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3. METODOLOGIA

3.2 DELINEAMENTO E DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

3.2.1 Delineamento da Pesquisa

3.2.1.2 Técnica de Análise de Dados

De acordo com Lieblich et. al. (1998) quando se olha para diferentes possibilidades de leitura, interpretação e análise de histórias de vida e outros materiais narrativos, duas dimensões independentes emergem: (a) o enfoque holístico x categórico e o (b) conteúdo x forma.

Segundo esses autores, a primeira dimensão refere-se à unidade de análise, tanto para uma seção do texto ou para a narrativa como um todo. A perspectiva categórica é uma tradicional análise de conteúdo. A história original é dissecada e seções de palavras são coletadas da história e transformadas em números. Em contraste, na perspectiva holística a história de vida de uma pessoa é tomada como um todo, e seções do texto são interpretadas no contexto de outras partes da narrativa. O enfoque categórico pode ser adotado quando o pesquisador está primeiramente interessado num problema ou num fenômeno compartilhado por um grupo de pessoas, enquanto o enfoque holístico toma a história de vida do entrevistado individualmente.

Na segunda dimensão, o enfoque orientado pelo conteúdo pretende trazer o conteúdo implícito dado pelo significado da história, ou certas seções dela, identificando os motivos dos indivíduos. De outro lado, alguns autores ignoram o

conteúdo da história referindo-se a sua forma: estrutura, seqüência de eventos, sua relação com o tempo, sua complexidade e coerência, os sentimentos evocados pela história, o estilo de narrativa, escolha de metáforas e palavras (passiva x ativa), etc (LIEBLICH et. al., 1998).

Ao cruzar essas dimensões, cria-se uma matriz com tipologias de análise, que podem ser visualizadas na Figura 12:

FIGURA 12: CATEGORIAS PARA CLASSIFICAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE TIPOS DE ANÁLISE NARRATIVA

Fonte: Adaptado de LIEBLICH et. al.(1998, p. 13)

A categoria “holístico-conteúdo” usa a história de vida completa de um indivíduo e foca no conteúdo apresentado por ele. Quando usa seções separadas da história, o pesquisador analisa o significado da parte no contexto que emerge do resto da narrativa ou no contexto em que a história se inicia. De outro lado, a categoria “holístico-formal” encontra expressões claras ao olhar a estrutura da história de vida completa. A narrativa é desenvolvida como uma comédia ou tragédia, por exemplo.

A análise de conteúdo é representada pela tipologia denominada “categórico-conteúdo”. Categorias de tópico estudado são definidas, extraídas, classificadas e colocadas nesses grupos, enquanto a “categórico-formal” foca no estilo ou características lingüísticas das unidades definidas nas narrativas. Por

HOLÍSTICO - CONTEÚDO HOLÍSTICO - FORMAL

exemplo, quais tipos de metáforas o narrador usa, ou com que freqüência ele usa a voz passiva ou ativa, etc.

Visto isso, para análise dos dados coletados optou-se pela utilização de duas das tipologias descritas acima: a “categórico-conteúdo”, representada pela tradicional análise de conteúdo, com o objetivo de examinar a amostra de uma maneira conjunta, e a “holístico-conteúdo”, sendo a mais indicada para a análise individual da amostra.

De acordo com Bardin (1977, p. 42) a análise de conteúdo é:

“Um conjunto de técnicas de análise de comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens”.

A definição da análise de conteúdo aceita duas abordagens: a qualitativa e a quantitativa. A parte quantitativa é relacionada à descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo da comunicação ou mensagem, por meio da contagem de freqüências de determinados elementos no texto. O lado qualitativo diz respeito a uma combinação da compreensão semântica do comunicado ou mensagem. Dessa maneira, além da descrição objetiva e análise de freqüências ela assume também a ligação de alguns elementos do discurso por meio de um processo de categorização de temas a serem investigados no texto. Na preparação dos dados, é preciso definir com antecedência as unidades de análise, codificando as palavras e expressões significativas em categorias e subcategorias de acordo com o que se deseja observar (RIZZINI et al., 1999).

A análise de conteúdo segue três fases: (a) a pré-análise, (b) a exploração do material e (c) o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. Na pré- análise o pesquisador escolhe os documentos a serem analisados, formula as hipóteses e os objetivos e a elaboração dos indicadores que fundamentem a

interpretação final (BARDIN, 1977).

De acordo com Rizzini et al. (1999), a exploração do material consiste de operações de codificação, desconto e enumeração de acordo com as regras, que são dadas a seguir:

- Homogeneidade: as categorias devem reunir elementos relacionados a um mesmo princípio ou aspecto do objeto analisado;

- Exclusão mútua: os dados brutos devem ser reunidos, de acordo com o seu significado comum, imperativamente em uma única categoria, evitando-se criar categorias imprecisas onde o mesmo dado possa ser integrado a mais uma categoria;

- Pertinência: as categorias devem ser estabelecidas de acordo com o material disponível evitando-se criar categorias relativas a temas que não foram abordados pelos sujeitos investigados;

- Objetividade: a descrição dos procedimentos deve ser clara de modo que outros possam chegar a resultados similares através dos mesmos procedimentos. É o que garante a fidedignidade da análise;

- Exaustão: deve-se ter como meta esgotar todos os assuntos pertinentes à pesquisa abordados pelos sujeitos.

Caso o material a ser analisado seja coletado por gravações de falas, ela deve ser transcrita, quando possível, com indicações de silêncios, hesitações, lapsos, paradas de respiração para identificar as ocorrências no texto escrito.

A última fase é a de tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. Os resultados brutos deverão ser tratados de maneira a serem significativos e válidos, permitindo estabelecer quadros de resultados, diagramas, figuras e modelos, os quais condensam e põem em relevo as informações fornecidas pela análise (BARDIN, 1977).

porque todos os dados foram coletados por meio de depoimentos verbais, e subseqüentemente transcritos, tanto os gerados pelas entrevistas em profundidade quanto os originados pela análise de protocolo. Dessa maneira, será trabalhado a mensagem em si, a inferência de conteúdo e não a dedução sobre dados numéricos.