mental do leitor. Na verdade, o crítico extremado poderia objetar que os dois princípios fundamentais – amor e liberdade – sobre os quais se eleva o edifício conceptual atrás exposto, são absolutamente incontro- láveis. Eles, aqui, são aceitos como axiomas não demonstrados, consequência do método intuitivo. Não é preciso demonstrar, a quem vê, que a luz existe. Mas nós queremos aqui colocar-nos de acordo com a psicologia corrente. Li- mitamo-nos, pois, a aceitar a intuição apenas como hipótese de trabalho. Apre- sentar o pensamento sob esta forma significa torná-lo mais compreensível e aceitável em nosso tempo. Podemos, assim, encarar toda a visão como uma hipótese de trabalho, onde o mais importante, independente da forma, é conse- guir a exposição de um quadro completo e pormenorizado, que resolva todos os problemas do ser.

Continuando a proceder com esta psicologia, poderemos dizer que só acei- taremos a hipótese como verdadeira quando os fatos a confirmarem. Teremos, assim, assumido a atitude que coincide com a psicologia hodierna, e o leitor poderá, então, ler estes capítulos com esta mentalidade, sem que nada se altere. Permaneceremos, desta maneira, obedientes aos requisitos científicos da pes-

quisa. O leitor que ama e escolhe esta forma mental deverá, porém, admitir que, se tal via fosse seguida pelo escritor, ele nada teria visto, chegando talvez a umas poucas conclusões particulares, e quem sabe depois de quanto tempo! Se ele chegou logo à visão completa do quadro resolutivo e das conclusões, é necessário aceitar que isto só se deu em virtude do método da intuição, através de concepções sintético-intuitivas, e não analítico-racionais. A resultados tão amplos quanto estes não se chega nunca com a observação e a experimenta- ção, através da hipótese e da razão. É necessário admitir que, conquanto a so- lução dos últimos problemas deva aqui ser apresentada em forma racional, ela só poderia ser obtida por via intuitiva.

Pode-se objetar, contudo, que a intuição também está sujeita a enganos, ne- cessitando ser controlada e, por esse motivo, ela não pode ser erigida em mé- todo de uso corrente. Mas também é verdade que o uso corrente bem pouco descobre de novo, limitando-se frequentemente a demonstrar e a aperfeiçoar o que foi apanhado pela intuição. Assim, só nos resta aceitar a intuição quando o indivíduo sabe alcançá-la, submetendo-a depois ao controle, para verificar se os seus resultados coincidem com a realidade. Os exemplos que aqui aduzi- mos, retirados do mundo dos fatos, estão sempre a favor da visão. O leitor poderá buscar outros, contanto que antes cuide de compreendê-los bem, para enquadrá-los no sistema e verificar se há correspondência. Trata-se de colocar, como no quadro de um grande mosaico, cada peça no seu justo lugar, para obter a imagem perfeita.

Por estas observações, o leitor poderá compreender como a exposição aqui realizada é uma tradução da visão em uma outra linguagem, adequada à forma mental racional. Poderá, ao mesmo tempo, compreender que a psicologia de absolutismos axiomáticos, com que algumas afirmações são aqui feitas, não é uma inconsistente pretensão de verdade, mas sim deriva da sensação do abso- luto verdadeiro que se passa com todo aquele que contemple qualquer fato por percepção direta. Ora, quem aqui escreve não pode fazer sentir ao leitor esta sua sensação. Não lhe resta, então, outro recurso senão o raciocínio e a de- monstração indireta, como quem tivesse de explicar a um cego um panorama que tenha diante dos olhos. O leitor poderá, assim, compreender quão estranho deve parecer, a quem se encontra imerso em uma visão, ter de apresentá-la como hipótese de trabalho. Entretanto, ele deve saber exprimir-se também nessa forma, se quiser ser compreendido.

Chegando a este ponto, podemos dizer que temos sob os olhos um quadro suficientemente completo da criação, para poder contemplá-lo no seu conjun- to. Também A Grande Síntese nos apresenta esse quadro, mas dentro de limi- tes mais restritos. Ela não vai além dos confins de nosso universo, não lhe aprofunda as origens. Comprovando a existência de uma lei cujo funciona- mento e desenvolvimento estuda, não explica as razões pelas quais ele tenha tomado a sua forma atual. E, de A Grande Síntese, o volume Ascese Mística só aprofundou e desenvolveu o estudo particular de uma fase da evolução: o su- perconsciente intuitivo, especialmente no misticismo. No presente volume, a visão se dilata para além da criação atual, da qual se veem os precedentes, as causas e o significado, em um sistema mais vasto, qual é o sistema do absolu- to, o sistema do Todo, o sistema de Deus.

Voltemos a contemplar a visão no seu conjunto, nos lampejos da síntese. O homem racional, positivo, poderá tomá-la como hipótese de trabalho, para fazer o seu controle nos pontos acessíveis ao homem, já que se trata de uma projeção análoga do esquema universal em nosso plano de existência.

Fora do tempo, antes que qualquer coisa, nascida depois, tivesse princípio, existia Deus, que foi, é e será sempre o Todo, ao qual nada se pode tirar nem acrescentar, mesmo em sua criação, que não pode estar acima ou além, mas sempre como Sua emanação. Sua característica fundamental é o amor, princí- pio pelo qual se exprime a natureza de Deus, de onde derivam todas as outras qualidades: primeiramente a liberdade do ser e, depois, as demais, como o bem, a bondade, a harmonia, o poder, o conhecimento, a beleza, a felicidade etc., que exprimem tudo o que de mais belo e melhor o ser possa imaginar. São princípios que o homem encontra instintivamente em si mesmo, aceita como axiomas e segue sem discutir, com ardente anelo. Ninguém necessita de de- monstração para obedecer a tais impulsos, que são inerentes à natureza huma- na. Afinal, tudo isto faz parte do absoluto, que está além da razão e do qual, com esta, só nos é dado controlar as consequências em nosso relativo, que no- lo confirma. Admitido o princípio de amor, tudo o mais procede logicamente. À razão não se pede mais do que admitir esse princípio, o que, aliás, é instinti- vo. É o quanto basta para o desenvolvimento lógico ulterior.

Deus, causa primeira sem causa, não tem princípio nem fim e tudo gera sem ter sido gerado. Deus simplesmente “é”, e tudo Ele “é”, não estando encerrado no limite de nenhuma dimensão. As várias dimensões nascerão depois, entre as quais o tempo e o espaço, apenas como limites do ser, enquanto Deus é o

ser sem limites. Eis, então, que Deus transcendente, que “é” acima e indepen- dente de qualquer criação Sua, acima da atual, como de qualquer outra possí- vel, eis que Deus realiza, com respeito à atual, a Sua primeira criação, feita de espíritos perfeitos. Ele destacou do Seu seio, por amor, seres feitos à Sua ima- gem e semelhança, para amá-los, incluindo-os na Sua própria felicidade. Isto ocorreu segundo um sistema cujos princípios fundamentais eram aqueles mesmos que observamos na natureza do Pai, que os gerara. Neste sistema, tudo era feito à Sua imagem e semelhança. Ele era único e tudo encerrava, nada havendo fora e além Dele e dos Seus princípios e perfeição.

Ora, dada a liberdade do ser, inata no Sistema, por ser da natureza de Deus, de que ele proviera, essa primeira criação perfeita degenerou em consequência da revolta, examinada nos capítulos precedentes. Parte dos seres permaneceu íntegra, incorrupta, e assim se conservou sempre, mantendo-se no sistema per- feito originário, por haver aderido livremente ao Deus transcendente; outra parte rebelou-se e, por isso, corrompeu-se, dando origem a um segundo siste- ma, derivado e imperfeito, invertido, de oposição a Deus, tendo o centro em ponto antípoda, em polo oposto, no anti-Deus, em Satanás. O sistema único cindiu-se então em dois – Sistema e Anti-Sistema – nascendo o dualismo de dois sistemas opostos, um perfeito e o outro imperfeito, não mais segundo um esquema de unidade íntegra, como antes, mas segundo um esquema de unida- de cindida, que não pode existir senão constituída de duas partes inversas e complementares, opostas e fundidas conjuntamente. De então por diante, a unidade não poderá mais ser obtida a não ser através da luta entre as duas par- tes contrárias, princípio universal, que encontramos por todos os lados. Essa é gênese do principio da unidade e dualidade, sumariamente exposto em A Grande Síntese. Por esta razão o nosso universo é construído de acordo com esse esquema, desde o caso máximo até ao caso mínimo.

Agora podemos compreender por que Deus transcendente, e não somente pessoal, visto ser Ele um “eu sou”, assim como todas as criaturas feitas a Sua imagem e semelhança, mas que também pode ser considerado acima e inde- pendente de qualquer criação Sua, além do bem e do mal, isto é, fora do es- quema dualístico em que está baseado o universo atual. O dualismo nasceu com o referido desmoronamento do Sistema em seu Anti-Sistema e está desti- nado a ser sanado, representando, portanto, apenas um momento na Divindade. Deus “é” sempre, antes do desmoronamento e depois da reconstrução, além deste período dualístico. No absoluto, Deus “é” simplesmente uno, acima des-

ta cisão, que concluirá na junção das duas partes e, por isso, constitui apenas um episódio no divino e eterno existir.

Foi, então, justamente com o desmoronamento do Sistema no Anti-Sistema que se formou a contraposição: transcendência e imanência. Esta cisão do úni- co aspecto, o absoluto, de Deus em Deus transcendente e Deus imanente re- presenta justamente a cisão do Uno, que, como Uno absoluto, reúne em si os dois aspectos. Ele é ambos ao mesmo tempo, estando acima da cisão, sem po- der ser um só deles, ou seja, não é exclusivamente transcendente nem exclusi- vamente imanente. Desta forma, compreenderemos que a visão dualística, do Uno bipartido, é relativa à posição do ser no universo atual e no período da cisão, não possuindo valor absoluto. Em outros termos, se encarado do seio de nosso universo, Deus pode parecer à criatura como imanente ou como trans- cendente, isto é, pode ser concebido sob dois aspectos diversos; porém, desde que saiamos do relativo para o absoluto, devemos admitir a existência de Deus em um Seu só e único aspecto, que está além de qualquer dualismo e criação, ao qual denominaremos Deus absoluto.

O ser vive, presentemente, imerso na cisão. Se concebe a transcendência, é porque se coloca no aspecto imanência e, se concebe a imanência, é porque se põe no ponto de vista da transcendência. Uma presume a outra, e ambas são complementares, como duas metades do Uno indiviso. O ser é incapaz de con- ceber fora de relações. Desaparecida a contraposição dos contrários, a sua per- cepção e concepção se anulam. Para compreender, pois, o Todo Divino, o Deus absoluto, é imprescindível compreender ambas as metades da unidade e depois reuni-las. Compreender de Deus um só aspecto, qualquer seja ele, sig- nifica atingir uma concepção falha e unilateral. Admitindo Deus apenas como transcendência, o ser se defrontaria com uma abstração de tal forma destituída de expressão, que ela se confundiria no nada. O universo lhe pareceria, então, um autômato vazio de alma, um sistema estático, incapaz de reconstruir-se e reerguer-se até Deus. Admitindo Deus apenas como imanência, chegaremos a um universo preso num caminho sem fim, não tendo ponto de partida nem de chegada, uma unidade despedaçada, sem possibilidade de reconstruir-se.

É necessário compreender essa descida do Deus transcendente na imanên- cia, em seguida ao desmoronamento do Sistema. Quando este, por culpa da criatura, se cindiu em dois, Deus não quis abandonar o sistema invertido, con- servando-se presente nele (imanência), para poder realizar assim a sua salva- ção, em um trabalho constante de reconstrução (criação contínua), pelo pro-

cesso que denominamos de evolução. Deus, em perfeita coerência com o prin- cípio fundamental do amor, acompanhou o edifício desmoronado que perma- neceu Ele mesmo, embora em posição invertida, um Deus em negativo, como se Ele mesmo se tivesse invertido. Desta maneira, Deus se faz, por amor, ima- nente e, neste Seu segundo aspecto, desce às formas, à criação, que assim se tornam em Sua manifestação ou expressão. Eis de que modo o universo é regi- do pelo pensamento de Deus (a Lei). No fundo do Anti-Sistema está sempre o Sistema, no fundo dos espíritos decaídos está sempre a originária centelha di- vina. Não pode existir no universo nada que não seja Deus. Será um Deus in- vertido, mas será sempre Deus.

Aproximamo-nos agora de nosso mundo fenomênico, mais controlável pela observação. O desmoronamento do Sistema é representado pelo processo invo- lutivo, que procede de , isto é, do espírito à energia e desta à matéria. Assim nasce a matéria. Eis a criação de nosso universo dinâmico e físico. Compreende-se, pois, como esta não foi a criação originária, perfeita, operada por Deus, mas apenas uma inversão e uma corrupção dela, operada pela criatu- ra, em razão da sua liberdade, e não por Deus. Porém Deus não abandona o ser aberrante, mas abre-lhe de novo os braços, apontando-lhe uma via de recupe- ração e redenção. Desta forma, Deus o aguarda no ápice do caminho oposto, dado pela evolução, que se processa de , o caminho de nosso universo no planos físico, dinâmico e, para os seres mais evoluídos como o homem, espiritual (). Eis por que o nosso é um universo em evolução e o motivo por que a lei de ascensão é a lei fundamental de nossa existência. Não basta, con- tudo, ter verificado o fato, como nos volumes anteriores. Precisamos compre- ender por que este fato existe nessa forma. Por isso a dor é herança da criatura, sendo a redenção através das provas da vida o seu necessário e fundamental trabalho. É por esta razão que Cristo desceu à Terra e constitui a figura central na história da humanidade.

Podemos agora compreender o nosso universo. Ele é uma criação negativa, não a originária, mas uma segunda, derivada e corrompida, consequência da primeira. Aqui, o primeiro sistema se inverteu, e o vemos revirado. Aqui, o espírito eterno e perfeito se precipitou na matéria caduca e imperfeita. O amor tornou-se físico, de corpos prontos a entrar em decomposição. Aqui, a existên- cia eterna se despedaçou no ciclo, em que gravitam como duas metades os dois opostos vida-morte, encerrados no tempo. A felicidade naufragou na dor, o espírito infinito se enclausurou no limite do finito. A medida originária, incor-

rupta, do ser não é o tempo, mas a eternidade; não é o finito, mas o infinito; não é o relativo, mas o absoluto; e assim para cada qualidade humana, das quais só restaram ruínas. Explica-se desta forma por que o instinto mais forte e a maior alegria do ser sejam a superação do limite. É que eles significam a reaproximação do centro e o reencontro com o originário infinito.

O universo que a ciência estuda é exatamente este invertido, em que o Uno está pulverizado na infinita multiplicidade fenomênica do relativo.

Pretender, com essa poeira conceptual, reconstruir o princípio unitário e o esquema universal, a síntese máxima, tomando contato com o mundo fenomê- nico através da observação e da experimentação, é simplesmente uma louca pretensão. É isto o que deseja fazer a ciência. Já em outra ocasião o dissemos, mas só agora podemos saber as razões de semelhante absurdo.

Uma das vantagens, e mesmo novidade, da presente concepção está em ser uma síntese que pode fundir em um só sistema unitário o mundo físico e di- nâmico ao espiritual, até agora inteiramente distintos, isolados, senão inimigos (ciência e fé) entre si, sendo o espiritual negado definitivamente pela ciência. Mas somente com estas concepções é possível compreender de que maneira o desmoronamento moral possa ter-se tornado físico; de que forma, de uma ciné- tica de conceitos (revolta dos espíritos) tenha podido nascer uma cinética invo- luída da energia, que, por sua vez, congelou-se na matéria. O desmoronamento é moral enquanto permanecermos na dimensão , consciência. Ele torna-se dinâmico quando o Sistema involve na dimensão inferior (mais afastado de Deus) da energia. E, finalmente, transforma-se em físico quando o Sistema involve na dimensão matéria.

Eis como surgem e se resolvem múltiplos problemas, tanto espirituais como físico-matemáticos, tendo todos a mesma raiz comum, o mesmo tronco unitá- rio, que os coliga à mesma síntese e a um idêntico princípio.

Observemos agora as particularidades desse desmoronamento, que vai do espírito à matéria por uma linha contínua. Desta forma, obteremos igualmente as características da fase atual, evolutiva, inversa da precedente, involutiva, apenas com a reviravolta de posição. Para compreender o desmoronamento e o caminho por ele percorrido em descida, na demolição do Sistema, é necessário que nos reportemos aos capítulos que tratam da evolução das dimensões, ex- posta em A Grande Síntese (Cap. XXXVI – “Gênese do espaço e do tempo”, e Cap. XXXVII – “Consciência e Superconsciência. Sucessão dos sistemas tri- dimensionais”). Em nosso universo, o nosso poder de concepção não abrange

mais do que dois sistemas dimensionais trifásicos que, escalonados em direção ascensional (para Deus) ou evolutiva, são:

I Sistema Dimensional Trifásico:

(Início: Ponto – não dimensão, o nada espacial)

1a dimensão – linha;

2a dimensão – superfície;

3a dimensão – volume.

II Sistema Dimensional Trifásico:

(Início:Volume – não dimensão, consciência nula)

1a dimensão – tempo (percepção = linha)

2a dimensão – consciência (razão, análise = superfície)

3a dimensão – superconsciência (intuição, síntese = volume)

1a Dimensão 2a Dimensão 3a Dimensão Sistema Dimensional

Trifásico – I Linha Superfície Volume Sistema Dimensional

Trifásico – II Tempo Consciência Super-consciência

Além destes dois sistemas está o inimaginável para a mente humana. Em- bora, como dissemos no início do Cap. VI – “Desmoronamento e reconstrução do universo”, o desmoronamento provenha de dimensões superiores ao super- consciente, não podemos lhe traçar a análise, porque, ainda que se possa em parte atingir a abstração físico-matemática, o fenômeno nos escapa, porquanto dele nos foge qualquer possibilidade de representação.

Vejamos, pois, o processo de desagregação do Sistema – a involução – que, mais tarde, retificar-se-á no processo oposto, o evolutivo. Movemo-nos, agora, apenas dentro dos limites de nosso universo, isto é, no interior dos dois siste- mas dimensionais trifásicos acima mencionados.

Eis que os espíritos puros rebeldes, isto é, colocados em posição sinistrogi- ra, no sistema dextrogiro, provocam uma contração ou curvatura cinética na substância, que estamos observando sob o seu aspecto de movimento. Inicia- se, então, o desmoronamento do ser ao longo da escala das dimensões. A in- tuição sintética (visão direta da Lei – pensamento de Deus) contrai-se na sim- ples racionalidade analítica e sucessiva, à guisa de volume que se dissipa em

uma superfície. Então esta dimensão (consciência) contrai-se ainda na dimen- são tempo, como uma superfície que se desfizesse em uma linha. Tais são as primeiras três etapas da descida: a superconsciência (espírito) transmuda-se em consciência (vida), e esta em tempo (energia). Mais para cima existirão outras fases e sistemas dimensionais, dos quais e através de que o espírito po- de ter sido precipitado, mas que não nos é dado conhecer. Assim, o sistema mais elevado, o II Sistema Dimensional, é demolido, e a consciência, reduzida à linha no tempo, precipita-se ainda para os confins do sistema dimensional inferior, o I Sistema Dimensional, e mergulha então no volume, que para ela significa uma não-dimensão, isto é, anulação como consciência. O espírito