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O Vetor Sudoeste e o deslocamento das funções centrais Desenho sobre base SEMPLA e topografia METRÔ.

No documento 521_2008_0.pdf (11.53Mb) (páginas 181-188)

KEYWORDS: FORM, MEMORY, PROCESS.

15. O Vetor Sudoeste e o deslocamento das funções centrais Desenho sobre base SEMPLA e topografia METRÔ.

Transversalmente a esses eixos radiais de conexão a partir desses centros coloniais, São Paulo, Pinheiros e Santo Amaro, uma série de eixos articula

centralidades, num movimento de deslocamento das funções centrais, do histórico Corredor Sé Arouche para atualmente se distender ao longo das vias expressas marginais ao Rio Pinheiros, por onde se desviam os fluxos vindo do interior em direção ao litoral. Esse conjunto articulado de centralidades constitui hoje, do centro histórico em direção à várzea do Rio Pinheiros, o Vetor Sudoeste de desenvolvimento das novas centralidades da cidade.

Como resumo dessa análise-diagnóstico destacam-se três questões: A primeira se refere aos eixos radiais, ruas e avenidas do Centro da Cidade para oeste, definidos a partir das estradas coloniais de acesso ao Triângulo. A segunda se refere ao papel das modernas envoltórias centrais, Rótula e Contra-Rótula e o do diametral

Sistema “Y” do Plano de Avenidas para a Cidade de São Paulo. A terceira se refere aos marcos urbanos, a arquitetura que qualifica estas redes.

Referente aos eixos radiais.

No Sara Brasil, portanto antes das rodovias, a partir da confluência de ruas, consideradas aqui como adaptações feitas sobre os antigos eixos de estradas coloniais conforme assinalados no mapa São Paulo – Chácaras, Sítios e Fazendas, que confluem para um ponto próximo do cruzamento da Avenida Pompéia, temos a Avenida Santa Marina e a estrada para Campinas74.

Languenbuch (1971) se refere não só a precariedade das estradas coloniais como também as variantes, os vários desvios criados denotando não só esta precariedade como a facilidade com que se alteravam esses percursos.

Hoje a partir do encontro da Rua Guaicurus, provável sequência da Estrada para Campinas, e Avenida Santa Marina como eixos coloniais até o Largo do Arouche parece ser a sequência composta pela Rua Carlos Vicari, avenidas Francisco Matarazzo e Gen. Olímpio da Silveira e, a partir da Praça Mal. Deodoro, encontro com a Avenida São João, as ruas das Palmeiras e Sebastião Pereira até a Rua Jaguaribe e Largo do Arouche.

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Antes desse ponto o Sara Brasil assinala não só estas estradas, mas outras como a Estrada do Anastácio, numa primeira vista coincidente com o eixo da atual rodovia Anhanguera, que cruza o Tietê e é apresentada como Estrada Velha de Jundihay que parece seguir em direção a Pinheiros pela Estrada das Boiadas; mas que também deve, a Estrada Velha de Jundihay, ter sequência até entroncar com a Avenida Speers, atual Raimundo Pereira de Magalhães em sequência para o outro lado do Tietê como a Estrada para Campinas, seqüência hoje interrompida no Tietê, daí seguindo até entroncar com a Avenida Santa Marina, eixo colonial, coincidente com o que comparece no mapa Chácaras, Sítios e Fazendas, até Freguesia do Ó.

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16. Estradas coloniais / Ruas radiais oeste – Desenho sobre Mapa Topográfico do Município de São Paulo / Sara Brasil – 1930 / Fonte – Arquivo Histórico Municipal. O mapa São Paulo – Chácaras, Sítios e Fazendas é impreciso no encontro dessa

seqüência com o Largo do Arouche. Colocando essa seqüência diretamente na direção da Rua Sete de Abril até o Piques. É como se a mesma cruzasse o Largo em não registrando a inflexão que a sequência anterior realiza para adequar-se ao eixo da Rua Jaguaribe, conformadora de um dos lados do Largo do Arouche e portanto se colocando em hipótese como eixo mais antigo.

Essa geometria tão bem relacionada entre a Rua Jaguaribe e o Largo do Arouche e a existência de uma seqüência de tantos eixos inflexionados na direção da Rua Jaguaribe junto ao Largo, levam a supor, considerando-se também que a emergência da Avenida São João dá-se mais tarde, que deveria haver uma transposição do vale do Rio Pacaembu ligando um dos eixos do outro lado desse vale à Rua Jaguaribe, assim justificando sua importância na definição do Largo do Arouche. Todas as ruas existentes entre esses dois eixos que se apresentam hoje pelos dois lados do Parque Fernando Costa poderiam até ser considerados variantes de uma mais antiga entrada na cidade. De qualquer forma não há como não

considerá-los como um conjunto unitário.

Nesse conjunto nota-se três interrupções nas sequências dessas linhas: Um pelo Parque Fernando Costa, encravado na retícula de quadras, pouco relacionado com o entorno;75 outra na transposição do vale do Pacaembu; uma terceira atrás do Largo do Arouche, área foco dessa intervenção.

O Largo Santa Cecília e sua igreja posicionam-se logo atrás do Largo do Arouche, onde termina o Corredor Sé-Arouche, nessa confluência de ruas, prováveis resultantes das variantes das estradas coloniais de acesso oeste à cidade.

Mas, pode-se elencar uma série de outros desdobramentos dessa análise referente a esses eixos radiais, na totalidade desse conjunto exposto, até Freguesia do Ó pelo eixo da Avenida Santa Marina. Também a disposição, identificação nos tecidos urbanos atuais, da totalidade dos eixos apresentados pelo mapa Chácaras, Sítios e Fazendas, como a ligação Estrada de Campinas, Freguesia do Ó e Santana.

Interrupções, continuidades, ajustes, acabamentos, possibilidades de projetos de articulação.

Referente às envoltórias Rótula Central, Contra-Rótula e diametral Corredor Norte- Sul. Evidentemente, mesmo se considerando os desvios dos significados dessas vias em relação a seus papéis em áreas tão centrais da cidade, são importantes eixos

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Uma das características de um parque bem projetado, segundo Bernard Oudin, é que não venha a constituir uma interrupção, uma lacuna no tecido urbano, ou ainda, uma peça pouco relacionada com a área envoltória.

TOLEDO, Benedito Lima de – Anhangabaú / p94 / Federação das Indústrias do Estado de São Paulo / São Paulo 1989

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de articulação das áreas envoltórias do Triângulo. Até suas emergências a

estrutura urbana em suas linhas mais gerais é convergente para a Praça da Sé, um lugar geométrico gerador e ao mesmo tempo resultante de um cruzamento de rotas mais gerais desenhadas sobre a geografia.

17. O hieróglifo egípcio para designar a cidade, BENEVOLO, Leonardo, Diseño de la ciudad - 2, Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1977, p35 / Plano de São Paulo, Le Corbusier 1929, IN SANTOS, Cecília Rodrigues dos; PEREIRA, Margareth Campos da Silva; PEREIRA, Romão Veriano da Silva; SILVA, Vasco Caldeira da, Le Corbusier e o Brasil, São Paulo: Tessela, Projeto Editora, 1987, p93 / Esquema teórico do Plano de Avenidas / fonte - MAIA, Francisco Prestes – Estudo de um Plano de Avenidas para a Cidade de São Paulo / p52 / Companhia Melhoramentos de São Paulo / São Paulo 1930.

Este cruzamento, a cruz, abstratamente um signo síntese, ideograma como no hieróglifo egípcio para significar “cidade” na eterna explicação de um nó,

geometricamente o ponto resultado de um cruzamento de retas, um centro nesse cruzamento de fluxos sobre a geografia genérica gênese de todas as cidades. A redução de um signo está contida na forma imposta sobre a geografia e a história no Plano de São Paulo por Le Corbusier. A mesma questão, em outro nível de complexidade, é apresentada por Francisco Prestes Maia no Plano de Avenidas a partir do desenvolvimento histórico76 da cidade. O Sistema Rádio-Concêntrico com radiais, já em grande parte definidas por essas estradas coloniais, e as

perimetrais77, já contando com a mais antiga de ruas centrais do Triângulo.

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Desse núcleo, desse centro, que ainda é hoje o coração da cidade, irradiaram-se as primeiras veredas em demanda dos aldeamentos vizinhos. Como em toda a parte, essas veredas passaram a estradas e hoje são grandes ruas da nossa cidade. Daí o destacar-se na planta atual um centro perfeitamente caracterizado, e, irradiando-se para todos os setores, um bom número de grandes vias de comunicação.

Prestes Maia in TOLEDO, Benedito Lima de – Prestes Maia e as Origens do Urbanismo Moderno em São Paulo / p120 / Empresa das Artes / São Paulo 1996

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A concepção desse perímetro expô-la Hénard...“Da comparação desses três planos - Berlim, Londres, Moscou -, cada qual com sua fisionomia bem especial, é possível agora fazer ressaltar uma noção nova. Malgrado as consideráveis diferenças de forma e de disposição interior, nota-se este traço que lhes é comum: todas as vias de expansão e penetração convergem bem para o

Nas alternativas propostas para as modernas envoltórias centrais, hoje

concretizadas na Rótula Central e Contra-Rótula, estavam aí embutidas diferentes intenções. Conforme Regina Maria Prosperi MEYER78 :A diferença entre o Perímetro de Irradiação e a Segunda Perimetral é, para Prestes Maia e sua equipe, o caráter distribuidor do primeiro e desviador do segundo: “A segunda perimetral visava menos a distribuição do tráfego e mais o desvio das correntes diametrais, assim como, maior velocidade das correntes, isto é, até certo ponto, o caráter

expresso”.

18. Reestruturações centrais – Desenho sobre fonte – MAIA, Francisco Prestes – Comissão do Metropolitano / Ante-Projeto de um Sistema de Transporte Rápido / Prefeitura Municipal de São Paulo / São Paulo 1956

núcleo central, mas não todas para o mesmo ponto, nem para o mesmo monumento. Todas essas vias, ao contrário, ligam-se a uma espécie de circuito fechado ou coletor, que nos propomos chamar Perímetro de Irradiação e que é traçado a uma certa distância do centro matemático da cidade. Este perímetro representa um grande papel no plano das três capitais; é, por assim dizer, o regulador da circulação convergente, que atingiria o inextricável caos se todas as vias concorressem à mesma praça. É ele que recebe as correntes afluentes e que as distribui em seguida, com auxílio das pequenas ruas secundárias, até o edifício ou a casa que é o escopo do movimento individual de cada elemento da circulação. Para que o perímetro de irradiação seja eficaz, é mister, não que ele contenha em um núcleo muito grande, todos os edifícios principais, todos os pontos de atração da cidade, mas, antes, que passe através do semeado irregular desses edifícios, deixando-os ora de um lado, ora do outro do seu percurso fechado.”

MAIA, Francisco Prestes – Estudo de um Plano de Avenidas para a Cidade de São Paulo / p35 / Companhia Melhoramentos de São Paulo / São Paulo 1930

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In Metrópole e Urbanismo São Paulo anos 50 / Tese de doutoramento / Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – USP/ 1991

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O Perímetro de Irradiação, hoje Rótula Central, corresponde então a uma

ampliação do Centro da Cidade e como tal até hoje assim funciona, a partir mesmo da idéia de Triângulo como um circuito fechado de ruas79 coloniais e conforme Prestes Maia ao se valer de Henard conforme citação anterior (nota 76); funciona como avenida e corresponde ao previsto no Plano de Avenidas de 1930. Podemos imaginar que essa envoltória central tenha superado a idéia de um túnel entre a Avenida São João e a Rua do Gasômetro. Mas essa envoltória ao chegar na Praça João Mendes, talvez para impulsionar a abertura da Praça Clóvis Bevilácqua como arremate da Avenida Rangel Pestana sofre um grande desvio. Apesar de deixar de lado a Baixada do Glicério, isolada como sempre foi ao longo da Rua da

Tabatinguera, evidentemente essas decisões valorizavam esses espaços sobre a face leste da colina do Triângulo em suas conexões para além do espaço da várzea do Tamanduateí.

A Segunda Perimetral, hoje como Contra-Rótula é uma versão modificada do proposto no Ante-Projeto de um Sistema de Transporte Rápido e, como já

apontado por Regina Meyer, de caráter expresso, hoje de travessia do Centro em sua parte mais definida como diametral ligando a Radial Leste à Avenida Francisco Matarazzo. Nesse percurso atravessa a Baixada do Glicério, em viadutos e em nível do chão, a Bela Vista, em viadutos e em nível do chão, até a Praça Roosevelt de onde toma o Elevado Costa e Silva (Minhocão) que tangencia o Largo Santa Cecília seguindo assim sobre a Avenida São João e Gen. Olímpio da Silveira até a Avenida Francisco Matarazzo, de onde segue em nível do chão. Diferentemente da Rótula Central de caráter integrador dos tecidos urbanos lindeiros, como via expressa subverte este caráter de articulação desses descontínuos tecidos urbanos que atravessa levando-os à decadência. No restante da envoltória do Centro, como Contra-Rótula é um sistema, nem mereceria essa classificação, enjambrado, indefinido.

Rótula e Contra-Rótula sobrepõem-se sobre o espaço do Parque D. Pedro II.

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Conforme TOLEDO, Benedito Lima de (p124 1996) ...“Triângulo” ...(Rua Direita, Rua São Bento e Rua 15 de Novembro). Envolvendo este pode-se ver o “Triângulo” envolvente concebido ao tempo da administração do Barão de Duprat (Rua Líbero Badaró, Largo de São Francisco, Rua Benjamin Constant, Largo da Sé, Rua Boa Vista e Largo de São Bento).

No documento 521_2008_0.pdf (11.53Mb) (páginas 181-188)

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