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3 O CONTATO COM O CAMPO DE PESQUISA E A ANÁLISE DA

3.1 O CAMPO COMO ESPAÇO DE ENCONTRO COM O OUTRO: UM

3.1.2 Os sujeitos da pesquisa

Conforme o leitor já pode ter inferido, os sujeitos que colaboraram com a presente pesquisa correspondem aos professores e às professoras que assumem as 06 turmas da EJA, para este trabalho, chamá-los-ei de “professores”. Com base nos dados coletados por meio das entrevistas construí o perfil dos 10 (dez) professores sujeitos da pesquisa.

Constatei que os professores que trabalham em diferentes níveis da Educação de Jovens e Adultos: Nível I – Alfabetização, Nível II – Sistematização Inicial e Níveis III e IV – sistematização Final. Para descrever o perfil dos 10 professores que participaram deste estudo, elaborei o quadro, a seguir apresentado, por meio do qual se pode ter uma ideia dos principais perfis dos sujeitos da pesquisa.

Quadro 01 - Perfis dos sujeitos da pesquisa

I ITTEENNSS CCAARRAACCTTEERRÍÍSSTTIICCAASS QQUUAANNTTIIDDAADDEE Sexo Mulheres Homens 05 05 Idade em anos 30 a 40 41 a 50 51 a 60 06 03 01 Religião Evangélica (Protestante)

Católica

Sem religião definida

01 08 01 Estado civil Solteiros

Casados 02 08 Filhos Nenhum Somente 1 Somente 2 Acima de 2 01 04 04 01

Funções na escola Somente professor da EJA

Professor da EJA e supervisor escolar

Professor da EJA e do Ensino Fundamental regular

05 02 03

Estatuto Efetivos 10

Anos de docência 01 a 10 anos 11 a 20 anos 21 a 30 anos 05 04 01 Anos de docência na escola 01 a 03 anos 04 a 06 anos 07 a 10 anos Acima de 10 anos 03 02 04 01 Anos de docência na EJA 01 a 03 anos 04 a 06 anos 07 a 10 anos Acima de 10 anos 02 07 01 00 Formação Inicial Graduação em Pedagogia

Graduação em outra área/licenciaturas

03 07 Maior nível de curso

de Formação continuada de que participaram Especialização Mestrado Doutorado

Curso de Aperfeiçoamento profissional

02 00 00 08 Fonte: Adaptado de Lomonaco (1998)

O quadro, ora exposto, apresenta um equilíbrio no tocante ao sexo. Vejo, também, que 50% dos professores trabalham apenas na EJA,,e que a outra metade desenvolve atividades paralelas, apresentando 02 vínculos empregatícios na Secretaria de Educação do Município de Assú.

Além disso, pude observar que eles são, em sua maioria, casados e tiveram, no máximo, dois filhos. E, no geral, eles professam ser adeptos da religião católica, havendo também os que simpatizam com a evangélica e os que não se definiram por uma religião.

Percebo um fato positivo no tocante à formação dos professores. Conforme podemos observar, no quadro a seguir, eles possuem formação inicial e continuada. Todos eles possuem formação em Nível Superior, mas que só foi concretizada após o ingresso na carreira do magistério. Logo, constatei que a graduação só foi procurada, quase sempre, como uma necessidade de melhorar os conhecimentos e pela busca de melhoria salarial, em alguns casos, ocorreu graças à necessidade de continuar trabalhando como docente.

Quadro 02 - Formação inicial e continuada dos professores da EJA Professor(a) disciplina Formação inicial e

continuada Nomes Fictícios

Alfabetizadora Pedagogia Marta

Sistematização Inicial Pedagogia + Especialização em Alfabetização

Gilka Língua Portuguesa Letras habilitação em Língua

Portuguesa Eliete

Matemática Matemática Raimundo

Ciências Biologia Pedro

Historia História + Especialização em

Ensino de História Wanja

Geografia História João Maria

Língua Inglesa Letras com habilitação em Língua Inglesa

Irene

Educação Física Educação Física José

Artes Pedagogia Anselmo

Fonte: Pesquisa (2009)

Apesar das diferenças individuais, os docentes moram na mesma região da cidade de Assú e, por isso, compartilham de certas experiências que são semelhantes, as quais contribuem para aproximar os seus modos de vida na cidade. Vivem, em sua maioria, em bairros populares da cidade onde prevalecem construções de casas simples, nas quais se pode constatar a convivência multifamiliar, ou seja, em uma mesma casa moram mais de 01 família, as quais são constituídas pelos relacionamentos dos filhos deles que, por falta de condições financeiras, acabam morando na casa dos pais, após o casamento.

Por essa razão, a sociabilidade que se pode constatar ali é regida pela cooperação e pela ajuda mútua entre os moradores do bairro. A tendência, nesse caso, é o estabelecimento de importantes relações de vizinhança, especialmente por se tratar, às vezes, de membros de uma única família. Ademais, as condições socioeconômicas dos moradores favorecem a sua aproximação em torno das dificuldades e dos muitos problemas que lhes afligem na cotidianidade, e para os quais eles têm de encontrar soluções pensando na coletividade.

Nessa região da cidade, é comum a violência familiar, prevalecendo o espancamento das mulheres pelos seus cônjuges e, também, dos filhos como forma de castigo. A violência na rua também é flagrada nos acidentes de trânsito, visto que o acesso ao bairro se dá por meio de uma rodovia estadual bastante movimentada. Além dessas ocorrências, há, ainda, os casos de homicídios, que são comuns, inclusive quando o alvo são os jovens e adultos.

No entanto, o bairro onde moram os professores também oferece um razoável serviço de saúde por meio do Hospital Regional de Assú, no qual se realizam atendimentos de emergência, consultas e pequenas cirurgias. Além do hospital, os moradores podem contar

com uma assistência odontológica e com o serviço dos Agentes Comunitários de Saúde. Mesmo que tais serviços possam ser ainda insuficientes, os moradores dessa região podem se deslocar com facilidade, contando com os serviços de transporte urbano e interestadual, os quais funcionam, paralelamente, aos serviços de táxi e de moto-táxi, que são bastante comuns no município.

No que concerne ao lazer e aos lugares onde as pessoas possam se encontrar, a cidade tem muito pouco a oferecer. Por esse motivo, além de eventos promovidos pelas igrejas e de algumas manifestações culturais, especialmente as do período junino, a escola é o espaço principal de convivência social para os professores e alunos. Nesse sentido, posso inferir que o local de trabalho assume um lugar preponderante na vida desses sujeitos. Isto explica, inclusive, algumas afirmações acerca da escola que denotam insatisfações com aquele ambiente, haja vista a sua estreita relação com a ideia de um desgaste físico e emocional promovido pelo trabalho.

A respeito dos nomes dos professores, mesmo que eles tenham me autorizado utilizar as suas falas no final do trabalho de pesquisa e sem o menor constrangimento, optei por criar para cada um deles um nome fictício com o qual gostaria de identificá-los no relatório da Tese. Obviamente, esses nomes seriam conhecidos somente por mim. Além de resguardar o nome real dos sujeitos, foi possível estabelecer, desse modo, um diálogo ainda mais fecundo com eles, a partir da sua denominação na pesquisa. Assim sendo, os professores passarão a ser chamadas neste relatório pelos seguintes nomes: Marta, Gilka, Eliete, Raimundo, Anselmo, João Maria, Wanja, Irene e José. Esses nomes foram escolhidos com base num critério representacional. Os nomes são de professores que passaram pela minha vida escolar e ex- alunos meus.

3.2 A ENTRADA NO CAMPO E A DIMENSÃO EPISTÊMICA DA RELAÇÃO COM O