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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1. Sujeitos e situação experimental

A presente pesquisa foi realizada com crianças que frequentavam instituições de educação infantil. A amostra foi composta por todas as crianças na faixa de 5 a 6 anos de uma sala de uma escola construtivista, denominada de Escola A, e por crianças da mesma faixa etária que frequentavam a pré-escola de uma instituição de educação infantil tradicional, denominada de Escola B. A amostra foi composta por um total de 38 crianças, sendo 18 crianças da Escola A (construtivista) e 20 crianças da Escola B (tradicional).

A opção pela faixa etária de 5 a 6 anos baseou-se no pressuposto de que apesar de as crianças de 2 anos já terem a capacidade de representação, é a partir dos 4 anos que elas conseguem expor com mais facilidade seu pensamento, utilizando-se da lingua- gem verbal, portanto é mais viável para o pesquisador ter a compreensão do pensamento das crianças, principalmente no campo de estudo das representações infantis.

Embora a escola construtivista atenda em período integral e a escola tradicional em período parcial, o critério utilizado na escolha das duas escolas foi os ambientes diferenciados e caracterizados como construtivista e tradicional, respectivamente. É

importante ressaltar que, apesar de uma escola ser pública e a outra privada, o público atendido nas duas instituições é homogêneo, caracterizado por filhos de professores universitários, de servidores com nível superior e médio, de estudantes universitários e de profissionais liberais.

A Escola A e a Escola B localizam-se no município de Viçosa, Minas Gerais. Viçosa está situada na região da Zona da Mata, entre as Serras da Mantiqueira, do Caparaó e da Piedade, a 228 km da capital do estado, Belo Horizonte. Possui uma população estimada em 72.220 habitantes. Dados do IBGE (2009) apontam que o número de matrículas na pré-escola correspondia a 1.542, sendo 933 matrículas realiza- das na pré-escola pública municipal e 609 matrículas na pré-escola privada.

A Escola A (construtivista) está localizada na Universidade Federal local e atende filhos de funcionários desta Instituição, filhos de funcionários de órgãos vincu- lados, filhos de estudantes de graduação e pós-graduação e crianças da comuni-dade viçosense. No total atende 20 crianças de 5 anos a 6 anos, em período integral. O pro- grama de atendimento da escola construtivista tem como objetivo o desenvolvimento integral da criança em todos os seus aspectos, ou seja, físico-motor, social, afetivo, cognitivo e moral, complementando a ação da família e da comunidade.

Sua proposta de educação infantil baseia-se nos princípios teóricos da abordagem construtivista piagetiana, em que a criança é vista como um sujeito ativo na construção do seu conhecimento. O ambiente físico é organizado a partir do brinquedo e dividido em áreas, em centros de interesses: área de recepção, área de artes, área de brinquedo manipulativo, área silenciosa, área de brinquedo dramático, área de ciências, área de blocos, com armários que contêm brinquedos e materiais para as atividades, e um armário com colchões para a hora do descanso, além de possuir banheiros com chuveiros e sanitários. A sala ambiente é organizada, e os materiais disponibilizados de forma acessível às crianças.

A parte externa da escola possui uma área coberta e uma descoberta. A área externa coberta é cimentada e possui módulos de madeira, uma caixa de areia móvel, um depósito de brinquedos e sucatas para serem ali utilizados. Nessa área também se encontra a cozinha, para preparação de alimentos. A área externa descoberta é ampla, gramada, constituída por uma parte plana e outra com declive (barranco), e possui equipamentos fixos: túnel, dois escorregadores, três caixas de areia, uma casinha colorida, feita de cimento, e um espaço com bancos de cimento denominado “pracinha”.

O critério utilizado para seleção da Escola A (construtivista) foi o da predominância de características que evidenciam um ambiente construtivista, pelo fato de a instituição privilegiar o brincar e disponibilizar um espaço amplo e diverso em que a criança tem a oportunidade de escolha e liberdade de expressão, além de proporcionar um ambiente no qual o(a) professor(a) respeita as crianças, seus interesses, sentimentos e valores e incentiva o respeito entre as próprias crianças, contribuindo, assim, para um clima de cooperação e autonomia. Esse respeito se dá à medida que o professor escuta e considera o que a criança diz e valoriza os seus interesses, ou seja, o(a) professor(a) se coloca na perspectiva da criança, considerando tanto o ponto de vista dela como também a incentiva a considerar o ponto de vista dos outros.

A Escola B (tradicional) localiza-se no centro da cidade de Viçosa. É uma escola privada que atende crianças da comunidade viçosense desde a educação infantil até o ensino médio. Na sala da educação infantil que as crianças entrevistadas frequentavam eram atendidas 22 crianças.

O critério utilizado para seleção da sala da pré-escola tradicional foi a predomi- nância das características deste tipo de ambiente, ou seja, uma sala em que tanto a disposição espacial e física quanto as relações ali estabelecidas reforçam e se centram no(a) professor(a), limitando as livres escolhas por parte da criança, as interações entre as crianças e o desenvolvimento de sua autonomia.

A sala das crianças entrevistadas na escola tradicional possui quadro-negro afixado na parede, ocupando um lugar central, e ao lado está a mesa da professora. As mesas das crianças são em formato de hexágono, onde as crianças se sentam em grupos. Em um lado da parede ficam pendurados os trabalhos das crianças, há um armário e uma televisão. Do outro lado ficam penduradas as mochilas das crianças e uma prateleira onde ficam alguns brinquedos. As crianças desenvolvem atividades direcio- nadas pela professora e realizadas na apostila e em folhas distribuídas com tarefas.

Além das salas, a escola possui um pátio cimentado, uma quadra coberta, outro espaço coberto, além de uma área coberta com equipamentos fixos (pula-pula, balanço, escorregador de plástico, e um vai-e-vem), denominada “parquinho”, onde também se encontram os banheiros para uso das crianças.

Primeiramente foi feito um contato inicial com os pais, as escolas e as crianças, para consentimento de participação na pesquisa. As crianças foram convidadas, e só participaram as que consentiram.