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existencial.

Não consegue conciliar sua identidade comprometida e a sua identidade atribuída sofre uma negação de sua integridade física, de seu modo de vida e de um tratamento igual. São exemplos de práticas sociais de denegação do Sujeito: maus-tratos, violação, tortura, prisão, trabalhos forçados, exclusão dos direitos de opinar, ser informado, trabalhar, marginalização, perda da autoestima.

As origens das tensões do Sujeito dividido: excesso de altruísmo, denegando-se o direito de ser exigente e, até mesmo, egoísta; excesso de introversão, negando- se o direito de se exprimir, de se impor; excesso de indecisão, não sabendo o que quer, não consegue decidir-se; excesso de coerência, negando-se o direito de ser incoerente de mudar de opinião etc.;

Características: excesso de desconfiança cumulativa pelas denegações anteriores; excesso de vulnerabilidade; excesso de culpabilidade, punindo-se por qualquer fracasso.

Não consegue nem fazer com que os outros aceitem suas expectativas, nem a aderir, a fazer seus constrangimentos

instituídos pelas normas sociais.

Quando não consegue conciliar sua identidade atribuída à sua identidade desejada, ele sofre

denegação de

consonância existencial – a Anomia (DURKHEIM, 2002).

QUADRO 10: Sujeitos, as Tensões Existenciais e a Gestão relacional de Si.

Fonte: Elaboração da autora, baseado em Bajoit (2006).

Essas tensões geram identidades indivuais e explicam a conduta social dos Sujeitos. A construção de uma identidade pessoal é um processo de movimentos

entre esferas identitárias que Bajoit (2006) justifica pelo estudo de seis zonas identitárias elencadas pelas lógicas de ação dos projetos dos Sujeitos:

FIGURA 9: Esferas identitárias e zonas de tensão.

Fonte: Bajoit (2012, apud PEDROSA, 2013).

ZI1 – Projetos de realização pessoal e reconhecimento social.

ZI2 – Projeto realizado contra expectativa dos outros.

ZI3 – Projetos em stand by, teria gostado de realizar, mas não o fez pelas

escolhas e/ou pelos recursos de que dispõe.

ZI4 – Projetos realizados por obrigação social e em desacordo consigo

mesmo.

ZI5 – Projetos renunciados, impedidos, face oculta de identidade desejada,

universo de pulsões, ID (marcador freudiano) culturalizado.

ZI6 – Projeto ignorado, negação total.

A partir dessas zonas, podemos entender que a estrutura de nossa identidade pessoal são os desejos interiorizados e os projetos desejados para constituir uma Esfera Identitária Desejada (EID); as expectativas que pensamos que os outros fazem de nós e a nossa realização social de reconhecimento para constituir uma Esfera Identitária Atribuída (EIA); os compromissos que assumimos conosco com a realização dos projetos desejados e atribuídos para constituir uma Esfera Identitária Comprometida (EIC).

O trabalho do indivíduo nesse processo de constituição e (re)construção identitária é perene e essas tensões acabam fragmentando esses Sujeitos. Na Análise Crítica do Discurso, o sujeito:

[...] é uma posição intermediária, situada entre a determinação estrutural e a agência consciente. Ao mesmo tempo em que sofre uma determinação inconsciente, ele trabalha sobre as estruturas a fim de modificá-las conscientemente. É como se a estrutura estivesse em constante risco material, devido ás práticas cotidianas dos indivíduos (MELO, 2012, p. 61).

O que chamamos de gestão relacional de si é esse trabalho constante, pelo qual o indivíduo busca gerir suas tensões existenciais causadas pela vida em sociedade. Abrimos um parêntese para justificar o estudo dessas tensões na calssificação de Sujeitos como orienta a ASCD:

Classificar os Sujeitos segundo as esferas identitárias pessoais: (a) atribuída: Sujeito conformista; Sujeito adaptador; Sujeito rebelde. (b) desejada: Sujeito autêntico; Sujeito estrategista; Sujeito altruísta. (c) comprometida: Sujeito consequente; Sujeito pragmático; Sujeito inovador (PEDROSA, 2012a, p.22).

A proposta da ASCD traz para esta pesquisa o estudo acerca dos processos de subjetivações nas representações discursivas dos docentes, no trabalho das identidades fragmentadas constantes nessa conjuntura.

Os Sujeitos, segundo Bajoit (2009), podem ser classificados pelas esferas identitárias em que trafegam nas lógicas de ações de suas práticas sociais. O docente apresenta nove Sujeitos distintos na Gestão Relacional de Si (GRS) e o conjunto da trilogia que envolve as ações do Indivíduo, Sujeito e Ator Social. Nessa abordagem, o sociólogo belga traça uma síntese de alguns de seus posicionamentos, defendendo que as mudanças pelas quais passam as sociedades contemporâneas originam-se no Indivíduo-Sujeito-Ator (ISA).

Pedrosa (2012d) afirma que as mudanças sociais não seriam “no sistema”, mas “do sistema”.

A ascensão dessa espécie de deus, o ISA – como princípio abstrato – é o que seria responsável por essas mudanças. A tirania vem desse domínio do que ele chama, com um toque de ironia, de “O Grande ISA”, ao refletir que saímos da tirania da razão para cair na tirania do Grande ISA, pois esse ISA busca, acima de tudo, a sua autorrealização, a busca de prazer imediato e a segurança frente às ameaças exteriores, além de impor esses mandamentos aos ‘isas’ concretos, individuais: “sê tu mesmo”, “elege tua vida”. Tais mandamentos geram tensões que afetariam as zonas de identidade do Sujeito individual, considerando, dessa forma, o momento cultural em que Sujeito está inserido (PEDROSA, 2012d, p. 219).

Esse movimento de busca pela gerência de suas tensões se dá pelo entrelaçamento de zonas que se mesclam no conjunto fluido e escorregadio da fragmentação na modernidade tardia. Bajoit (2006, 2008, 2009a) expõe que a estrutura de nossa identidade pessoal é, assim, marcada:

FIGURA 10: As construções identitárias dos Sujeitos.

Fonte: Elaborada da autora, com base em Bajoit (2008).

Essa configuração de estudos do Sujeito é caminho de análise proposto pela ASCD: dialogar com a Sociologia Aplicada para Mudança Social. Toda experiência social passa pela ordem discursiva, pela representação que fazemos do mundo dentro de um universo de linguagem e práticas discursivas. As escolhas linguísticas que o Sujeito faz para representar, discursivamente, suas experiências são “resultantes da relação linguagem e sociedade, mediada por todo um trabalho cognitivo sobre si mesmo, sobre o outro e sobre o mundo” (PEDROSA, 2012e, no prelo).

Pedrosa (2012c) diz que o Sujeito, assumido para uma análise em ASCD, é resultante das práticas sociais e não uma essência de ser humano. Ele se constrói discursivamente. A Sociologia para Mudança Social (SMS) defende que as mudanças, pelas quais passam as sociedades, têm origem na trilogia ISA (Indivíduo- Sujeito-Ator):