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Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS)

Nesse sentido, começaremos nossa abordagem, pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJRS).

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. ECA. ATO INFRACIONAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PORTE ILEGAL DE MUNIÇÃO DE ARMA DE FOGO. PRELIMINARES. NULIDADE DA SENTENÇA PELA ILEGALIDADE DA PROVA. PERDA DE INTERESSE NA PRETENSÃO SOCIOEDUCATIVA. REJEIÇÃO. MÉRITO. AUTORIA E MATERIALIDADE CONFIRMADAS. DESCABÍVEL A APLICAÇÃO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO. AUSÊNCIA DE ANTECEDENTES. DESPROPOR- CIONALIDADE ENTRE O ATO INFRACIONAL E A MEDIDA IMPOSTA. REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA PARA APLICAR MEDIDA EM MEIO ABERTO. PRELIMINARES Nulidade da sentença pela ilegalidade da prova. Caso em que não merece ser acolhida a preliminar de nulidade da sentença, pela ilegalidade da prova, consistente na apreensão em flagrante do adolescente, dentro de sua residência, tendo em vista que a entrada dos policiais na residência foi permitida pela avó do representado, que reside no mesmo terreno e estava presente no momento da apreensão. Perda de interesse na pretensão socioeducativa. Hipótese em que não há falar em perda do interesse na pretensão socioeducativa, porquanto, apesar do tempo decorrido entre o fato e a possível aplicação de medida socioeducativa, inexistindo decurso do prazo prescricional, é de rigor processamento do feito em busca da ressocialização do adolescente. MÉRITO Materialidade Boletim de ocorrência, auto de apreensão, laudo pericial e prova oral colhida em juízo que provam a respeito da materialidade do fato praticado. Autoria A autoria do ato infracional foi comprovada pela prova oral colhida em juízo. Medida Socioeducativa Certa a autoria e a materialidade, inexistindo causa ou fatores para a improcedência da representação, a aplicação da medida socioeducativa é de rigor. A prática de tráfico de entorpecentes, por si só, não autoriza a aplicação da medida extrema de internação, porquanto não estariam configuradas as estritas hipóteses legais que autorizam a privação de liberdade do adolescente, com base no art. 122, incisos I, II e III, do ECA. Entendimento pacificado pela Súmula 492 do STJ. Parcial provimento ao apelo para aplicar ao adolescente a medida de prestação de serviços à comunidade, cumulada com liberdade assistida, pelo fato tipificado no art. 33, caput , da Lei 11.343/06 e art. 14, caput , da Lei nº 10.826/03. REJEITARAM AS PRELIMINARES. NO MÉRITO, DERAM PARCIAL PROVIMENTO.

(Apelação Cível Nº 70076292796, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 10/05/2018).

Esse primeiro caso, trata-se de uma apelação cível, da oitava câmara cível, oriunda da Comarca de Igrejinha. O apelante é L. F. F. R. e o apelado é o Ministério Público. O fato jurídico gerador é sobre um adolescente, L. F. F. R., que foi autuado pela prática dos atos infracionais referentes ao tráfico de entorpecentes e porte ilegal de munição de arma de fogo.

A decisão de primeiro grau julgou procedente a representação e aplicou medida de internação ao representado, sem possibilidade de atividades externas, levando em consideração a gravidade do delito, fulcro os artigos 33, caput, da Lei 11.343/06 e artigo 14,

caput, da Lei 10.826/03.

A defesa do representado recorreu da decisão de primeiro grau, alegando em síntese, preliminarmente a nulidade a sentença pela ilegalidade da prova e a perda de interesse na pretensão socioeducativa. No mérito, contestou a materialidade, a autoria e a medida socioeducativa aplicada. O MP apresentou contrarrazões.

O Desembargador e relator, Rui Portanova, rebateu cada item da defesa, e, embora, o tráfico de drogas seja equiparado a crime hediondo, os requisitos do art. 122 do ECA não estão presentes para alicerçar a medida de internação. Insta salientar que o representado é primário e não se está diante de fato praticado mediante grave ameaça ou violência à pessoa.

Com base na Súmula 492 do STJ e entendimento sumulado no STF, que o crime de tráfico de drogas, por si só, não é passível de internação, o Desembargador relator, o Des. Luiz Felipe Brasil Santos e o Des. Alexandre Kreutz deram parcial provimento ao apelo para aplicar ao adolescente a medida de prestação de serviços à comunidade, pelo prazo de 06 (seis) meses, durante 08 (oito) horas semanais, cumulada com liberdade assistida pelo período mínimo de 06 (seis) meses.

Os Desembargadores Ricardo Moreira Lins Pastl e José Antônio Daltoé Cezar, divergiram sobre o tema, e, negaram provimento ao apelo, por entenderem que, se trata de crime grave, merece medidas mais rígidas.

Assim, restou rejeitadas as preliminares pela maioria, e no mérito, por três votos a dois, foi dado parcial provimento ao apelo.

Em seguida, trataremos do segundo caso, vejamos:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. ECA. ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DE HOMICÍDIO TENTADO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE LESÕES CORPORAIS. INVIABILIDADE. PRESENÇA DO ANIMUS NECANDI. MATERIALIDADE E AUTORIA SUFICIENTEMENTE COMPROVADAS. CONFISSÃO DOS ADOLESCENTES CONFORTADA PELOS DEPOIMENTOS DA TESTEMUNHA PRESENCIAL E DOS POLICIAIS MILITARES QUE ATUARAM NA OCORRÊNCIA. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA AGRAVADA. INTERNAÇÃO COM POSSIBILIDADE DE ATIVIDADES EXTERNAS. ART. 122, I, DO ECA. 1. Os representados, em juízo, admitiram as agressões praticadas contra o ofendido, relatando que na ocasião estavam embriagados e pretendiam dar-lhe uma lição pelo fato de ter subtraído a bicicleta pertencente a uma criança. Entretanto, tendo em vista a localização das agressões - na cabeça e no tórax-, persistindo após o ofendido ter desmaiado, admitindo os adolescentes que se excederam, caracterizado o animus necandi, salientando que o óbito somente não ocorreu porque a vítima foi prontamente socorrida. 2. Nessa senda, incabível a desclassificação para lesões corporais operada na sentença, e, em consequência, considerando a inquestionável gravidade do ato praticado, mostra-se mais adequada e em observância ao princípio da proporcionalidade a medida socioeducativa de internação com possibilidade de atividades externas. APELO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PROVIDO E DESPROVIDO O APELO DOS REPRESENTADOS. (Apelação Cível Nº 70076867365, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Julgado em 30/04/2018).

Trata-se de apelação cível, da sétima câmara cível, oriundo da Comarca de Santa Cruz do Sul, tendo como apelantes o Ministério Público e os representados L. F. C. S. e R. M. S., sendo os mesmos apelados.

O fato gerador é sobre dois adolescentes, L. F. C. S. e R. M. S., que agrediram a vítima, até que esta ficasse desacordada, em razão de que a vítima teria subtraído uma bicicleta pertencente a uma criança.

Em primeiro grau, o juiz entendeu pela parcial procedência, representação esta oferecida pelo MP. O parquet requereu a procedência da ação, pelo delito descrito no art. 121, §2º, I, III e IV, do CP, contudo, em sentença o juiz entendeu pela desclassificação tipificada no art. 129 do CP, aplicando aos adolescentes medida socioeducativa de semiliberdade.

O MP recorreu dessa decisão, entendendo que teve animus necandi, razão pela qual devem os representados responder pelo crime de homicídio qualificado e ser aplicada medida de internação com atividades externas.

Os representados também apelaram da decisão, para requerer a aplicação de medida de prestação de serviço à comunidade.

O MP apresentou contrarrazões, no sentido de dar provimento ao apelo apresentado por este.

Em decisão monocrática, entendeu a Des. Sandra Brisolara Medeiros, que a materialidade e autoria restaram comprovadas pelas provas produzidas nos autos, bem como houve animus necandi na conduta dos representados. Também mencionou que a conduta dos agentes não condiz com o tipo penal aplicado em sentença e aplicou o crime previsto de homicídio qualificado na modalidade tentada e medida de internação com possibilidade de atividades externas.

Por fim, passo a expor o último caso desse Tribunal, senão vejamos:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. ECA. ATO INFRACIONAL. LATROCÍNIO. MORTE DA VÍTIMA. 1. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. 2. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA APLICADA. INTERNAÇÃO. ADEQUAÇÃO. 1. A autoria e materialidade do ato infracional análogo ao crime de latrocínio (art. 157, § 3º, parte final, do Código Penal) encontram-se devidamente comprovadas pelos elementos probatórios carreados aos autos. 2. A medida socioeducativa imposta, de internação, revela-se plenamente adequada, com observância do disposto no art. 112, § 1º, do ECA, ponderando a extrema gravidade do ato infracional, que foi cometido em concurso de pessoas, mediante violência, à luz do dia - denotando que os representados não se intimidam nem mesmo com a possibilidade de serem vistos cometendo algum delito desta natureza -, culminando na morte da vítima, que estava trabalhando como motorista parceiro da Uber. Nesse contexto, resta autorizada a aplicação desta medida, nos termos do art. 122, inc. I, do ECA. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70076453034, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 10/05/2018).

Trata-se de apelação cível, da oitava câmara cível, oriundo da Comarca de Porto Alegre, tendo como apelantes J. L. B. B. e M. V. M. e apelado o MP.

O fato gerador é sobre dois adolescentes, J. L. B. B. e M. V. M. e L., imputável, que chamaram um uber para os levar no shopping, e no caminho, M. anunciou o assalto. A vítima tentou reagir e L., imputável, reagiu com um tiro, que culminou na morte da vítima. Fugiram do local dos fatos.

Em sentença, o juiz entendeu que havia provas suficientes de materialidade e autoria e aplicou medida socioeducativa de internação sem atividades externas.

A defesa dos representados apelou da decisão de primeiro grau, alegando, em síntese, que devem ser asseguradas as garantias constitucionais dos adolescentes, que não há provas suficientes da autoria, que o reconhecimento em sede policial não se deu nos termos do art. 226 do CP e requerendo medida mais branda.

O MP apresentou contrarrazões.

Em segundo grau, os desembargadores negaram provimento ao apelo e entenderam por unanimidade que a medida aplicada pelo juízo ‘a quo’ se deu de maneira correta, uma vez que existem provas robustas no sentido que foram os adolescentes que praticaram o delito.

A decisão teve como fundamento o art. 122, I, do ECA, tendo em vista a violência e grave ameaça à pessoa, que, no caso em tela, culminou na morte da vítima.

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