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Por que dormimos? ob

SONHAMOS SEMPRE? O QUE VOCÊ SONHOU NA NOITE PASSADA?

Você se lembra sempre dos seus sonhos? Quando você sonha, só é possível se lembrar logo após acordar, ou ser acordado durante o sonho. Isto dificulta bastante esse processo. A experiência vivida durante o sonho é logo esquecida ou distorcida, se não a relatarmos logo. Desta forma, os sonhos são fenômenos extremamente difíceis de se estudar ou de se analisar, uma vez que não é possível se obter observações diretas.

As explicações modernas sobre os sonhos se baseiam nos estudos sobre o fenômeno de sono REM, apesar de os dois não serem fenômenos equivalentes. Os sonhos podem ser encontrados em outros estágios do sono (nas fases do sono não-REM).

Na fase REM encontramos certas particularidades não relacionadas com os sonhos. Ainda não se sabe se sonhar é essencial, mas termos o sono REM é. Este fato foi demonstrado pelo bloqueio experimental do estado REM em alguns indivíduos (acordando-os a cada entrada em REM), o que provoca a reentrada de estados não-REM, até que se acumule o período todo de sono neste estado. Após alguns dias desta experiência, se este mesmo indivíduo tiver um ciclo normal, sem interrupção, ele terá uma freqüência de sonos REM muito maior do que indivíduos normais, sendo que o ciclo volta ao normal após um certo período. Vale lembrar que, em indivíduos privados de sono REM, os sonhos podem estar acontecendo durante os estágios não-REM.

Para Freud, os sonhos representam um caminho inconsciente para que possamos expressar nossas fantasias sexuais e agressivas, as quais são esquecidas quando acordamos. Assim, por um lado o sonho ruim (pesadelo) pode nos ajudar a controlar nossa ansiedade e, por outro, ele compreende um estado de amnésia profunda, que nos leva a perder grande parte dos nossos sonhos para sempre.

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É certo que sonhamos profundamente a cada 4 ou 5 períodos de sono REM por noite, não relacionados ou em capítulos, sem nossa interferência consciente. No entanto, em geral só nos lembramos do último episódio dos sonhos.

Realmente ainda existe muito a ser discutido sobre o sono REM e os sonhos.

ONIROMANCIA

Ciência desenvolvida na Grécia antiga com a intenção de interpretar os sonhos. MORFEU Era o deus dos sonhos, para os gregos. O sonho na Antigüidade

Os sonhos representavam mensagens divinas ou sobrenaturais na Antigüidade devido à crença na existência de uma relação direta entre os sonhos e os desejos das divindades, podendo, desta forma, servirem como instrumentos para se prever o futuro e se indicar a cura de doenças. A ONIROMANCIA possuía quase sempre um caráter organizado, do qual, na Grécia antiga, os filósofos Heráclito (c. 544-483 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.) desenvolveram a idéia de que os sonhos estavam ligados ao aspecto interior do indivíduo. Nessa visão, os sonhos seriam representações (metáforas), fragmentos de lembranças, e refletiriam o estado do corpo. Hipócrates (460 - 357 a.C.), pai da Medicina, escreveu um tratado sobre o diagnóstico através da atividade onírica guiada por MORFEU.

No Império Romano, duas obras literárias se destacaram, o Oneirocriticon (a interpretação dos sonhos) e o Artemidoro de Héfeso (150 d.C.). Nestas obras, estão compilados antigas superstições, mitos e ritos religiosos relacionados aos sonhos, proporcionando um guia com as chaves para decifrá-los.

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A psicanálise e os sonhos...

A publicação da obra Interpretação dos sonhos (1899), do neurologista austríaco Sigmund Freud (1856 - 1939), deu início à Psicanálise e ao moderno pensamento sobre os sonhos e suas origens. Segundo Freud, os sonhos são o “resultado complexo da atividade psíquica humana”, com a função de satisfazer desejos inconscientes e conflitos reprimidos (principalmente de natureza sexual). Assim, desvendar os significados dos sonhos seria a chave para se conhecer o estado mental do indivíduo e para se entender as razões e origens de doenças e sofrimentos psicológicos.

Carl Gustav Jung (1875 -1961), psiquiatra suíço, trabalhou inicialmente com Freud; depois, seguindo sua própria linha de pensamento, caracterizou o sonho como um mecanismo capaz de trazer à tona a natureza ancestral profunda do homem, na forma de símbolos universais (os arquétipos). Os sonhos, nesta visão, seriam mensagens que poderiam ser decifradas e integradas à nossa consciência, tornando-nos mais completos.

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ATIVIDADES

3. Baseando-se nas diferentes teorias a respeito das funções biológicas do sono, explique a importância desse fenômeno para o pleno funcionamento do organismo. ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ RESPOSTA COMENTADA

Para responder a esta pergunta, você terá que se basear nas diferentes teorias que versam sobre a função do sono. Entre elas, podemos destacar as que envolvem fenômenos de restauração, de adaptação, de formação de memória, de atividade psíquica e da evolução. Como resultado, podemos sugerir que o sono é essencial para que o nosso organismo funcione adequadamente, é que cada uma das teorias contribui um pouco para percebermos a importância do sono para a nossa vida (recuperação tecidual, repouso, descanso físico e mental, liberação de desejos e fantasias inconscientes, integração e consolidação de diferentes formas de memória).

4. O que são ritmos biológicos, como podem ser gerados e como influenciam nossa vida? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ RESPOSTA COMENTADA

São eventos biológicos que se repetem ritmicamente, como, por exemplo, o ciclo sono/vigília, fome/saciedade, ciclo menstrual, variação térmica corporal, diurna/noturna, etc. Em geral, temos duas vias capazes de gerar a sincronização de uma dada população celular e, desta forma, formar um núcleo sincronizador de atividades. A primeira delas é através de células que apresentem atividade marca-passo e que irão coordenar a atividade do núcleo e de outras regiões. A segunda maneira é através de um comportamento coletivo que gere sincronização (regiões sincronizadoras). Apesar de existirem núcleos com atividade marca-passo na regulação do ciclo sono/vigília (o núcleo supraquiasmático), eles sofrem influência de pistas ambientais (os temporizadores) para, em conjunto, controlarem nossas atividades rítmicas.

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