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A aplicação do questionário permitiu conhecer um pouco melhor quem são os sujeitos de nosso trabalho. Noventa e dois alunos dentre os cem pré-selecionados responderam à ferramenta de pesquisa que foi disponibilizada on-line pelo período de quinze dias. Entre esses alunos encontramos os nove sujeitos que participariam do grupo focal. Dos respondentes, 65,2% declaram pertencer ao gênero feminino, enquanto 34,8% pertencem ao gênero masculino, o que não pode confirmar – para nós – a prevalência do gênero feminino na instituição, visto que dentre os alunos matriculados nas turmas, essa quantidade é equilibrada, mas nem todos participaram da pesquisa. Seguindo esse critério de uma maior adesão feminina à pesquisa, o grupo focal em sua configuração final – após desistência de dois candidatos – contou com três indivíduos do gênero masculino e quatro do gênero feminino, sendo dois do 3º ano e cinco do 2º ano do Ensino Médio.

Os sujeitos têm, conforme gráfico abaixo, idade entre 15 e 19 anos. Podemos ver, dessa forma, que na escola-campo não há grande defasagem idade-série, o que indica que – salvo exceções – os alunos estão em idade regular para a série que cursam. Os alunos que participaram do grupo focal têm entre 16 e 17 anos, não apresentando também defasagem em suas respectivas séries.

Gráfico 1 – Idade dos alunos investigados

O gráfico seguinte mostra para nós que a maior parte desses alunos foi alfabetizado na escola, o que parece se justificar devido à falta de tempo dos pais dos mesmos, uma vez que, a maioria das respostas revela que tanto pai quanto mãe trabalham fora de casa. Essa realidade se confirma também entre os indivíduos do grupo focal, dentre os quais apenas um foi alfabetizado em casa.

Gráfico 2 – (Procad) Você foi alfabetizado:

Outro dado importante que pode evidenciar a alfabetização da maioria dos alunos na escola é o fato de grande parte das profissões dos pais e das mães dos discentes não exigirem escolaridade avançada. Assim, as profissões das mulheres vão desde domésticas, cozinheiras, auxiliares de serviços gerais, passando pelas funcionárias do comércio, comerciantes, autônomas, empresárias e funcionárias públicas até poucas que possuem profissões diretamente ligadas ao ensino superior, tais como professoras, farmacêuticas, enfermeiras e contadoras. As profissões dos pais não se

figuram de forma muito diferente, uma vez que temos cozinheiros, motoristas, frentistas de posto, comerciantes, trabalhadores do comércio, empresários, eletricistas, taxistas, pedreiros, padeiros, funcionários públicos, até chegarmos também às profissões que exigem ensino superior, ocupadas por poucos: professor, engenheiro, dentista e bacharel em direito. Os pais dos indivíduos do grupo focal seguem também essa mesma regra, uma vez que as profissões por eles ocupadas são as mais diversas, ou seja: a maior parte das famílias dos alunos da escola campo vive com salário mensal.

Embora alguns pais e mães tenham nível superior ou até mesmo pós-graduação concluídos, a maioria – conforme vemos no gráfico que segue – tem apenas o Ensino Médio concluído, sendo que muitos não ultrapassaram o Ensino Fundamental. O que comprova o fato de a maior parte das profissões citadas não requererem nível superior completo. A maioria dos responsáveis pelos indivíduos do grupo focal concluíram o Ensino Médio, apenas dois pais e duas mães cursaram nível superior, sendo que uma delas é pós-graduada e trabalha como professora. Uma das mães cursou apenas o Ensino Fundamental II.

Gráfico 3 – (Procad) Escolaridade dos pais e das mães

Com relação à escolaridade dos alunos, grande parte dos indivíduos pesquisados estudou o Ensino Fundamental I e II em escola pública, sendo que de primeiro ao quinto ano temos uma maior quantidade de sujeitos que tiveram um ensino em escola particular, o que pode justificar a presença de alunos com uma formação

básica sólida e uma porcentagem razoável de leitores, inclusive, dentre os que estudaram o Fundamental II em escola pública, conforme já falamos, muitos foram alunos da EEEFM “Angélica Paixão” desde o 6º ano. Dos participantes do grupo focal, as quatro alunas seguem essa regra, já os três alunos cursaram apenas o Ensino Médio na escola campo. Um sujeito cursou o Ensino Fundamental I e II em escola particular, outro cursou apenas o Fundamental I em instituição privada e todos os demais estudaram todo o período escolar em escola pública. O fato de termos quatro alunas participantes do grupo focal que estudam desde o 6º ano na escola e três alunos que estudam desde o 1º ano do Ensino Médio torna mais interessante nossa escolha, visto que parte do grupo teve grande parcela de sua formação na própria escola e os demais alunos já se habituaram ao ritmo do local, por já estudarem na escola a pelo menos um ano e meio.

Gráfico 4 – (Procad) Você cursou o Ensino Fundamental I e II em uma escola:

O fato de a maior parte desses alunos ter cursado tanto o Ensino Fundamental I quanto o Ensino Médio em escola pública, somado à importância dada a uma continuidade dos estudos na própria escola e aos dados fornecidos pelo questionário de que os pais desses alunos são – em sua maioria – assalariados e têm pelo menos o Ensino Médio concluído, torna a justificar nosso interesse em pesquisar a comunidade em questão. Tais dados atrelados às características da escola que é uma instituição tradicional na cidade, atende às mais diversas áreas e tem um percentual alto de professores efetivos faz com que o campo de trabalho

seja propício. Dessa forma, tentaremos entender como se figuram as práticas, representações e apropriações de leitura na comunidade estudada.