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Superior Tribunal de Justiça (STJ)

De igual forma como na seção anterior, continuaremos analisando casos práticos, agora no STJ.

Assim, passaremos direto ao primeiro, vejamos.

Ementa: ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ECA. HABEAS CORPUS. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO AO CRIME DE TRÁFICO DE ENTORPECENTES. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA. INTERNAÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO. GRAVIDADE ABSTRATA DO ATO INFRACIONAL. VIOLAÇÃO À SÚMULA 492 DO STJ. ILEGALIDADE. OCORRÊNCIA. HABEAS CORPUS CONCEDIDO. 1. No presente caso, foi imposta ao paciente

medida socioeducativa de internação com supedâneo apenas na gravidade abstrata do ato infracional, além de ter sido reformada pelo Tribunal de origem após o cumprimento das medidas fixadas pelo magistrado de piso o que reforça ainda mais seu caráter exclusivamente retributivo que é incompatível com os princípios que regem a aplicação das medidas socioeducativas. 2. O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, embora seja socialmente reprovável, não conduz, obrigatoriamente, à medida socioeducativa de internação (Súmula n. 492 do STJ) 3. Habeas corpus concedido, para restabelecimento da sentença de primeiro grau que aplicou as medidas de liberdade assistida e prestação de serviços à comunidade pelo prazo de 6 meses, ao paciente A. H. R. S.

Trata-se de habeas corpus n° 426.886-SP, no qual a Defensoria Pública do Estado de São Paulo e Andrew Toshio Hayama, são os impetrantes, e o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo é o impetrado, sendo A. H. R. S., o paciente.

O fato jurídico gerador é o adolescente A. H. R. S., que foi pego com drogas e enquadrado pelo tipo penal de tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei 11.343/06).

Em primeiro grau, o magistrado entendeu que o representado deveria ser condenado pelo crime análogo ao tráfico de drogas e determinou medida socioeducativa de liberdade assistida e prestação de serviço à comunidade, pelo prazo de 6 meses.

Inconformado com a sentença, o MP apelou da decisão, requerendo a modificação da medida imposta, para que seja o adolescente enquadrado na medida de internação.

Em segundo grau, o TJSP deu provimento ao apelo do Ministério Público, para o fim de aplicar medida de internação, alegando que se trata de crime equiparado a hediondo, as consequências de quem entra para o tráfico traz para suas vidas, da família e da sociedade, além da gravidade do delito, com fundamento no art. 112, §1°, do ECA. Utilizou, também, as circunstâncias pessoais do infrator, sopesando negativamente.

A defesa do adolescente recorreu dessa decisão, impetrando uma habeas corpus ao STJ.

A defesa alega que o representado está sofrendo constrangimento ilegal, que a carece fundamentação a decisão do impetrado e que a gravidade do delito, por si só, não condiz a medida de internação.

Ainda, a defesa pugna pela concessão de liminar, para a imediata liberação do adolescente da internação e a concessão do habeas corpus para o restabelecimento da sentença de primeiro grau.

O Ministro entendeu no deferimento da liminar e posteriormente, conceder o habeas corpus, sob a ótica, que não há motivos para o adolescente cumprir a medida de internação, uma vez que não estão presentes os requisitos do art. 122 do ECA e a gravidade abstrata do delito, por si só, não conduz a medida extrema, conforme súmula 492 do STJ.

Por fim, entende que a medida de internação, nesse caso, só é retributiva e não ressocializa.

O segundo caso trata-se de:

Emenda: PENAL. HABEAS CORPUS. ECA. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO AO DELITO DE TRÁFICO DE ENTORPECENTES. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO. GRAVIDADE ABSTRATA. ART. 122 DO ECA. ROL TAXATIVO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. 1. Dispõe o art. 122 do Estatuto da Criança e do Adolescente que a aplicação de medida socioeducativa de internação é possível nas seguintes hipóteses: pela prática de ato infracional praticado mediante grave ameaça ou violência contra a pessoa; pela reiteração no cometimento de outras infrações graves; ou pelo descumprimento reiterado e injustificado de medida anteriormente imposta. 2. O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente, conforme consignado no enunciado da Súmula n. 492 do STJ. 3. A medida socioeducativa extrema está autorizada nas hipóteses taxativamente elencadas no art. 122 do Estatuto da Criança e do Adolescente, o que denota a ilegalidade da constrição determinada em desfavor do ora paciente, com base na gravidade abstrata do ato infracional. 4. Na espécie, muito embora não se possa considerar inexpressiva a quantidade de entorpecentes apreendida em poder do adolescente – 10 porções de maconha, pesando 23,2g (vinte e três gramas e dois decigramas), e 29 tubos contendo cocaína, com peso de 13,5g (treze gramas e cinco decigramas) -, foi expressamente consignada na sentença a primariedade do paciente, não havendo nem sequer notícia sobre eventual existência de outros processos nos quais se impute ao menor a prática de atos infracionais, evidenciando a possibilidade de aplicação de medida socioeducativa de semiliberdade. 5. Habeas corpus parcialmente concedido para determinar a aplicação da medida socioeducativa de semiliberdade ao paciente.

Um habeas corpus, com pedido liminar, sendo José Carlos Nogueira o impetrante e o Tribunal de Justiça de São Paulo o impetrado e W. A. S. C., o paciente.

O fato jurídico gerador é sobre o adolescente W. A. S. C., que foi representado pelo crime análogo ao tráfico de drogas – art. 33, caput, da Lei 11.343/06, por ter sido apreendido

consigo e outro menor, 10 porções de maconha, pesando 23,2 g e 29 tubos contendo cocaína, com peso de 13,5 g.

Em primeiro grau, o magistrado entendeu se tratar de crime de alta periculosidade, equiparado a hediondo e com efeitos negativos e prejudiciais a sociedade. Por tais razões, mesmo não ostentando antecedentes, mas, em virtude dos motivos expostos, aplicou medida socioeducativa de internação.

Em segundo grau, buscou-se a concessão de habeas corpus ao impetrado, com medida liminar, contudo, esta foi indeferida pelo Desembargador relator.

No STJ, de igual forma, buscou-se a concessão de habeas corpus, com medida liminar, na qual se buscou medida socioeducativa de liberdade assistida ou outra em meio aberto.

A liminar foi deferida, para que o infrator aguarde o julgamento do habeas corpus em medida socioeducativa menos gravosa.

A defesa interpôs embargos de declaração, os quais foram rejeitados.

O Ministério Público Federal manifestou-se pela concessão da ordem.

O Ministro Antônio Saldanha Palheiro, entendeu que não há motivos para que o adolescente cumpra medida socioeducativa de internação, uma vez que é primário e não estão presentes os requisitos do art. 122 do ECA.

Também, embora seja crime de alta gravidade, este por si só, não configura a medida de internação, conforme súmula 492 do STJ.

Dessa forma, foi concedida parcialmente a ordem para determinar a aplicação de medida socioeducativa de semiliberdade.

Emenda: PENAL. PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PRÁTICA ANTERIOR DE ATO INFRACIONAL MEDIANTE VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE SEMILIBERDADE. POSSIBILIDADE. ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DE ROUBO. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. O acórdão recorrido fundamentou a imposição da medida socioeducativa de semiliberdade nas peculiaridades do caso concreto, especialmente na prática anterior de outro ato infracional análogo ao crime de roubo majorado. 2. O ato infracional praticado pelo menor - análogo ao delito capitulado no art. 157, § 1º, do CP - autorizaria até mesmo a aplicação de medida socioeducativa de internação, ainda mais gravosa, por se tratar de ato cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa, nos termos do art. 122, inciso I, do ECA. 3. Agravo regimental improvido.

Trata-se de agravo regimental interposto em face de decisão monocrática que negou provimento ao agravo em recurso especial, sendo L. F. S. S., o agravante e o Ministério Público de Sergipe o agravado.

O fato jurídico gerador é que o adolescente L. F. S. S., foi enquadrado pelo ato infracional tipificado no artigo 157, §1°, do CP.

Em primeiro grau, o magistrado entendeu por aplicar as medidas de liberdade assistida e prestação de serviço à comunidade.

Em segundo grau, o Tribunal, em decisão monocrática, negou provimento ao agravo em recurso especial.

Sustenta a defesa do agravante que, embora o tipo penal tipificado ao adolescente, seja possível a medida socioeducativa da semiliberdade e até mesmo a internação, visto que está presente a violência e grave ameaça à pessoa, as condições pessoais do infrator não evidenciam a aplicação da medida de semiliberdade.

Dessa forma, requer a reconsideração da decisão do Tribunal, em segunda instância, ou, a concessão de medida socioeducativa mais branda no STJ.

O agravado não apresentou manifestação.

O MPF apresentou impugnação, na qual manifestou-se pelo não provimento do agravo.

O Ministro Neli Cordeiro entendeu por negar provimento ao agravo regimental, uma vez que, considerou a gravidade do delito e o desvio social do adolescente, aduzindo, que, no caso em tela, caberia até mesmo a medida socioeducativa de internação. Por fim, o Ministro mencionou que a defesa não demonstrou fundamentos sólidos e aptos a mudar tal decisão.

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